Uma das conseqüências
para aqueles que acreditam em determinada forma de Deus é a crença de que todas
as coisas (animais, plantas, minerais, etc.), incluindo o próprio universo,
existem unicamente para nos servir.
Contrariando esta forma
de pensar, alguns parasitas estão à milhões de anos infestando e sobrevivendo a custa desta “obra prima de Deus”: o
homem. O que não apenas contraria o que é dito acima, como a própria forma de
pensar religiosa, como veremos, pois a incompatibilidade entre parasitas e
religiões é de longa data:
Foi a causa dos essênios
(monges judeus) que seguiam restritamente os rituais da TORAH (livro religioso
judeu, conhecido também pela cristandade como velho testamento), com relação a
purificação após a defecação. Sendo, assim, após defecarem, se banhavam na
mesma água parada, pois “os rituais de ‘purificação’ que envolviam imersão
total (olhos, boca, etc.) em piscinas de água parada - um excelente caldo para
ténias, lombrigas e restantes parasitas - garantiam infectar toda a comunidade!”1.
Fato que foi a causa da grande maioria dos essênios não chegarem aos quarenta
anos de idade (seis por cento apenas para ser mais exato, ao cansavam os 40
anos).
“Como nota Zias, os essênios
[OU MELHOR, NÃO SERIAM OS PARASITAS?] ‘mostram o que acontece quando se leva as
coisas bíblicas demasiado fundamentalista ou literalmente, como fazem em muitas
partes do mundo, e quais são as consequências últimas [desse fundamentalismo]’”2.
E isto não se prende
apenas ao passado. Recentemente, graças a gripe suína, proibiu-se, dentro das
igrejas católicas, o recebimento direto, na boca do devoto, da hóstia, dada por
seus sacerdotes.
Quem diria que estes
pequenos seres são capazes de destruírem crenças vindas do próprio “todo-poderoso
Deus”!
OS PARASITAS
Parasitas “são organismos
que vivem em associação com outros aos quais retiram os meios para a sua
sobrevivência, normalmente prejudicando o organismo hospedeiro, um processo
conhecido por parasitismo.”3
Somos, como todos sabem, também
a morada de vermes e de outros milhares de parasitas, todos providos pela “SÁBIA”
e “DIVINA” natureza de meios para que, tal qual nós, concorram de iguais à
vida.
Contudo, sei que muitos
dirão, mas Deus proveu o homem de razão, este poder de estender os limites do
corpo, de melhorar o que nos parece inferior, de antever possíveis futuros, e
de, claro, destruírem seus parasitas.
Embora esqueçam disso
quando a razão, este dom de Deus, como dizem, entra em choque com suas crenças
religiosas, a razão, de fato, é o que nos diferencia de outros animais.
Porém, até que ponto
podemos ter este “dom de Deus”, a “razão”, comandada por seres diferentes de
nós, não humanos? Como um PARASITA?
Graças a evolução, os
parasitas são capazes de meios incríveis para transmitirem sua descendência.
São capazes, como a vespa
Ampulex compressa, de após injetar determinada substância no hospedeiro de sua futura
cria, a barata comum, levá-la docilmente, puxando pelas suas antenas, como um
cachorrinho, para sua casa, para lá parasitá-la com seus ovos, que darão crias,
e que mais tarde devorarão a barata.
A evolução lhes ensinara que
em vez de forçar ou matar as baratas, com luta feroz, desnecessária, podia
simplesmente comandá-las docilmente por meio de suas substâncias.
Já o crustáceo Sacculina carcini, é capaz de controlar o sexo de seu hospedeiro.
Suas larvas fêmias são capazes de penetrar, através das brânquias dos
caranguejos, e fixar-se dentro destes. Lá este crustáceo se desenvolverá e se
alimentará dos tecidos do caranguejo.
“Quando a Sacculina fêmea
atinge a maturidade sexual, atrai larvas macho que também vão entrar no
caranguejo e dentro dele vão cruzar com ela. Depois de fecundada, a fêmea
precisa produzir seus ovos e para cuidar deles ela usa o caranguejo hospedeiro.
Ela põe seus ovos no compartimento de ovos da fêmea do caranguejo, e a fêmea
cuida dos ovos como se fossem dela. [..].
Agora o ponto alto. Tudo bem,
se o caranguejo hospedeiro é uma fêmea, ela normalmente cria os ovos em seu
abdome. Mas o que fazer se a Sacculina infectar um macho? Simples, a Sacculina
fecundada castra o macho, e feminiliza o comportamento dele. O macho muda o
formato de seu abdome, também desenvolve a bolsa de ovos e toma todos os
cuidados, protegendo e oxigenando os ovos. Até o comportamento de liberar as
larvas recém-nascidas na água através da agitação da bolsa de ovos (a
reboladinha com ginga no fim desse vídeo), como se fosse uma fêmea com seus
próprios filhotes!”4
Agora o mais dramático e incrível.
O verme Paragordius tricuspidatus que parasita os grilos, alimentando-se e
desenvolvendo-se nestes, em sua fase adulta, necessita de um local que haja
água para que possa encontrar um parceiro, e se reproduzir.
O verme não pode apenas contar
com o acaso para que o grilo se dirija a um local com água em abundância, por
isso, por qualquer meio, o verme começa a comandar o cérebro do grilo, de modo
que faça com que este se suicide pulando na água. Em seguida o verme está
pronto para deixar o hospedeiro, nadando em busca de um parceiro.
“Curiosamente, grilos não
infectados são encontrados apenas na floresta, enquanto os infectados são
encontrados em locais estranhos como estacionamentos e próximos de piscinas,
além de apresentarem uma taxa 10 vezes maior de mortes por afogamento.
Observando o período em que os
suicídios ocorrem, os pesquisadores franceses que conduziram os estudos
perceberam que há uma maior proporção de grilos que se suicidam algum tempo
após serem infectados. Há também uma diferença na fecundidade dos vermes dentro
do grilo, ela atinge seu auge depois de cerca de uma semana que o grilo começa
a se dirigir para locais estranhos”5, que contenham água em
abundância.
O Paragordius Tricuspidatus Fora de Seu Hospedeiro: o Grilo
Do mesmo modo, É POSSÍVEL QUE
PARASITAS INFLUÊNCIE A MENTE HUMANA, JUNTO COM ESTE “DOM MARAVILHOSO QUE DEUS
NOS DEU”: A RAZÃO. É o que especula Kentaro Mori. Por exemplo:
Os Toxoplasma gondii são os organismos unicelulares responsáveis pela doença conhecida por
toxoplasmose.
A proliferação de tal doença se dá entre o rato e o
gato, tendo como hospedeiro natural, o gato. Porém, neste processo é natural
que o homem seja infectado. Tanto que no Brasil dois terços da população, são
infectados por este micro organismo, embora grande parte não saiba disso.
No rato, tal organismo vai diretamente para o
cérebro, e lá acontece algo interessante. Como seu principal hospedeiro é o
gato, o micro organismo bola algo que faça com que o rato mantenha um maior
contato com o gato, para que, por meio do rato, o gato possa ser infectado.
Para tanto, o micro organismo faz com que, por meio da parte do cérebro chamada
amígdala, responsável pelas emoções, o rato perca o medo instintivo de gatos,
facilitando assim o contato, e sua posterior infecção felina, através de sua
deglutição.
No homem acontece algo semelhante, “Ao nos
infectar, ele se esconde em células do sistema imune chamadas células
dendríticas, e as induz a circular mais no corpo. As células dendríticas têm
acesso privilegiado no nosso corpo e são capazes de entrar no cérebro, levando
consigo o toxoplasma, como um cavalo de Tróia. No nosso cérebro, ele se aloja
em células da glia, auxiliares dos neurônios. Lá o toxoplasma se reproduz aos
montes, e manipula o sistema imune para controlar sua população em ciclos de
sobe e desce.”5
“Sabendo disso, cientistas começaram a se perguntar o
mesmo que você deve estar se perguntando agora. Mas o toxoplasma não se
comporta do mesmo jeito no ser humano e no rato?
Não que ele nos faça perder nosso medo de urina de
gato, mas algumas relações intrigantes apareceram. Há uma grande correlação entre pessoas que sofrem de
esquizofrenia e portadores de toxoplasma. Pior, remédios que tratam
esquizofrenia, como haloperidol, matam o toxoplasma, deixando uma dúvida sobre
quem o remédio trata.
E isso vai além. Em uma outra pesquisa , mulheres com toxoplasmose foram
identificadas como mais afetuosas, inseguras e persistentes. Já os homens, mais
ciumentos e menos interessados por novidades.
Agora aumente a escala disso. Imagine países
tropicais, como os países latinos, onde o solo mais quente favorece a
sobrevivência dos oócitos e têm altas taxas de toxoplasmose, em contraste com
países do norte europeu, com índices baixíssimos da doença. Pense na imagem que
as pessoas têm dos latinos, mulheres mais quentes e afetuosas, e homens mais
ciumentos…
Pense agora que metade das pessoas do mundo têm
toxoplasmose e que nossa cultura é construída pela interação de todas as
mentes…
Será que esse parasita pode ser mais um dos milhares
de fatores que influenciam nossa cultura??”6 E, consequentemente, de
modo geral, a razão.
Quem diria, mais uma vez os parasitas parecem nos
ensinar a nos despojar de nosso orgulho, e nos ver como apenas mais um ser na natureza.
FONTES:
2. Idem