sábado, 29 de dezembro de 2012

ARITMOMANIA* (de Bosco Silva)



* aritmomania é um transtorno mental que pode ser visto como uma expressão do transtorno obsessivo-compulsivo. Um sofredor deste transtorno tem uma forte necessidade de contar suas ações ou os objetos em seu redor.

   O homem, após pôr a mulher sobre a cama, e tirar-lhe todas as roupas, disse-lhe, bruscamente:
    - Veja, este é o quarto 23, do vigésimo terceiro andar, de um prédio de número 23. Estamos aqui às 23 horas, de um dia 23, após eu encontrar-lhe pela vigésima terceira vez...

    A mulher, inesperadamente, o interrompe:
   - Sim, sim, já sei, já sei, já seeeeei.

  O homem olhou-a, ofegantemente, enquanto ela, impacientemente, continuou:
   - Agora dá pra parar com essa mania, João, e mostrar-me se és capaz dos 23 orgasmos que me prometeu.

domingo, 23 de dezembro de 2012

UM CONTO ESCROTO DE NATAL




UM CONTO ESCROTO DE NATAL
Agrada-me, em noite de natal, andar sob árvores adornadas com pequenas luzes coloridas que, na maior parte das vezes, transmitem sempre alguma harmonia. Gosto também de caminhar nas praças e ouvir os corais cantando antigas canções de natal.

E assim, disposto a deixar-me envolver mais uma vez por este clima de luzes coloridas e antigas canções natalinas, parei por alguns minutos em uma mesa de bar ao ar livre, enfrente de uma praça; observava calmamente a paisagem quando, inesperadamente, um travesti subiu a calçada, vindo em minha direção. Ele, vestido a caráter, com uma pequena blusa e minissaia vermelhas e um gorro de papai-noel, caminhava com a boca aberta apontando com o indicador direito para a mesma. Pôs-se de pé a apoiar-se com as mãos na borda da mesa onde eu estava. Gesticulava e tentava respirar.

Nesse instante, tomado pelo solidário espírito de natal, levantei-me, contornei-o e abracei-o por trás, apertando seu abdome, comprimindo-o em direção a mim, tentava fazê-lo soltar o que havia lhe engasgado. Uma, duas, três vezes, repetidamente... Até que observei a pequena multidão que se formou ao redor de nós. Alguns gritavam “há lugar para isso, seu tarado!”, enquanto outros diziam “paga motel, sua bicha!”. Nesse momento, envergonhado, volto a sentar-me na cadeira; é quando o travesti desmaia, ajoelhado, com a boca sobre meu pênis.

Ao mesmo tempo, dois guardas sobem a calçada em nossa direção, esbravejando:
— Então é verdade: atentado ao pudor em pleno natal! Você não se envergonha, seu tarado?!
— Não é bem isso, seu policial. O rapaz aqui desmaiou após engasgar-se com algo.

O travesti, nesse instante, acorda. Peço-lhe que explique o ocorrido. Ele, atordoado, levanta-se e, inesperadamente, tira uma camisinha usada da boca, botando-a sobre a mesa.

— Então ele se engasgou com algo, hein? — disse o policial com o cassetete nas mãos. — É, sei bem com o que, seu tarado! Vamos, os dois já para a...
Corro em disparada, seguido pelos guardas, e pelo travesti, que me cobra por um programa que não existiu; e também pela multidão enfurecida, gritando repetidamente: “bicha, bicha, bicha”.



FELIZ NATAL!!!

sábado, 22 de dezembro de 2012

DUAS NOVIDADES SEXUAIS DE 2012 (de Bosco Silva)



Sendo o BORNAL um blog composto por pessoas que nunca dão as costas quando o assunto é sexo - e isto vale também em um sentido literal -, elegeu as duas maiores novidades do ano de 2012, em tal requisito:

   Uma das grandes novidades do ano que se finda, digna de estar junta com a ideia de tatuar o próprio anus com os nomes de namorados (veja, aqui, no Bornal em “A Tatuagem no Furico”) na área sexual, foi, sem dúvida, a realização de um fetiche mundial: a fantasia, que muitos homens possuem, de ter relações sexuais com mãe e filha, principalmente se a mãe, ainda permanece uma mulher atraente. É o que podemos deduzir ao vermos a grande quantidade de filmes dedicados ao tema, com atrizes, sem nenhum parentesco, atuando como mãe e filha.

Jessica e Monica

   Fantasia concretizada e dividida, de certa forma, com todo aquele que puder acessar o site www.thesexxxtons.com. Nele podemos ver mãe e filha, Jessica de 56 anos e Monica de 22 anos, participando juntas de cenas de sexo explícito. Tudo parece ser permitido, menos contatos sexuais entre as duas.

Mãe e filha arejando as ideias

  Provenientes da cidade de Tampa, Flórida, Estados Unidos, as duas chegaram a responder algumas questões pertinentes, como:

Vocês já dividiram algum parceiro fora das câmeras?
Monica: Só uma vez. Era um namorado da minha mãe. Estávamos todos em casa vendo TV e tal. Aí começamos a beber e nos divertir e as coisas saíram um pouco de controle.

Num dos vídeos, eu vi o cara tirando de dentro de você e colocando na boca da sua mãe. Isso não é meio estranho?
Monica: É. Isso não deveria acontecer. Já discutimos algumas coisas com os produtores depois disso, essa era tipo a segunda vez que a gente filmava juntas. Na verdade, era pra essa parte ter ficado fora do vídeo, era pra ter sido editada.

   E para quem se escandalizou com tal notícia, ou que se regozijou com a liberdade sexual das duas, saiba que nossa valorosa pátria, que em matéria de sexo é um verdadeiro celeiro de pioneirismo em putaria, já chegou bem perto disso, e de um modo bem mais radical e fetichista, pois uma das mais conhecidas atrizes do mundo pornô-fetichista, a brasileira Latifa, conhecida mundialmente, via internet, pelo nauseabundo vídeo "Duas Mulheres e um Copo", que encheu nossa pátria de orgulho,  mostrando para o mundo que aqui tem putaria de verdade, já contracenou com sua tia, Rosana, em vários filmes que tem como principal atrativo sexo com vômito e fezes humanas, ou o que, pelo menos, a parenta ser, e em que há profundo (e põe profundo nisso) contato sexual entre as duas.

Latifa e Rosana

   Abaixo, a reação de orgulho de alguns brasileiros ao vídeo "Duas Garotas e um Copo":




Que conquistou o mundo, levando o nome do Brasil para os quatro cantos do mundo:


Conquistando nomes famosos de Hollywood, como a atriz Jessica Alba:


   E é por meio de uma brasileira que vem a outra grande novidade sexual do ano de 2012: O leilão da virgindade de uma brasileira.
Catarina (pseudônimo de Ingred Migliorini) teve sua virgindade leiloada por meio da internet.


O japonês Natsu arrematou a virgindade da moça pelo valor de 780000 dólares (cerca de um milhão e meio de reais). Isso mesmo, o cabaço mais caro da história é de uma brasileira. Não é de encher qualquer brasileiro de orgulho?
O leilão faz parte de um documentário australiano sobre virgindade, que ainda está em fase de preparação já que, claro, o leilão é o grande chamariz do mesmo e que, óbvio, fará parte deste.
As regras do leilão incluiu exames médicos comprovando saúde perfeita dos participantes do leilão, a não utilização de instrumentos sexuais no ato, ausência de beijos na boca (epa!, isso me lembra prostituição), e a concretização do ato em um avião durante voo sobre águas internacionais, a fim de evitar problemas quanto a leis relativas a prostituição.
Mas isto não foi apenas um “privilégio” de nosso país, que é conhecidíssimo mundialmente por seu turismo sexual, o russo Alexander também teve sua virgindade leiloada, esta foi arrematada, vejam só!, por UM BRASILEIRO, no valor de 3000 dólares. A notícia ruim ou boa, foi que o russo desistiu de perdê-la por tais meios. Talvez achando que o dinheiro arrecadado não valesse o sacrifício, ou quem sabe temendo que sua virgindade fosse também perdida pelo outro lado.

Catarina (Ingrid Migliorini) assinando com a Playboy 

  E a grande notícia é que, como sempre acontece no Brasil, tal ato (PROSTITUIÇÃO) ainda foi agraciado e reforçado pela revista Playboy que, em janeiro de 2013, propiciará aos seus leitores a oportunidade de verificar se o material valia os 780000 dólares.


Capa da Playboy de Janeiro de 2013
   
  E como a mídia brasileira faz tanto questão de incentivar, com fama e dinheiro, atos tão edificantes, como a prostituição velada de Catarina, seria natural, que pelo incentivo, novas Catarinas surgissem, como Rebeka Berrnardo, abaixo:


QUEM DÁ MAIS?


Conheça o blog de fetiche e contos eróticos “INFERNO DE SADE”: http://infernodesade.blogspot.com.br/

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

BLACK SABBATH E O ROMANCE GÓTICO



O ROMANCE GÓTICO


Suspenso no cume de uma íngreme montanha, cercada abaixo por escuros bosques de pinheiros, cuja luz do sol não consegue vencer sua escuridão, e em que um estranho silêncio parece dominar tal lugar, que é quebrado apenas por sons de corvos que parecem anunciar a vinda de uma terrível tempestade, jaz o solitário castelo, de onde se pode ouvir imensos lobos uivando a noite para a lua. O castelo possui longos corredores que levam a inúmeros quartos, alguns que nunca são abertos; e velhas escadas levam a torres negras que estão constantemente interditadas; passagens secretas conduzem a subterrâneos, em que alguns velhos esqueletos testemunham velhas histórias; e rajadas de vento fazem bater repentinamente janelas nos andares superiores, e pesadas portas que fazem ranger suas velhas dobradiças, em antigos cômodos que conduzem a câmaras de tortura. Acrescenta-se a isso fatos sobrenaturais, como fantasmas que arrastam correntes pelas longas noites no castelo, e, claro, uma bela donzela em perigo, perseguida por um sádico senhor, e protegida por um virtuoso mocinho que, embora disfarçado de plebeu, possui sangue real.

      Esta é a fórmula que desde então tem encantado o mundo até os dias de hoje. Estória que teve inicio com o romance O Castelo de Otranto, publicado em 1764, do escritor inglês Horace Walpole; que é apontado como o primeiro romance gótico; que marca o início da literatura de terror.
PESADELOS E ROMANCE GÓTICO

Horace Walpole

       Horace Walpole (1717 – 1797), um escritor especialista na idade média, concebeu seu romance através de um sonho, ou melhor, de um pesadelo, em que uma gigantesca mão, revestida por uma armadura, o aguardava sobre a escada de um velho castelo. À noite, inspirado pelo pesadelo, pôs-se a escrever sem saber bem o que escreveria; seguia uma leitura automática; sua mão escrevia rapidamente como se fosse conduzida por algo desconhecido, e mais forte que ele: seu inconsciente; passando horas ininterruptas a escrever, só terminando quando seu corpo exausto era vencido pelo cansaço.


Ann Radcliff

      Pesadelos passaram então a ser a principal fonte de inspiração para tais escritores. Ann Radcliff (1764 - 1830), famosa escritora gótica inglesa, costumava provocá-los por meio de pesados jantares. H. P. Lovecraft (1890 - 1937) costumava anotá-los imediatamente após acordar. O que explica em grande parte a atmosfera mórbida e noturna de tais escritos; mas certamente não tudo, pois falta a parte mística.
Para muitos escritores de romances góticos, suas estórias cheias de fantasmas, demônios, vampiros, possessão, etc., não seriam apenas ficção, mas estórias que contariam uma outra realidade, tão real quanto a que supostamente vivemos. Alguns destes escritores pertenceram mesmo a sociedades de magias, como a Ordem Hermética da Golden Dawn, como os escritores Arthur Machen, Algenor Blackwood, Lord Dunsany.

Arthur Machen
      Para o escocês Arthur Machen (1863 – 1947), autor da famosa novela O Grande Deus Pan, haveria uma outra realidade independente da que vivemos, e que seria a verdadeira realidade, a que nós verdadeiramente pertenceríamos. Sua famosa novela conta a estória de um cientista que busca uma forma de manter contato com esta realidade paralela, por meio de uma desastrosa operação cerebral em uma voluntária, que por meio desta cria uma passagem de contato entre o nosso mundo e o mundo do “grande Deus Pan”.

O Necronomicon, o livro dos mortos, em Lovecraft é a passagem para um outro mundo

       Já para muitos fãs do famoso escritor americano H. P. Lovecraft, seus textos esconde em si um conhecimento perdido, sobre as origens do homem. Ele nos conta dos antigos habitantes da Terra, que teriam vindo de outros planetas, e que seriam os verdadeiros criadores dos homens; nossa verdadeira história teria sido distorcida pelas antigas religiões, que passaram a interpretar estes antigos seres como deuses. Tais seres se comunicariam com os homens por meio de sonhos, ou por meio do antiquíssimo livro Necronomicon, o livro dos mortos, escrito por um dos últimos conhecedores da verdadeira história. A literatura de H.P. Lovecraft deu origem mesmo a algumas seitas religiosas, como a Cientologia. O engraçado é que misteriosos fenômenos atuais, captados por modernos meios tecnológicos, se assemelham bastante com algumas descrições dadas nas estórias de Lovecraft.

Acima, um dos personagens de Lovecraft
CINEMA E O ROMANCE GÓTICO
Com sua atmosfera sombria, mórbida e noturna, com noites que pareciam ser eternas, com espessas neblinas, O Castelo de Otranto, publicado em 1765, pelo escritor inglês Horace Walpole, influenciaria várias gerações de escritores, influenciando mesmo o famoso romance Drácula, do escritor Bram Stoker, com sua estória de um morto-vivo sugador de sangue que será incansavelmente copiado no cinema e na literatura futura. O cinema será outro meio de arte que sofrerá profundamente a influência do O castelo de Otranto, em grande parte por meio do romance Drácula, que terá sua versão cinematográfica, como um dos primeiros registros bem sucedido da arte do cinema; dando inicio, por sua vez, a uma longa série de filmes de terror, em especial ao filme “Black Sabbath – As Três Máscaras do Terror”, que terá, por sua vez, profunda influência sobre a banda-tema do presente texto ao ponto de rebatizá-la.
BLACK SABBATH – AS TRÊS MÁSCARAS DO TERROR


O filme Black Sabbath – As Três Máscaras do Terror, do diretor italiano Mario Bava, é composto de três estórias, estórias em que não faltam elementos góticos como na literatura do gênero, como fantasmas, vampiros, negros bosques, lobos uivando para lua e etc.; foi gravado em 1963, tendo o título I Tre Volti Della Paura, como título original; tendo seu título sido mudado na Inglaterra e nos Estados Unidos. E se o nome BLACK SABBATH é o escolhido para substituir o título original italiano de tal filme, é sinal que o significado do novo título já era bem conhecido do público inglês.
O SABÁ NEGRO
A palavra Sabbath, que tem origem no hebreu, e que originou, por sua vez, a palavra sábado, significa na cultura judia o sexto dia da semana, o dia que Deus descansou após criar o mundo; um dia dedicado a oração e a meditação. Porém, em lendas medievais europeias significava também a antiga reunião de bruxas, em que o próprio demônio aparecia para ser cultuado por elas. Daí a origem de Black Sabbath, tendo a palavra inglesa Black (negro), demonstrando se tratar de um Sabbath (Sabá) do mal. O Sabá negro, portanto, seria um termo bastante conhecido da cultura inglesa, um termo tradicional, ligado a estórias medievais, sobre contato com Demônios, e etc.
Fato é que, a Inglaterra, ainda hoje, mantem vivas muitas crenças pagãs, que tem influenciado muitíssimo sua literatura, principalmente sua literatura de terror e de fantasia, tanto que não é exagero afirmar que muito de Harry Potter é baseado em crenças religiosas pagãs.
GEEZER BUTLER E O NOME BLACK SABBATH


O baixista Geezer Butler era um alucinado fã de romances e filmes de terror, particularmente do escritor Denis Wheatley; um escritor que fazia parte de uma longa linhagem de escritores de terror, cujas estórias falavam de pacto com Demônio, magia negra e possessão demoníaca; portanto, um escritor que pertencia a uma forte tradição literária inglesa, que teve como origem O Castelo de Otranto, mantendo com este uma forte ligação.
Por meio de Butler tanto a literatura gótica quanto o cinema de terror teria uma profunda influência sobre sua banda, utilizando mesmo o nome do filme Black Sabbath – As Três Máscaras do Terror, como nome para o rebatismo de sua banda; influenciando também por meio de tais elementos seu som e seus temas (veja a matéria: Black Sabbath e as estórias de terror).

O ROCK E A LITERATURA GÓTICA
Portanto, finalmente, por meio da banda inglesa Black Sabbath, a literatura gótica, após influenciar profundamente a arte do cinema, invadia, de forma mais completa, também o rock com sua atmosfera noturna, mórbida, sepulcral, com seus temas falando sobre misteriosas estórias de fantasma, possessão, anjos caídos, morte, deuses e religiões pagãs, e um misticismo antigo, ou cultuando elementos que lembravam a idade média, como textos e músicas antigas, e filiando o rock a estilos de músicas antigas como a música celta, o canto gregoriano, etc., criando mesmo estilos diferentes, como o Gothic Metal e o Black Metal.
E se a atmosfera noturna e misteriosa da literatura gótica tinha definitivamente invadido o rock, seria natural a criação de uma estética ligada a mesma, uma forma de se vestir ligada a esses novos temas; e nada como a cor negra para transmitir a atmosfera de um Roman Noir (Romance Negro), título original dado à literatura gótica.       

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ARTE (de Haroldo Brandão)

Robert Mapplethorpe & Patti Smith - by judy Linns



ARTE

(in the wall)



Metaforizar o social


Pintar a realidade

Falar a verdade
(ou o avêsso)

COMO?


Não estou então andando em gelo fino?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

O HOMEM QUE TEMIA VAGINAS* (de Marquês de Sade)



Um homem gordo de uns quarenta e cinco anos, baixo, parrudo, mas sadio e vigoroso. Como ainda não tinha visto um homem com gostos parecidos, meu primeiro reflexo, assim que fiquei com ele, foi o de levantar minhas saias até o umbigo. Um cão ao qual se mostra um bastão não faria cara mais feia: "Ei! Ventre de Deus, menina, virai essa boceta para lá, por favor". Enquanto isso, rebaixou minhas saias com mais pressa do que quando as levantara. “Essas putinhas”, continuou mau-humorado, “só tem boceta para nos mostrar! Por vossa causa, talvez eu não consiga esporrar esta noite... antes de conseguir tirar essa boceta infame da cabeça”. E, dizendo isto, virou-me e levantou metodicamente meu saiote por trás. Nessa postura, conduziu-me, sempre segurando minhas saias levantadas; e para ver os movimentos de minha bunda enquanto eu andava, mandou que me aproximasse da cama, sobre a qual me deitou de bruços. Examinou então meu traseiro com a mais escrupulosa atenção, sempre tapando com uma mão a vista de minha boceta que ele parecia temer mais que o fogo.


Finalmente, após me advertir para dissimular o quanto pudesse essa parte indigne (como disse), mexeu com as duas mãos por muito tempo e com lubricidade no meu traseiro. Ele o abria, o fechava, às vezes levava nele sua boca, e eu a senti até, uma vez ou duas, diretamente encostada no buraco; mas ele ainda não se tocava, nada indicava isso. Sentindo-se, no entanto, aparentemente pressionado, preparou-se para o desfecho de sua operação. “Deitai-vos no chão”, me disse, jogando nele algumas almofadas, “aqui, sim, assim... Com as pernas bem abertas, a bunda ligeiramente levantada e o buraco o mais aberto possível. Assim, ótimo!”, continuou vendo minha docilidade. E então, pegando um banquinho, ele o colocou entre minhas pernas e veio sentar em cima, de modo que seu pau, que agora sacara dos calções e sacudia, ficasse por assim dizer na altura do buraco que venerava. Então seus movimentos tornaram-se mais rápidos. Com uma mão ele se masturbava, com a outra, abria minhas nádegas, e alguns elogios temperados com muitos xingamentos compunham seu discurso: “Ah! santo Deus; que belas nádegas”, exclamava, “que buraco lindo, ah... como vou inundá-lo!” E cumpriu sua promessa. Senti-me encharcada; o libertino parecia aniquilado por seu êxtase. Como é verdade que o culto oferecido a esse templo sempre tem mas ardor do que aqueles que arde sobre o outro!

* História tirada dos Cento e Vinte Dias de Sodoma, com título meu.

A BONDADE DE DEUS E O PODER DOS VERMES (de Bosco Silva)



Uma das conseqüências para aqueles que acreditam em determinada forma de Deus é a crença de que todas as coisas (animais, plantas, minerais, etc.), incluindo o próprio universo, existem unicamente para nos servir.

Contrariando esta forma de pensar, alguns parasitas estão à milhões de anos infestando e sobrevivendo a custa desta “obra prima de Deus”: o homem. O que não apenas contraria o que é dito acima, como a própria forma de pensar religiosa, como veremos, pois a incompatibilidade entre parasitas e religiões é de longa data:

Foi a causa dos essênios (monges judeus) que seguiam restritamente os rituais da TORAH (livro religioso judeu, conhecido também pela cristandade como velho testamento), com relação a purificação após a defecação. Sendo, assim, após defecarem, se banhavam na mesma água parada, pois “os rituais de ‘purificação’ que envolviam imersão total (olhos, boca, etc.) em piscinas de água parada - um excelente caldo para ténias, lombrigas e restantes parasitas - garantiam infectar toda a comunidade!”1. Fato que foi a causa da grande maioria dos essênios não chegarem aos quarenta anos de idade (seis por cento apenas para ser mais exato, ao cansavam os 40 anos).

“Como nota Zias, os essênios [OU MELHOR, NÃO SERIAM OS PARASITAS?] ‘mostram o que acontece quando se leva as coisas bíblicas demasiado fundamentalista ou literalmente, como fazem em muitas partes do mundo, e quais são as consequências últimas [desse fundamentalismo]’”2.

E isto não se prende apenas ao passado. Recentemente, graças a gripe suína, proibiu-se, dentro das igrejas católicas, o recebimento direto, na boca do devoto, da hóstia, dada por seus sacerdotes.

Quem diria que estes pequenos seres são capazes de destruírem crenças vindas do próprio “todo-poderoso Deus”!

OS PARASITAS

Parasitas “são organismos que vivem em associação com outros aos quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo conhecido por parasitismo.”3

Somos, como todos sabem, também a morada de vermes e de outros milhares de parasitas, todos providos pela “SÁBIA” e “DIVINA” natureza de meios para que, tal qual nós, concorram de iguais à vida.

Contudo, sei que muitos dirão, mas Deus proveu o homem de razão, este poder de estender os limites do corpo, de melhorar o que nos parece inferior, de antever possíveis futuros, e de, claro, destruírem seus parasitas.

Embora esqueçam disso quando a razão, este dom de Deus, como dizem, entra em choque com suas crenças religiosas, a razão, de fato, é o que nos diferencia de outros animais.

Porém, até que ponto podemos ter este “dom de Deus”, a “razão”, comandada por seres diferentes de nós, não humanos? Como um PARASITA?

Graças a evolução, os parasitas são capazes de meios incríveis para transmitirem sua descendência.

São capazes, como a vespa Ampulex compressa, de após injetar determinada substância no hospedeiro de sua futura cria, a barata comum, levá-la docilmente, puxando pelas suas antenas, como um cachorrinho, para sua casa, para lá parasitá-la com seus ovos, que darão crias, e que mais tarde devorarão a barata.


A evolução lhes ensinara que em vez de forçar ou matar as baratas, com luta feroz, desnecessária, podia simplesmente comandá-las docilmente por meio de suas substâncias.

Já o crustáceo Sacculina carcini, é capaz de controlar o sexo de seu hospedeiro. Suas larvas fêmias são capazes de penetrar, através das brânquias dos caranguejos, e fixar-se dentro destes. Lá este crustáceo se desenvolverá e se alimentará dos tecidos do caranguejo.

“Quando a Sacculina fêmea atinge a maturidade sexual, atrai larvas macho que também vão entrar no caranguejo e dentro dele vão cruzar com ela. Depois de fecundada, a fêmea precisa produzir seus ovos e para cuidar deles ela usa o caranguejo hospedeiro. Ela põe seus ovos no compartimento de ovos da fêmea do caranguejo, e a fêmea cuida dos ovos como se fossem dela. [..].

Agora o ponto alto. Tudo bem, se o caranguejo hospedeiro é uma fêmea, ela normalmente cria os ovos em seu abdome. Mas o que fazer se a Sacculina infectar um macho? Simples, a Sacculina fecundada castra o macho, e feminiliza o comportamento dele. O macho muda o formato de seu abdome, também desenvolve a bolsa de ovos e toma todos os cuidados, protegendo e oxigenando os ovos. Até o comportamento de liberar as larvas recém-nascidas na água através da agitação da bolsa de ovos (a reboladinha com ginga no fim desse vídeo), como se fosse uma fêmea com seus próprios filhotes!”4


Agora o mais dramático e incrível. O verme Paragordius tricuspidatus que parasita os grilos, alimentando-se e desenvolvendo-se nestes, em sua fase adulta, necessita de um local que haja água para que possa encontrar um parceiro, e se reproduzir.

O verme não pode apenas contar com o acaso para que o grilo se dirija a um local com água em abundância, por isso, por qualquer meio, o verme começa a comandar o cérebro do grilo, de modo que faça com que este se suicide pulando na água. Em seguida o verme está pronto para deixar o hospedeiro, nadando em busca de um parceiro.

“Curiosamente, grilos não infectados são encontrados apenas na floresta, enquanto os infectados são encontrados em locais estranhos como estacionamentos e próximos de piscinas, além de apresentarem uma taxa 10 vezes maior de mortes por afogamento.

Observando o período em que os suicídios ocorrem, os pesquisadores franceses que conduziram os estudos perceberam que há uma maior proporção de grilos que se suicidam algum tempo após serem infectados. Há também uma diferença na fecundidade dos vermes dentro do grilo, ela atinge seu auge depois de cerca de uma semana que o grilo começa a se dirigir para locais estranhos”5, que contenham água em abundância.

O Paragordius Tricuspidatus Fora de Seu Hospedeiro: o Grilo

Do mesmo modo, É POSSÍVEL QUE PARASITAS INFLUÊNCIE A MENTE HUMANA, JUNTO COM ESTE “DOM MARAVILHOSO QUE DEUS NOS DEU”: A RAZÃO. É o que especula Kentaro Mori. Por exemplo:

Os Toxoplasma gondii são os organismos unicelulares responsáveis pela doença conhecida por toxoplasmose.

A proliferação de tal doença se dá entre o rato e o gato, tendo como hospedeiro natural, o gato. Porém, neste processo é natural que o homem seja infectado. Tanto que no Brasil dois terços da população, são infectados por este micro organismo, embora grande parte não saiba disso.

No rato, tal organismo vai diretamente para o cérebro, e lá acontece algo interessante. Como seu principal hospedeiro é o gato, o micro organismo bola algo que faça com que o rato mantenha um maior contato com o gato, para que, por meio do rato, o gato possa ser infectado. Para tanto, o micro organismo faz com que, por meio da parte do cérebro chamada amígdala, responsável pelas emoções, o rato perca o medo instintivo de gatos, facilitando assim o contato, e sua posterior infecção felina, através de sua deglutição.


No homem acontece algo semelhante, “Ao nos infectar, ele se esconde em células do sistema imune chamadas células dendríticas, e as induz a circular mais no corpo. As células dendríticas têm acesso privilegiado no nosso corpo e são capazes de entrar no cérebro, levando consigo o toxoplasma, como um cavalo de Tróia. No nosso cérebro, ele se aloja em células da glia, auxiliares dos neurônios. Lá o toxoplasma se reproduz aos montes, e manipula o sistema imune para controlar sua população em ciclos de sobe e desce.”5

  “Sabendo disso, cientistas começaram a se perguntar o mesmo que você deve estar se perguntando agora. Mas o toxoplasma não se comporta do mesmo jeito no ser humano e no rato?

  Não que ele nos faça perder nosso medo de urina de gato, mas algumas relações intrigantes apareceram. Há uma grande correlação entre pessoas que sofrem de esquizofrenia e portadores de toxoplasma. Pior, remédios que tratam esquizofrenia, como haloperidol, matam o toxoplasma, deixando uma dúvida sobre quem o remédio trata.

  E isso vai além. Em uma outra pesquisa , mulheres com toxoplasmose foram identificadas como mais afetuosas, inseguras e persistentes. Já os homens, mais ciumentos e menos interessados por novidades.

   Agora aumente a escala disso. Imagine países tropicais, como os países latinos, onde o solo mais quente favorece a sobrevivência dos oócitos e têm altas taxas de toxoplasmose, em contraste com países do norte europeu, com índices baixíssimos da doença. Pense na imagem que as pessoas têm dos latinos, mulheres mais quentes e afetuosas, e homens mais ciumentos…

   Pense agora que metade das pessoas do mundo têm toxoplasmose e que nossa cultura é construída pela interação de todas as mentes…

   Será que esse parasita pode ser mais um dos milhares de fatores que influenciam nossa cultura??”6 E, consequentemente, de modo geral, a razão.

   Quem diria, mais uma vez os parasitas parecem nos ensinar a nos despojar de nosso orgulho, e nos ver como apenas mais um ser na natureza.

FONTES:
2. Idem


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

A CAÇADA (de Bosco Silva)



Antes do conto, um vídeo a fim de entrarmos em seu clima tenso:



AGORA, O CONTO:

Rafael era um homem como tantos outros: achava-se com atributos capazes de seduzir a mulher mais exigente de todas: possuía um belo rosto, um físico atlético e um pênis que lhe causava imenso orgulho.
Reunia-se com amigos todas as noites de fim-de-semana. Chamavam essas reuniões de caçada, em que as presas eram belas mulheres que lhes possibilitassem os mais luxuriosos prazeres sexuais, que eram descritos todas as quartas-feiras, por eles, em reuniões em que se deleitavam ao contar suas aventuras sexuais dos fins-de-semana.
Naquela noite, eles haviam se reunido, como de costume, em um bar de esquina para, como sempre faziam, decidirem em qual das boates passariam as três horas mais importantes da “caçada”. Para eles de uma às quatro horas da manhã eram as horas mais importantes, pois até meia-noite as coisas ainda se mantinham calmas, com mulheres comportadas e tímidas; mas de uma hora adiante o álcool começava fazer efeito levando-as a liberarem seus instintos e a afrouxarem os laços e obrigações morais. Tornavam-se, assim, um alvo fácil para eles.

E uma vez presentes na boate escolhida, ficavam a observar aquelas que seriam as escolhidas; a caçada então se iniciava com toda sorte de flertes.

Naquela noite, uma bela mulher solitária, sentada ao balcão, chamou-lhe especial atenção. Era alguém que aparentava ter 25 anos, mas o comportamento denunciava ser alguém bem mais experiente; ela possuía olhos e cabelos negros, lisos, acima dos ombros, que contrastavam com a pele branca; e um detalhe que lhe deixava extremamente excitante: uma pequena fenda entre os dentes da frente, que lhe conferia ar de adolescente.  O que foi bastante para que Rafael visse nela a presa da noite. Então, como de costume, juntou-se ao balcão e perguntou-lhe se poderia lhe oferecer uma bebida. Ela aceitou e juntos puseram a conversar. Disse chamar-se Anita. E embora seus gostos não combinassem, Rafael usava de todos seus atributos físicos para conquistá-la. Até que, após alguns minutos, um longo beijo molhado, parecia ser o sinal que, finalmente, ela havia mordido a isca, sendo seduzida por aquele que se achava o maior de todos os amantes. Mas algo lhe pareceu imprevisto naquela noite de lua cheia: Anita, diferente de outras mulheres, convidou-o para ir a sua casa. Ele, imediatamente, aceitou o convite. E ao se despedir dos amigos, disse-lhes levantando a camisa e apontando para a barriga, “tem que ter tanquinho”.

E, ao sair do recinto, Rafael ainda olhou os amigos, desacompanhados, com um leve sorriso de superioridade e triunfo nos lábios.
* * *
Durante o mais fervoroso sexo oral, Anita, por algum momento, para o ato para observar aquele enorme membro que estava em sua frente:
- Nossa!, como é grande e grosso, Rafael. Se eu fosse um homem iria invejá-lo tanto! – disse Anita com leves sorrisos.
Rafael sorriu contente e orgulhoso do elogio ao seu pênis, proferido por aquela mulher que acabara de conhecer, comentando, em seguida:.
- Iria desejar então ter um como o meu?
- Sim, claro; seria tudo que me faltaria.
- Mas ele é seu, querida; não é amiguinho?, pelo menos por essa noite – disse Rafael, orgulhoso, olhando em direção ao seu pênis, com a voz ofegante, enquanto Anita esboçava um leve sorriso e retomava o que fazia.
Por fim, após o mais extenuante sexo, Rafael adormeceu.
* * *
Rafael acordou e verificou que havia dormido alguns minutos após o término do ato sexual; olhou então ao redor e não viu aquela que tinha lhe dado tanto prazer naquela noite.
A casa estava em silêncio, exceto pelo barulho do velho ventilador que estava sobre uma escrivaninha.
Rafael sentiu sede e pôs-se a chamar aquela mulher que lhe havia incendiado de prazer minutos atrás. E após não ter obtido êxito em sua tentativa decidiu levantar-se e procurá-la pela casa. Vestiu-se então e penetrou em um pequeno corredor. Verificou que a porta de dois quartos estavam fechadas, e seguiu enfrente. Chegou ao que lhe pareceu ser a cozinha.


E ao ver a geladeira, seguiu em sua direção a fim de tomar água. Ao abri-la, verificou que havia apenas garrafas de bebidas e vários vidros grandes de maionese embalados em papel e nenhuma garrafa com água. Decidiu então olhar de perto aqueles grandes vidros que lhe chamaram atenção. Pegou um e verificou que havia líquido dentro, pensou então em comer alguns picles que pareciam estar guardados em tais vidros. E ao apanhar um e destampá-lo verificou, assustado, que havia um pênis em tal vidro. Apanhou outro e mais outro, verificando, por fim, que em todos havia pênis em lugar de picles. Foi quando Anita apareceu à porta da cozinha, dizendo-lhe:
- Vejo que já conheces minha pequena coleção.
- Que brincadeira é essa, querida?
- Não é uma brincadeira é apenas uma coleção, e em que falta o seu, querido – disse Anita com uma faca na mão, antes de apagar a luz.
- Não, não, nããããããââo.
O grito ecoou pela casa inteira. E minutos depois...
- “Mas ele é seu, querida; não é amiguinho?, pelo menos por essa noite” – repetiu Anita a frase que, minutos atrás, Rafael havia proferido, imitando sua voz com trejeitos engraçados e com a voz feminina.
 – Sim, você é meu, amiguinho, e não apenas por uma noite, mas definitivo – disse ela, desta vez com uma voz masculina, botando um novo vidro na geladeira.

Naquela noite, Rafael, então, descobriu, do pior modo possível, que ele tinha sido a caça, não o caçador na noite.