segunda-feira, 15 de abril de 2024

JANTAR SECRETO (RESENHA)




JANTAR SECRETO (RESENHA)


Quatro amigos de infância, Dante, Miguel, Hugo e Leitão, vindos do interior do Paraná para cursar faculdade no Rio de Janeiro, descobrem que estão devendo os últimos pagamentos do aluguel do apartamento que dividem entre si, devido um deles, Leitão, o responsável pelo pagamento, ter gasto os últimos pagamentos com uma garota de programa. Então, passam a procurar uma forma de conseguir dinheiro para saldar a dívida, e encontram em um site gastronômico que organiza encontros para jantares, a forma viável de arrumarem dinheiro. Só que Leitão, o amigo responsável por inscrever os amigos no site, decide, por pura brincadeira, dizer que o jantar será feito de carne humana. E para a surpresa deles, há pessoas que aceitam e que depositam uma boa soma de dinheiro para realizar a bizarra experiência. O que leva os quatro amigos a se verem tentados a realizar tal jantar secreto e a planejar uma forma de encontrar um cadáver para servir como prato principal da noite.




Esta é a sinopse do romance Jantar Secreto, lançado em 2016, do mais famoso escritor brasileiro da atualidade, Raphael Montes.


Raphael Montes é um escritor corajoso, por seus livros tocarem em temas pesados e cheios de gatilhos (suicídio, perversidade, violência contra mulher e canibalismo), temas que, na era do politicamente correto, poderiam tê-lo feito ser rejeitado pelas editoras brasileiras ou cancelado, o que surpreendentemente não aconteceu; em grande parte isso se deve a sua escrita leve e fluída que ajuda a amenizar a brutalidade e seriedade de seus temas; mas, por outro lado, possui seus inconvenientes. 


No romance Jantar Secreto o autor utiliza imagens bastante nojentas, grotescas e gráficas que lembram filmes como O Massacre da Serra Elétrica e O Albergue e, mais uma vez, encontramos uma escrita fluída, que explora fatos curiosos sobre seus personagens, quanto a gostos e comportamentos particulares, despertando o interesse do leitor.



O livro possui um bom ritmo, uma trama que pega o leitor logo nas primeiras páginas, sendo pura adrenalina, com seus diálogos soando familiar, se assemelhando bastante aos diálogos que lembram filmes juvenis da Sessão da Tarde e novelas da Globo. No entanto, essa forma de diálogo tem seu inconveniente: aparenta muito distante da realidade, pois ninguém realmente fala daquele jeito, soando extremamente artificial, principalmente quando o diálogo tem como foco assuntos pesados e bizarros, como o canibalismo, prejudicando a imersão do leitor à trama do livro, já que os diálogos tratam o ato de devorar pessoas como um assunto corriqueiro, do dia a dia. 


Em um de seus capítulos, por exemplo, o autor utiliza o recurso de emular uma conversa via WhatsApp, o que é uma ótima ideia e bem atual, porém ele insere nos diálogos os habituais memes engraçados mesmo quando o assunto da conversa entre os quatro amigos é o roubo de um cadáver de hospital para ser servido como jantar.

 

O motivo que levou os quatro amigos a se envolverem com canibalismo, o pagamento do aluguel atrasado do apartamento, também não parece ser tão sério (com a mãe de um deles se oferecendo a pagar e sendo negado pelo filho por questão de orgulho) ao ponto de justificar a atitude tão drástica tomada por eles, o que dá à trama um tom forçado.


Raphael Montes

Há também o excesso de expressões gordofóbicas direcionadas ao personagem Leitão, um rapaz com obesidade mórbida, que ganha um tom ainda mais irônico quando se sabe que Leitão não é um apelido, mas seu sobrenome. O narrador usa a todo momento termos depreciativos, recorrendo a expressões que remete a mal cheiro, preguiça excessiva e a falta de interesse provocado nas mulheres, quando quer se referir a sua obesidade, que me incomodaram mesmo eu sendo magro.


Mais, sem dúvida, Jantar Secreto tem seus méritos.

terça-feira, 9 de abril de 2024

O BAILE DOS VAMPIROS




O BAILE DOS VAMPIROS

Foi também no salão da condessa que conheci aquele que se tornaria um mestre e amigo, Sir Thomas Fields, esposo de Catherine e médico do rei, que me chamou atenção por se destoar dos demais vampiros por sua aparência.

A condessa, embora fosse dois mil anos mais velha do que ele, tinha aparência jovem, enquanto ele, era um decrépito ancião, opulento, que envelhecia por vontade própria. Dizia que a velhice trazia consigo certas vantagens, que eu só compreendi tempos depois. Quando me viu, logo reconheceu em mim alguém de sua espécie.

“Veja eles”, sussurrou ao meu ouvido. “Podes reconhecer quantos de nós estão aqui nesta sala agora?”, disse, enquanto olhava os convivas a dançar o sinuoso e encantador Minuetto de Boccherini. “Veja aquele rapaz, de cabelos amarrados por um gracioso laço de fita, que corteja graciosamente a bela jovem ao lado, de cujo pescoço ele não tira os olhos; será um vampiro?” A jovem de cabelos loiros, deixava à mostra uma apetitosa veia que se estendia do pescoço até a nuca, de onde suaves fios de cabelos dourados se desprendiam em cachos. “Como se pode saber sem que haja aqui um espelho, milorde?”, disse eu ao homem que olhava o salão com ar de deboche. Ao que retrucou: “Ora, assim como eu o reconheci, meu rapaz”.

Fiquei então a observar os casais, os pequenos grupos de jovens e aqueles que caminhavam ao redor do salão.

“Por julgar que ausência de reflexo em espelhos e por serem seres notívagos, sejam características de vampiro por demais óbvias, deduzo que os reconheça por outros meios. Então, confesso, milorde, que ainda não estou preparado para tanto”. Ele me respondeu: “Sim, é visível sua inexperiência, meu rapaz. Mas, venha cá comigo”.

E se pôs a andar pelo salão com sua bengala, vestido em seu jaquetão azul-celeste com botões de ouro e uma peruca empoada, salpicada de prata.

O casal citado anteriormente também saiu do recinto, caminhava à nossa frente. Ele então falou: “Devido ao prolongado tempo de vida, vampiros acumulam profundos conhecimentos e grande riqueza, por isso estão sempre entre os nobres e poderosos de qualquer país ou reino. Mas isso não é suficiente para identificá-los, já que todos aqui são ricos e poderosos, mas nem todos são vampiros. Contudo, vampiros são vaidosos. E se conheces alguém que seja vaidoso e que evite espelhos, certamente ali há um de nós. Mas há também outra forma de identificá-los. Passe-me aquele cálice de vinho e olhe meus olhos”. Fiz o que ele me pediu. Ele segurou o cálice de vinho contra a luz e logo vi seus olhos avermelhar-se ao olhar a taça, como se a cor do vinho se refletisse em seus olhos.

“Então o vinho faz seus olhos reagirem a ele”, exclamei. Ele me respondeu: “Não o vinho, mas a cor vermelha que desencadeia em nós o estímulo por sangue, revitalizando-nos. Não podes ver, mas também tens os olhos vermelhos”.

Naquele instante compreendi o porquê de eu, até àquele momento, ter sido poupado do contato com tal cor. Certamente para não me estimular ainda mais à busca pelo líquido precioso.

“Por isso, veja quantos estão a usar vermelho”, disse ele olhando os presentes. Reparei que a maioria usava tal cor, seja por meio de uma rosa nos cabelos, usado pelas damas, seja nos jaquetões dos cavalheiros ou nos lenços destes. Então, comentei: “Vejo, no entanto, milorde, que nada tens de vermelho”. Ele riu e disse: “Estás enganado, meu rapaz”. Então suspendeu as rendas de suas mangas expondo mãos descarnadas e amareladas, com os dedos repletos de anéis de rubi.

Finalmente, chegamos ao jardim e voltamos a ver o casal novamente, agora com a dama encostada a uma árvore e o rapaz em pé à sua frente.

“Olhe”, disse ele olhando em direção ao casal.

O rapaz abraçou a delicada dama e a beijou na face. E prestes a beijá-la nos lábios, ela se desvencilhou de sua boca, virou-se sobre seu pescoço e o mordeu com extrema voracidade, revirando os olhos vermelhos de prazer.

(Texto Tirado do Romance “Após a Chuva da Tarde - A Lenda de Camille Monfort: a Vampira da Amazônia”).

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quarta-feira, 3 de abril de 2024

O QUÊ? UMA VAMPIRA NA AMAZÔNIA?

EM 1896, BELÉM enriquecia com a venda da borracha amazônica. Os Fazendeiros prosperavam, da noite para o dia, construindo luxuosos palacetes com materiais importados da Europa, e suas esposas e filhas mandavam suas roupas para o velho continente para serem lavadas e tomavam banho com água mineral importada de Londres (*).

O Theatro da Paz era o centro da vida cultural da Amazônia, com artistas vindos da Europa. Entre eles, uma chamou especial atenção por sua grande beleza: a encantadora cantora lírica francesa Camille Monfort, que causou desejos inconfessáveis nos ricos senhores e ciúmes atrozes em suas esposas.

Camille provocou indignação por seu comportamento livre das convenções sociais de seu tempo. Ela era vista seminua a dançar pelas ruas de Belém enquanto se refrescava sob a chuva da tarde; também despertou curiosidade dos que a viam em solitários passeios noturnos, com seu longo vestido negro à beira do Rio Guajará em noites de lua cheia.

Para aonde ia, sempre foi um grande mistério, nunca revelado nem mesmo por aqueles que a seguiam, pois ela parecia desaparecer dentro da noite feito um animal noturno.

Rumores maliciosos logo se espalharam sobre ela. Dizia-se que era amante do influente magnata Francisco Bolonha, que a trouxera da Europa e que lhe dava banho com caríssimas champanhes na banheira; que ela tinha o poder de hipnotizar o público com sua linda voz; de fazer homens escravos de sua vontade, de fazê-los jogar-se aos seus pés após os concertos; de arruinar casamentos por puro prazer e, devido sua palidez e uma suposta doença adquirida em Londres, de fazer jovens mocinhas desmaiar em seus concertos para lhes roubar o sangue que, supostamente, a mantinha jovem para sempre.

O que, curiosamente, coincidiu com relatos de desmaios nas dependências do teatro durante seus concertos, que eram explicados como apenas o efeito da forte emoção produzida por sua música aos ouvidos do público.

Dizia-se também que ela possuía o poder de se comunicar com os mortos e materializar seus espíritos em sessões mediúnicas. Eram, sem dúvida, as primeiras manifestações na Amazônia do que viria a ser chamado de espiritismo, praticados em misteriosos cultos nos palacetes da cidade.

No final de 1896, um terrível surto de cólera dizimou grande parte da população de Belém, fazendo de Camille uma de suas vítimas, sendo sepultada no Cemitério da Soledade.

Hoje, sua sepultura ainda está lá tomada pelo limo, musgo e pelas folhas secas, sob uma enorme mangueira que faz seu túmulo mergulhar na obscuridade de sua sombra, apenas clareada por alguns raios de sol que se projetam por entre suas folhas verdes. É um mausoléu de linhas neoclássicas com um portão fechado por um velho cadeado enferrujado, de onde se pode ver um busto feminino em mármore branco sobre a ampla tampa do túmulo abandonado; e, fixado à parede, uma pequena imagem emoldurada de uma mulher vestida de preto; em sua lápide pode-se ler a inscrição: 

Aqui jaz

Camille Marie Monfort (1869 – 1896),

A voz que encantou o mundo.

Mas há aqueles que, ainda hoje, dizem que seu túmulo está vazio, que sua morte não passara de encenação para acobertar seu caso de vampirismo, e que Monfort ainda vive na Europa, aos 155 anos de idade.

Hoje, sua história se resume apenas a uma obscura lenda urbana: “Que aquele que depositar uma rosa vermelha sobre seu túmulo, à noite, não se assuste se, ao amanhecer, a rosa tenha se tornado sangue”.

Camille Marie Monfort, cuja a vida logo fora tomada pelas brumas do tempo, foi uma dessas enigmáticas criaturas que deixou de ser história para se tornar lenda.

Aqui é contada um pouco de sua história (**).

* Devido a água da região ser barrenta e amarelar as roupas. 

** Prólogo do Romance “Após a Chuva da Tarde”.

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quinta-feira, 21 de março de 2024

ÉLIPHAS LÉVI: “BILOCAÇÃO” e “CORPO SIDERAL” DO LIVRO DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA





ÉLIPHAS LÉVI: “BILOCAÇÃO” e “CORPO SIDERAL” DO LIVRO DOGMA E RITUAL DA ALTA MAGIA

“Éliphas Lévi era muito, muito, muito crédulo”, disse Claudio Bersot, em seu canal Caminhos do Imaginário, zombando hilariamente da credulidade exagerada do mago francês que acreditava até em lobisomem fato apresentado no capítulo “As Transmutações”, do livro Dogma e Ritual da Alta Magia. 


Bersot se referia ao fato de Éliphas Lévi acreditar na existência de lobisomem apenas baseado em relatos: “Esse célebre ocultista vai dizer o seguinte: olha, o lobisomem é lógico que existe, porque nós temos, dezenas, centenas de relatos, relatos fidedignos, relatos mais do que provados da existência desses seres. Pessoas honestas, corretas, têm contado seus relatos sobre o avistamento, o contato com esses seres. Portanto, trata-se de um absurdo dizer que esses seres não existem”. 


Éliphas Lévi


E ainda resumiu, de forma irônica, como sempre, um dos argumentos que Éliphas Lévi usa em favor da existência dos lobisomens:

 

“Uma outra questão muito interessante, muito lógica, que ele (Éliphas Lévi) apresenta, é o seguinte: nunca se encontrou um lobisomem morto. Claro, porque o lobisomem é um ser poderoso, que consegue escapar…. Então o fato de nunca se ter encontrado um lobisomem morto, isso mostra que é impossível de se capturar um lobisomem, comprovando a existência de um lobisomem, porque se um lobisomem fosse morto, isso ia negar a própria natureza de como se forma um lobisomem… Muito interessante, muito lógica, essa tese desse célebre mágico que até os dias de hoje é extremamente enaltecido, principalmente, aqui, no nosso youtube. São dezenas, centenas de vídeos dos nossos amigos ocultistas e espiritualistas, louvando o Éliphas Lévi”.


Lobisomens, Bilocação e Corpo Sideral 

Claude Bersot zomba ainda mais ao narrar a explicação que Éliphas Lévi dá para a transformação do lobisomem, recorrendo a dois conceitos esotéricos: o corpo sideral e a bilocação.


“Mas como é que se forma o lobisomem? O Éliphas Lévi vai explicar, do ponto de vista da magia profunda, da magia mais poderosa que existe no mundo. Para isso nós temos que falar um pouquinho da “bilocação”. A bilocação, segundo Éliphas Lévi, é um fenômeno extremamente comum e provado, não há a menor dúvida que a bilocação existe. O que é a bilocação? A bilocação é o fato de um sujeito encontrar-se em dois lugares ao mesmo tempo: o sujeito tá aqui numa cidade e encontra-se em outra cidade ao mesmo tempo… E como ocorre este fenômeno tão fantástico da bilocação? Ocorre da seguinte maneira, segundo o Éliphas Lévi: nós temos nosso corpo físico e nós temos a nossa alma, no meio, nós vamos ter o corpo sideral, ligando a nossa alma ao nosso corpo físico. Então quando o sujeito dorme, o corpo sideral se põe a viajar, ele vai passear, vai conhecer, novas geografias, viver grandes aventuras, e uma dessas aventuras, ele vai viver como lobisomem. Esse lobisomem trata-se da materialização dos nossos desejos mais ocultos, dos nossos desejos mais agressivos, mais sanguinários, mais ferozes, o bicho, o animal que todos nós somos, ele será materializado no lobisomem… Então o lobisomem nada mais é do que o corpo sideral de uma pessoa que está dormindo: o cara tá na casa dele dormindo e o corpo sideral dele está pelos campos matando galinha, matando porco, matando vaca, e camponeses atrás dele ali, atingindo ele com pedra, paus, facadas… Por isso o Éliphas Lévi nos alerta:’vocês tem que ter muito cuidado quando vocês acordarem uma pessoa que está dormindo, porque quando a pessoa está dormindo, está sonhando, o seu corpo sideral está passeando, está longe, está ligado ao coração e ao cérebro por um cordão… Então essa é a explicação do lobisomem: o lobisomem nada mais é do que o corpo sideral de um sonhador…”


Nas palavras do próprio Éliphas Lévi:

“Ousemos dizer, agora, que um lobisomem outra coisa não é senão o corpo sideral de um homem, de que o lobo representa os instintos selvagens e sanguinários, e que, enquanto seu fantasma passeia, assim, nos campos, dorme penosamente no seu leito e sonha que é um verdadeiro lobo”.




Bilocação e Corpo Sideral

Para Éliphas Lévi, assim como a existência dos lobisomens era inquestionável, a bilocação também o era; escreveu ele:


“Nada no mundo, é mais bem atestado e mais incontestavelmente provado do que a presença visível e real do padre Afonso de Liguori, junto ao papa agonizante, enquanto que a mesma personagem era observada em sua casa, a uma grande distância de Roma, em oração e êxtase.”


Embora as afirmações de Éliphas Lévi sobre o lobisomem possa parecer a mais pura bobagem (como fez questão de demonstrar Claude Bersot), mais uma vez, a ciência moderna pode servir de base, não para a fantástica narrativa do lobisomem, mas para os conceitos de bilocação e corpo sideral.


Mas deixemos os lobisomens e nos concentremos nos conceitos de “bilocação” e “corpo sideral”.

 

Ciência Moderna, Bilocação e Corpo Sideral

Para céticos e ateus, a ciência é a única fonte segura de conhecimento, a única forma capaz de garantir que algo é verdadeiro.




E poucos lugares estão mais cheios de ciência do que salas de cirurgia e UTIs, em que o paciente está conectado aos mais variados aparelhos científicos, que medem batimento cardíaco, respiração, pressão sanguínea, atividade cerebral e estão cercados de inúmeros profissionais especializados em cada função do corpo humano. E é justamente nesses ambientes, que costuma acontecer relatos do que Éliphas Lévi chama de bilocação e corpo sideral, como partes de relatos mais amplos, chamados de Experiência de Quase Morte, em que pacientes relatam ter deixado o corpo e visto o próprio corpo inerte no leito de cirurgia ou de UTI, e ser transportado para lugares para além da sala hospitalar, estando em dois lugares ao mesmo tempo, com plena atividade mental contrariando muitas vezes a inconsciência causada pelo efeito da anestesia, e em muitos casos com aparelhos mostrando que houve parada cardíaca e um período que se assemelha com a morte do corpo.


Porém, longe dos aparelhos médicos negarem os fenômenos de bilocação e o corpo sideral em tais experiências de quase morte, eles não possuem explicação alguma, mas, ao contrário, parecem confirmar o que Éliphas Lévi afirma sobre eles.


Estranho que a ciência com seus aparelhos científicos modernos ainda não consiga explicar “bobagens” como as proferidas por Éliphas Lévi. Fico a imaginar como Claudio Bersot zombaria a total ausência de explicação científica para fenômenos ocorridos em seu próprio núcleo como são as Experiências de Quase Morte.

 

ÉLIPHAS LÉVI E O OCULTISMO





ÉLIPHAS LÉVI E O OCULTISMO

Não deixa de ser engraçado quando aqueles que usam a ciência para zombar do ocultismo, notam que em vez de o refutar, a ciência moderna se torna, cada vez mais, semelhante a ele: a teoria das múltiplas dimensões e a hipótese dos multiversos da física moderna são extremamente semelhantes às ideias de portais mágicos do ocultismo. 


A Doutrina Secreta

Nesse sentido é interessante a afirmação do ocultista Éliphas Lévi, dado em seu livro “Dogma e Ritual da Alta Magia”, de que há uma “doutrina secreta” que está dispersa em todos os povos e culturas, uma doutrina que tem sido transmitida desde às origens do ser humano e que, através das eras, tem sido transmitida de modo inconsciente de povo para povo por meio dos mitos. O que explica porque há tantos mitos semelhantes nos mais diferentes povos, mesmo estando distantes entre si, tanto no tempo quanto no espaço. Exemplos: em diferentes culturas, grega, judaica, suméria, indiana, etc., há mitos contendo o dilúvio, em que um deus mata toda uma população para conservar apenas alguns escolhidos. Ou a crença em trindades divinas: Egito (Hórus, Ísis, Osíris), Índia (Brahma, Vishnu, Shiva), Grécia (Zeus, Maia, Hermes), Escandinava (Odin, Villi, Vé), Cristianismo (José, Maria, Jesus), etc.




E não é que a tal doutrina secreta defendida por Éliphas Lévi também encontrou respaldo na ciência moderna. Pesquisas sobre a variedade das línguas de hoje apontam que, quanto mais se retrocede no passado, mais as línguas vão se tornando semelhantes entre si, dando a entender ter havido um tempo remoto em que havia uma língua-mãe, chamada pelos pesquisadores de “proto-indo-europeia”, da qual todas as demais línguas derivaram. E assim, como havia uma língua-mãe havia também uma cultura-mãe ligada a esta língua, uma cultura composta de mitos primordiais, criada com o surgimento da humanidade, e a qual derivou todas as outras culturas. Por isso, os mitos dos mais diferentes povos possuem características em comum. 


Eurásia

A existência de uma cultura primordial também é comprovada pela geologia ao afirmar que, há milhões de anos atrás, os continentes terrestres se encontravam unidos, formando um gigantesco continente, conhecido como Eurásia, que milhões de anos depois, foram se distanciando, até chegar à formação de hoje, de onde os primeiros humanos partiram de um ponto comum para povoar o restante da Terra, levando consigo os mitos.

terça-feira, 12 de março de 2024

CAMILLE MONFORT E A LENDA DA CANTORA VAMPIRA




CAMILLE MONFORT E A LENDA DA CANTORA VAMPIRA

O romance “Após a Chuva da Tarde” não se limita apenas a contar a incrível história de Camille Monfort (1869 -1896), a bela cantora lírica francesa que durante estadia na cidade de Belém para concertos, em 1896, enfrentou toda a fúria da cidade devido seu comportamento não corresponder ao esperado de uma mulher de sua época, terminando com uma acusação de vampirismo e uma misteriosa morte; o livro também aborda como sua presença deu origem a sombrias lendas urbanas, com o romance partindo destas para traçar sua real história.

E, para que o leitor possa separar fatos reais de lendas, o livro se debruça sobre o que são as lendas e como surgem:

“Lendas são histórias que se originam de acontecimentos reais que impressionaram tanto um povo que, com o tempo, passam a ser acrescentados a elas elementos mágicos por aqueles que as contam, criando, assim, versões fantásticas destas histórias.” Ou seja, toda lenda tem sempre um quê de verdade. 

O livro também define o papel psicológico das lendas:

“Nascida do disse-me-disse e do medo natural do desconhecido, fruto da necessidade que temos de darmos formas aos nossos medos mais primitivos para que possamos melhor lidarmos com eles. Assim, se tememos a morte, então criamos histórias de fantasmas para apaziguar o medo desta e acreditarmos que a vida continua após a morte; se tememos uma vida infeliz, então projetamos a felicidade para um além-vida; se tememos a escuridão da noite, criamos histórias de terríveis criaturas que se transformam com o brilho da lua e se desfazem com o nascer do dia…”


O romance mostra a semelhança entre a lenda europeia dos vampiros e lendas amazônicas, semelhança que levou o povo da região a ver Camille Monfort, não como uma vampira, mas com uma matinta perera (figura folclórica da região capaz de se transformar em animais). O que é plenamente explicado: 

“A lenda da matinta perera está sempre ligada a uma figura feminina, a uma mulher independente que, por incomodar o público com sua independência, é acusada com tal ignomínia.”

“Após a Chuva da Tarde” é muito mais do que um inovador romance de vampiro, é um verdadeiro estudo de como surgem as lendas.

Para Comprar o Livro, Acesse: Editora Uiclap.

 

sábado, 9 de março de 2024

QUANDO A REALIDADE SUPERA A FICÇÃO (Jean Libbera)




QUANDO A REALIDADE SUPERA A FICÇÃO (Jean Libbera)


No filme O Vingador do Futuro (1990), Arnold schwarzenegger é Douglas Quaid, um simples trabalhador que ao fazer um implante de memória, para ter lembranças e sensações como se tivesse realmente viajado para uma das colônias em Marte, passa a ter memórias que foge do simples roteiro de turismo, como ele pretendia, passando a ficar indeciso se as memórias são do implante ou reais.




Em Marte, ao encontrar George e seu irmão mutante Kuato, que é parte do ventre do irmão e líder da resistência, Douglas Quaid descobre tudo sobre seu passado.




Na verdade, o personagem Kuato não é um mutante mas o que é conhecido como gêmeo “parasita vestigial”, uma má formação genética. E como a realidade está sempre pronta a nos surpreender mais que a ficção, irmãos gêmeos parasitas, não é tão incomum quanto se pensa: nasce um a cada 50 mil nascimentos. O mais famoso caso foi do italiano Jean Libbera.




Jean Libbera nasceu em Roma em 1884, com um pequeno irmão grudado em sua barriga. O irmão, que Jean o chamava de Jacques e com quem compartilhava todos seus órgãos, tinha dois braços, duas pernas e a cabeça estava embutida no estômago de Jean.


Libbera havia tido 12 irmãos, um deles também nascera com um gêmeo parasita grudado no corpo, porém faleceu quando ainda era bebê.




Jean ganhava a vida se apresentando em um circo de freak show, com seu irmão que, assim como ele, vestia um smoke, sapatinhos e fralda, e quando precisava sair o cobria com uma capa. E embora Jacques não tivesse a desenvoltura de Kuato, há relatos de que Jacques movia os braços e as pernas.


Jean Libbera viveu até seus 50 anos, casou-se, teve quatro filhos normais, e voltou para a Itália, falecendo em algum período entre os anos de 1934 e 1936.