Enquanto o velho mestre Sadus
contornava as dezenas de corpos que se amontoavam, se contorcendo, uns sobre os
outros, no ritmo frenético do sexo, disse a sua nova discípula:
- Dispa-se.
E ao vê-la esconder-se
sob suas vergonhas, disse o velho sábio:
- Nos ensinam, há mais de
dois mil anos, a termos vergonha de nossos corpos, a odiarmos o que nós
próprios somos, a termos vergonha de nossa própria natureza. Nossa moral e
religião nos ensinam a associar castidade à dignidade e liberdade, a não seguirmos
os desejos do corpo, a castigá-lo para não sermos escravos do mesmo, de seus
apetites e desejos; o homem soberano, para esta forma de pensar, não se deixa
levar por seus impulsos e instintos.
E após ouvir suas doces
palavras a jovem despiu-se lentamente revelando um corpo belo e fresco, um
corpo que ainda não havia sido tocado por nenhum outro. E enquanto o velho
sábio pôs-se a tocar-lhe suas entranhas com os dedos, disse-lhe em meio aos
seus sussurros e gemidos:
- Porém, por trás de tal
concepção se esconde uma luta ferrenha e doentia entre cada indivíduo consigo
próprio: uma luta entre os impulsos mais naturais do homem e o desejo inútil de
abafá-los, de calá-los, gerando sentimentos de culpa desnecessários. E onde há
culpa, há também castigo. Não admira que as igrejas estejam abarrotadas de
pessoas obcecadas com os sentimentos de culpa e de pecado, já que aprendem,
desde que nascem, a identificar em todas as coisas naturais expressões de
pensamentos pecaminosos.
A discípula, em meio a
sussurros e gemidos de outras mulheres que eram penetradas com vigor por
centenas de machos sedentos pelo mais excitante sexo, fazia força para ouvi-lo
enquanto este continuava a falar-lhe, com os dedos em sua vagina:
- Contudo, o homem
verdadeiramente livre é aquele que segue a natureza, que não luta consigo
próprio, contra sua própria natureza; não é alguém dividido entre o que se é e
o desejo de negar a si próprio. Enfim, ser livre jamais implica em renúncias,
mas ao contrário, o verdadeiro escravo é aquele que, ao reprimir seus impulsos
naturais, torna-se carrasco de si mesmo.
De repente, o lugar
encheu-se de gemidos, as mulheres tinham o rosto banhado por dezenas de machos
que ejaculavam abundantemente.
- Mas... veja eles –
prosseguiu o mestre, olhando para a cena que fervia em sua frente -, por meio
do sexo buscam, inconscientemente, harmonizarem-se com a natureza, e ao fazerem
isso, harmonizam-se consigo próprios, com o que verdadeiramente somos; são
crianças ouvindo o chamado da natureza, sem culpa ou pudor, felizes com seus
instintos, mas com segurança. Ouça... – disse Sadus com voz baixa e sussurrante
ao pé do ouvido da jovem discípula enquanto esta alcançava o mais vigoroso
orgasmo – ouça o chamado da natureza...
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