ELIZABETH SIDDAL, A BELA VAMPIRA DO CEMITÉRIO DE HIGHGATE
Lendas de vampiros, em grande parte, foram criadas devido a má compreensão dos processos naturais da decomposição de corpos humanos. Hoje sabemos que gases produzidos após a morte fazem com que os corpos enterrados se movam lentamente, fazendo com que cadáveres sejam encontrados, ao serem exumados, em posições bem diferentes do que haviam sido enterrados, dando a falsa impressão de que estavam vivos quando enterrados, ou, como se pensava antes, que tivessem saído de suas sepulturas E, algumas vezes, um bizarro fenômeno alimentava ainda mais a lenda dos vampiros.
Tratava-se do estranho fenômeno da incorrupção de corpos, que fazia com que cadáveres humanos se mantivessem perfeitamente conservados, por décadas, da podridão da carne; seja porque eram condicionados hermeticamente em seu ataúde, protegidos, assim, das bactérias e intempéries do tempo; seja porque o terreno onde foram enterrados, rico em minerais conservantes, propiciava a eles um ambiente naturalmente favorável à sua conservação, ou por alguma outra causa ainda hoje desconhecida.
Cemitério Highgate |
Nesse sentido, um fato assombroso acontecido no Cemitério de Highgate, Londres, em 1869, ajudou a reviver ainda mais a crença em vampiros.
A história envolve o pintor e poeta Dante Gabriel Rossetti (1828 - 1882) e sua bela esposa, a também pintora e poeta, Elizabeth Siddal (1829 - 1862), que, grávida, viciada em ópio e tomada pela melancolia, matou-se por meio de uma alta dose de láudano — uma perigosa mistura de vinho branco, açafrão, canela e ópio. Compadecido com a morte de sua jovem esposa, Dante Gabriel Rossetti, escreveu-lhe magistrais poemas inspirados em sua profunda tristeza, e pôs seu pequeno caderno de poemas junto ao corpo da esposa em seu caixão funerário, sendo enterrado com ela.
Dante Gabriel Rossetti |
Após sete anos da morte da esposa, surgiu a oportunidade de publicar manuscritos do esposo. Dante lembrou dos manuscritos que havia posto no caixão junto ao corpo da esposa. Ele então buscou uma ordem judicial para exumar o corpo de sua querida Lizzie.
Como o poeta se recusou a presenciar tão doloroso ato, pediu para que seu editor, Charles Howell, comparecesse a cerimonia para recuperar seu manuscrito. E assim foi feito.
Na noite determinada para a exumação, homens caminharam pelos escuros caminhos do Cemitério de Highgate portando lampiões, clareando túmulos após túmulos, em busca de seu nome. Ao achá-lo, sons de pás cavando a terra fizeram-se presente por horas. Até que ouviu-se o som da pá a bater em um objeto oco. Era seu esquife. Ao abri-lo, e iluminá-lo, uma surpresa tomou conta de todos os presente, incluindo o editor, ao descobrir que o corpo de Elizabeth Siddal permanecia perfeitamente intacto, como se não estivesse morta, mas apenas dormindo. Elizabeth estava mais bela do que nunca, com as faces coradas, lábios vermelhos, e seus belos cabelos ruivos haviam crescidos, preenchendo o caixão, com seus fios sedosos e brilhantes como nunca estivera em vida.
A mão do homem percorreu por entre os fios de seus cabelos, contornando seu dorso e, por fim, apalpando o pequeno caderno de capa de couro, que uma vez em suas mãos, fora ordenado que o corpo de tão bela criatura fosse devolvido às profundezas de seu túmulo.
Quando a notícia do estado em que se encontrava a morta se espalhou por Londres, Elizabeth Siddal foi vista como uma vampira.
O acontecido inspirou Bram Stoker, o autor do livro Drácula (1897), a criar uma das personagens de seu livro, a vampira Lucy Westenra.
Ainda hoje o túmulo de Elizabeth Siddal ainda é um dos mais visitados do cemitério de Highgate, Londres.
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