quarta-feira, 8 de maio de 2019

O DIABO NA ENCRUZILHADA - A HISTÓRIA DE ROBERT JOHNSON (RESENHA)

O DIABO NA ENCRUZILHADA - A HISTÓRIA DE ROBERT JOHNSON (RESENHA)
Se você é um fã de Rock já deve ter ouvido falar do famoso Clube dos 27, composto por Brian Jones (ex-guitarrista dos Rolling Stones), Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Emy Winehouse,  famosos astros da música que, no auge do sucesso, morreram com 27 anos de idade. Bem, mas falta um nessa lista, aquele com quem o Clube dos 27 tem início, e cuja vida cheia de lendas e mistérios, incluindo um suposto pacto com o Diabo para obter sucesso, acabará por emprestar ao grupo e ao Rock em geral a famosa mística diabólica envolvendo seus membros. Trata-se do lendário guitarrista de Blues, Robert Johnson, personagem do novo documentário da Netflix: O Diabo na Encruzilhada.

O documentário, dirigido por Brian Oakes, é composto por entrevistas com familiares de Robert Johnson, com músicos de Blues, pesquisadores de sua música e da cultura afro-americana, que ajudam a jogar um pouco de luz sobre a vida de um dos músicos mais importantes do Blues e do Rock’n’Roll, pois, como diz um dos músicos entrevistado no documentário, não existe um som de Blues e Rock que não tenha acordes de Robert Johnson.


O documentário também esmiúça como era a vida dos negros americanos no tempo em que viveu Robert Johnson, que ainda sofriam muito com o racismo, levando uma vida não tão diferente de seus avós escravos, e cujo o extremo racismo do Mississíppi podia a qualquer momento levar um negro a ser linchado e morto, pelo menor motivo, bastando apenas que ele olhasse para uma mulher branca, frequentasse lugares para brancos, ou que um branco simplesmente não fosse com a cara dele.

Robert Johnson
A forma de misticismo afro-americano, denominado Hoodoo, possuía forte influência nos negros americanos durante as décadas de 1920/30, e tinha grande influência em Robert Johnson — o que é bastante evidente em sua música —, que dava às encruzilhadas poder místico, e era onde negros iam receber dons de suas entidades espirituais africanas, e onde supostamente Robert Johnson teria vendido a alma ao Diabo em busca de sucesso e dons musicais. Não se sabe se isto aconteceu realmente, mas o que se sabe com certeza, é que negros cristãos logo iriam se contrapor a esta forma de misticismo, demonizando tudo que tinha  origem africana, como o Blues, que era chamado de a "música do Diabo".

O documentário deixa claro, o quanto Robert Johnson sofreu não somente pelo racismo dos brancos americanos, mas sobretudo do preconceito a sua música vindo de seus próprios irmãos de cor.

É interessante notar que este mesmo preconceito vemos hoje direcionado aos músicos de  Rock, que herdaram não apenas os acordes de Robert Johnson, como também sua fama de diabólico.

keith Richard, dos Rolling Stones, conta que ao ouvir pela primeira vez o álbum famoso de Johnson "The King of The Delta Blues Singers", perguntou ao seu colega de banda, Brian Jones: "Mas quem é o outro cara que toca com ele?". Não havia outro cara: Johnson fazia tudo aquilo sozinho. A menos que o outro cara fosse o Diabo. Mas lendas são lendas, e essas coisas não existe. Não é mesmo?

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