terça-feira, 16 de junho de 2020

"PRA QUEM ACREDITA EM FANTASMAS": ENTREVISTA COM O ESCRITOR DINO MENEZES


"PRA QUEM ACREDITA EM FANTASMAS": ENTREVISTA COM O ESCRITOR DINO MENEZES

A literatura de terror é, sem dúvida, uma das mais difíceis formas de escrita, já que o autor, contando apenas com palavras e a imaginação do leitor (diferente do cinema cheio de recursos de sons e imagens), busca prender o leitor em uma atmosfera de suspense e mistério, transformando o medo em diversão. Por outro lado, há  também autores que veem nas histórias de terror algo mais do que apenas diversão, e sim um meio disfarçado de mostrar aos leitores suas crenças religiosas e esotéricas, sobre um mundo obscuro que se esconde por trás do véu da realidade. Tal qual o escritor Arthur Machen, com seu famoso O Grande Deus Pã, que levou para sua literatura de terror conhecimento ocultista, aprendido e praticado em sociedades secretas ocultistas, como a ordem hermética vitoriana da GOLDEN DAWN.

Talvez seja nesse contexto que se insere Dino Menezes, com seu livro que traz o sugestivo título Pra Quem Acredita em Fantasma.

O livro traz uma seleção de lendas, casos e relatos fantasmagóricos colhidos de diversas regiões de nosso país, e apesar de seu título, pode ser de leitura interessante mesmo para aqueles que não acreditam em fantasmas.



Casos:

O Macabro Crime da Mala e o Fantasma da Mulher Grávida do Porto
Conta a história do mais famoso crime ocorrido no Brasil, acontecido na década de 1920. Em que um corpo desmembrado de mulher, com seu feto exposto, fora encontrado em um baú em um barco que iria para a Itália. O crime, que se tornou o mais popular homicídio em nosso país antes do aparecimento de crimes feitos por serial killers brasileiros, teria sido cometido pelo marido. Segundo relatos, o fantasma da mulher ainda assombra o porto de Santos.

O Local Amaldiçoado: Crime do Poço e o Incêndio do Edifício Joelma
O incêndio do Edifício Joelma, ocorrido em 1974, foi um dos piores incêndios acontecido em local público do Brasil. A TV acompanhou todo o drama, com pessoas se jogando de sua altura, ou desesperadas na cobertura do prédio, correndo das chamas e fumaça, sendo queimadas vivas. O curioso é que alguns anos antes da construção do prédio, um acontecimento terrível havia acontecido no mesmo local; o caso do filho que havia matado a mãe e as irmãs, e jogado seus corpos em um poço preparado para o crime. Um bombeiro também morreu, contaminado pelos cadáveres em decomposição durante o resgate dos mesmos. Passado vários anos depois das tragédias, no novo edifício feito no local ainda dá origem a relatos de fantasmas e fatos assombrosos.

Espírito de Jack, O  Estripador, se Comunica com uma Médium no Brasil
Este título relata um fato curioso. Após cessar as mortes de prostitutas cometidos em 1888, em Londres, e atribuídas ao mais famoso serial killer, Jack, o Estripador, assassinatos semelhantes ocorreram na Vila de Paranapiacaba, interior de São Paulo. Teria Jack vindo para o Brasil, já que nesse período a vila teria sido construída por operários ingleses da firma inglesa contratada para a construção da ferrovia que ligaria o porto de Santos com demais localidades? A curiosidade aumenta ainda mais quando um médium recebe o espírito do médico inglês que havia morado na região, e que assumiu os crimes e contou detalhes sobre os mesmo.

Estes são alguns títulos de um total de 21 casos contado no livro Pra Quem Acredita em Fantasmas.

Abaixo, uma pequena entrevista que o blog BORNAL fez com seu autor, Dino Menezes.



BORNAL: O título de seu livro, Pra Quem Acredita em Fantasma, dá a ideia de que seu livro tem como público-alvo pessoas que acreditam no sobrenatural. Para você é importante que seus leitores acreditem em fatos paranormais para ler o livro?
DINO MENEZES: Não, de forma alguma. Os leitores podem ler como uma boa ficção; a intenção do título do livro é exatamente gerar curiosidade até para os que não acreditam. Tanto é, que recebi o retorno de pessoas de várias idades, dos 12 aos 85 anos, e de diversas crenças também. No próprio livro, inseri esse feedback das pessoas que vieram a interagir com uma parte das histórias quando divulguei pela internet. Ali, é possível perceber a variedade do público e dos que inicialmente não acreditam e começam a se questionar quanto ao assunto.

BORNAL: Qual o critério que você usou para selecionar as histórias para o livro?
DINO MENEZES: Depois de uma viagem para Paranapiacaba, comecei a pesquisar as lendas de terror e usei o caminho da antiga São Paulo Highway, que vai da cidade de Santos até Campinas, ligando as crônicas, que são baseadas em fatos reais, pelos trilhos da antiga ferrovia. 
           
BORNAL: Você acredita que há uma conexão entre escritores de histórias de terror e a crença no sobrenatural?
DINO MENEZES: Pode haver ou não, dependendo de cada escritor. Mas a curiosidade e a inquietação sobre o tema tem que haver. A curiosidade, a imaginação, o medo... principalmente o medo nos faz viajar. Atualmente, tenho lido livros espíritas para entender melhor o assunto, que é tão complexo quanto desconhecido para alguns.

BORNAL: De todos os relatos e lendas que você catalogou, qual a que lhe impressionou mais e qual o motivo?
DINO MENEZES: O incêndio no edifício Joelma, pois quando eu era criança, assisti aquele terror todo ao vivo pela televisão. A história e as imagens ficaram marcadas em mim. E durante as pesquisas e ao escrever o livro, revivi toda a tragédia que marcou a minha infância.

BORNAL: Você passou por alguma experiência que você classificaria como sobrenatural?
DINO MENEZES: Algumas coincidências aconteceram enquanto eu escrevia o livro. Acho que cada pessoa reage de uma forma diferente ao sobrenatural, dependendo de suas capacidades para sentir. Alguns veem, outros sonham, mas ocorre para quem tem sensibilidade. No meu caso, acho que consigo sentir as histórias e transportá-las em sua maioria para o papel, respeitando os espíritos e também entregando um pouco da minha sensibilidade ao escrever sobre esses seres quando consigo manter uma ligação aos personagens sem o preconceito às suas atitudes.

BORNAL: Seu interesse por lendas e relatos sobrenaturais é motivado por alguma crença religiosa?
DINO MENEZES: Não sou religioso, fui muito pouco a igreja, venho do teatro e trabalho com cinema.  Então a minha ligação com as histórias é uma forma artística de me expressar. E, contar histórias é a minha paixão não importando o meio.
Nasci em Belém do Pará, morei no Edifício Manoel Pinto, que tem diversas histórias assombradas. Depois fui morar em frente ao Cemitério da Soledad, onde meus irmãos me contavam histórias de terror. E ainda nesta época, no caminho da escola, passava em frente ao Palacete Bolonha, que é tema de uma das histórias do meu próximo livro que fiz em parceria com Bosco Silva, o qual me entrevista, rs. Enfim, essas experiências na infância me fizeram ter interesse e escrever sobre Terror.

BORNAL: O que você pensa sobre toda essa onda de conservadorismo, estimulada por políticos evangélicos, que tendem a censurar e desestimular filmes, livros, com temáticas de sobrenatural, terror?
DINO MENEZES: Cada um que tenha seu ponto de vista, goste ou não de algo, temos que respeitar isso, ter o livre arbítrio para escolher o que fazer (Ler). O fundamental é liberdade de expressão, e a liberdade de expressão é inalienável. Tem que ter filme de Prostituta, como também tem que ter filme de Igreja. Tem que se produzir todos os gêneros, e consome quem quiser. Dou esse exemplo, mas serve para todas as categorias artísticas. O perigo oculto do conservadorismo, é que começam censurando a arte, depois queimam livros, daqui a pouco estarão matando gente. Já vimos isso acontecer antes e temos que aprender com a história. Temos que ficar atentos !!

BORNAL: Você tem se sentido prejudicado com a política conservadora do novo governo?
DINO MENEZES: Muito prejudicado. A agência reguladora do cinema, ANCINE, a área que atuo, está sendo sucateada e está parada. Mais de 400 produções estão burocraticamente paralisadas atualmente no Brasil. Desde o ano passado, tento registrar um documentário e não consigo, não tenho resposta. A atuação desse governo é um desastre, um grande retrocesso a cultura e a arte brasileira. Mas vamos continuar a luta pela arte e pela liberdade de expressão!

Dino Menezes



Produtor Audiovisual e diretor, Dino Menezes trabalha com o Cinema, a literatura e o Teatro, montando Peças Teatrais, Curtas-metragens, Documentários e Performances. Ganhador de inúmeros prêmios na Baixada Santista e no Estado de São Paulo, participou de Festivais de Cinema no Brasil e no Exterior. Artista multimídia, Dino Menezes transita entre o cinema, a fotografia, a literatura e o Teatro, desenvolvendo a sua arte livre, com mais de 30 prêmios nesses segmentos. Produz a Mostra Cine Debate e a Mostra Marginal de Cinema Santista.

Para Comprar o Livro Pra Quem Acredita em Fantasmas: Produto/Mercado Livre 

Blog de Dino Menezes: https://medium.com/@dinomenezesii

terça-feira, 9 de junho de 2020

MISS MALÁSIA: FRASES RACISTAS DE MISS, CHOCA O MUNDO


MISS MALÁSIA: FRASES RACISTAS DE MISS, CHOCA O MUNDO
A Miss Malásia, Samantha Katie James, causou fúria recentemente ao postar mensagens no instagram contra as manifestações provocadas pela morte do segurança negro George Floyd pela polícia dos Estados Unidos. A miss chamou os manifestantes de “pessoas tolas”, escreveu ela:
Eu não moro nos Estados Unidos, isso não tem nada a ver comigo. Mas, para mim, parece que os 'brancos' venceram. Aos negros, relaxem, aceitem isso como um desafio, que isso os tornem mais forte.
Samantha justificou suas palavras:
Você escolheu nascer como uma pessoa de 'cor' nos Estados Unidos por algum motivo, para aprender uma certa lição. Aceite, a fome e a pobreza existem. É isso aí. O melhor que você pode fazer é manter a calma... Essa é sua responsabilidade.
Ela também comentou ter sido alvo de racismo por ser branca:
Fui insultada a vida toda por ser uma garota branca na escola. Falo por experiência própria, não pelo que li on-line.
Ao ser perguntada por uma seguidora sobre que quis dizer com “escolheu nascer 'de cor', a Miss respondeu: "Como nossas almas. Escolhi esta vida, este país, esta raça, esta forma humana. Sempre me pergunto por que nasci na Malásia como uma menina branca, com mãe chinesa, avós indianos e pai brasileiro. Mas eu escolhi tudo isso por uma razão".

É isso mesmo, Samantha é filha de pai brasileiro, e embora seja o fruto de várias misturas de raças, o que teria levado a moça a escrever frases com tons tão racistas?

Simples: o que para a maioria é apenas manifestação de racismo, para a Miss Malásia, é parte de sua concepção religiosa da vida. 

Sua religião  se baseia na crença de que a alma humana antes  de nascer, escolhe o local, os pais, a raça e o momento onde irá nascer, de forma que suas escolhas acarrete experiências que sua alma precisa para aprender e evoluir. Esta forma  de crença  está presente em religiões que acreditam em alguma forma de reencarnação. Na Índia esta forma de crença serve para explicar por que há pobres e ricos. Ricos são pessoas espiritualmente merecedoras de sua riqueza, enquanto pobres são pobres porque estão pagando dívidas passadas, de outras reencarnações.
 

Como podemos deduzir, esta forma de pensar, estimula a submissão e injustiça. Na Índia, onde a crença na reencarnação faz parte de suas religiões, pessoas que nascem nas classes mais baixas, mais miseráveis, não podem lutar por condições de vida melhores, já que sua pobreza tem como causa, não injustiças sociais, mas o destino escolhido para elas para que possam evoluir. Sendo assim, qualquer pessoa ou forma de melhorar suas vidas, será visto como formas de atrapalhar seu aprendizado, seu evoluir (conhecido pelo nome de Karma).
 
Dessa forma, podemos concluir que muito das religiões contribui para a manutenção das injustiças sociais, do racismo, mesmo que seus seguidores não vejam suas opiniões como manifestação de racismo ou de injustiça social.
Seja como for, até o momento mais de 105 mil pessoas já assinaram um abaixo assinado para que Samantha perca seu título de Miss Malásia.  

sexta-feira, 5 de junho de 2020

CHICO PICADINHO E O FANTASMA DA BAILARINA ESQUARTEJADA EM SÃO PAULO


CHICO PICADINHO E O FANTASMA DA BAILARINA ESQUARTEJADA EM SÃO PAULO
Algumas histórias macabras se originam de algum acontecimento trágico. A história que vamos contar possui esse elemento e aconteceu nos anos 1960, com uma jovem bailarina austríaca que morreu e foi esquartejada em São Paulo. O mais curioso e perverso é que ela foi cortada em pedacinhos e teve sua carne distribuída em baldes e malas.

O crime lembra o famoso  Jack, o Estripador, assassino que nunca foi realmente identificado. Mas esse psicopata é brasileiro, e bem conhecido. Tem um nome e uma senha recebida depois do primeiro assassinato: Chico Picadinho.

Francisco da Costa Rocha nasceu em Vila Velha, no Espírito Santo, em 1942. Filho de uma prostituta, não teve uma vida fácil. Nasceu em um bordel, sofreu abusos sexuais e assistiu, lamentavelmente, aos maus tratos sofridos por sua mãe. Era comum ela sofrer agressões verbais e até, por outra vez, apanhar clientes. Na infância, Chico matava gatos para alimentação, mas com um certo prazer sádico e requerimentos de crueldades, cortava ou bichanos em pedacinhos.

Expulso de casa, depois de brigas com sua mãe, o menino Francisco cresceu em um ambiente hostil, comprando malandragem e inteligência para lidar e convencer pessoas, o que é muito comum na maioria das psicopatas. Na adolescência, Francisco disse ter sofrido com a mãe e com os abusos que sofria na infância, e começou a sentir coisas estranhas e graves. O que era considerado como “apenas um menino de fantasia que lia muito”, já que aos 13 anos já havia lido todos os livros do escritor russo Dostoiévski. Seu preferido era Crime e Castigo, que contêm um histórico de assassinatos em busca de redução e ressurreição espiritual.

Chico viveu uma juventude promíscua, tinha claramente compulsão sexual e, como era persuasivo, relacionava-se intimamente com muitas prostitutas, mas também com ditos “homens de bem”. Teve muitos parceiros, em noites regadas a bebidas e drogas. E tudo acontece em um pequeno apartamento na rua Aurora, na Boca do Lixo da boemia paulistana. Ele divide o local com um médico, que também usa o imóvel para encontros furtivos.


Até que, em 1966, Chico, com 24 anos, conheceu uma bailarina austríaca Margareth Suída, que vive no Brasil há pouco tempo ... e é o personagem fantasmagórico de nossa história. Encontro que despertou uma fúria macabra de Francisco e culminou numa explosão de ódio e loucura.

Um jovem bailarina e Francisco se conhecem em um dos bares da rua Aurora, em uma noite de garoa, típica da cidade de São Paulo. O rapaz charmoso e sedutor fez de tudo para conquistar uma moça que se mostrou tão envolvente, talvez pressionando algo. A jovem bebe como se fosse o último dia de sua vida, e era…

Por volta das três da manhã, o casal deixou a barra na direção do prédio e o futuro assassino de morava. Eles estavam totalmente embriagados. Riam e falavam alto, chamando a atenção das pessoas que restabelecem a rua que precisam de hora de madrugada. Dentro de um apartamento, que era para ser uma noite de amor, terminou em tragédia: Francisco, bastante entorpecido pela bebida, não conseguiu manter relações com a bailarina que, mais bêbada ainda, inicia um zombar dele, levantando dúvidas sobre a masculinidade do parceiro sexual . Naquele momento veio para a cabeça transtornada de Chico, como um pesadelo, tudo o que ocorreu com sua mãe, e os abusos sexuais foram cometidos quando era criança. Em um momento de fúria, ele é sufocado com as mãos, terminando de aplicar o cinto.


Ele diria depois de ter perdido a consciência durante o momento do assassinato. Depois, para se livrar do corpo, ocorreu o ato de mais bárbaro. Ele cortou uma mulher minuciosamente em picadinho e distribuiu os pedaços em baldes e malas, para se livrar do corpo. Demore 3 a 4 horas até lembrar a vítima e colocá-la dentro de uma sacola, pois sabia quem era o amigo com quem dividia o apartamento que estava para chegar.

O disfarce não foi suficiente e, denunciado pelo médico, teve que fugir. Com repercussão do caso nos jornais da época, Chico Picadinho é o logotipo encontrado na casa de outro conhecido, vai preso, e é condenado a 18 anos de prisão.

Mesmo preso, se casa com uma amiga, tem uma filha e depois de 10 anos sai da prisão, liberado por bom comportamento. Então, troca de parceria, outro filho, e leva uma vida normal, trabalhando para sustentar a família. No entanto, pouco tempo após o segundo casamento, ele deseja a vida pacata e volta para a Boca do Lixo.


Agora a prostituta  Ângela Silva, conhecida como “moça da peruca”, que seria sua segunda vítima. Como as coisas acontecem exatamente como no primeiro assassinato, então, dessa vez, ele esquarteja a vítima com um cuidado muito maior e tenta jogar alguns pedaços no vaso sanitário. Em nova fuga, para o Rio de Janeiro, fica presa em uma praça enquanto lia um jornal que traz a manchete de seus crimes.


Em 1976, o Conselho de Sentença condenou Francisco a 30 anos de prisão por homicídio qualificado, principalmente devido a grande repercussão do caso na imprensa e na opinião pública, que ficou horrorizado com fotos de mulheres esquartejadas nos jornais.

Lá vai mais de 50 anos e a história trágica não é esquecida, principalmente porque diz que, nas noites de garoa, há quem vê o fantasma de Margareth Suída descendo a rua Aurora, andando levemente como se caminhasse em nuvens, com passos de bailarina . Aliás, muitas são as histórias que envolvem uma garota jovem, com forte sotaque, que conhece meninos, seduzem e levam até seu apartamento. Mas não os deixa subir.

Alegando motivos diversos, sempre pede que espere na frente do prédio enquanto ela se prepara. E, quando vai ver, uma mulher não volta, e nunca existe. Assim, o porteiro já está cansado de orientar esses homens: mostra o jornal que relata uma tragédia e a foto da morte, que é sempre a mesma que diz ter terminado de conhecer.

O zelador Roberval dos Santos, de 74 anos, relata: “Perdi a conta de quantos homens já passaram a noite na frente do prédio esperando pela mulher, e com quantas vezes as mesmas consideram sobre o caso macabro. Alguns não acreditam e vão embora me xingando.

Ali, vi tudo aqui, até o mar desmaiar na calçada. Eu já trabalhei no prédio quando aconteceu uma história do Chico Picadinho. Foi um caso muito barra pesada e os jornalistas vinham aqui ou depois de tirar fotos do prédio.

Teve muito mais morador que até mudar. Dizem que moça assassina ainda não está local em que morreu, mas eu nunca vi nada. O apartamento está fechado desde os anos 1980. Tentou alugar, mas ninguém fica, não. E dizem que muitas coisas estranhas acontecem lá dentro.

São ouvidos, choros, gemidos e, para alguns, uma moça morta aparece pelada no chão da sala, todos em picadinhos, pedindo ajuda… ninguém fica, não. Aí, com o tempo, paramos de alugar o imóvel e ele fica fechado. Trouxeram até padre, médiuns, pai de santo, e ninguém deu jeito. Falam que a mulher, no espírito, ainda procura ajuda, por isso traz os rapazes até a porta. ”


Chico Picadinho, hoje com 75 anos, ainda cumpre pena em um manicômio judiciário, na Casa de Custódia de Taubaté. Essa decisão foi tomada após o exame médico em que foi apontada como uma pessoa de personalidade sádica e psicopática. Na cadeia, mostra-se lúcido e passa os dias praticando pintura.

Ele diz não ter sentido culpa em algum momento, porque, como as mulheres que matam e retiram ou recuperam a memória da mãe, quem não perdoa por ter sido submetido, enquanto criança inocente, várias barbaridades. Fala ainda que não acredita nas aparições e listas que envolvem seus crimes e que, ao cometer-los, causam uma influência do romance Crime e Castigo, de Dostoiévski, quem chama Deus.


Publicado em 1866, pelo escritor e jornalista russo Fiódor Dostoiévski, ou pelo livro narra uma história de um crime cometido pelo estudante Ródion Raskólnikov, e suas conseqüências. Assim, para terminar essa história tenebrosa, vale ressaltar uma curiosidade sinistra: o primeiro crime aconteceu cem anos após Dostoiévski ter escrito o livro…

Texto: Dino Menezes (Todos os direitos reservados).
Para conhecer mais sobre o projeto “Quem Acredita em Fantasias” acesse: http://www.facebook.com/praquemacreditaemfantasmas