sábado, 4 de maio de 2019

ROBERT JOHNSON E SEU LENDÁRIO PACTO COM O DIABO

ROBERT JOHNSON E SEU LENDÁRIO PACTO COM O DIABO
Entre os supostos pactos diabólicos, as histórias de pactos entre músicos e o Diabo, em troca de talentos musicais, são um capítulo à parte entre os sinistros pactos diabólicos. De modo geral, quando alguém possui talentos musicais que parece ir além da capacidade humana, logo são chamados de dons divinos, como no caso do compositor alemão Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791) que desde a tenra idade de 5 anos já demonstrava talentos musicais excepcionais. Por outro lado, por uma série de razões, estranhas, há aqueles cujos talentos musicais são atribuídos não a Deus, nem mesmo a dedicação e ao esforço próprio, mas ao Diabo. Nesse caso, podemos incluir o compositor e violinista italiano Niccolò Paganini (1782 - 1840), cujo talento de violinista era tão excepcional que muitos acreditavam que um ser humano não seria capaz de alcançar tal perfeição naturalmente. Logo atribuíram seus dons a um suposto pacto com o Diabo.


Niccolò Paganini
Dizia-se que durante um de seus concertos, as cordas de seu violino arrebentaram, e ele continuou tocando apenas numa, não demonstrando sentir falta das outras. Contava-se também que as cordas de seu violino era feito de tripas humanas. Acrescenta-se a isso o grande poder que Paganini possuía de seduzir mulheres durante seus concertos, como se exercesse certa magia com sua música sobre o sexo oposto, levando mulheres entrar em delírios, gritar freneticamente e desmaiar durante suas apresentações.Tal talento excepcional levou a fama de ter feito um pacto com o tinhoso, com pessoas jurando ter visto o próprio Diabo dedilhando seu violino durante seus concertos e enchendo o palco de sombras diabólicas.



Niccolò Paganini exercia a mesma histeria sobre o público feminino do que os Beatles provocam em seu tempo. Curiosamente, o mesmo poder de exercer fascínio sobre as mulheres de seu tempo, teve também um outro músico, que teve muita influência no Blues e no Rock, ao ponto de já ter sido dito que não há música de Blues ou de Rock que não tenha um acorde usado por ele, que também teve fama de ter feito pacto diabólico para obter seus dons musicais. Estamos falando do bluesman Robert Johnson.

Robert Johnson
Conta-se que Robert Johnson (1911 - 1938) era um músico medíocre quando começou a tocar guitarra. Gostava de assistir músicos famosos de sua região, e enquanto os músicos descansavam, gostava de dedilhar seus instrumentos. Mas ele tocava tão mal, que certa vez foi repreendido pelo público e abandonou o ambiente, aborrecido, dizendo: “Vocês vão ver”.



Um ano se passou, quando Johnson voltou ao mesmo lugar, e após ser advertido de que não perturbasse o público, Robert Johnson pediu uma pequena chance para tocar sua guitarra de 7 cordas. Johnson tocou de uma forma que ninguém havia visto, como se 2 ou 3 pessoas tocassem ao mesmo tempo, com ritmo contagiante e rapidez como nenhum outro guitarrista. Todos ficaram a se perguntar como ele havia ficado tão bom em tão curto tempo!

Então uma lenda se criou. Robert Johnson havia ido, à noite, a uma encruzilhada e ficado à espera do Diabo passar. Quando este parou, ele ficou de joelhos e entregou sua guitarra para que o Diabo a afinasse. Foi quando o Diabo disse: “Quando receber a guitarra, sua alma será minha”. E assim foi.


Clube dos 27
Lenda ou não, este fato marcaria o Rock para sempre, criando a ideia de que o Rock é a música Diabo. Curiosamente, Robert Johnson também seria o primeiro membro do Clube dos 27, que tem como membros: Brian Jones, guitarrista dos Rolling Stones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain e Amy Winehouse, músicos famosos que morreram no auge da fama, todos com 27 anos de idade. Robert Johnson contribuiu para dar a este grupo a mística que o envolve, de um pacto com o Diabo em troca de talento musical que todos teriam feito.

A Música do Diabo
É claro que sempre há uma explicação racional para tudo, inclusive para o talento excepcional de Robert Johnson.



Mesmo antes de Robert Johnson, o Blues já era denominado pelos pastores negros como a música do Diabo. Por uma simples razão: Era uma forma de demonizar comportamentos, crenças, ritmos que lembravam uma cultura não cristã, como era a cultura africana, que muitos negros americanos ainda mantinham viva, e o Blues tinha muito de africano, e também uma forma encontrada pelos pastores de fazer com que homens deixassem de frequentar os populares bares onde tocavam a música Blues, e passassem a frequentar mais suas igrejas, e consequentemente contribuir mais com dízimos.

Tocando no Cemitério
Robert Johnson teve um conhecido guitarrista como mestre, Ike Zimmerman, que tinha como crença dar aula de guitarra, à noite, em cemitério. Ike dizia para seu jovem aluno que a única forma de aprender a tocar o Blues era sentado em uma lápide à meia noite em um cemitério para que os fantasmas e os espíritos saíssem de seus túmulos e o ajudassem a aprender a tocar o Blues.

E foi o fato de vê-lo, à noite, tocando sentado a uma sepultura, ajudou a espalhar pela população das redondezas a suposta influência diabólica de Robert Johnson. Acrescenta-se a isso, as letras de suas músicas, cheias ainda das crenças africanas.

Uma Alma Atormentada
O preconceito por tocar a música do Diabo, o Blues, ao mesmo tempo que lhe deu felicidade e prazer, por outro lado,  também foi sua ruína.



Após casar às escondidas com Virginia Travis, como a moça possuía família extremamente religiosa, Robert Johnson foi obrigado a desistir de tocar a música do Diabo, para se tornar fazendeiro e um bom marido. Porém durante a viagem da esposa para a casa da avó para ter filho, Robert Johnson resolveu pegar sua guitarra e viajar e ganhar algum dinheiro tocando Blues, e voltar antes que a esposa e o filho estivesse de volta. No entanto, Virginia morreu durante o parto. E quando estava de volta a casa, Johnson recebeu a triste notícia da família da moça que quando o viu chegar com sua guitarra, o culpou pela morte da esposa por estar tocando a música do Diabo. Depois disso Robert Johnson se dedicou totalmente ao Blues.

Anos depois, o preconceito ao Blues volta novamente a lhe marcar fortemente. Foi quando conheceu a jovem estudante Virgie Cain, que Johnson a engravida, e a pede para fugirem juntos. Porém, mais uma vez, o preconceito ao Blues, leva a família da moça a proibir contato entre o casal. E mais uma vez, uma possível esposa e filho lhe são tirados por causa do Blues.

O Diabo Vem Prestar Contas
Por ter levado uma vida desregrada e se entregado a envolvimento amorosos com várias mulheres, a vida veio fazer suas cobranças.

Uma noite quando se apresentava no bar Three Forks, em Greenwood, Mississippi, Robert Johnson desrespeitou o marido de uma mulher com quem ele tinha se envolvido, o homem trabalhava no bar.

Ele pediu uma garrafa de uísque. Quando trouxeram o lacre estava aberto. Alguém tentou tirar a garrafa de suas mãos. Robert Johnson se recusou a entregá-la e a bebeu. Robert Johnson caiu de quatro no chão. Dizem que uivava como um lobo. Ele demorou 2 ou 3 dias para morrer.

O homem que o envenenou nunca foi condenado pelo simples fato de ter assassinado alguém que tocava a música do Diabo.



Robert Johnson morreu em 1938, sacrificando sua vida em nome daquilo que mais gostava, a música, e deixando um legado para as futuras gerações de músicos, por meio de uma arte que ajudaria a valorizar a cultura de origem negra e seus irmãos de cor, em um tempo em que negros eram vistos apenas como mão de obra barata. E com sua vida lendária, envolta em mistérios, em grande parte alimentado conscientemente pelo próprio como forma de chamar atenção para si, também transferiu para o Rock a magia dos elementos de cultura africana ainda presente na população negra afro-americana, que acabou sendo  interpretada como diabólica por religiosos.

FONTE: O Diabo na Encruzilhada/Netflix

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