sexta-feira, 2 de julho de 2021

CASO ELIZA SAMUDIO, OU COMO DESAPARECER COM UM CORPO



CASO ELIZA SAMUDIO, OU COMO DESAPARECER COM UM CORPO

Já faz onze anos que aconteceu um dos crimes com maior repercussão dos últimos vinte anos em nosso país: A morte de Eliza Samudio pelo goleiro Bruno Fernandes. E em todo esse tempo uma pergunta tem sido feita por todos: “Que fim levou o corpo de Eliza Samudio?". Tal pergunta, ainda hoje, mesmo com a condenação de Bruno e seus comparsas (Luíz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", Marcos Aparício dos Santos, o "Bola"), ainda nos causa admiração, por não ter sido ainda respondida.

Tentando responder essa pergunta, o blog BORNAL relembra fatos e traz à tona novas possibilidades ao caso. Vamos a eles.

Relembrando o Crime

Em outubro de 2009, Eliza Samudio gravou vídeo relatando estar grávida do goleiro Bruno, e que teria sido sequestrada por ele e forçada a abortar seu filho, com a ingestão de substância administrada pelo goleiro e por seu comparsa, Macarrão. 

Em junho de 2010, Eliza morando na casa de uma amiga, em São Paulo, junto com o filho, de cinco meses, é atraída por Bruno ao Rio de Janeiro com a desculpa de que queria fazer o teste de paternidade.

A saída do hotel no Rio de Janeiro onde Eliza ficou hospedada, é a última prova de sua existência. 

Eliza Samudio e seu Filho, Bruninho



No dia 24 de junho de 2010, já em Minas Gerais, um telefonema anônimo para a polícia denunciava que uma mulher havia sido espancada e morta próximo ao sítio de propriedade do goleiro Bruno. 

A ligação, junto com o vídeo de sua denúncia, e sua total ausência, levou a polícia a desconfiar que tal pessoa seria Eliza Samudio, levando a polícia a Bruno e comparsas.


Após serem detidos, e tendo em vista às benesses da delação, a diminuição da pena, Macarrão confessa que ele, e o menor J., havia pego Eliza com o filho, acompanhados de Bruno e de uma mulher, em outro carro, e levado ela para o sítio de Bruno, e posteriormente para o sítio do Bola, em Minas Gerais.

Mais tarde, o menor diria que Bola teria asfixiado Eliza, esquartejado seu corpo e dado para cães comerem, desfazendo assim do cadáver.

As Evidências

O relato do menor teria dado ao caso, já hediondo por si próprio, ar de filme de terror, que comoveria ainda mais a opinião pública. 

Contudo, a perícia munida de reagentes à sangue, não encontrou nenhum vestígio de sangue tanto no sítio de Bruno quanto na casa de Bola, mesmo no canil, onde supostamente o corpo de Eliza teria sido esquartejado e dado aos cães. Vale dizer que, o luminol é capaz de detectar sangue humano mesmo que o local tenha sido lavado com detergentes, e passado tanto tempo quanto dez anos.

Porém, encontraram gotas de sangue de Eliza e de uma segunda pessoa no carro que a transportou para Minas Gerais.

Portanto, nada foi encontrado que ligasse Eliza ao seu cativeiro.

Marcos Aparecido dos Santos, o Bola

Durante o julgamento, a estratégia de Bruno, e seu comparsa Macarrão, foi de jogar a culpa do assassinato de Eliza Samudio para o Bola; com Bruno afirmando que a decisão de sumir com Eliza foi tomada apenas por Marcarrão, e este por sua vez, afirmou que apenas levou Eliza para a casa de Bola, desconhecendo o que teria acontecido com ela.

O curioso é que tanto Macarrão quanto Bruno confessaram para obter a diminuição da pena facilitada pela confissão premiada. Porém, Bola, mesmo condenado por crime de assassinato, não recorreu ao benefício da confissão, continuando a afirma que não matou Eliza Samudio. E o mais curioso ainda é que nenhum vestígio foi encontrado na casa do Bola a favor do crime, nem mesmo motivação para o crime foi encontrado, como alguma forma de pagamento pela execução do assassinato de Eliza. Bola teria não recorrido à confissão premiada justamente por não ter matado Eliza Samudio, já que ao confessar teria que mostrar que fim levou o corpo dela? 

Bruno e Macarrão e a Tatuagem Feita nas Costas de Macarrão



Tem chamado atenção o fato de que Macarrão ao incriminar Bola, não apenas se beneficiaria como também acabaria por beneficiar Bruno. O que ainda é reforçado pela grande fidelidade e dedicação que Macarrão tinha por Bruno, ao ponto de ter tatuado em suas costas seu amor e fidelidade eterna ao goleiro.

Teria sido Macarrão o verdadeiro assassino de Eliza Samudio? Teria ele assassinado ela como uma forma de mostrar sua dedicação e amor a Bruno Fernandes? E mais: teria o relato do menor J. culpabilizando Bola pela morte de Eliza para acobertar o verdadeiro assassino de Eliza Samudio, criando aquela cena absurda dos cachorros se alimentando do corpo dela?

Seja como for, Bola é o único que parece não ter tido nenhuma ligação com o crime. Teria então sido ele envolvido no crime apenas para receber a culpa dos verdadeiros assassinos? 

A Desova

Para descobrirmos qual o mais provável destino do corpo de Eliza Samudio, devemos ter em mente as mais conhecidas formas usadas por assassinos para esconder um corpo humano, tendo em vista a facilidade e o grau de ocultação obtido. Para tanto, analisaremos o método relatado pelo menor J. que teria sido supostamente usado por Bola

Esquartejamento

O menor J. havia afirmado que Bola teria asfixiado com os braços Eliza Samudio, e que teria esquartejado seu corpo e dado para serem devorados pelos cães.

Cães devorando carne humana não é comum, mesmo que tenha se insinuado que Bola seria um matador experiente e que estaria acostumado a usar os cães para se livrar de corpos, o que foi demonstrado pela perícia não ter o menor cabimento. Acrescente-se a isso que não teria cabimento, se Bola fosse um especialista em sumir com corpos, usar sua própria casa para tal fim, correndo o risco, desnecessariamente, de facilitar ser descoberto.

Eliza Matsunaga com o Marido Marcos Kitano Matsunaga




Além disso, tem sido visto em inúmeros casos de crimes, como no caso de Elise Matsunaga, que matou o marido e o esquartejou, dividindo em seu corpo em várias malas transportadas para fora do apartamento do casal, que o esquartejamento de um corpo é mais usado como forma de facilitar o transporte do cadáver da cena do crime, do que propriamente como forma de ocultação, haja visto que a divisão de um corpo em várias partes facilitaria ainda mais a chance de uma das partes ser descoberta do que o corpo inteiro, como descobriu a mesma Elize Matsunaga que, após espalhar partes do corpo do marido em terreno ermo, partes foram achadas, e logo identificadas.

O Microondas

Um preso havia relatado que teria ouvido de Macarrão que eles teriam queimado o corpo de Eliza em um método usado por traficantes, conhecido como microondas, que consiste em pilhar pneus no corpo e queimá-lo.

Para queimar um corpo até as cinzas sem deixar vestígios é necessário horas e horas, já que mesmo em fornos de crematórios adaptados para tal fim, o processo dura várias horas. Portanto, não seria um método prático e eficiente usado para quem gostaria de sumir com um corpo sem deixar quaisquer vestígios dele; e mesmo que em seguida fosse enterrado seus vestígios, lembre-se que assassinos são motivados pela facilidade do processo e eficiência, e que ter que enterrar o corpo depois disso, com testes de DNA, faria o processo de queima algo inútil e desnecessariamente trabalhoso.

O Mais Provável

Tem-se argumentado que, obedecendo a união de maior grau de praticidade e eficiência da efetuação de assassinato e ocultação de cadáver, que o assassinato e a ocultação do corpo de Eliza Samudio tenha ocorrido durante a saída dela da capital do Rio de Janeiro para o estado de Minas Gerais, quando transportada por Macarrão e escoltado por Bruno em outro carro, já que a viagem noturna teria durado sete horas, e que teria em seu caminho milhares de lugares propícios para se cometer um assassinato em segredo e lugares ermos para ocultação do cadáver. Sendo assim, não necessitaria do trabalhoso esquartejamento e necessitaria apenas que o corpo fosse enterrado. O que explicaria a ausência de vestígios do crime no sítio de Bruno e na casa do Bola; aliás, não necessitaria nem da presença deste, explicando, por sua vez, por que este reluta a recorrer aos benefícios da confissão, justamente porque ele não participou do crime.

Condenações

Luíz Henrique  Ferreira Romão (Macarrão):  Condenado a 12 anos em regime fechado e mais três anos em regime aberto por sequestro e cárcere fechado. Desde outubro de 2018 está em regime aberto.

Marcos Aparecido dos Santos (O Bola): Condenado a 22 anos de prisão pelo assassinato e ocultação do cadáver de Eliza Samudio.

Atualmente ele cumpre pena em regime semiaberto.

Bruno Fernandes das Dores de Souza: Inicialmente foi condenado por 22 anos e 3 meses de prisão por homicídio, ocultação de cadáver, sequestro e cárcere privado. Em setembro de 2017, teve sua pena diminuída, porque o crime de ocultação de cadáver prescreveu. Em julho de 2019, conseguiu uma progressão de pena para o regime semiaberto.

(Foi levado em conta aqui apenas os principais nomes envolvidos no assassinato de Eliza Samudio).

Bruninho, Hoje com 11 Anos, e sua Avó Materna

Conclusão

Sem evidências que incrimine Marcos Aparício dos Santos, o Bola, pelo assassinato de Eliza Samudio, e com os claros benefícios conseguidos por Macarrão e Bruno com o relato absurdo do menor, de ter sido Bola o executor de Eliza, o julgamento deveria ser revisto, levando em conta o que foi exposto aqui.


FONTE: Eliza Samudio - Especial Investigação criminal.  


Um comentário:

  1. Se esse crime fosse nos EUA já teriam descoberto o corpo, pois a justiça lá é mais rígida e eficiente, aqui é Brasil 11 anos e nada de encontrar esse corpo, vai ver mandaram desovar em Marte

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