PAREIDOLIA: O FENÔMENO DE VER IMAGENS RELIGIOSAS ONDE NÃO HÁ NADA DE RELIGIOSO
Fotos contendo imagens de manchas com formas humanas, em que são apontadas como fantasmas, fazem bastante sucesso na internet; e não raro manchas em paredes, ou em materiais similares, são logo anunciadas como manifestação miraculosa de algum santo.
No dia 14 de julho de 2002, uma dessas manchas apareceu na vidraça de uma casa na cidade de Ferraz de Vasconcelos (SP). A mancha passaria despercebida se não fosse por um detalhe: ela lembrava a imagem da Virgem Maria.
Logo chamou a atenção dos moradores da casa; em seguida, dos vizinhos, e também dos moradores do bairro; e com o relato de milagres atribuídos à mancha, toda a cidade e o país já sabia do ocorrido.
Grande aglomeração de pessoas passaram a fazer vigília na frente da casa; missas passaram a ser rezadas no local. E mesmo com especialistas em vidros e a igreja afirmarem se tratar apenas de uma mancha comum que acontece aos vidros, por vários motivos, o lugar se tornou um ponto de culto.
Pareidolia
A fascinação por tais imagens pode ser explicada pelo fenômeno da pareidolia.
Pareidolia é o nome dado a tendência que temos de identificar em imagens ou em sons casuais, formas ou sons familiares. Assim, é comum identificarmos em nuvens, montanhas, solos rochosos, florestas, poças d'águas, janelas embaçadas, e demais objetos e lugares, formas humanas ou de animais. Ela também acontece com sons, sendo comuns músicas tocadas ao contrário, soar como alguma frase familiar.
A pareidolia nasce de uma necessidade que o cérebro humano possui de encontrar padrões familiares em coisas, paisagens, etc. Essa necessidade entra em funcionamento logo que nascemos, pois desvendar expressões humanas é de vital importância, e é ela que nos faz encontrar rostos humanos em paisagens, objetos, e em fotografias mal focadas.
O ambiente também vai influenciar no sentido que vamos dar a pareidolia; por exemplo, se for foto de cemitério vamos associar logo a um fantasma; se for na floresta achamos que vimos um rosto de um duende, gnomo; se for em um ambiente com histórias de disco voador, ligamos logo a pareidolia a ET's; e geralmente quando a pareidolia a parece em alguma coisa que não possui mistérios, como em nuvens, areia de praia, ou em comida, sempre interpretamos as pareidolias em um sentido engraçado, porque o ambiente, ao contrário de cemitério, por exemplo, não influiu para dar um significado assombroso. Por exemplo, na foto abaixo, ninguém levaria a pareidolia no bumbum do cachorro a sério, porque parte-se do princípio que uma imagem religiosa jamais apareceria em tal local.