WILLIAM H. MUMLER: O PRIMEIRO FOTÓGRAFO DE
ESPÍRITOS DO SÉCULO XIX
No
século 19, pela primeira vez na história do Ocidente, a maioria das pessoas não
só sabiam ler, mas tinham tempo para fazê-lo, e isso fez surgir muitas novas
idéias. Novas religiões apareceram em toda a América, e entre eles estava o
Espiritismo, a crença de que as almas vivem no mundo espiritual e ainda podem
ser contactadas. Outra nova idéia foi a fotografia. Adicione essas duas idéias
e adicione uma guerra que matou milhões de pessoas queridas e pessoas que precisavam
de dinheiro. O resultado é a seguinte frase: o dobro da exposição traz o dobro
de dinheiro.
Bostonian
William H. Mumler foi o primeiro fotógrafo de espírito proeminente. Nascido em
1832, ele era um gravador de jóias no início da década de 1860 e se envolveu
com a fotografia como um hobby. Um dia, ele tirou um auto-retrato e a figura de
uma jovem apareceu no fundo de sua foto. Ao contrário da maioria dos
vitorianos, Mumler não surtou: ele soube imediatamente que a aparição de uma
mulher desconhecida em sua foto se devia ao fato dele ter utilizado uma placa
fotográfica reutilizada. Ele assumiu que era um acidente, mas seus amigos lhe
disseram que a figura parecia muito com um primo seu que havia morrido. Logo a
foto chamou a atenção de toda a comunidade espírita, proclamando-o como o
primeiro fotógrafo de espíritos. Mumler não discutiu com eles, e aproveitou o
interesse.
|
Homem Não Identificado com Dois Espíritos. Por Volta de 1870. |
Mumler
deixou de lado as jóias e foi para Nova Iorque ser fotógrafo espírita em tempo
integral. No entanto, as pessoas ficaram céticas com as habilidades de Mumler
de capturar os mortos em uma fotografia. Nem todos os espíritas o apoiavam
também: muitos alegavam que os mortos em suas fotografias não só estavam vivas,
como tinham posado para ele recentemente. Os fotógrafos rivais temiam que ele
pudesse denegrir a reputação da profissão. Há relatos de muitos fotógrafos
profissionais que foram supervisionar o seu processo de fotografia e impressão.
E aí é que está um dos maiores mistérios: ninguém conseguiu encontrar uma
evidência de fraude. Embora fosse conhecido o método de utilizar duas placas de
fotografia para ‘fazer’ um fantasma (em uma placa ia a foto de quem estava
posando, em outra placa ia uma fotografia de um ‘morto’, e depois as placas
eram impressas juntas), nunca conseguiu-se provar que Mumler utilizava esse
método.
Em
1869, Mumler foi processado pela polícia de Nova York, afirmando que ele se
aproveitava de pessoas que estavam sofrendo. O julgamento durou sete dias. Do
lado de Mumler estavam espíritas e um ex-juiz proeminente. Entre as testemunhas
contra estavam vários fotógrafos que explicavam como ele tirava suas fotos e o
famosíssimo PT Barnum, que disse ter comprado algumas das fotografia de Mumler
para exibí-las em seu Museu como um típico exemplar de farsa fotográfica. A
audiência atraiu a atenção de todo o país, e no final do caso o juíz
relutantemente decidiu retirar as acusações contra Mumler, alegando falta de
provas. Ambos os lados, no entanto, declararam vitória. Apesar de ter as
acusações retiradas, Mumler ficou com 3 mil em dívidas com advogados, e as
acusações do julgamento de que suas fotos eram falsas seguiram-no por todos os
lados.
|
Mary Todd com o Fantasma do Marido .1871. |
Uma
das fotografias mais famosas de Mumler aconteceu em 1871. Ele disse que uma
mulher desconhecida veio posar para ele, chamando a si mesma de “Sra. Lindall”.
A fotografia resultante é considerada a última fotografia conhecida de Mary
Todd Lincoln, com seu famoso marido morto atrás dela. Alguns estudiosos acreditam que Mumler
realmente não sabia quem era a mulher. Apesar de hoje a imagem ser descartada
como uma fraudulenta dupla exposição, a fotografia é amplamente divulgada.
Em
1875, Mumler publicou uma autobiografia, mas sua carreira estava em declínio.
Ele parou de produzir fotos espíritas em 1879. Quando morreu em 1884, pela
maioria dos registros, ele estava sem um tostão. Curiosamente, no entanto, ele
destruiu todos os seus negativos pouco antes de sua morte, e também não existe
nenhuma fotografia dele – sobreviveram apenas fotografias tiradas por ele. Veja
mais algumas abaixo:
|
O Sr. Herrold em Transe, com seu Espírito Atrás Dele. Por Volta de 1868. |
|
Robert Bonner e o Fantasma de sua Esposa. Entre 1862 - 1875. |
|
Mulher Idosa Não Identificada com Três Espíritos no Fundo. Por Volta de 1862 - 1875. |
|
Esposa do Senhor Chapin, Comerciante de Petróleo, e seu Bebê. 1862 - 1875. |
Tirado do Ótimo Blog Era Vitoriana.