Conta a lenda amazônica que durante as noites de lua-cheia um jovem e belo rapaz, vestido de branco e chapéu, aparece em regiões próximos a rios, para seduzir jovens mulheres, que se encantam perdidamente por ele. Seduzidas, ele as leva até ao rio para namorar em segredo em meio às águas do rio. Curiosas, ao observarem que mesmo durante o intercurso amoroso, ele reluta em tirar o chapéu, elas movidas por tal curiosidade, se surpreendem quando, ao tirar seu chapéu, vê um estranho furo em sua cabeça como as narinas de um boto, a expelir jatos de água. Nesse instante, o belo rapaz adquire nadadeiras, mergulhando nas águas e sumindo em meio ao rio. Tempos depois, estas mulheres aparecem grávidas do boto encantado.
A Lenda do Boto é uma das mais conhecidas lendas da região amazônica, mas o que poucos sabem é que ela é muito mais que apenas uma lenda, é o resquício de uma religião oculta e milenar, que hoje faz parte do que é chamado de “Pajelança”, que, como as religiões gregas, concebe a união entre deuses e homens, gerando seres encantados: os “Filhos-de-Boto”.
O Boto Encantado
A região amazônica é formada por inúmeros rios, lagos, igarapés, de onde índios e caboclos amazônicos tiram parte de seus alimentos, estando ligados profundamente à vida e morte de seus habitantes, e também é de onde são tirados seus mitos, suas lendas, gerando o reino dos seres encantados. E entre estes seres, um se destaca: o Boto.
Boto, é o nome dado na região amazônica aos golfinhos de águas doces, que frequentam rios e lagos amazônicos. Das seis espécies conhecidas, três pertencem à região amazônica. São eles: Boto Preto, ou “Tucuxi”, tido pelas crenças da região como o que protege; o Boto Cor-de-Rosa, popularizado mundialmente por Jacques Cousteau; Boto Vermelho, tido como o sedutor de mulheres, sejam donzelas, solteiras ou casadas.
Na mitologia dos índios Tupis existe um deus, Senhor das Águas, o Uauiará, ou Uiara, que toma a forma de boto e também a forma humana para surpreender mulheres durante o banho nos rios, seduzindo-as e arrebatando-as para dentro das águas.
Ao se transformar em um belo homem, de olhos negros brilhantes, vestido elegantemente com roupas brancas, e que encanta por sua aparência e pela magia do luar, o boto manifesta os poderes mágicos trazidos das profundezas do rio, do mundo dos seres encantados, com o objetivo de gerar um filho.
A Lenda do Boto e a Mitologia Grega
Devido ao preconceito muito forte a sabedoria indígena e cabocla em nosso país, mitos e lendas de origens indígenas, como a Lenda do Boto, tendem a ser vistas inferiores a cultura de outros povos, como dos povos europeus, porém há certa semelhança entre a Lenda do Boto e a mitologia grega, que chama bastante atenção, como se houvesse uma sabedoria simbólica comum entre ambas. A utilização de uma forma animal (o boto) usada pelo deus Uiara como intermédio para a sedução de mulheres, se assemelha a forma encontrada por Zeus, deus supremo grego, para seduzir mulheres. Foi na forma de um cisne que Zeus seduziu Leda, rainha de Esparta. Dessa união, Leda chocou dois ovos, e deles nasceram Clitemnestra, Helena, Castor e Pólux.
Nota-se também o poder dado a influência da lua na Lenda do Boto, o mesmo poder de transformação encontrado na Lenda do Lobisomem; e seu poder hipnótico de sedução pode ser comparado também aos poderes das histórias de vampiros.
Os Encantados e os Filhos-de-Boto
Na magia nativa ou Pajelança, originada das crenças indígenas amazônidas, o contato entre deuses da floresta e humanos torna estes humanos encantados, ou dá origem a seres encantados, nascidos dessa união, como os “Filhos-de-Boto”.
Os seres encantados vivem no meio termo entre o mundo encantado dos Caruanas, deuses que habitam o fundo dos rios, e o mundo dos humanos, possuindo poderes místicos de comunicação entre os dois reinos.
“O boto encantado jamais abandona o filho, pois quando morre algum filho-de-boto afogado no rio, diz-se que partiu ao encontro do pai. Quando mulheres grávidas viajam, sobretudo em pequenas embarcações, e são seguidas pelos botos, comenta-se que viriam das encantarias em busca de seu filho”.
Embora, hoje, a expressão “Foi o boto”, seja pronunciada como forma de piada irônica para traição, a crença no mito foi tanta que há casos de pescadores perseguindo e matando o pobre cetáceo, por achá-lo responsável pela gravidez indesejada de suas filhas ou mulheres.
Amuletos Feitos do Boto
Para a cultura da Pajelança, órgãos sexuais de botos, tanto do macho quanto da fêmea, possuem propriedades afrodisíacas, sendo vendidos em algumas barracas do Ver-o-Peso. Também em barracas especializadas compram-se os olhos do boto que servem como talismãs, possuindo o poder extraordinários de atrair mulheres quando “curados” (benzidos) por um pajé. Para especialista no assunto, apenas o olho direito do boto tem esse poder mágico, que quando seco produz um som como um chocalho. Por isso alguns pescadores põe um granulo dentro do olho esquerdo para que, depois que seco, produza o som de chocalho, vendendo-o falsamente como olho direito.
Sexo com Boto Pode Ter Originado a Lenda do Boto
A cultura dos povos amazônicos indígenas concebe uma estreita relação entre indígenas e a natureza. Estes se concebem como parte da natureza, convivendo em estreita união com todos seus reinos da natureza; não os concebendo como independente da floresta e de tudo que a envolve; levando-os a não conceber uma separação bem definida entre eles e os reinos da natureza, entre o índio e os animais da floresta.
Por outro lado, sabemos que os botos, como toda forma de golfinho, estão entre os animais mais inteligentes da natureza, o que tem motivado interesse de contatos recíprocos entre estes animais e seres humanos; possuem também a sexualidade bem parecida com seres humanos, seus órgãos sexuais também possui certa semelhança; e em todo mundo são conhecidos inúmeros relatos de assédio sexual em banhistas por partes de golfinhos, que se aproximam dos banhistas para tocar suas partes íntimas, ou esfregar seus órgãos sexuais em seus corpos; há até mesmo relatos de envolvimentos amorosos entre humanos e golfinhos. Tendo isso em mente, não se torna tão descabido a possibilidade de que a Lenda do Boto tenha se originado da união sexual entre botos e indígenas, numa possível união física e simbólica entre entre índios e o reino das águas.
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“O boto também pode surgir em uma festa sem ser convidado. Destaca-se pela habilidade na dança e pelas maneiras elegantes como se apresenta vestido. Pode, também, aparecer no quarto e deitar-se na rede com a mulher que pretende seduzir. Pode, ainda, engravidar mulheres menstruadas que o fitaram de perto, seja do tombadilho de um barco, seja de um lugar à beira do rio”.
A Lenda do Boto é uma das mais conhecidas lendas da região amazônica, mas o que poucos sabem é que ela é muito mais que apenas uma lenda, é o resquício de uma religião oculta e milenar, que hoje faz parte do que é chamado de “Pajelança”, que, como as religiões gregas, concebe a união entre deuses e homens, gerando seres encantados: os “Filhos-de-Boto”.
O Boto Encantado
Na mitologia dos índios Tupis existe um deus, Senhor das Águas, o Uauiará, ou Uiara, que toma a forma de boto e também a forma humana para surpreender mulheres durante o banho nos rios, seduzindo-as e arrebatando-as para dentro das águas.
Ao se transformar em um belo homem, de olhos negros brilhantes, vestido elegantemente com roupas brancas, e que encanta por sua aparência e pela magia do luar, o boto manifesta os poderes mágicos trazidos das profundezas do rio, do mundo dos seres encantados, com o objetivo de gerar um filho.
A Lenda do Boto e a Mitologia Grega
Nota-se também o poder dado a influência da lua na Lenda do Boto, o mesmo poder de transformação encontrado na Lenda do Lobisomem; e seu poder hipnótico de sedução pode ser comparado também aos poderes das histórias de vampiros.
Os Encantados e os Filhos-de-Boto
Na magia nativa ou Pajelança, originada das crenças indígenas amazônidas, o contato entre deuses da floresta e humanos torna estes humanos encantados, ou dá origem a seres encantados, nascidos dessa união, como os “Filhos-de-Boto”.
Os seres encantados vivem no meio termo entre o mundo encantado dos Caruanas, deuses que habitam o fundo dos rios, e o mundo dos humanos, possuindo poderes místicos de comunicação entre os dois reinos.
“O boto encantado jamais abandona o filho, pois quando morre algum filho-de-boto afogado no rio, diz-se que partiu ao encontro do pai. Quando mulheres grávidas viajam, sobretudo em pequenas embarcações, e são seguidas pelos botos, comenta-se que viriam das encantarias em busca de seu filho”.
Embora, hoje, a expressão “Foi o boto”, seja pronunciada como forma de piada irônica para traição, a crença no mito foi tanta que há casos de pescadores perseguindo e matando o pobre cetáceo, por achá-lo responsável pela gravidez indesejada de suas filhas ou mulheres.
Amuletos Feitos do Boto
Para a cultura da Pajelança, órgãos sexuais de botos, tanto do macho quanto da fêmea, possuem propriedades afrodisíacas, sendo vendidos em algumas barracas do Ver-o-Peso. Também em barracas especializadas compram-se os olhos do boto que servem como talismãs, possuindo o poder extraordinários de atrair mulheres quando “curados” (benzidos) por um pajé. Para especialista no assunto, apenas o olho direito do boto tem esse poder mágico, que quando seco produz um som como um chocalho. Por isso alguns pescadores põe um granulo dentro do olho esquerdo para que, depois que seco, produza o som de chocalho, vendendo-o falsamente como olho direito.
Sexo com Boto Pode Ter Originado a Lenda do Boto
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