O BEBÊ DE ROSEMARY: O FILME QUE FEZ O TERROR SER LEVADO A SÉRIO
Com o filme O Bebê de Rosemary (1968), do diretor Roman Polanski, uma nova forma de fazer terror surgiu, fazendo com que, pela primeira vez, um filme de terror tenha sido levado à sério. Isso se deve ao fato de que, antes do referido filme, filmes de terror não eram vistos com seriedade devido não abordarem temas importantes, como temas sociais e/ou psicológicos. Porém, com o referido filme, isso mudou drasticamente.
O Bebê de Rosemary juntava à sua história de terror, de uma mulher manipulada por membros de uma seita satânica a gerar o filho do demônio, temas importantes como as exigências sociais sobre a maternidade, e a submissão feminina imposta pela sociedade. Temas que anteriormente jamais poderiam ser imaginados fazendo parte de um filme de terror, ainda mais de um filme com temática satânica. O que dificultou, na época, sua classificação como pertencente ao gênero terror, já que a sociedade satânica do filme podia ser interpretada como a sociedade comum que reduz a liberdade feminina, traçando papéis sociais predeterminados a estas, como a maternidade. Assim, a obra mostra, de forma revolucionária, que filmes de terror não precisam se resumir apenas a sustos e temas fora da realidade, mas também abordar temas importantes e reais.
Soma-se a isso a boa sacada que teve o diretor Roman Polanski ao escolher não mostrar diretamente o filho de satã, que era o tipo de terror que se baseavam os filmes anteriores, mas de mostrar sua presença apenas filme.
Embora a forma criada pelo diretor Roman indiretamente por meios do berço negro coberto de renda negra e sons produzidos pelo bebê-demônio, o que seguramente estimulou ainda mais o suspense e a tensão provocado pelo Polanski de abordar temas sociais importantes em meio a temática de terror, com o tempo foi esquecido, vigorando o terror usual do susto a todo preço. Porém, hoje, quando vemos filmes de terror atuais como Corra! (Get Out), de 2017, do diretor Jordan Peele, que junto de sua temática de terror aborda o racismo; ou A Bruxa (The Witch), de 2015, do diretor Robert Eggers, que aborda a influência religiosa na sexualidade humana, filmes que exploram além do terror, temas sociais, e que já foram saudados como uma nova forma de terror, vemos que não há nada de novo neles, mostram apenas que a influência de O Bebê de Rosemary ainda é bastante atual em nossos dias.
E não foi apenas na temática que o filme O Bebê de Rosemary foi pioneiro. O filme também foi o primeiro a ganhar o curioso título de “Filme Maldito”, título que também seria dado ao O Exorcista, A Profecia, Poltergeist: o Fenômeno, devido acontecimentos trágicos acontecido durante ou pós seu lançamento, como a morte trágica de Kome Krzysztof, compositor responsável por sua trilha sonora, morto em acidente com pouco tempo após ter composto a trilha para o filme, e também a trágica morte de Sharon Tate, esposa do diretor do filme, assassinada tragicamente por seguidores de Charles Manson em quanto estava grávida meses após o lançamento do filme, e também sem esquecer da morte de John Lennon, assassinado por um fã na frente do Hotel Dakota, onde morava, e onde foi gravado o filme O Bebê de Rosemary.