sexta-feira, 13 de junho de 2025

A FAMÍLIA QUE ENRIQUECEU VENDENDO CADÁVERES HUMANOS





A FAMÍLIA QUE ENRIQUECEU VENDENDO CADÁVERES HUMANOS


Quando um parente querido morre, queremos que ele seja tratado com todo respeito possível. No entanto, volta e meia, surgem notícias de total desrespeito com cadáveres --- casos de violação sexual de corpos, é um dos exemplos. Mas não é apenas este hediondo crime que pode acontecer com cadáveres entregues aos cuidados funerários. A morte gera bastante dinheiro, despertando a cobiça de pessoas, que tentam extrair o máximo de dinheiro de cadáveres, chegando a cometer crimes repulsivos. E poucas pessoas enriqueceram tanto com cadáveres, quanto a família americana Lamb. Eis sua terrível história.


Tudo começou com Charles Lamb, que fundou sua agência funerária nos anos de 1920, na cidade de Pasadena. Como um negócio de família, a agência passou para o filho Lawrence Lambe. E nos anos de 1980, para a filha deste, Laurieanne Lamb Sconce e o marido, Jerry Sconce. Mas foi sob a direção do filho destes, David Sconce, que a agência funerária Lamb chegou ao seu lucro máximo extraído de cadáveres.




Antes da direção de David Sconce, até 1981, a agência cremava 194 mortos por ano. Mas apartir de sua direção, a quantidade de corpos cremados passaram a ser 1675, apenas um ano depois, aumentando a cada novo ano, vertiginosamente, chegando ao ano de 1986, com a incrível quantidade de 25285 cadáveres cremados só neste ano. O que passou a intrigar algumas pessoas, pois a agência possuía apenas dois fornos crematórios, em que cada cadáver era cremado por cerca de 4 horas. A conta simplesmente não batia.


Mas em 23 de novembro de 1986, o descuido de um funcionários que, após fumar grande quantidade de crack, esqueceu os fornos ligados do crematório, e dormiu, provocando um gigantesco incêndio, seria o início da descoberta da terrível fonte de riqueza dos Lambs, e de como eram capazes de cremarem tantos cadáveres com tão pouco recursos




Em 20 de janeiro de 1987, a densa fumaça e principalmente o forte cheiro vindo das chaminés de uma pequena fábrica de cerâmica, chamaram atenção da vizinhança, principalmente de um ex-soldado que serviu na segunda grande guerra, que afirmou que o cheiro lembrava o cheiro de corpos queimando nos campos de concentração nazista.


Fiscais que adentraram o local verificaram inúmeras próteses guardadas em camburões e uma estranha substância oleosa espalhada pelas paredes e no chão, que grudava nos sapatos e também nas roupas. Ao verificar os fornos, detectaram inúmeros restos de corpos humanos queimando e uma calha que contornava a entrada do forno e dispensava a gordura dos cadáveres cremados para os fundos do prédio, onde uma grande quantidade de gordura humana se acumulava em poças. Ao procurarem o dono da fábrica, descobriram que David Sconce, da agência funerária Lamb, era o proprietário.


Este acontecimento, aos poucos, foi revelando o grande esquema de exploração de cadáveres que envolvia a família Lamb.




Por meio de David Sconce e de seus funcionários, descobriu-se que a funerária cremava de 15 a 20 corpos, de cada vez, sem parar, não respeitando a individualidade de cada corpo, quebrando os ossos dos cadáveres para caber sempre mais e mais corpos nos fornos.


“Jamais conseguirão tirar as cinzas de um forno antes de colocar outro corpo para ser cremado. Os fornos têm um assoalho de tijolo poroso, e ficam cinzas de várias pessoas. Então, pra mim, misturar cinzas não é nada demais”.


“Não existe diferença nas cinzas de alguém cremado. É potássio e cal… aquilo não é mais o seu ente querido. Ame-os ainda vivos”, explicou David Sconce, anos depois de ser preso.


David Sconce


Descobriu-se também que o lucro da Funerária Lamb não vinha apenas dos serviços fúnebres. David Sconce chamava de “minerar” a atividade de extrair jóias e dentes de ouro dos cadáveres, com alicate e chave de fenda.


“Roubávamos túmulos. Nós contávamos partes de corpos para pegarmos joias. Contávamos dedos por anéis. Quando você morre, você incha. Então, colocávamos na maca, levávamos para a mesa, contávamos o dedo fora, jogávamos o dedo lá dentro e queimamos com outros corpos”, relatou um dos funcionários.


“Geralmente, 80% dos corpos estavam vestidos. Tudo o que tinha estava intacto, sem sangue, sujeira. Então, tiramos sapatos, meias, cuecas. E vendíamos tudo”, relatou outro funcionário.  


Mais a parte mais terrível das atividades de David Sconce ainda estava para ser descoberta.


Fotos encontradas na funerária, com David abrindo crânios e abdome, demonstraram que ele também lucrava vendendo partes de cadáveres para vários centros de pesquisa espalhados pelo mundo.




Ele chegou mesmo a fundar uma empresa de banco de olhos e tecidos humanos, chamada Coastal International.


“Para mim, não faz sentido desperdiçar coisas que podem ajudar outros”, disse David Sconce.


A notícia revoltou muito os familiares daqueles que tinham sido tratados pelos serviços funerários da Funerária Lamb, que sabiam que as cinzas que tinham guardados de seus familiares queridos, não eram deles, mais de dezenas de desconhecidos. Mas o mais chocante foi saber que órgãos de seus entes queridos teriam sido retirados e vendidos, sem consentimento e o menor respeito.


Uma dúvida permanecia sem resolução: se os pais de David Sconce sabiam e estavam envolvidos com seus crimes.


Com os depoimentos dos funcionários da funerária, descobriu-se que sua mãe Laurieanne Lamb Sconce e o pai, Jerry Sconce, não apenas sabiam, como participavam.


“Lembro-me de ir a casa de uma família e recolher o avô deles. Estavam todos chorando. E a Laurianne me chama pelo telefone e diz: ‘Querido, se o corpo ainda estiver quente, levante as pálpebras dele, e veja se os olhos estão aquosos, ou se estão secos. E se estiverem secos, tem uma garrafa do porta-luvas. É só pegar e colocar algumas gotas em cada olho. depois me ligue’. depois daquilo, foi todos os dias: ‘O corpo está quente, querido?’, relatou o motorista da funerária.


Na prisão, David Sconce confirmou que a família já lidava com a exploração de cadáver desde seu avô.


David Sconce não era um homem agradável com as pessoas e tudo indica que assassinou algumas pessoas que ameaçavam seu negócio, como Tim Waters, alguém do ramo funerário, que desconfiava de suas atividades ilegais. Após um almoço com David, Tim foi encontrado morto horas depois, indicando ter sido ataque cardíaco. Mas testemunhas indicaram que na prisão David havia assumido o envenenamento de Tim. Para completar, funcionários da funerária disseram que David sempre estava com o livro The Poor Man’s James Bond, de Kurt Saxon, que escrevia manuais de sobrevivência e que incluiu em seu livro informações sobre venenos que matam sem deixar vestígios.


David Sconce foi condenado à prisão. E após vários anos, já idoso, obteve o direito de liberdade condicional. Ele participou do documentário A Funerária: Dinheiro e Cinzas, onde conta sua história e de sua família. O documentário está na Max (HBO).