Angélica era assim: possuía
olhos grandes, frios e foscos de insetos, como aquelas mariposas que contornam
lâmpadas sempre pronta a roubar-lhe seu calor e sua luz. E a mim, não foi
diferente...
Lembro-me que a conheci
em uma noite chuvosa em que, como gatos, buscamos aquecermos em alguém, mesmo
que esse alguém nada saiba disso.
Chegou a mim como uma
aranha em busca de enrolar-me em suas imperceptíveis teias.
Sem dúvida era bela. Sua
beleza tornava-se um chamariz para suas finas teias.
Pediu-me uma bebida.
Conversamos. E em questão de minutos eu estava desesperadamente perdido por
seus encantos. Levei-a para a intimidade de meu lar. Ali, cheirei-a pela
primeira vez. Era tão bom, tão gostoso e viciante. Voltei outras noites para
aquele lugar em busca de encontrá-la novamente. Até que isso se tornou uma rotina
constante.
Nada mais me importava no
mundo, apenas ela, sua doce presença. Angélica tornou-se minha companheira
constante. Até que por fim abandonou-me: sugou-me tudo que podia levar consigo
e partiu numa noite fria. Hoje, vejo-a a espreitar novos companheiros, em busca
de roubar-lhe a luz e o brilho.
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