O MISTÉRIO DO PALACETE BOLONHA II
Criado com o que de melhor e mais belo o dinheiro podia comprar na época, com materiais vindos diretamente da Europa, o Palacete Bolonha, ao contrário de sua grande beleza, fora construído em um local feio e fétido; um terreno sombrio, pantanoso, de vegetação rasteira, tomado pela lama, em que nenhuma árvore frutífera parecia nascer ou dar bons frutos, onde, outrora, eram despejados corpos de escravos, que a lama, como um animal faminto, se encarregava rapidamente de devorá-los por meio de sua água pútrida. O local, por possuir má fama, levou o famoso engenheiro Francisco Bolonha a acreditar que poderia comprá-lo por um bom preço e transformá-lo em um ótimo negócio. E assim foi, com ele comprando o terreno do intendente Antônio Lemos; e após drená-lo e aterrá-lo, em 1905, Bolonha construiu nele uma vila de casas para aluguel, que passou a ser chamada de Vila Bolonha.
Em 1915, finalmente, Bolonha construiu, no mesmo terreno, o belo palacete que leva seu nome.
Conta-se que o palacete fora construído como um presente de amor àquela pela qual Bolonha havia se apaixonado quando fora estudar no Rio de Janeiro — então a capital do país. E para convencê-la de vir morar em local tão distante, teria dito a Alice Tem-Brink, moça da alta sociedade carioca: “Se você casar e vier morar comigo, construo para você o mais belo palacete”.
Foto em Comemoração à Revitalização do Palacete |
Mas não se engane, não, leitor, esta não é a verdadeira história, que certamente fora criada pelo povo. A verdade é que Bolonha e Alice se casaram em 1895. E vieram morar em Belém, na casa paterna, onde Bolonha nascera em 1872, entre a Av. Assis de Vasconcelos e a Av. Nazaré, próximo à Praça da República. E tendo sido construído o palacete, em 1915 — vinte anos após o casamento —, desmente o boato de que o palacete fora um dos motivos que fez Alice Tem-Brink vir morar em Belém.
Porém, ao se mudarem para o palacete, foi quando fatos estranhos passaram a acontecer com eles.
Conta-se que, à noite, o piano de Alice tocava sozinho. E quando alguém abria a porta da sala de música, via as teclas se moverem sozinhas antes que a música silenciasse por inteiro; e mesmo de dia, via-se vultos a descer as escadarias em direção ao porão do palacete.
Interior do Palacete Bolonha |
Com o tempo, Bolonha passou a esquecer-se do amor pela esposa: esquecia seu aniversário e o aniversário de casamento. E parecia ter apenas olhos para o seu belo palacete, de exaustores belamente modelados; pisos de vidros e a banheira de mármore de água quente — única em toda a cidade!
Para os amigos, era como se o amor de Bolonha por seu palacete houvesse suplantado o amor pela própria esposa. E enquanto nenhum presente mais dava a ela, Bolonha enchia o palacete de adornos: belos mosaicos de madeira, telhado de ardósia, lustres de prata e torneiras de ouro, como quem presenteia com joias a mulher amada.
Interior do Palacete Bolonha |
Seu excessivo apego a sua obra logo chamou a atenção de todos, gerando comentários maldosos. Tornando-se evidente a todos que, após a criação de seu palacete, Bolonha nunca mais fora o mesmo. Transformara-se em um homem amargo e misterioso, mal humorado e cruel com os empregados, mas, acima de tudo tornou-se um homem infiel, que levava prostitutas francesas para casa, que mandava vir da Europa. Foi nesse período que se deu origem dos seus famosos banhos de champanhe dado em belas francesas na banheira de mármore de seu palacete.
Tal comportamento de Bolonha, para alguns, teria sido fruto da má influência do terreno onde o palacete fora construído, a áurea má que de lá emanava. Já para outros, a explicação era simples: Alice não conseguia lhe dar filhos. O que o teria motivado a uma vida promíscua e transferido para seu palacete o amor que gostaria de dar a um filho.
Alto Relevo Externo do Palacete Bolonha |
Após a morte de Francisco Bolonha, em 1938, Alice Tem-Brink, antes de voltar para sua terra natal, Rio de Janeiro, vendeu seu mobiliário, e o próprio palacete, que por razões desconhecidas, teve poucos donos em todos seus anos, com alguns a dizer ter sido por influência do espírito de Bolonha, que ainda alimentando ciúmes de seu palacete, fazia com que seus novos proprietários não se sentissem bem em tal imóvel, fazendo-o com que ficasse na maior parte do tempo fechado. E tendo sido comprado pela prefeitura de Belém na década de 1960. Alice Tem-Brink faleceu no Rio de Janeiro, em 1956.
Hoje, passado 107 anos de sua construção, o belo e luxuoso Palacete Bolonha foi revitalizado e transformado no Museu Bolonha, que guarda lembranças do rico período do ciclo da borracha e também da história do engenheiro Francisco Bolonha, figura importante no processo de modernização da cidade de Belém durante o começo do século XX, com suas inúmeras e importantes obras.
O palacete ainda coleciona relatos de experiências paranormais relatados por vigias e visitantes, que juram que o fantasma de Bolonha ainda se encontra no lugar.
Inscrição: (91) 98417-5894 (http://wa.me/5591984175894).
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