terça-feira, 28 de março de 2023

MITOS E LENDAS AMAZÔNICAS E A DESCRENÇA


MITOS E LENDAS AMAZÔNICAS E A DESCRENÇA


Para um descrente ou um habitante de cidade grande, mitos e lendas amazônicas são apenas mera tolices e superstição de povos primitivos, sem valor algum. Mas há algo a mais por trás de toda lenda e mito.


Quando criança, e visitava cidades do interior, havia a crença de que algumas horas do dia eram impróprias ao banho de igarapé, e eram evitados em respeito a Mãe d’Água, ou tinha-se que pedir licença às entidades protetoras da floresta para entrar na mata.




Hoje vejo que estes costumes indígenas não eram mera crendice e superstição apenas, havia por trás deles algo importante, que hoje notamos ao vermos praias e rios poluídos, o ensinamento de respeitar a natureza como uma entidade viva, pois diferente da cultura cristã, que ensina o homem a dominar a natureza e seus seres, os mitos indígenas são alegorias que concebem o ser humano como parte da natureza e dependente dela, por isso o respeito recíproco por ela.




Os mitos têm a função não apenas de ensinar sobre as origens dos deuses, do mundo e das coisas humanas, mas também repassar conhecimentos e sabedorias sobre nós e nossa relação com a natureza. 


Já as lendas são narrações que partem de um acontecimento real que, por algum motivo, chamaram atenção de um grupo de pessoas, e a cada vez que são recontadas, são acrescentados novos detalhes maravilhosos a elas por aqueles que as recontam. Por isso que se diz, com toda razão, que toda lenda tem sempre um quê de verdade.


Abaixo, algumas entidades de mitos e lendas brasileiros feitos por inteligência artificial. 

















quinta-feira, 23 de março de 2023

CIDADE INVISÍVEL, 2ª TEMPORADA: AS ORIGENS DA ENCANTARIA



CIDADE INVISÍVEL, 2ª TEMPORADA: AS ORIGENS DA ENCANTARIA

Desde sua estreia, em 2021, a série Cidade Invisível tem mostrado que não necessitamos importar super heróis ou mitologias estrangeiras, pois temos a nossa rica mitologia de entidades folclóricas, fruto da mistura de tantos povos que formaram o Brasil, para contar boas histórias de mistério e aventura.




A série
, que já esteve entre as 10 mais assistidas em mais de 50 países, também permitiu uma espécie de volta às origens de nosso folclore, que em grande parte, por muitos anos, teve apenas a interpretação infantil do Monteiro Lobato e de seu Sítio do Pica-Pau Amarelo como a interpretação dominante, que o infantilizou muito, retirando do nosso folclore sua dimensão de horror e suavizando-o ao extremo, o que tem causado surpresa ao público ao perceber, por meio de tal série, o quanto nosso folclore é capaz de gerar histórias surpreendentes e misteriosas. Curiosamente, o mesmo aconteceu com os contos de fadas, suavizados e infantilizados pelos desenhos da Disney, causando espanto ainda hoje àqueles que leem os contos originais, ao perceberem o quanto são tenebrosos e cruéis. 




E após inúmeras críticas ao fato de Cidade Invisível abordar entidades do folclore brasileiro distante de sua região de origem, inserindo-as, estranhamente, em um meio urbano, na cidade do Rio de Janeiro, precisamente no bairro boêmio da Lapa, tão distante da floresta, a série, em sua segunda temporada, cede às críticas e concebe sua nova trama em meio a região amazônica, próximo à cidade de Belém, dando maior atenção para a cultura indígena e aos problemas ecológicos que ameaça tornar o mundo um ambiente menos propício à vida. Aqui, é importante chamar a atenção para personagens indígenas interpretados por atores de ascendência indígena, tão esquecidos na dramaturgia brasileira.



Em meio a várias entidades, a série traz algumas bastante conhecidas:

Lobisomem (na série, representado na figura de um menino), uma entidade universal que, segundo algumas vertentes de crença, acomete o sétimo filho homem, de uma família de 6 irmãs precedentes, e filho de um pai que também é sétimo filho;

 

Mula sem Cabeça, entidade do folclore do sul do Brasil, originária da relação proibida entre uma mulher e um padre; 


Matinta Perera, entidade extremamente conhecida no estado do Pará, tratando-se de uma pessoa acometida por uma maldição, que lhe dá o poder de se transformar em diversos animais.


A série com seu tema abordando a destruição da floresta causado pelo garimpo e a busca desenfreada por ouro, que envenena rios tão necessários a alimentação de populações indígenas e ribeirinhas, chega em um momento bastante propício, após as notícias de descaso do governo com a tribo ianomâmi e a contaminação e invasão de suas terras por garimpeiros.


Gostaria de terminar este texto abordando a questão: Por que devemos valorizar os mitos e o folclore brasileiro que, para muitos, não passa de crendices absurdas?




Três boas razões:

  1. Muitos mitos, principalmente os de origem indígenas, como os do curupira e da mãe d’água (entidades protetoras da natureza), ensinam a valorizar e respeitar a natureza e o ambiente em que vivemos, mostrando o quanto são importantes para nós; nossos verdadeiros tesouros;

  2. Nosso folclore é o resultado da mistura de vários povos que deram origem ao que nós somos, a nossa identidade brasileira, ajudando a união de nosso povo e o respeito a outras culturas; 

  3. Povos que valorizam suas origens, são menos propensos a serem influenciados por culturas estrangeiras; e quem valoriza suas origens não se sente inferior a outros povos e culturas, não sente a famosa Síndrome de Vira-lata.



quarta-feira, 8 de março de 2023

A INCRÍVEL HISTÓRIA DE GALINHA TONTA, O MENINO QUE APRENDEU 3 IDIOMAS SONHANDO



A INCRÍVEL HISTÓRIA DE GALINHA TONTA, O MENINO QUE APRENDEU 3 IDIOMAS SONHANDO


Há muito tempo que eu conheci esse caso, do menino pobre, de Minas Gerais, que mendigava comida, mas que aprendeu a falar inglês, alemão e japonês, através de sonhos, chamado de Galinha Tonta (Edvalson Bispo dos Santos). Ele ainda não tinha a 4ª série, quando disse para a mãe que conversava, durante seus sonhos, com três coleguinhas: o Toshio (japonês), o Hans (alemão) e o Paul (inglês), que lhes ensinavam suas línguas. Lembro que o Fantástico (se não estou enganado) testou seus conhecimentos nessas três línguas, com o repórter Maurício Kubrusly levando-o para conversar com pessoas versadas em tais línguas, inclusive no Bairro da Liberdade, na cidade de São Paulo, bairro famoso pela comunidade japonesa de lá, e Galinha Tonta passou em todos os testes.


O Início



Galinha Tonta diz que tudo começou quando ele se alimentava de restos de comida no fundo de uma casa, e foi surpreendido pela dona da casa que o humilhou muito. A humilhação foi tanta que, segundo ele, foi para casa muito triste, dormiu cedo e sonhou que estava triste em uma praia, quando apareceu os três meninos vestidos de branco, e começaram a ensiná-lo suas línguas, escrevendo na areia da praia com os dedos.


Logo o menino estava falando nas três línguas, levando a sua mãe a acreditar que ele estava possuído por alguma entidade, o que a fez levá-lo para o padre da cidade. Quando o pequeno Galinha Tonta se encontrou com o padre, este levou um susto, pois o menino começou a falar em alemão com ele, entabulando conversa com o padre que era de origem alemã.




Galinha Tonta ainda sonharia com os três garotos por 15 anos. Hoje, com mais de 60 anos, ele domina a leitura, a escrita e a conversação fluente, e leciona os três idiomas. Tendo, inclusive, já conversado em japonês com o próprio imperador do Japão. Ele abriu uma escolinha no quintal de sua casa, ensinando as três línguas estrangeiras para pessoas humildes.


Mas como explicar este caso que deixa espantado o mais cético, o caso de um menino que vivia em uma comunidade pobre, que não tinha meios nem para se alimentar, nem materiais para aprender a escrever sua própria língua, aprendesse a falar 3 idiomas internacionais?


Uma Explicação



Seria possível que durante os sonhos Galinha Tonta entrasse em contato com arquétipos humanos primordiais, isso que o psicanalista Carl Jung chamava de Inconsciente Coletivo, ou com estruturas cerebrais linguísticas inatas no ser humana que Chomsky chama de Gramática Universal, ou ainda teria tido contato com o que antigos monges hindus chamavam de Registros Akáshicos, que contém em si todo o conhecimento do universo, e que lhe aparecia sob forma de três garotinhos?


O caso de Galinha Tonta não é único, há casos de cientistas que fizeram descoberta por meio de sonhos, como o caso do russo Dmitri Mendeleiev, que por meio de um sonho criou a tabela periódica, com todos os elementos químicos aparecendo em suas respectivas posições; e também do matemático indiano autodidata Ramanujan, que dizia que recebia seus conhecimentos sobre os números através de uma deusa indiana, que lhe ditava as teorias em seus sonhos. 


Há também casos de pessoas que receberam dons, como no caso de Galinha Tonta, após um trauma ou acidente, como o caso do médico inglês que, após ser atingido por um raio, aprendeu a compor música e a tocar piano, da noite para o dia, sem ter nenhum conhecimento prévio de música; há também pessoas que, após acidentes ou coma, voltam falando uma língua que nunca aprenderam. 


O mundo está cheio de fatos fantásticos que a ciência ainda não explica, ou talvez nunca explicará, e que são conhecidos como fatos paranormais. 

domingo, 5 de março de 2023

SERIAL KILLER: MORRE PEDRINHO MATADOR




Pedrinho Matador nasceu em 1954. Começou a matar cedo. Primeiro matou, com 14 anos de idade, o vice-prefeito da cidade de Santa Rita do Sapucaí (MG), onde nascera por ter despedido o pai, então vigia. Depois, já preso, matou o pai na cadeia quando soube que este havia matado sua mãe. Pedrinho tirou o coração do corpo de seu pai e o comeu.

Ainda jovem se relacionou com uma traficante da capital de São Paulo, e quando esta foi morta pela bandidagem, Pedrinho assumiu o comando do tráfico.


Passou a maior parte da vida em cadeia, onde aprendeu a viver sob a lei do cão, passando a matar estupradores e assassinos. Era temido por todos os marginais de sua época. Acredita-se que tenha matado mais de 100 marginais.

Pedrinho gostava de matar na faca, nunca preferiu arma de fogo; se orgulhava de dizer que nunca matou um inocente na vida, só matou aqueles que mereciam morrer.

Seu último desejo era matar o Maníaco do Parque. Pedrinho morreu sem realizar seu sonho.

Pedrinho Matador foi morto hoje, às 10 da manhã, em Mogi das Cruzes (SP), onde estava morando em liberdade após ter cumprido pena. Foi alvejado por tiros desferidos por ocupantes de um carro, que o mataram na rua.

quarta-feira, 1 de março de 2023

A EVOLUÇÃO DOS ZUMBIS: Do Primeiro Filme de Zumbi ao The Last of Us


A EVOLUÇÃO DOS ZUMBIS: Do Primeiro Filme de Zumbi ao The Last of Us

Já tivemos a era dos vampiros, com centenas de filmes abordando o tema das mais diferentes maneiras, marcando época e gerações. Porém, agora, podemos dizer que vivemos a era dos zumbis, dessas criaturas que, ao mesmo tempo causa repulsa, medo, mas, acima de tudo, atração e fascínio. E nenhuma outra criatura de filmes de terror tem se beneficiado tanto do momento atual de enorme proliferação dos meios de comunicação, quanto os zumbis. Constatando isso, nada melhor do que uma breve amostra da evolução destes seres pútridos e fascinantes, desde as telonas do cinema aos streamings e demais formas de mídias.

 

Zumbi: A Origem

A palavra zumbi é oriunda de crenças religiosas vindas do Haiti. Era dado a pessoas que, por meio de feitiços feitos por um feiticeiro, supostamente, após morrerem, voltavam à vida para servirem ao feiticeiro que, por meio de seus poderes sobrenaturais, tornava-se senhor de seus corpos, que já não possuía mais vontade própria e obedeciam cegamente as ordens de seu senhor.


Curiosidade

Por incrível que pareça, na década de 70, cientistas norte-americanos confirmaram que tal crença era em parte verdadeira. Eles descobriram que pessoas que haviam supostamente falecido, não haviam falecido verdadeiramente, mas sido dopadas por substâncias preparadas por supostos feiticeiros, que fazia com que entrassem em um estado físico semelhante a morte, com pouquíssimos sinais vitais; e após terem sido enterradas, depois dos efeitos da substância ter passado, o suposto feiticeiro ia até a cova e retirava a vítima, e convencia ela de que havia verdadeiramente morrido, e que seu corpo já pertencia a ele; e assim escravizava-os.  


O primeiro Filme de Zumbis

Diferentemente da realidade, a saga dos zumbis na telona dos cinemas teve início com o filme White Zombie (1932), estrelado pelo famoso ator romeno Béla Lugosi, este foi o primeiro filme de zumbi da história, e se baseava na concepção de zumbi clássica, de morto-vivo reanimado por meio de poderes sobrenaturais, como os pertencentes às crenças religiosas do Haiti.


A Noite dos Mortos Vivos


Agora, se você gosta de zumbis devoradores de suculentos pedaços de carne humana (uma característica que, definitivamente, estará presente em futuras concepções de zumbis), dê graças ao diretor George Romero e ao seu filme A Noite dos Mortos Vivos (The Night of The Living Dead), de 1968, que modernizou a ideia de zumbi, tornando-os canibais.



Curiosamente, em entrevista, Romero declarou que nunca pensou em suas criaturas como zumbis, já que para ele zumbi se referia às criaturas de filmes mais antigos, aos zumbis clássicos, mas os concebia como ghouls, criaturas oriundas de crenças árabes pré-islâmicas que frequentam cemitérios e se alimentam de carne humana.


O Retorno dos Mortos-Vivos


Se A Noite dos Mortos Vivos trazia zumbis bem diferentes dos zumbis clássicos, haitianos, contudo eles ainda eram inspirados em forças sobrenaturais. Porém, talvez por influência do conto Reanimator, do escritor norte-americano H.P. Lovecraft --- em que um médico cria uma substância capaz de trazer mortos à vida ---, filmes da década de 80 passaram a conceber causas não sobrenaturais para o surgimento dos zumbis.



Como em O Retorno dos Mortos-Vivos (The Return of Living Dead), de 1985, em que, por acidente, um desconhecido gás vaza, e a chuva o traz para a superfície de um cemitério, fazendo com que os mortos ganhem vida. Também aqui os zumbis são canibais mas possuem preferência, única e exclusivamente, por cérebros humanos.


The Walking Dead



A série de The Walking Dead, de 2010 --- que começou primeiro como história de quadrinho ---, popularizou definitivamente o conceito de Apocalipse Zumbi, em que um vírus seria capaz de tornar grande parte da humanidade zumbi.



Esta ideia já estava presente no romance Eu Sou a Lenda, de 1954, do escritor estadunidense Richard Matheson, que conta que um surto de vírus transformou quase que a totalidade das pessoas do mundo, não em zumbis, mas em vampiros, que temem a luz do sol, momento em que o protagonista do livro aproveita para sair de seu esconderijo. Portanto, o Apocalipse Zumbi tinha, originalmente, uma roupagem vampírica.


The Last of Us



A série, que primeiro surgiu como um jogo de vídeo game, The Last of Us, de 2023, trouxe mudanças fundamentais para a concepção de zumbis. Primeiro, devido a causa do fenômeno não ser de origem sobrenatural, nem contágio de vírus, mas por um fungo que teria evoluído de um fungo comum que na natureza ataca insetos, tirando deles a autonomia, e os transformando em alimento vivo e instrumentos de locomoção para o fungo, em busca de um melhor lugar para sua proliferação. Portanto, tecnicamente, tais criaturas não seriam zumbis, já que não estariam mortos e retornados à vida --- razão pela qual na série eles são chamados de “infectados” e nunca de zumbis ---; as criaturas também não atacam as pessoas saudáveis com o desejo de se alimentar de carne humana, pelo menos não na forma tradicional, mas teriam o objetivo de infectar as pessoas saudáveis com o fungo.




Mas a concepção de zumbi passou por tantas mudanças, tornando-se a cada passo tão diferente da sua forma original, que creio que não há nenhum problema em incluir as criaturas de The Last of Us no grupo dos zumbis, até porque muito antes do surgimento da série e mesmo do jogo, o termo zumbi já era usado para descrever as cenas assustadoras de carcaças de insetos se arrastando na natureza contaminados pelo fungo cordyceps, que deu origem a mutação do fungo da série referida. Além disso, o termo já era usado para se referir a pessoas que, por alguma razão, incluindo o uso de drogas, perderam a autonomia de seus corpos e vida, uma característica presente em todas as concepções de zumbis.




The Last of Us inovou ao mostrar diferentes tipos de zumbis (infectados), de acordo com o tempo de evolução do fungo em seus corpos. Destaque para o chamado Rei dos Ratos, uma criatura formada por um amontoado de humanos  infectados que se transformaram em um só indivíduo. 




Tal concepção também foi inspirada em outro fenômeno real, chamado de Rei dos Ratos, em que ratos se embolam por meio de suas caudas, fraturando-as e calcificando os ossos, de forma a mantê-los presos pelo resto de suas vidas, e fazendo-os a aprender a agir como se fossem um só indivíduo. Já foi relatado Rei dos Ratos contendo mais de trinta indivíduos.