domingo, 23 de agosto de 2020

INVESTIGANDO O CASO GERALDA GUABIRABA: MULHER ENCONTRADA SEM ROSTO NA PEDRA DA MACUMBA


INVESTIGANDO O CASO GERALDA GUABIRABA: MULHER ENCONTRADA SEM ROSTO NA PEDRA DA MACUMBA


ATENÇÃO: A Matéria Possui Imagens que Podem Chocar.

O caso de hoje é mais um caso misterioso, que até hoje ainda não existe explicação. Trata-se do caso de Geralda Guabiraba, de 54 anos, casada, mãe de um casal de filhos, que residia na cidade de Mairiporã (SP), encontrada morta, sem olhos, com o rosto removido de sua face.

Era madrugada de 14 de janeiro de 2012, um casal passava de carro, às duas horas da madrugada, próximo da pedra da macumba --- uma pedra usada para oferendas e rituais dedicados a religiões de origens africanas ---, vê um corpo deitado próximo a uma grande pedra, com um cachorro preto, próximo ao rosto, fazendo movimentos como se comesse algo. O casal resolve não parar o carro, devido ao local ser bastante escuro e perigoso, e continuam até um condomínio próximo onde param e ligam para a polícia.


Pedra da Macumba Vista à Noite

O corpo era de Geralda Guabiraba, uma senhora bastante religiosa, católica, devota de Santa Luzia, cuja imagem estampava a blusa com que ela havia sido encontrada no dia de sua morte.

Como se não bastasse, as circunstância em que foi encontrado o corpo, o caso está cheio de mistérios a mais, como o fato de que um dia antes de sua morte, dona Geralda havia visitado uma amiga, não a encontrando em sua casa, com que parecia querer dividir algo grave. A amiga relatou em entrevistas que Geralda, meses antes de sua morte, havia revelado a amiga que tinha um segredo tão horrível a contar que a amiga passaria a achar que ela fosse uma má pessoa, segredo que a levou a pensar na possibilidade de se internar em uma clínica psiquiátrica. Infelizmente, dona Geralda Guarabira não contou do que se tratava, apenas tocou no nome do padre de sua localidade.


Geralda Vista pela Câmera do Elevador

Na madrugada em que foi encontrada morta, Geralda havia saído apenas com uma pequena bolsa que, segunda a família, carregava a garrafa com água benta, e estava vestida com a blusa com a imagem de Santa Luzia, que usava quando saia para praticar ações de caridade. Câmeras captaram imagens do carro de Geralda sendo acompanhado por dois carros: um na frente de seu carro, e o outro, atrás. O porteiro de seu condomínio também afirmou que um carro havia estacionado na frente de seu condomínio por uma hora até ela sair. Lembrando que estas informações podem ser pura coincidência.

A Cena do Crime
Corpo de Geralda Visto na Pedra da Macumba

Os policiais ao chegarem ao local, encontraram uma cena de horror: o corpo estava estirado ao chão, com os braços abertos, e em cada mão continha uma cesta vazia; a mulher teve os olhos e a carne de seu rosto extraídos da face, e possuía um profundo corte em seu pescoço. Ao lado do corpo havia uma pequena garrafa de água e um copo de alumínio. Exames posteriores, revelaram que na água havia veneno, conhecido popularmente pelo nome de chumbinho, que Geralda havia bebido, mas que não a teria matado imediatamente, sendo a verdadeira causa de sua morte, o corte profundo em seu pescoço.

Satanismo?



Geralmente, quando corpos mutilados são encontrados cercados de simbolismos desconhecidos, por puro preconceito, o povo tende a associar logo o crime a alguma forma de ritual satânico. No caso de Geralda Guabiraba, não foi diferente, devido ao grande preconceito relacionado a religiões de origem africana. A suspeita aumentou ainda mais devido o corpo ter sido encontrado próximo a uma pedra dedicada a oferendas de religiões afro-brasileira, chamado de pedra da macumba. Porém, um fato surpreendente pôs toda essa ideia por água abaixo. O corpo de Geralda Guabiraba foi encontrado envolto por símbolos católicos, não considerados satânicos ou de origem africana. Incluindo um terço limpo de sangue que foi posto em seu pescoço, demonstrando que foi posto após a mutilação do rosto e do corte desferido no pescoço de Geralda.


Santa Luzia
Geralda Guabiraba era devota de Santa Luzia, santa que, durante seu martírio, teve os olhos arrancados por soldados romanos, e dados a ela em uma bandeja, e que foi morta por profundo corte no pescoço, que a decapitou. O que explica a forma em que foi encontrado o corpo de Geralda. E que tem levado a pensar que eram seus olhos que estavam nos cestos em suas mãos, e que teriam sido comidos pelo cachorro visto na cena do crime.

Depressão e Suicídio 

Geralda Guabiraba sofria de depressão, tomava antidepressivo. Depressão é, nos tempos modernos, uma das grandes causas de suicídio. Teria sido a decisão de se matar que a teria levado a procurar a amiga para lhe contar sua decisão? Contudo, seguramente, pela forma como foi encontrada, ela não poderia ter feito tudo sozinha: o corte fatal em seu pescoço, a posição lembrando o martírio de Santa Luzia, o desaparecimento do local da faca que lhe cortou o pescoço. Porém, ela poderia ter pago aqueles de quem recebera ajuda para o suicídio. O que explicaria os carros que lhe acompanharam durante sua saída de seu condomínio na madrugada em que apareceu morta.

Suicídio Assistido

Para quem acredita ser remota a possibilidade de alguém pagar para ser morto, devemos lembrar que ocorrências de tais casos tem sido relativamente comum nos últimos anos, com alguns casos já terem comparecidos em noticiários de TV.



Em 2018, a advogada Giovana Manzano, de Penápolis (SP), encomendou a própria morte por sofrer de Síndrome de Boderline.



Já em 2020, outra advogada, Patrícia Borsato que, após tentar se matar no final do ano de 2019, com uma arma comprada para esse fim, e não conseguir, contratou dois homens para matá-la, planejando sua morte junto com eles. 

Causa da morte de Geralda por suicídio assistido é reforçada pelo fato de que, como comprovou os peritos, Geralda havia pesquisado em seu computador, dias antes de aparecer morta, sobre o veneno agrícola conhecido popularmente como chumbinho; o mesmo que foi encontrado diluído em água em uma garrafa junto do corpo, e também em seu sangue, provando que ela tomou dose suficiente para matá-la. Junta-se a isso o fato de que não havia nenhuma evidência de que Geralda tentou se defender do ato cometido sobre ela. Teria ela tomado doses excessivas de tranquilizantes para cometer o que tirou a vida? Comprovou-se também que ela havia pesquisado na internet sobre modelos de cartas de amor não correspondido. Teria ela se matado devido um amor não correspondido e proibido? E por isso se prestado a um martírio semelhante a de Santa Luzia, um exigência feita por ela àqueles que lhe auxiliaram durante sua morte?

Mas por que uma mulher católica, fervorosa, escolheria um local dedicado a rituais religiosos de origem africana para seu suicídio?

Acima, Santa Luzia e sua Correspondente Ewá

Poderia ser pelo fato de Santa Luzia possuir, em religiões de origem africana, uma correspondente. Trata-se de Ewá, que assim como Santa Luzia se dedicou a castidade e ao dom da evidência, e que também é homenageada durante as datas de festas a Santa Luzia.

É interessante notar também que, Geralda saiu de casa na madrugada de sua morte, vestida com uma camisa com a estampa de Santa Luzia, que os familiares disseram que só usava para atos de caridade (mas que ato de caridade aconteceria de madrugada em uma cidade pequena?), para logo depois ser encontrada morta com o mesmo simbolismo da santa. Coincidência, ou algo premeditado?

Mas o que explicaria seu rosto ter sido extraído de sua face? 

Sabemos que isso pode ser visto como uma forma de dificultar a identidade do cadáver. Mas pelo fato do carro de Geralda ter permanecido intacto no local, não foi esta a intenção.

A possibilidade de que o rosto de dona Geralda tenha sido devorado por cães também foi levantado pela polícia, embora tenha sido descartado por veterinários, que argumentaram ser incompatível com a dentição canina.

Mutilação por Animais 

O local onde foi encontrado o corpo de dona Geralda, pelo fato de ser um local usado para oferendas contendo comida, seja preparada, na forma cozida, como também contendo a tradicional galinha morta de despacho, já devia ser um local que concentraria um grande número de animais já acostumados a encontrarem comida por esse meio; animais que incluiriam, além de cachorros, ratos, gambás, e outros animais noturnos que poderiam terem devorado o rosto da senhora Geralda Guabiraba, atraídos pelo cheiro de sangue vindo de seu pescoço e olhos.



Porém, tenho visto que, quando um corpo aparece mutilado ligado a alguma forma de fato misterioso, tende-se sempre a argumentar que um animal jamais faria tal corte por ser tão preciso, ou mesmo que o corte não poderia ser feito nem mesmo por uma pessoa comum, requerendo o conhecimento de algum especialista. 

Caso Geralda Guabiraba e Caso Alzira de Jesus

O ocorrido com a senhora Geralda Guabiraba se assemelha ao ocorrido com a senhora Alzira de Jesus, da cidade de Santa Isabel (clique aqui para ver este caso), também município de São Paulo.

Corpo Desfigurado de Alzira
Em 2009, a senhora Alzira fora encontrada sem os olhos e toda a região do rosto havia sido extraída de sua face. O laudo necroscópico apontou que os ferimentos teriam sido feito por ratos. Diferentemente de Geralda, dona Alzira havia falecido antes do ferimentos em seu rosto e seus olhos não haviam sido extraídos antes. Porém, diferentemente de dona Geralda, o caso de dona Alzira, os ratos não teriam sujado sua blusa branca, nem o travesseiro e a coberta da cama, que permaneceu limpa, levando a dúvida de que que tais ferimentos tenham sido realmente feitos por tais animais.

Acima, Imagem de Geralda e, Abaixo, Corpo de Dona Alzira

Vale lembrar também que a dúvida de que animais fossem capazes de produzir cortes tão precisos também esteve presente no Caso do Homem Mutilado de Guarapiranga (clique aqui para ver este caso) e nos Meninos Emasculados de Altamira. 

No caso de dona Geralda não foi diferente, uma perita e uma veterinária afirmaram, em entrevista a TV, que os ferimentos cometidos no rosto de Geralda não seria compatível com os dentes de um cão. Mas poderia ser compatível com os dentes de outro animal. Lembrando que materiais moles, tais como olhos, nariz, orelhas, lábios, são as partes do corpo humano primeiro visado a serem devorados por animais. E por ser composto em grande parte por materiais macios e moles, o rosto humano é a primeira parte a ser deteriorada após morte. Lembremos também que no Casos dos Meninos Emasculados de Altamira, demonstrou-se que fora cometido por um serial killer sem especialidade em cirurgia; que o Caso Homem Mutilado de Guarapiranga, acabou por mostrar-se a grande possibilidade de que seus ferimentos tenham sido provocado por ratos; e no Caso de Dona Alzira de Jesus, de Santa Isabel, o laudo médico apontou ter sido seus olhos, nariz, lábios e a pele do rosto devorado por ratos --- embora exista fatos mais complexos para discordar disso, como foi mostrado acima.

Suicídio com ajuda de outras pessoas, parece preencher todas as lacunas do caso de Geralda Guabiraba, desde de que se aceite, que a destruição de seu rosto tenha sido feito por animais. 

E você, tem alguma boa teoria para o que ocorreu com a senhora Geralda Guabiraba?

ATUALIZAÇÃO
Exames posteriores no corpo da senhora Geralda, notou-se altas doses de tranquilizantes, remédios antidepressivos e o popular veneno chamado “chumbinho”.

Geralda sofria de depressão, passava por momento de separação e na noite que havia saído de casa, tinha discutido com a filha, fortalecendo ainda mais a suspeita de suicídio por envenenamento.


Segundo a perita Dra. Rosangela Monteiro, os cestos nas mãos da senhora Geralda foi pura coincidência, já que havia vários cestos no local. Segundo a mesma perita, a senhora Geralda deve ter tomado primeiro altas doses de tranquilizantes para que quando o veneno fizesse efeito ela já estivesse inconsciente, não podendo sentir as dores provocadas pelo veneno. Porém, a julgar pelos vestígios de areia em seus joelhos e a posição em que seu corpo foi encontrado, Geralda após se medicar e tomar o veneno, ainda dentro do carro, acabou por sentir as dores do veneno, o que a levou a sair do carro, se contorcer de dor, sujando assim os joelhos na areia, e por fim a deitar no terreno de rosto para cima.

Mas permanece a pergunta: Por que uma católica fervorosa escolheria um local tão famoso por rituais de religiões afro-brasileiras para se suicidar, não teria outro? 

Segundo a mesma perita citada, porque foi o local que ela encontrou que permitia estacionar seu carro. Mas ela estava de carro, não poderia ter procurado outro local? Se matar era tão urgente para ela ao ponto de escolher o primeiro local que permitisse estacionar o carro? Ou o local foi intencional, como afirma a presente matéria? 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

CONHEÇA AS ESCRAVAS ISAURAS DA VIDA REAL


CONHEÇA AS ESCRAVAS ISAURAS DA VIDA REAL
A novela A Escrava Isaura, novela brasileira de sucesso mundial, conta a história de Isaura, uma escrava branca, filha de um pai branco com uma escrava negra que, criada como filha por sua senhora, se vê em maus lençóis com a morte da senhora e do assédio do filho de sua dona, que passa a lhe tratar como propriedade sua após a morte da mãe. O que poucos sabem é que a história de Isaura não está tão longe da realidade do que acontecia no tempo da escravidão no Brasil.


Os escravos brancos eram relativamente comum. Em um censo de 1860, nos Estados Unidos se verificou que aproximadamente 5% dos escravos nascidos no sul do país fossem filhos de pais brancos. No Brasil não deveria ser tão diferente. Estes escravos brancos eram frutos de estupros cometidos pelos senhores brancos e pelos filhos destes, que geravam filhos brancos em suas escravas, que jamais eram reconhecidos como filhos, e continuavam sendo escravos.


O mais trágico nisso tudo, é que enquanto os escravos de pele escura eram mantidos presos, espancados, chicotados nos mercados à venda, durante os leilões, não despertavam a menor indignação na maioria das pessoas, porém bastava apenas que um escravo de pele branca, e com traços europeu, estivesse exposto à venda para despertar a indignação de todos. Era como se as pessoas de pele escura não fossem vistas como humanos, e por isso seu sofrimento ignorado. É o que podemos apreender sobre os relatos da época.


Em São Paulo no ano de 1865 foi posta à venda uma escrava com 8 filhos, sendo que entre os mais novos existia uma criança de “cor branca”. De acordo com a matéria “a comoção foi tanta que logo se criou um grupo para arrematar o lote”. Situação idêntica passou Maria Machado, que branca e com um filho de colo, também branco foi posta em leilão.


Um outro caso foi de uma “moça branca” no porto do Rio de Janeiro, que vista pelos trabalhadores chorando muito, foi indagada de seu sofrimento, e relatou para os mesmos que era escrava e estava sendo embarcada para seu novo proprietário. O choque de todos foi grande, ao se verificar que a moça era mais branca que o seu senhor, que provavelmente descendia de “escravos africanos libertos”.


No ano de 1875 foi aberto um leilão na cidade de São Paulo onde, entre os escravos, encontrava se a jovem Felicidade de 15 para 16 anos de idade. De acordo com o jornal da época “todos ficaram surpreendidos e repassados de dor encontrando uma menina perfeitamente branca, e de bela aparência, esperando que alguém lhe dissesse: segue-me escrava!”. O impacto da situação fez com que os presentes fizessem uma vaquinha e comprassem a liberdade da jovem.


O choque provocado por crianças escravas, de pele branca e com traços europeus, juntas com demais escravos, foi aproveitado nos Estados Unidos em fotos (publicadas aqui) para arrecadar fundos a favor da causa abolicionista e conscientizar pessoas da época que, apesar da diferença da cor da pele, somos todos humanos, com sentimentos e direitos iguais.

FONTE: Adaptado da comunidade Consultoria Mnesis.




terça-feira, 4 de agosto de 2020

O POLÊMICO CULTO AO TÚMULO DE UM CRUEL SENHOR DE ESCRAVOS BRASILEIRO


O POLÊMICO CULTO AO TÚMULO DE UM CRUEL SENHOR DE ESCRAVOS BRASILEIRO
Em meio a uma vasta região de plantação de cana-de-açúcar do município de Rio Claro (SP), um fato incomum chama atenção: um túmulo solitário coberto por moedas, velas e troféus, atrai pessoas que vão até ele em busca de solução para suas infelicidades. Porém, diferentemente, de outros santos populares, o que chama atenção neste caso é que este é o túmulo de um homem que não se tornou famoso por suas boas ações, mas pelos terríveis castigos praticados sobre seus escravos.


Trata-se do túmulo de Guálter Martins Pereira (1826 - 1890), o Barão de Grão-Mogol, que nasceu em Minas Gerais, na antiga localidade de Arraial do Grão-Mogol, que durante a guerra do Paraguai, arregimentou um pequeno exército para lutar contra os paraguaios. O que o levou, em retribuição do imperador, a obter o título de barão.

Por outro lado, embora menos conhecidas, porém comprovadas, há também histórias que o concebe como um pioneiro que ajudou a pôr fim a escravidão em nosso país, que não parecem combinar em nada com a imagem de um homem cruel, popularizadas em lendas da região. 

O Cruel Senhor de Escravos

Como um homem muito rico, o Barão de Grão-Mogol comprou, em 1876, a fazenda Angélica, em Rio Claro, município de São Paulo, mudando-a de nome para Fazenda Grão-Mogol, em homenagem a região onde nascera. 

A fazenda contava com grande número de escravos. E é aqui que as terríveis histórias suas, parece ter origem.

Conta-se que o Barão tinha um método predileto de se livrar de escravos velhos, doentes, ou revoltosos, que incluíam crianças. Amarrava suas mãos e pés e, em seguida, amarrava uma pesada pedra em seus pescoços, jogando-os no açude que havia em suas terras.

O Barão também praticava um hábito comum por aquela época: ele estuprava escravas, gerando nestas filhos. O Barão chegou a ter 16 filhos com escravas; filhos que não eram reconhecidos e continuavam escravos.

Sede da Antiga Fazenda Grão-Mogol

Dizem, também, que uma destas escravas conquistou o perverso coração de seu senhor, obtendo alguns privilégios seus, despertando também o ciúme da baronesa, que passou a ver como uma adversária, e causa de vergonha para seus dotes de mulher branca e rica.

Um dia, a baronesa vingou-se, mandando matá-la.

Ao saber, o barão caiu em desespero. E como vingança pela morte de sua escrava preferida, trancou a esposa durante sete anos em um quarto no andar mais alto da casa. Com o tempo, a reclusão forçada, a Levou a demência, e, à primeira oportunidade, a morte por suicídio, saltando de uma de suas janelas.

O Pioneiro Abolicionista


Se, por um lado, há a versão do Barão, como um homem mal e perverso com seus escravos, há a que o vê como um dos primeiros barões a libertar seus escravos, trocando a mão de obra escrava pelo trabalho pago.

Como político, o Barão de Grão-Mogol renunciou ao título de barão, em 188, defendendo ideias republicanas, antes mesmo de ser proclamada a república no Brasil, em 1889, também se manifestando contrário a escravidão negra.

Guálter Martins Pereira, o Barão de Grão-Mogol, “foi um dos precursores a substituir a mão de obra escrava pela mão-de-obra livre no Brasil, mantendo os ex-escravos em sua propriedade. A sua fazenda foi pioneira na experiência com a mão-de-obra estrangeira”. 

O Barão de Grão-Mogol faleceu em 1890 em sua fazenda. Sendo enterrado no cemitério do município de Rio Claro. 

Trinta anos após seu enterro, uma de suas netas, vasculhando em velhos papéis da família, encontrou uma carta escrita pelo próprio barão, que manifestava sua vontade de ser enterrado em sua propriedade, no local onde era enterrado seus escravos. Seus restos mortais foram então removidos para o referido local, onde foi construído uma singela sepultura, que, com o passar dos anos, virou um local de culto, onde pessoas, ao depositar moedas, fazem promessas ao barão em busca de solução para seus problemas.

O  Culto
Sobre o culto ao barão, várias perguntas surgem: Qual seria a versão verdadeira sobre ele? A do cruel senhor de escravos, que se popularizou por meio de antigos relatos de moradores da região, ou a do pioneiro abolicionista que libertou seus escravos, e os manteve em suas terras, versão que é garantida por documentos histórico? Ou teria sido ambas verdadeiras, tendo o barão apenas antecipado algo que era inevitável: a abolição da escravatura, para ser bem recebido entre os novos republicanos?

O certo é que, o pedido de ser enterrado entre seus escravos mortos, não parece combinar com as crueldade de um senhor de escravos. Ou teria sido uma forma do barão demonstrar, no fim da vida, ter se arrependido de suas maldades? E qual das versões aqueles que fazem pedidos a seu nome acreditam?