domingo, 29 de setembro de 2013

O QUE VOCÊ FAZ QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO? - Caso 2: Um Crime Quase Perfeito (de Bosco Silva)



Francisco acordou com uma baita vontade de urinar. Olhou o relógio eram três horas da madrugada. Acendeu a luz e pôde ver que estava em um quarto estranho, trancado à chave e, pior, sem banheiro. Francisco não sabia dizer o porquê nem como havia parado ali. Procurou ao redor algo que pudesse servi-lhe de banheiro, não encontrando. Olhou ao lado, viu que havia uma criança de colo sem fraldas dormindo em seu pequeno berço. Foi quando viu um bilhete sobre a cabeceira da cama. Tomou-lhe em suas mãos e leu-o atentamente. Nele, uma letra de mulher, dizia: “Fui ao supermercado comprar fraldas. Não demoro. Roberta”. Francisco então pôde lembrar-se que havia conhecido Roberta durante a noite que ainda não acabara e que após algumas cervejas ela havia-lhe convidado para ir a sua casa.

Francisco se apertava, tentava não pensar na grande vontade de urinar que havia se instalado em seu corpo. Olhava o relógio insistentemente, os minutos passavam angustiantemente: não via a hora da mãe do bebê voltar. Pensou em urinar na parede como fazia nas ruas, mas morreria de vergonha quando ela voltasse. Foi quando teve uma ideia mirabolante, que julgou ser a ideia mais inteligente que teve na vida: 
Tomou a criança nos braços e deixou-a sobre a cama onde estava. E urinou sobre o pequeno berço vazio. Francisco, enquanto sentia o maravilhoso prazer do alivio, se sentia como o homem mais inteligente do mundo naquele instante, pois quem iria desconfiar que havia sido ele e não o bebê quem havia urinado. Voltou para a cama aliviado, pegou o bebê em seu colo rumo ao berço, foi quando sentiu algo estranho: o bebê havia, na cama, defecado.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

CONHEÇA OS BIZARROS FILMES PORNÔS JAPONESES


CONHEÇA OS BIZARROS FILMES PORNÔS JAPONESES
Antes de começarmos mostrar as “maravilhas” da indústria pornográfica japonesa, torna-se necessário que tenham em mente que a legislação japonesa proíbe a exibição de órgãos sexuais em propagandas, programas de televisão, peças de teatro e também, por incrível que pareça, em filmes pornôs; acarretando prisão àqueles que não obedecerem à regra.

Assim os produtores japoneses de filmes adultos tiveram que lidar com um problema que afetava diretamente seu trabalho. E como não podiam exibir o próprio ato sexual sem que os órgãos sexuais fossem vetados por tarjas eletrônicas, que dificultam a visualização dos mesmos, para driblarem esta limitação, foram levados a explorarem outras formas de sexo: fetiches que, pela enorme quantidade de filmes produzidos, parecem serem bastante praticados, certamente, não apenas naquele país.

E, certamente motivados por esta limitação da lei, nenhum outro país produz tantos filmes de sexo bizarro quanto o Japão.

Assim, seguindo a lógica “se não se pode mostrar órgãos genitais, pode-se, pelo menos, mostrar coisas relacionadas a eles”, é possível vermos filmes das formas mais bizarras possíveis, contendo:

ANIMAIS


Estes filmes geralmente usam animais de formas fálicas, como polvos e enguias, que possam substituírem órgãos masculinos.

OBJETOS INUSITADOS


Já nestes, objetos inusitados como mesas, cadeiras, colunas passam a fazer o papel de pênis. Estes mostram mulheres vestidas se esfregando, se masturbando nos mesmo.

E como se isto não fosse o bastante, há até filmes em que os atores estão totalmente vestidos, dos pés a cabeça:



É curioso constatar que possam existir filmes pornôs com mulheres vestidas! Só mesmo no japão!!!

MULHERES COM APARÊNCIAS INGÊNUAS


Uma das imagens constante dos filmes adultos japoneses é a da mulher de aparência ingênua, que aparenta ter pouca experiência no sexo e que se mostra bastante submissa durante suas relações sexuais. Isso, ao contar pela grande quantidade de filmes com este tipo de artificio, dá tesão nos caras de lá, enquanto aqui a imagem da mulher experiente e safada é que chama mais atenção. Talvez isto se deva ao fato de que os japoneses ainda não se livraram da imagem das gueixas, mulheres educadas apenas para servir ao amo e ser uma espécie de objeto ornamental como uma carpa enfeitando um lindo jardim; nós perto deles parecemos não sermos tão machistas, embora ainda vivemos na era das paniquetes.


Há também filmes que, aproveitando deste tesão por mulheres com aparência ingenua, beiram o crime, insinuando atos de pedofilia, com atrizes pequenas de rostos infantis, em cenários com objetos grandes, para lhes darem dimensões de crianças, como o de cima. E embora a pedofilia seja crime também no Japão, parece que apenas a consumação do ato é proibida por lá.

Interessante como até crimes dependem da cultura de cada país, não é mesmo?

EXCREÇÕES


E como não poderiam faltar há também filmes de excreções, como urina, secreções de narinas, vômitos e lavagens intestinais e fezes humanas. Com competições como “Quem faz a mais longas ducha intestinal”, por exemplo.

Estas são apenas algumas amostras deste universo bizarro que é  a indústria pornô japonesa.

domingo, 15 de setembro de 2013

XUXA CONTINUA FAZENDO ESCOLA (de Bosco Silva)



Não tenho certeza sobre qual a causa, mas no Brasil há certa tradição de tornar apresentadoras infantis mulheres que se dedicavam a agradar ao público masculino com arrebatada sensualidade, caindo no mais das vezes na mais plena vulgaridade. Talvez a explicação para tal fenômeno, se deve ao fato de que na ânsia de fama, e sabendo que só podem contar com seus atributos físicos, estas mulheres decidem pela carreira infantil por acreditarem que o público infantil é um público menos exigente.


E obedecendo a esta trilha inaugurada por Xuxa - uma ex-modelo que desfilava em casas noturnas com pequeníssimos biquínis em posições picantes, e que até chegou a gravar cena de pedofilia para filme (Amor, Estranho, Amor), e que hoje tenta a todo custo esconder o passado -, passando por Carla Peres com sua dança na boquinha da garrafa, insinuando relação sexual com uma garrafa de cerveja, ao Bonde das Maravilhas, com seu passo de dança chamado de quadradinho de oito, que após proibições da justiça, ameaça também entrar na área infantil, chega a vez da Mulher Pera, aquela que se candidatou a vereadora estampando seu número no cu.

Mulher Pera em sua campanha para vereadora
Mulher Pera, ou melhor, Suelem Aline Mendes, confidencia:
 "Não quero ficar lembrando ou falando do que já passou. Hoje eu sou a Fadinha do Brasil, deixei a Mulher Pera para trás. Não tem nada mais a ver (...) Fiquei loira e tentei apagar tudo o que está na internet. Mas vi que isso não é possível. Estou arrependida e envergonhada por tudo", revelou em entrevista à coluna Retratos da Vida, do jornal "Extra".
Mulher Pera como a Fadinha do Brasil

Olha aí a Xuxa mais uma vez fazendo escola!


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

AS HORAS TODAS DA CARNE (de Marlon Vilhena)




“— Você vai me matar?
— Se você quiser. Não sujo as mãos por nada.”

Marlon Vilhena não se prende a só um tipo de construção. Ele traça os contrastantes perfis de seus personagens, acentuando em seus diálogos uma noção de uns tantos valores na procura pela essência humana.

Nesta coletânea, cada narrativa tem identidade própria e alicia o leitor para um mergulho sobre a existência, o estímulo, o abandono, a perda de Deus, sexo, amor, vida, morte, entre outros elementos.

O estilo irreverente e anticonvencional nos chama a atenção pela urbanidade trágica, pela aparente (e perturbadora) insensibilidade e por um áspero humor de influências agridoces quase imperceptíveis (“É de pequenas vicissitudes que a gente vive”), o que torna ao mesmo tempo sua prosa derivada e original.

Uma ironia quase urgente, de estética própria e inusitada, encontra-se com o sarcasmo para significar objetos e ambientes em panos de fundo que, em geral, podem passar despercebidos. Como em Dissertação sobre a inércia, com seus cortes cinematográficos em um doloroso fluxo de consciência. Ou em Nome para um desatino: “é essa necessidade infame de cuspir em cima de uma maravilha e perceber que isso é igualmente bom.”

Seu texto às vezes seco, quase perverso, às vezes de uma sutileza quase intimista (“Dona Joana explicou o mundo inteiro ao preparar o café da manhã e esquentar o pão com manteiga espetado no garfo”), dá espaço a uma desconcertante liberdade e flexibilidade moral a quem o ler, para que defina (ou subverta) seus próprios cenários com riqueza de detalhes, “enquanto aquele velho trem descarrila na passagem do fim do mundo”.

Marcos Salvatore

MANIQUEÍSMO: A Luta entre o Bem e o Mal

Maniqueu, também conhecido por Mani ou manes, viveu na Pérsia, no século III da era cristã. Dizia-se o enviado de Deus para completar a obra de Cristo. Sua doutrina, chamada de maniqueísmo, misturava elementos de várias religiões orientais, mas principalmente do zoroastrismo, antiga religião persa, e do cristianismo.
Maniqueu pregava, que desde toda a eternidade, existem dois princípios fundamentais, o bem e o mal. O primeiro, que se chama Deus, representa o reino da luz, e Ele mesmo é pura luz, que só a razão e não os sentidos pode perceber. O segundo chama-se Satanás, rei das trevas é o mal absoluto, pois é a pura matéria.
Quanto aos outros seres, são bons ou maus segundo sua origem: os que têm a luz por princípio, são bons, enquanto os maus têm as trevas como origem.
Satanás criou o primeiro homem e deu a este partículas de luminosidade divina, roubadas durante a luta entre os reinos da luz e das trevas. Estas partículas seriam as almas dos homens. Estes, por sua vez, seriam compostos de três partes: de um corpo, oriundo do mal (Satanás), de um espírito oriundo de Deus, e de uma alma cheia de maus desejos e dominada por Satanás 1.
Os maniqueístas tinham por finalidade a libertação da alma, do domínio da matéria. Para tanto, castigavam o corpo e evitavam, o quanto possível, o contato com a matéria. Por isso, valorizavam o jejum, a ausência de símbolos materiais externos, o celibato e a abstinência sexual.
A crença numa visão dualista do mundo, segundo a qual o mundo é dominado por duas forças antagônicas: de um lado o bem absoluto, representado por Deus, de outro, o mal absoluto, representado pelo Diabo, é anterior a própria doutrina de Maniqueu, embora este dualismo, por extensão, seja conhecido por maniqueísmo. E podemos dizer, sem dúvida alguma, que esta já se encontrava nas crenças mais antigas, assim como podemos encontrá-la nas mais modernas. Ex 2:
      Zoroastrismo – Princípio do Bem: Ahura Mazda / Princípio do Mal: Angra Mainyu.
      Judaísmo – Princípio do Bem: YHWH / Elohim / Princípio do Mal: Samael.
      Cristianismo – Princípio do Bem: Jeová / Javé / Princípio do Mal: Lúcifer / Satanás.
      Islamismo – Princípio do Bem: Alá / Princípio do Mal: Shaitan / Satanás.


O dualismo maniqueísta, entre espírito (o bem) e matéria (o mal), influiu profundamente na origem da moral e das religiões. Para tanto, basta examinarmos o mito bíblico da origem do pecado: o Diabo em forma de serpente seduz Eva com o fruto proibido. A forma de serpente, escolhida para representar o diabo, não é à toa. Já que este símbolo nos permite associar o mal, ao sexo e a matéria. Pois, a serpente, além de ter uma forma fálica, isto é, em forma de pênis, fazendo uma alusão indireta ao sexo, também se assemelha a um verme, ser desprovido de membros. E qual ser manteria o maior contato com a matéria? O verme, este ser sem membros que se arrasta sobre a maldita matéria. Mantendo, desta forma, uma posição inferior e humilhante, com esta. E até hoje em dia, esta associação maniqueísta continua de forma inconsciente, pois quando queremos ofender alguém usamos este termo, verme, como um dos prediletos. Assim, os termos, verme e inferior, neste contexto, da mesma forma que “anjo caído”, “rebaixar-se”, “rastejar-se”, ou “a queda de Adão e Eva do paraíso”, ou outra palavra ou frase qualquer, tendo como sentido, o chão, a matéria, teriam o mesmo sentido. Todas teriam um sentido pejorativo. Aliás, as palavras inferior e inferno possuem a mesma origem: ambas vem do latim, infernus = inferior, que significa, o que fica embaixo. Deste modo, podemos ver claramente o porquê do sexo e da mulher terem sido considerados antes (e ainda hoje) como coisas do Diabo, fazendo com que esta demonstrasse com orgulho o fruto do seu ventre e escondesse com vergonha a origem deste. O que nos leva, por sua vez, a compreender que uma virgem tenha gerado Cristo, e que a virgindade desta seja tão cultuada, até hoje em dia. Seja como for, após terem comido o fruto proibido (dado pela serpente), Adão e Eva tiveram filhos.
O Orfismo, antiga crença religiosa grega, também possuía um lado dualista maniqueísta, este pregava a necessidade de reprimir a natureza terrena do homem e de cultivar a sua natureza divina. O filósofo grego Platão (427 a.C. – 347 a.C.) sofreu forte influência do orfismo, tanto que sua idéia de justiça baseava-se inteiramente nas idéias deste culto. A idéia platônica de justiça é uma idéia moral que afirma a necessidade da razão de dominar e controlar, por completo, o lado irracional: os sentimentos, as emoções, os impulsos sexuais, etc. E por quê? Porque a razão seria a parte melhor, a parte superior de nós, e por isso deveria dominar a parte inferior e pior, ligada aos desejos terrenos e bestiais do corpo. Esta idéia de justiça, Platão aplicou à sociedade. Deste modo, uma sociedade justa seria aquela em que as classes sociais se relacionariam como na moral. Assim, tal qual no indivíduo, em que o superior, a razão, deve dominar o inferior, os instintos. A sociedade justa deveria criar meios, pelo qual a classe econômica mais inferior, pudesse ser dominada e controlada pela classe imediatamente superior a essa, afim de que as riquezas não provocassem egoísmo e guerras. Esta tarefa era dada a classe dos guerreiros, que por sua vez, deveria ser dominada e controlada, pela classe política. Esta, sendo superior, deveria impedir que os guerreiros, usando a força pudessem dominar a sociedade. A classe política, enfim, seria dominada e controlada pela classe dos sábios, estes representando a razão suprema, impediriam que os políticos abusassem do poder e se voltassem contra a sociedade.
E assim como o orfismo, com seu dualismo maniqueísta deturpa a natureza humana, tornando-a dividida e odiada por si própria. A ponto do filósofo Plotino (204 – 269) sentir vergonha de estar num corpo. A idéia platônica de justiça, fruto da deturpação da natureza humana feita pelo orfismo, destrói a própria idéia de justiça, já que conceber classes superiores a outras, ou necessitar de dominar e controlar estas, me parece à suprema injustiça. E apenas alguém que estivesse na classe mais alta, poderia concordar plenamente com isto.
Platão, assim explica, em forma de mito e com analogias, as diferenças sociais: "São todos irmãos os que fazem parte do Estado; mas o Deus que lhes criaram fez entrar o ouro na composição dos que são aptos para governar. Por isso mesmo os tais são mais preciosos. Misturou prata na constituição dos guerreiros; o ferro e o cobre na dos lavradores e artesões" (República 415 a).
Esta forma de pensamento ainda hoje a encontramos, embutida na distribuição de renda. Aqueles que trabalham diretamente com objetos materiais, privilegiando a inferior matéria, tais como: garis, artesãos, lavradores, mecânicos, etc. São os que possuem a menor renda. Enquanto, os que privilegiam o lado superior, o lado intelectual: engenheiros, arquitetos, políticos, etc, são em geral, os que possuem a maior.
De modo geral, podemos dizer que o ódio ao material se traduz como ódio ao carnal, como ódio à vida. E que tal pensamento, já estava contido na forma de interpretação dada pelo antropomorfismo, pois, ao conceberem que todas as coisas da natureza foram feitas para os homens, estes não poderiam deixar de se sentir, como seres especiais, como os únicos seres superiores da natureza. No entanto, não poderiam deixar de observar, por sua vez, que possuíam qualidades ou atributos em comum com outros animais, ditos inferiores, tais como, o sexo. E ao perceberem, em si próprios, esta dualidade fundamental, esta oposição entre o lado superior do homem e o seu lado inferior de animal. E uma vez, tendo eles presenciados, que na natureza não há apenas coisas boas, mas também más, como os terremotos, as doenças, as tempestades, etc. Foram levados a atribuir as qualidades opostas, bem e mal, a Deus ou aos Deuses. E assim, passaram a conceber o bem e o mal, como exteriores a si próprios. Porém, como eram eles os escolhidos, deveriam ter algumas qualidades superiores, de origem divina, que os pobres animais não teriam. Assim, foram levados a cultuar todas as qualidades que não eram animais, e a detestar as que tinham esta, como origem.
Deste modo, não é de surpreender que o sexo tenha sido o alvo preferido. Pois de todas as nossas qualidades, talvez esta seja, direta ou indiretamente, a que compartilhamos com todas as formas de vida.
Assim, passaram a padronizar os comportamentos. A ditar, o certo e o errado. Tanto, que a doutrina católica, passou a classificar os tipos de coito. Aos que achavam indignos do homem, deram o nome, “coitus more canino”3, isto é, coito ao modo dos cães, às formas de relação sexual, em que lembram os animais, de quatro. A esta tarefa foi encarregado o tribunal da Santa Inquisição. Este tinha como finalidade, julgar e condenar à morte, na fogueira, todos aqueles que não concordavam com o tipo de separação entre o bem e o mal, proposta pela igreja. A inquisição católica foi um dos maiores exemplos de intolerância que se tem notícia. Por ela, foram condenados a morte, milhares de pessoas, pelo simples fato de pensarem diferente, de terem diferentes cultos, de se comportarem de modos diferentes, etc.                                    
Vale também notar, que tal pensamento ainda hoje possue uma forte influência em nossas vidas. Ele está presente, na luta entre o bem e o mal, dos filmes, dos games, das novelas, dos personagens de revista em quadrinhos, etc.
Ele nos leva, desde cedo, a dividirmos o mundo entre bem e mal, como se tal divisão fosse possível. Logo, este pensamento se multiplica numa variedade de preconceitos. Acreditamos firmemente que nós somos o bem, enquanto o mal são os outros. Pois, temos meios suficientes para justificarmos nossos motivos e crenças, nem que seja por meio do simples egoísmo ou a força. E assim, estigmatizamos como maus, como errados, como inferiores, povos, culturas, que mal compreendemos, pelo simples fato de serem diferentes.
De um modo geral, o pensamento maniqueísta ganhou uma forma nova. Ao definir aquelas pessoas ou tipos de pensamentos, que classificam os fatos sob uma dualidade oposta irreconciliável. Reduzindo a vida a oposições do tipo: direita / esquerda, branco / negro, desenvolvido / sub-desenvolvido, ocidente / oriente, raça superior / raça inferior, etc. E o que tem de comum com a forma antiga é que um lado deve destruir o outro, pois um é luz e o outro é trevas.
O pensamento maniqueísta, tanto no formato religioso, quanto na forma nova, deturpa a realidade, criando uma realidade que não existe. Pois, não existe uma linha divisória entre o bem e o mal, que nos possibilitasse diferenciar um do outro, claramente como quem diferencia um rato de um elefante.
O mundo não é tão simples assim. O que nos parece como o mal, em um primeiro momento, pode se revelar como o bem, e vice-versa.
Ao tentar classificar as pessoas como boas ou más, no fim descobrimos, que todas parecem ter um lado bom e um lado mau. Que o pior sujeito, em meio a tantos defeitos, pode ser um bom pai, um bom amigo, etc.
O pensamento maniqueísta, não possibilita a harmonia. Aquele que só consegue ver o mundo pelos óculos do bem e do mal, ou por outro par de opostos qualquer, não consegue dialogar, enfim se entender. Assim foi no passado, permanece no presente e provavelmente prosseguirá no futuro. Pelo menos, enquanto este pensamento se manter vivo.
Além disso, o bem e o mal dependem de quem julga. Os Palestinos são vistos como um mal para os judeus, assim como estes eram para os nazistas.
De fato, jamais houve uma guerra que não tenha sido feita em nome do que se acha correto, certo, ou do bem. Pelo menos para um dos lados. E qual dos lados estaria correto? Qual o critério para classificar o lado do bem? Estas respostas, verdadeiramente o maniqueísmo não pode nos dar, pelo menos de modo honesto, isto é, isento de racismo, de preconceitos, ou de outro interesse qualquer.
Santo Agostinho (354-430) que durante um certo período de sua vida foi maniqueísta, após ter deixado tal crença, relatou que jamais tinha encontrado paz em tal doutrina. Pudera! Estando a todo o momento cercado de oposições e mergulhado até a alma na guerra contra o mal, como pregava tal doutrina. Enfim, alcançou a paz ao descobrir que o mal, como oposição ao bem, não existe, e sim que o mal é apenas a ausência do bem. Portanto, não existiria para Agostinho, como queriam os maniqueístas, dois princípios poderosos e simultâneos a dominar o mundo: o bem e o mal, mas tão-somente Deus, infinitamente bom.
Em suma, o grande erro do maniqueísmo é não perceber que a oposição entre o bem e o mal não existe, que tal oposição surge de um acordo de palavras ou de elementos mal definidos. Se, por exemplo, chamarmos o mal de ausência de bem, o que de fato o é, como faz Santo Agostinho, tal oposição desaparece, já que para haver oposição é necessário que os dois elementos existam ao mesmo tempo, coisa que não acontece com o bem e a ausência de bem. O mesmo se dá com a luz e a escuridão. Se chamarmos a escuridão de ausência de luz, fica claro que a oposição entre luz e trevas, não poderá existir, já que como é dito um é a ausência do outro. E, portanto, esta oposição seria apenas simbólica, não existindo verdadeiramente. O que nos possibilitaria até a conceber o bem como ausência do mal, sem nenhum prejuízo. O que demonstraria, por sua vez, a origem errônea do dualismo maniqueísta.
Por outro lado, embora o maniqueísmo de modo errôneo reprima a natureza terrena do homem e cultive apenas sua natureza divina, concebendo em nós como o mal, o que é em nós, extremamente natural e necessário, como os instintos. Torna-se necessário reprimi-los com leis, que limite nosso natural egoísmo e sadismo. E que torne possível a vida em sociedade. Pois, como vemos nas guerras, ao afrouxar as leis da boa convivência, damos evasão ao nosso egoísmo e sadismo extremos. Contudo, o homem não apenas é capaz da mais alta crueldade, como da mais extrema bondade. Embora esta seja muito mais a exceção que a regra. Somos equipados pela natureza de sentimentos extremamente úteis à vida, sem os quais seria impossível viver. O primeiro mandamento da vida é viver e viver implica em se manter vivo. O que implica uma dose de egoísmo em bem viver, ou em manter-se vivo. Por isso, não é de estranhar que o egoísmo seja a causa da maioria dos crimes e que a virtude seja tão rara. Pois, é muito mais difícil pensar no outro, do que em si próprio.
O bem e o mal na natureza não existem. O que chamamos de mal, na natureza é um fator extremamente importante para o seu funcionamento. A morte, por exemplo, é extremamente importante à vida, pois sem aquela a vida não existiria: a morte alimenta a vida. Portanto, o bem e o mal dependem do homem.  
Assim, do mesmo modo, que Santo Agostinho, ao descobrir que o mal em relação ao bem não existe, podemos descobrir que o bem e o mal, só existem no homem. O mal, como egoísmo, como ignorância. E o bem, como harmonia.

FONTES:
1. Tirado da nota 104 das CONFISSÕES – Santo Agostinho/Coleção Os Pensadores - Nova Cultural
2. www.xr.pro.br/ensaios: maniqueísmo
3. Dicionário da Vida Sexual/Volume 2                 


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A TV BRASILEIRA VISTA PELOS ESTRANGEIROS (Por Bosco Silva)



É assustador como o mundo vê o povo brasileiro é o que podemos sentir conferindo o vídeo abaixo, em que uma repórter inglesa, Daisy Donovan, interpreta o modo de pensar de nosso povo através de nossos programas de televisão, em que os destaques de nossa programação se baseia na exploração do corpo feminino e da violência. Donovan, por exemplo, se surpreende ao constatar que o horário do almoço, horário que devia ser dedicado ao relaxamento, é tão explorado por emissoras de televisão com programas policiais, com suas histórias de assassinatos e cenas explícitas de cadáveres expostos em vias públicas. Concluindo que "este país não é para fracos!"


terça-feira, 10 de setembro de 2013

ESTRANHOS PRAZERES (de Bosco Silva)



Este conto é inspirado na vida de Tereza Brant, que de uma bela mulher tornou-se um belo homem.
Havia alguns meses que Danilo não se encontrava com Roberto, amigo de longa data, devido a estas tarefas da vida que nos faz afastarmos de quem amamos.  Porém, naquele dia, Danilo resolveu visitá-lo, encontrando-o em sua casa em plena tarefa doméstica.
- Estás solteiro novamente? - inquiriu Danilo vendo o amigo estendendo as roupas no varal como um solteirão solitário.
- Ainda não.
- Então, continuas com a Joana?
- Deixe-a, já faz alguns meses.
- Pensei que estivesse solteiro, pois é a primeira vez em anos que o vejo a estender suas roupas.
- Não são minhas, não.
- Ah então moras com um amigo? E deve ser um grande amigo já que estás a estender suas cuecas! - disse o amigo desconfiado.
- São do meu amorzinho.
Nesse momento Danilo assustou-se:
- Não acredito Roberto que te tornaste viado!
Roberto pôs-se a rir.
- Ainda não cheguei a tanto.
- Então de quem são?
- São da Têtê.
- Têtê?
- Tereza. É que ela prefere cuecas, sabe como são as mulheres.
Danilo achou estranho mas não repreendeu tal gosto; pois lembrou-se que sua mulher sempre reclamava de suas peças íntimas, dizendo que marcavam e apertavam em demasia. Levantou-se então e foi em direção de algumas fotos que estavam sobre um móvel.
- Vejo que é uma mulher bastante atraente - disse com uma das fotos na mão.
- Não é ela não.
- Então quem é.
- É uma das namoradas dela.
- Dela?!
- Bem... - disse Roberto enxugando as mãos e indo sentar-se ao lado do amigo -, Tereza é lésbica.
- Lésbica! Pera lá deixa ver se eu entendi bem - exclamou Danilo confuso. - Então você mora com uma mulher que gosta de mulheres?
- Sim, não pude evitar, temos os mesmos gostos: torcemos pelo mesmo time, gostamos do mesmo tipo de mulher e da mesma cerveja, e até calçamos o mesmo número de sapato!
- E o fio-terra, hein? - disse Danilo com risadas.
- Estas são sempre opiniões de quem nunca comeu uma lésbica...
- E como é o sexo entre vocês?
- Como qualquer sexo entre homem e mulher.
- Mas como pode uma lésbica se relacionar com um homem, Roberto?
- Bem, como qualquer mulher. E assim como nem todas dão por puro prazer, Tereza também; há outros interesses...
- Outros interesses!, sei - repetiu Danilo balançando os bolsos. - Bem, mas seja como for, me parece ser problema seu. - Mas conte-me o que o levou a se relacionar com uma lésbica?
- Quando Joana me deixou descobri que o ciúme fora o grande motivo, pois ela sempre atraia olhares com sua beleza; o que me aborrecia. Desejava que ela fosse bela sem atrair tantos olhares masculinos. O que me parecia impossível.
- Sei.
- Mas quando vi Tereza descobri que, sim, que isto era possível já que ela atraia apenas olhares femininos.
- E como a conheceste?
- Cantamos a mesma mulher juntos um dia durante uma partida de futebol. Não pude, ao vê-la assobiar por aquela mulher, recriminá-la por ter bom gosto. E quando a vi com a mesma camisa do meu time preferido, me apaixonei por ela no mesmo instante. Convidei-a então pra sair.
- Sei... sei...
- Sabe, cantar uma lésbica não é apenas cantar um mulher, é sedução à segunda potência; é um duplo desafio, e tu sabes que eu sempre gostei de desafios. Além disso, há outras vantagens...
- Que vantagens, Roberto?
Nesse instante Tereza chega com uma bela mulher.
- Sempre dividimos nossas conquistas.

TEREZA ATUALMENTE

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

NÃO ENTRES NESSA NOITE ACOLHEDORA COM DOÇURA (de Dylan Thomas)



Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Pois a velhice deveria arder e delirar ao fim do dia;
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

Embora os sábios, ao morrer, saibam que a treva
                                               [ lhes perdura,
Porque suas palavras não garfaram a centelha
                                               [ esguia,
Eles não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os bons que, após o último aceno, choram pela
                                               [ alvura
Com que seus frágeis atos bailariam numa verde
                                               [ baía
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

Os loucos que abraçaram e louvaram o sol na etérea
                                               [ altura
E aprendem, tarde demais, como o afligiram em sua
                                               [ travessia
Não entram nessa noite acolhedora com doçura.

Os graves, em seu fim, ao ver com um olhar que os
                                              [ transfigura
Quanto a retina cega, qual fugaz meteoro, se
                                              [ alegraria,
Odeiam, odeiam a luz cujo esplendor já não fulgura.

E a ti,meu pai, te imploro agora, lá na cúpula
                                              [ obscura,
Que me abençoes e maldigas com a tua lágrima
                                              [ bravia.
Não entres nessa noite acolhedora com doçura,
Odeia, odeia a luz cujo esplendor já não fulgura.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

LANÇAMENTO: "HISTÓRIAS QUE NOSSAS MÃES NÃO NOS CONTAM" (Por Bosco Silva)



APRESENTAÇÃO
Rir ainda é uma das melhores coisas que o homem pode fazer na vida. E diferentemente do amor, outro elemento fundamental da vida, pode-se exercê-lo sem a insatisfação de não ser correspondido; e obtendo, até bem mais que o sexo, a mais plena satisfação com isso.
Deste modo, parafraseando Nietzsche, eu diria: "sem humor a vida seria um grande erro". Pois o humor tem este poder divino de nos fazer suportar as desventuras da vida, os defeitos alheios e, principalmente, os defeitos próprios.
E sabendo como ninguém disso, o autor de Histórias Que Nossas Mães Não Nos Contam traz para seus leitores vinte contos com este ingrediente divino distribuído em quatro formas:
Humor Erótico;
Humor Irônico;
Humor Sarcástico;
Humor Negro.
São histórias que irão lhe fazer provar um pouco deste verdadeiro manjar dos deuses.

EM BREVE...  

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

A FABULOSA ARTE DE DESTRUIÇÃO HUMANA (Por Bosco Silva)



Para o escritor francês Marquês de Sade o sadismo é um impulso natural que, em menor ou maior grau, está presente em todos os seres humanos; que tanto pode dar prazer a um déspota, provocando-lhe sentimento de superioridade perante seus semelhantes, como também a um assassino que subjuga sua vítima, forçando-a a se submeter aos seus desejos; ou ainda, como um estimulante de prazer sexual com que um casal, por meio de chicotes e algemas, apimenta a relação a dois com joguinhos sexuais de submissão e autoridade. E se por meio dele se obtém prazer, é porque, segundo Sade, para a natureza é algo necessário, uma vez que o prazer é o modo pelo qual a natureza nos faz seguir seus desígnios, suas prescrições, como bem podemos ver no sexo.

MASSACRE DE CRIANÇAS NA SÍRIA COM BOMBAS QUÍMICAS
O prazer e a dor, a vida e a morte, sempre andaram juntas, tanto nas histórias individuais quanto da humanidade. Os antigos espetáculos de sangue, oferecidos ao divertimento público de Roma, em que indivíduos eram mortos, torturados ou devorados por leões, são agora substituídos por lutadores que, com seu sangue e golpes certeiros, comprazem ao público. Ao mesmo público que, “modernos e civilizados”, assistem com um prazer mórbido o resultado de um acidente de carro, em que corpos estão mutilados.


ACIMA, DOIS MODOS DE SATISFAZER O SADISMO HUMANO
Por meio de guerras, vícios, poluição, destruição da natureza, ou pelo puro egoísmo, exercemos nosso sadismo em mil formas de ardis, formas perfeitas de destruição, tão evoluídas que a fabulosa arte da destruição humana adquiriu poder jamais visto: agora não só podemos destruir povos inteiros, como a humanidade toda. Eis o grande mérito de Sade, o de mostrar esta faceta obscura da mente humana, que a cada dia torna-se mais clara: o homem é um ser autodestrutivo que obtém prazer com isso.