Após alguns minutos, Renata reaparece na sala, com
os cabelos emaranhados e vestindo apenas uma calcinha. Dirige-se para a
cozinha. E durante sua volta, com uma garrafa de bebida na mão direita, estende
sua mão esquerda para Moreira, convidando-o para se juntar à festinha:
- Vamos, não fique aí sozinho.
Ao chegar ao quarto, Moreira vê o corpo nu de Kamy
sobre a cama, um corpo escultural e moreno sob a leve luz da tarde, que ainda
teimava em entrar pela janela. Renata segue então em direção a ela, enquanto
Moreira prepara um drinque. E enquanto degusta a bebida, observa aqueles dois
corpos que se entrelaçam, compondo linhas e formas dignas de uma obra de arte.
Kamy o chama, quer um gole da bebida. E enquanto
Moreira se aproxima com a bebida, Renata o toma pelos braços, deitando-o sobre
a cama, beijando-o e despindo-o.
Logo, os três corpos se entrelaçam seguindo os
movimentos eufóricos do desejo. As bocas movem-se em todas as direções e em
todos os lábios; as mãos, cegas, tateiam a superfície do desejo. Uma onda de
calor parece irradiar de todos os corpos.
Renata, então, abre a gaveta do criado-mudo, tirando
uma vela vermelha, e diz baixinho: “agora é a vez das velas de Sade”. Acende. E
enquanto Moreira penetra Kamy, Renata põe-se a pingar cera de vela, sobre o
corpo da amiga que, dominado pelo desejo, se contorce de prazer, com gemidos e
gritos esfuziantes de prazer e dor. Os pingos caem sobre suas costas, seios,
coxas, nádegas... Pingos vermelhos como sangue que, quentes, caem coagulando
sobre a carne. A inversão é inevitável e, logo, também estaria Kamy pingando as
velas de Sade sobre o corpo da amiga...
A
festa continuaria ainda durante algumas horas. E exauridos pelo desejo, todos
finalmente dormem.
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