by Anton Semenov |
Ela disse nunca mais, seu filho da puta,
nunca mais, tá me ouvindo?, e ele ficou ali, sem dizer palavra alguma, enquanto
ela tremia levemente de raiva, pegava a bolsa pendurada na cadeira e saía da
cafeteria em direção a qualquer lugar que fosse o mais distante possível dele,
que demorou ainda alguns segundos sentado, vendo-a ir-se embora, ainda de boca
fechada, não sentia necessidade alguma de pronunciar sequer um suspiro, então
chamou o garçom e pediu para fechar a conta e percebeu que ainda teria de pagar
tudo sozinho pela última vez, mas ao menos era a última vez, pensou um tanto
aliviado, estava cansado daquela encenação, coisas de namoro, ter de paparicar
aqui, ser cauteloso acolá, paciente ali do outro lado, merda, estava cansado
daquilo tudo, até que foi bom ela ter tomado a iniciativa, pensou que talvez
tivesse faltado um tapa em sua cara, a cara dele, para deixar bem claro, a fim
de finalizar a situação com chave de ouro, não houve o tapa, então apenas
balançou a cabeça para esquecer enquanto recebia o troco e se levantava para
atravessar a rua, olhou para o lado por onde ela tinha seguido, mas foi mero
ato mecânico, não que estivesse realmente interessado em saber para onde diabos
ela estava indo, ela que vá para o inferno e que foda com o diabo que eu não
quero nem saber, depois refletiu um pouco mais e concluiu que estava sendo meio
duro, infantil provavelmente, então que ela vá à merda, agora sim, tudo
devidamente consumado e definido em todos os termos.
Carregava um pacote, um embrulho com
papel pardo sob o braço direito, ainda não sabia o que continha naquele volume,
pois acabara de receber da ex-namorada enfurecida e magoada até a última ponta
de fio de cabelo, e não houvera tempo para abri-lo, ela não parava de falar, e
falava rápido, e falava muito, e ele apenas ouvindo, como sempre, disso ela não
podia reclamar jamais, aqueles ouvidos eram latrinas, mas latrinas caras que
não se encontram em qualquer lugar, de qualquer modo lá estava ele, tentando acompanhar
a verborréia que ela descarregava bem ali, em cima da mesa, junto com o café e
os pastéis de queijo, a clientela do estabelecimento mirando disfarçadamente
para ambos, alguns riam baixo, outros arregalavam os olhos, alguns outros se
sentiam ofendidos com a baixaria, outros ainda faziam cara de quem já vira
aquele filme vezes sem conta, como ele próprio, entretanto, como ia sendo dito,
lá ia ele com o pacote sob o braço, ela dissera que aquilo era a única coisa
que queria devolver-lhe pessoalmente, embora as suas roupas seriam mais tarde
entregues no apartamento, pois ela não queria mais que ele pusesse os pés em
sua casa, estava tudo acabado, etc. etc. etc., na verdade ele pensou em
retrucar que ela pudesse fazer o que quisesse com aquelas roupas, queimá-las,
doá-las, ele não se importava nem um pouco, porém ficou quieto, bem quieto,
como havia aprendido logo no início do namoro, após as primeiras explosões da
recém-namorada, e agora tentava lembrar como foi que começaram a ficar juntos e
a se comprometer um com o outro, quem deu o primeiro passo?, certas coisas são
para se arrepender, é bem o que parece no fim das contas, pensou lentamente
enquanto alcançava a calçada do lado oposto.
Primeiramente queria chegar ao seu
apartamento e só então abrir o pacote, não que estivesse realmente interessado
em descobrir o que ela resolvera lhe devolver pessoalmente, afinal de contas, depois
de toda a encenação, parecia que tudo ficava um tanto sem graça, claro que era
brincadeira, uma brincadeira de mau gosto, meio clichê, mas não encontrava outro
jeito de passar o tempo enquanto caminhava em direção ao seu apartamento, que
ficava a algumas quadras dali, cerca de vinte minutos, podia parar em algum
mercado, comprar alguma coisa para preparar o jantar, ou talvez passar na locadora
de vídeos e pegar alguns filmes para assistir mais tarde, mas preferiu seguir
direto, a cabeça um pouco curvada para baixo, olhos encarando o concreto das
calçadas, era uma tarde movimentada em uma cidade grande, não precisava se
preocupar em olhar para os lados antes de atravessar qualquer esquina, bastava
seguir o fluxo humano, por isso continuou pensando em brincadeiras de mau gosto
enquanto se esbarrava com pessoas falando ao celular, pessoas saindo e entrando
de lojas, pessoas carregando pacotes maiores que o seu, pessoas passeando
simplesmente, quem diabos tem vontade de passear por uma rua entupida de gente,
num bairro feio como aquele, numa cidade fedorenta como aquela e todas as
outras grandes cidades?, pensou, isso não seria muita falta do que fazer?,
pensou, entretanto estava só matando o tempo enquanto seguia em frente, o
embrulho firme debaixo do braço, de uma coisa sabia, não era nada pesado, então
provavelmente não era muito caro, ou seja, ela era muito esperta e ele podia
esquecer reaver qualquer presente valioso, como joias, por exemplo, que ele
tivesse lhe dado, ou isso ou ele definitivamente era um belo filho da puta, o
que só fazia com que ajudasse a provar que as mulheres são, em linhas gerais,
mais sábias e evoluídas do que os homens, pelo menos em quase tudo, mas não em
tudo, ele finalizou o raciocínio ao dobrar a última esquina e avistar o prédio
onde morava, um prédio simples e feio, como todo o resto do bairro, inclusive como
a si mesmo, portanto, bem lá no fundo, não era tão ruim assim.
Subiu as escadas até o terceiro andar, o
edifício era baixo, não possuía elevadores, cumprimentou o zelador, seu Pereira,
que descia com alguns sacos plásticos, cumprimentou a dona Zélia, que morava
sozinha em um dos apartamentos do segundo andar desde o dia em que o marido morrera
de infarto fulminante no meio da rua, acho que há cerca de dois anos, tentou
recordar, acenou para uma garotinha que se mudara recentemente com a mãe para o
apartamento no final do corredor do seu andar, e que, naquele momento, brincava
com um carrinho de fricção, puxava o brinquedo para trás, apertando as rodas no
chão de azulejos, depois o soltava para vê-lo colidir com a parede ao lado da
porta, dava um pequeno sorriso, voltava a pegar o carrinho e recomeçar a diversão,
estranho uma garota brincar com carrinhos, no meu tempo não era assim, mas o
tempo dele já havia passado há muitos anos, nem sabia mais direito o que era o
tempo dele, quem sabe ainda estivesse parado no tempo dele e não soubesse qual
tempo era aquele, aquele mesmo em que se encontrava, com um pacote agora nas
mãos, procurando as chaves no bolso da calça, observando uma criança estranha,
é loirinha, só agora havia reparado em seus cabelos, a menininha levantou o
rosto para ele, desta vez sem sorrisos, apenas um olhar de desconfiança, de
quem ouviu direitinho quando os mais velhos repetiram centenas de milhares de vezes
para não falar com estranhos, porém sua atenção se prendeu ao pacote que ele
levava consigo, não, não é pra você, ele não disse em voz alta, somente
formulou a frase em sua cabeça, percebeu que não adiantava falar nada disso
para ela, enfiou a chave na fechadura, girou a maçaneta e empurrou a porta, não
sem antes lançar-lhe outro aceno antes que ela voltasse os olhos para o
carrinho meio esquecido em sua mãozinha meio gorducha, talvez cinco, talvez
seis anos, não mais que isso, refletiu ao fechar a porta.
Ligou a luz da sala, a iluminação
natural à tarde não era muito boa, por isso o aluguel não era tão alto, ao
menos foi o que o corretor dissera quando vieram visitar o recinto pela
primeira vez, deixou o embrulho sobre a mesinha de canto ao lado do único sofá,
de três lugares, normalmente este móvel possuía duas opções de uso, era onde
dormia após uma noite de alguns filmes sem conseguir pegar no sono, ou então
quando dormia com a namorada, e obviamente a partir daquela data as noites de
filmes aumentariam de frequência durante as semanas, sentia isso, era um
aficionado por filmes, já escrevera alguns roteiros e os enviara a algumas pessoas
que conheciam outras pessoas que mantinham contato com grandes pessoas do mundo
da mídia em geral, jornalistas, escritores, atores de primeira, segunda ou
terceira linha, assistentes de diretores etc., mas até aquele momento não tinha
obtido qualquer resposta, satisfatória ou não, sobre qualquer um dos textos,
tinha a impressão de que os mesmos sequer chegaram às mãos e aos olhos de quem
deveriam chegar, mas também não fazia muitos planos, mantinha os pés bem
plantados no chão, e de repente se lembrou de uma conversa que tivera com a
recente ex-namorada, uma conversa em, que mais uma vez, decidira não abrir
muito a boca, se não para bebericar o vinho que havia comprado para comemorar o
primeiro e único aniversário de namoro de ambos, uma conversa em que as
palavras futuro e esforço e objetivo se mantiveram entre as cinco mais
proferidas e enfatizadas por quase uma hora, não é necessário tentar lembrar
quais as outras duas, quando ela resolvera parar de falar, ao olhar bem nos
olhos dele, tomar um grande gole da taça de vinho nas mãos e ir para a sacada
do apartamento pegar um ar fresco, claro que ele sabia que era com o intuito de
evitar sua presença ali, embora isso fosse um pouco difícil, já que era ele
próprio quem morava naquele endereço, então ela apenas voltou para dentro,
pegou mais um pouco de vinho e voltou para a sacada, ele a chamou para vir
assistir a um filme, ela respondeu que não estava afim, ele disse que tudo bem,
não iria forçar nada, e foi quando ela veio de lá de fora, tomou outro grande
gole da bebida, deixou sua taça sobre a mesinha de canto e pôs-se a falar e a
falar, só que mais alto do que antes, com mais sentimento do que antes,
sinceramente, com mais raiva do que mágoa de antes, gritando que ele nunca
fazia nada diferente daquilo, que sempre era ela quem dizia, que sempre era ela
quem se descontrolava, que era ela quem decidia, ele respondeu nesse momento
que não era bem assim, que fora ele quem escolheu o vinho e a receita de frango
que, aliás, estava quase pronto, faltavam poucos minutos para tirar do forno,
então ela gritou, não, ela esbravejou alguma coisa como puta que pariu, ou
então mas que merda, ele não lembrava muito bem dos palavrões, afinal todos
significam a mesma coisa, e ela repetiu novamente e de novo as palavras futuro
e esforço e objetivo, mais alguns palavrões, não exatamente nesta ordem, pegou
a bolsa e disse que ele podia comer o frango todo sozinho e saiu, ele ficou um
minuto parado no meio da sala, o controle remoto da televisão na mão, até
perceber que já estava na hora de retirar o assado do forno.
Isso foi dois meses antes, a relação não
terminou daquela forma, eles, ou melhor, ela reatou o namoro alguns dias
depois, disse que tinha feito um papelão, que não queria dizer aquelas palavras
de verdade, mas que se preocupava com certas coisas na vida e ele parecia
sempre um pouco alienado dessas mesmas coisas, mas tudo bem, não precisamos
falar disso, se você não quiser, vamos assistir a um bom filme hoje, quem faz o
jantar sou eu, ele aceitou e tudo pareceu voltar aos antigos eixos, até aquela
tarde, quando ela marcou o encontro na cafeteria, a mesma que frequentavam
desde que tinham se conhecido, ela havia ligado do escritório, ele pensava que
podia ser algo grave, mas nem tanto, talvez apenas um papo para descontrair no
final do dia, foi isso o que pensava quando ela adentrou o estabelecimento com
um semblante sério e sequer provou dos pastéis que, aliás, estavam muito bons,
e começou a dizer que havia pensado melhor, que aquela situação não estava
dando certo, que era melhor cada um seguir o seu caminho etc., coisa e tal, ele
não estava entendendo, disse isso, foi quando ela começou a ficar realmente alterada,
retirou da bolsa o pacote e o deixou em cima da mesa, ao lado das xícaras de
café, e desta vez, somente desta vez ele quis responder algo mais, indagar
mais, então ela não se aguentou e soltou alguns palavrões, ele já estava
acostumado àquilo, só ficou um pouco surpreso com o tal filho da puta, todos nós
a partir daí já conhecemos a história, e era nisso tudo que ele pensava, encarando
o embrulho pardo na mesinha de canto, sempre em silêncio, antes de buscar um
copo de água na cozinha, ela parecia ter um problema preocupante com oscilações
de humor, ou talvez fosse ele quem carregasse o problema, mas nunca tinha antes
visto a relação por esse ponto de vista, fazia o que tinha de fazer, ligava em
seu trabalho vez em quando, os dois passeavam vez em quando, os dois bebiam
juntos vez em quando, de repente recordou um detalhe, o de que faziam sexo à
luz de velas, especialmente uma noite em que haviam voltado de uma sessão do
cinema, ele se preocupava com certas coisas como as velas, isto é, o que ela
falara não era totalmente verdade, não que estivesse magoado com tal
declaração, não sentia mágoa por assuntos pequenos, aquilo era um assunto
pequeno para ele, então notou que realmente o problema poderia ser com ele, que
não fazia muito além daquilo que fazia há tanto tempo, que escrevia roteiros
que não sabia onde tinham ido parar, que não procurava buscar algo mais em sua
vida, que buscava saber o que iria jantar e não se importava com o resto de
seus dias medíocres, com querer um lugar melhor para viver, atitudes pequenas
que se tornavam grandes para ela, que não se contentava com o escritório, que
buscava reconhecimento dos outros, ele deveria também buscar reconhecimento dos
outros, afinal de contas, você é ou não é um escritor?, na verdade roteirista,
ora dá na mesma, não dá na mesma, é um pouquinho diferente, você pensa em um
escritor como alguém que produz contos, romances, meu trabalho é um pouco
diferente, você é louco, não sou louco, sou mais como alguém que tem um
conceito diferente da maioria, você é louco, sim, você usa tanto a palavra
diferente que acaba ficando igual à mesma maioria de que quer tanto se
distanciar, não é verdade, você está delirando, acho melhor eu ir embora,
preciso trabalhar muito cedo amanhã e não trouxe roupa para me trocar, e ele
ficou nu no sofá, olhando através da sacada e pensando se seria uma obrigação
ela ter de recordar toda vez o futuro, o futuro besuntado de esforço e
objetivo, mesmo depois de um sexo em que ela havia tido dois orgasmos.
Voltou com o copo de água da cozinha,
bebeu um pequeno gole, era mais para molhar os lábios e ter algo com que ocupar
as mãos enquanto não as avançava para cima do pacote, a despedaçar o papel
pardo que agora estava um tanto amassado, fora ele quem o havia amassado e não
se dera conta, no fundo, no fundo não queria tê-lo recebido, mesmo que não
soubesse ainda o que escondia, não queria tê-lo aceitado daquela forma, pensou
que poderia tê-la segurado na cafeteria enquanto conversavam um pouco mais,
podia tê-la acalmado para não lhe dar o direito daquela briga entre os pastéis
de queijo e o café, que ela devia ter ficado e bebido do café para se acalmar,
mas que ideia estúpida, café não acalma ninguém, sua besta, não devia tê-la
mandado à merda, mesmo que só tenha falado isso para si, minha nossa, tê-la
imaginado foder com o diabo, quem era ele naquele momento?, estava muito
errado, estava errado porque não era nada do que pretendia para ela, mas veio
um rastro de pensamento obscuro de algum canto daquele apartamento, como uma
pulga que se instala devagar atrás da orelha e começa a incomodar aos poucos,
um pensamento estranho que ilumina feito uma lanterna com a pilha fraca, que
vai tentando iluminar o caminho à frente e falha e ilumina e falha de novo, um
pensamento que mostrava um quadro em sua mente e de que até então havia
percebido somente a moldura, um pensamento que dava voz àquele quadro, uma voz
rouca e baixa dizendo anda logo, abra esse maldito pacote e veja o que restou
para você, o que restou para um medíocre como você, nesse pacote sobrou alguma
coisa a qual ela dava importância e de que você fez pouco caso, veja o que ela
deixou e então volte os olhos para mim, este quadro que você sabe bem o que
representa, não precisa necessariamente dessa lanterna para me enxergar, sabe o
que quero lhe mostrar e não tem coragem de me encarar, não é mesmo?, pois tome
coragem dessa vez que pode ser sua última chance de ter realmente algum
vislumbre do que virá a ser o resto de seus dias, deixe de bancar o roteirista
pois agora é você o protagonista nesta história, largue esse copo de água e
veja o rascunho de si próprio, então ele levantou o pacote com uma das mãos
enquanto depositava a água sobre a mesinha de canto, arrebentou o barbante que
o envolvia e o jogou para um lado, rasgou o papel pardo e o arremessou para o
outro lado, sentou-se no sofá, suas mãos inertes sobre um monte de páginas
juntas por uma encadernação plástica , seu nome escrito em letras maiúsculas no
centro da primeira folha, o volume agora parecia pesar mais do que antes, como
isso era possível ele não queria saber, respirou fundo e folheou depressa as
páginas e viu que ali não havia palavra alguma, o volume inteiro mostrava um
nada branco, nada senão seu nome no rascunho de capa, não entendia, aquilo não
era dele, ou era e não se lembrava, aquilo estivera com ela e ele não entendia
o porquê, não se lembrava de lhe ter deixado alguma vez um trabalho seu para
apreciação, talvez fosse o prenúncio de uma autobiografia, uma ideia ridícula,
não havia muito o que ele pudesse contar sobre si próprio, e foi quando ouviu a
voz baixa e rouca novamente, agora cantarolando uma canção de sua infância, uma
antiga e esquecida canção que estivera alojada no fundo de seu cérebro, em meio
a teias e poeira dos anos passados por ele, isso mesmo, passados por ele
simplesmente, ouviu a voz sentenciar que aquilo é o rascunho de si próprio, aquilo
é o grande vislumbre do resto de si próprio, porém não era a mesma voz baixa e
rouca, era sua voz saindo por sua garganta, sua voz que quase sempre se calara
quando devia ser ouvida, de repente sentiu uma sede imensa, uma sede de uma
vida inteira, procurou o copo na mesinha e esbarrou nele com os dedos trêmulos,
o vidro se espatifou e no meio dele, sobre o assoalho, surgiu uma poça
indefinida, como sua vida em branco, como aquelas páginas sem sentido, e
descobriu num lampejo que a poça era o quadro revelado afinal, a moldura era o
apartamento escuro, e tudo o que restava ali era o seu nome intitulando o
calhamaço de um vazio que doía pesado em seu peito.
Tropeçando, saiu para o corredor lá fora.
A menininha loira continuava com seu carrinho de fricção. Ele a fitou, ela o
fitou e desta vez lhe sorriu. Largou o brinquedo e viu-o correr acelerado até
se chocar no sapato daquele vizinho que queria chorar, chorar como ela quando
queria atenção de sua mãe antes de dormir, e parecia haver desaprendido como se
fazia isso.