segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

CIDADE INVISÍVEL: CONHEÇA O LADO SOBRENATURAL DA SÉRIE



CIDADE INVISÍVEL: CONHEÇA O LADO SOBRENATURAL DA SÉRIE

A série brasileira Cidade Invisível, da Netflix, traz para a vida urbana da cidade do Rio de Janeiro, personagens do folclore brasileiro reunidos em trama de suspense e terror. Assim temos: o Saci-Pererê, a Cuca, o Boto Encantado, o Corpo-Seco, a Iara, Tutu-Marambá e outros, em uma trama envolvendo mortes, mistérios e desmatamento. 



A série recupera o elemento de terror original de tais lendas rejeitando a interpretação infantilizada, como geralmente são apresentadas em livros com ilustrações que retiram totalmente o aspecto aterrorizante da aparência de tais criaturas, ou programas infantis, como o Sítio do Pica-Pau Amarelo, que retiram totalmente o terror de suas histórias, suavizando-as para o público infantil, embora sejam originalmente histórias de terror. 

Suavizar lendas para o público infantil parece ter tido começo com as versões dos contos de fadas dos irmãos Grimm, originalmente possuidoras de forte conteúdo de terror que, nas versões dos filmes da Disney, tiveram suas histórias suavizadas, com a total ausência do elemento terror para servirem de divertidas histórias para o público infantil. 

Porém, sabemos que, muitas destas histórias foram criadas com a intenção de assustar crianças com o objetivo de fazê-las dormir, mantê-las longe de algo não permitido pelos adultos, etc.



Quem não se lembra da canção infantil “Dorme neném que a Cuca vem pegar. Papai foi na roça. Mamãe foi trabalhar…”? Pois a Cuca e o personagem Tutu-Marambá (presentes na série) são dois personagens vindos de fora de nosso pais, pertencentes a histórias para assustar crianças que se misturaram com a cultura brasileira: a Cuca, ou Coca, vindo de Portugal, e o Tutu-Marambá, vindo de histórias que chegaram aqui com os escravos africanos.

Se a série da Netflix resgata o terror de tais lendas, também traz à tona um pouco da religiosidade por trás de alguns de seus personagens. Uma interessante forma de religiosidade chamada Encantaria, ou Pajelança, ligados a lendas indígenas, como a do Boto Encantado, Curupira, das regiões do norte do nosso país.



Diferente das personagens Cuca e Tutu-Marambá, que, em parte, vieram da Europa e da África, as entidades de origens indígenas não foram criadas com a intenção de assustar crianças, mas ao contrário, tinham a função de proteger a floresta e de trazer aos humanos alguma forma de conhecimento do mundo dos seres encantados. Se vê isso na série quando o protagonista Eric, para entender melhor o que está lhe acontecendo, recorre ao personagem Ciço, um “benzedeiro”, que o auxilia por meio de rituais e por um líquido, a ter um melhor contato com as criaturas encantadas.



Muitos desconhecem que vários personagens de lendas brasileiras fazem parte de crenças religiosas, sendo tais personagens vistos, na grande maioria das vezes, apenas com interesse de folclore, como velhas crenças ultrapassadas, de povos primitivos, que só servem para diversão infantis, esquecendo que muitos destes personagens fazem parte da crença religiosa de ribeirinhos, caboclos, povos indígenas, que possuem o mesmo valor cultural das crenças religiosas das pessoas de cidades grandes, não sendo inferiores a estas.



Para a Encantaria, ou Pajelança, paralelo ao nosso mundo, existe um mundo composto de seres encantados, mágicos, que estão aqui desde a criação do mundo, e que estão ligados às florestas, aos rios e igarapés, aos animais. Que por meio de rituais, ou chás, como o chá da ayahuasca, é possível entrar em contato com tais seres, tendo nos pajés seus mediadores entre eles e os homens. 



Este mundo encantado se divide entre os seres protetores da floresta e dos rios, como o Curupira, e a Iara, protetoras dos rios (tendo também os nomes de Mãe-do-Rio, Mãe-d’água), e os Caruanas, seres que habitam o fundo dos rios, em cidades submersas e encantadas, possuidores do poder da cura e do conhecimento sobre ervas, plantas e os mistérios da floresta. Estes seres possuem o poder de se transmutar em outros seres, tomando a forma de animais ou de pessoas, e que escolhem seus protegidos, os futuros pajés, que possuem poder de contactar este mundo mágico.

Para Conhecer Mais:

Pajelança: o Lado Oculto e Místico da Lenda do Boto

A Lenda do Boto (o Mundo Místico dos Caruanas)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

CASO ELISA LAM: MISTÉRIOSO CASO É EXPLICADO EM DOCUMENTÁRIO



CASO ELISA LAM: MISTÉRIOSO CASO É EXPLICADO EM DOCUMENTÁRIO

Contém Spoilers

Há lugares que parecem carregar consigo certa maldição que os fazem serem cenários de inúmeras mortes em mais de um evento trágico. 

No Brasil, o edifício Joelma é um bom exemplo (ou seria mal exemplo?) disso. O terreno deste edifício, antes mesmo de existir, já havia sido palco de um trágico acontecimento: o químico Paulo Ferreira de Camargo, em 1948, matou sua mãe, e mais duas irmãs em sua casa, e por fim se matou a ser descoberto. O caso também levou um bombeiro à morte por contaminação durante o resgaste dos cadáveres. O caso ficou conhecido como o Crime do Poço, por ter o assassino construído um poço para esconder os corpos. Anos depois, o mesmo lugar seria cenário para outra tragédia: o incêndio do Edifício Joelma, em 1974, construído no mesmo terreno, em que dezenas de pessoas morreriam queimadas.

Se o Brasil tem o Edifício Joelma, os Estados Unidos tem o Cecil Hotel, cenário de inúmeros suicídios e assassinatos.



O Cecil Hotel, localizado na cidade de Los Angeles, foi inaugurado em 1924, e o primeiro caso de suicídio acontecido em seu interior aconteceu em 1931, e desde esse primeiro evento tem sido palco de inúmeros suicídios e assassinatos, e também chegou a ser a morada de alguns serial killers, como o famoso assassino Richard Ramirez, mais conhecido como Night Stalker, responsável por inúmeros estupros, arrombamentos de casas e assassinatos, que causou pânico na cidade de Los Angeles, e redondezas, durante a década de 1980.

O famoso edifício é tema do documentário Cena do Crime: Mistérios e Mortes no Hotel Cecil, lançado recentemente pela Netflix.

O documentário é dividido em quatro partes, e traz a boa qualidade da produtora, que tem feito ótimos documentários dedicados a crimes, traz entrevistas com policiais que foram testemunhas de casos de morte no interior do hotel, ex-moradores e clientes, ex-trabalhadores do hotel, como a importante entrevista com a mulher responsável por gerenciar o hotel por dez anos, que conta que durante esse período acompanhou mais de 80 mortes acontecidas em suas dependências. O que dá uma média de 8 mortes por ano. 

A Morte de Elisa Lam

O documentário além de contar um pouco da história trágica do hotel, que chegou a ser chamado de “hotel da morte”, comenta também sobre a mais famosa das mortes ocorridas em seu interior: a misteriosa morte de Elisa Lam, ocorrida em fevereiro de 2013.



Elisa Lam, uma universitária canadense, de 24 anos, durante passeio por Los Angeles, que iria ficar apenas alguns dias hospedada no hotel, após ter se hospedado ficou 19 dias sem se comunicar com a família, algo que ela fazia diariamente. O fato mobilizou a polícia de Los Angeles, que conseguiu encontrar um vídeo captado por câmeras de segurança do hotel, em que Elisa parecia estar se escondendo de alguém que não aparece no vídeo ao entrar em um elevador; a câmera mostra também um comportamento bizarro da garota com movimentos estranhos dos braços, que se difundiu muito pela internet, e levantou as mais controvérsias explicações, que vão desde a possibilidade da moça estar sendo perseguida por alguém, a possibilidade de estar sob o efeito de drogas, e também explicações explicações sobrenaturais como a de estar sendo perseguida por uma entidade invisível pelo menos para a câmera.



Vários dias depois do registro do vídeo, reclamações dos hóspedes sobre a cor turva da água e seu gosto ruim, levou a descoberta do corpo de Elisa dentro de uma das caixas d’água do hotel. Fato que aumentou ainda mais o mistério envolvendo o ocorrido. 

A morte de Elisa Lam levantou várias teorias conspiratórias, com alguns defendendo que foi homicídio, enquanto outros afirmavam a possibilidade de suicídio; e a havia mesmo aqueles que afirmavam ter sido causado por algo sobrenatural.

Explicando os Mistérios

Mas a verdade é que, como ficou bem claro no documentário, a morte de Elisa Lam foi morte acidental, estimulado pelo distúrbio de bipolaridade que Elisa sofria, que lhe causava mania de perseguição e alucinações, fato comprovado pela família, e que havia lhe levado a agir de forma estranha no elevador, e a buscar um refúgio dentro de uma das caixas d'água do hotel. Elisa, como mostrou os resultados de sua autópsia, não tinha substância proibidas em seu corpo, o que poderia explicar seu comportamento, porém possuía baixa quantidade de remédio contra bipolaridade, o que explica que tenha entrado em surto psicótico por não estar tomando seus remédios.

O documentário deixa também bem claro que uma das supostas evidências para a ideia de que alguém a havia posto no tanque d'água, a tampa deste fechada, na verdade estava aberta quando do encontro de seu corpo, o que houve foi apenas um erro de informação na divulgação do fato a imprensa, e também que seu corpo se encontrava nu pelo simples fato que ela havia se despido na tentativa de se manter mais leve para poder evitar o afogamento, e não um sinal de crime sexual. 

Quanto ao grande número de suicídios e assassinatos cometidos dentro das dependências do hotel, um fato ajuda a entender melhor isso. O hotel, além de ter um preço bastante acessível, e de ter pouca exigência em relação a documentos de clientes, o que facilitava a hospedagem de criminosos procurados, ficava em uma área bastante frequentada por viciados, traficantes e prostituição, o que fazia com que o hotel se tornasse o local ideal para traficantes e viciados, que acabava gerando um crescente número de suicídios e assassinatos em suas dependências.



Cena do Crime: Mistérios e Mortes no Hotel Cecil, da Netflix, parece pôr um ponto final nos mistérios ainda provocados pelo Caso Elisa Lam, sendo, por isso, uma ótima pedida para aqueles que ainda hoje se sentem atraídos pelo enigma da morte de Elisa, envolta em mistérios, que se tornou muitíssima conhecida na internet.

O Cecil Hotel foi vendido em janeiro de 2017.