Este conto é inspirado na vida de Tereza Brant, que de uma
bela mulher tornou-se um belo homem.
Havia alguns meses que Danilo
não se encontrava com Roberto, amigo de longa data, devido a estas tarefas da
vida que nos faz afastarmos de quem amamos.
Porém, naquele dia, Danilo resolveu visitá-lo, encontrando-o em sua casa
em plena tarefa doméstica.
- Estás solteiro
novamente? - inquiriu Danilo vendo o amigo estendendo as roupas no varal como
um solteirão solitário.
- Ainda não.
- Então, continuas com a
Joana?
- Deixe-a, já faz alguns
meses.
- Pensei que estivesse
solteiro, pois é a primeira vez em anos que o vejo a estender suas roupas.
- Não são minhas, não.
- Ah então moras com um
amigo? E deve ser um grande amigo já que estás a estender suas cuecas! - disse
o amigo desconfiado.
- São do meu amorzinho.
Nesse momento Danilo assustou-se:
- Não acredito Roberto
que te tornaste viado!
Roberto pôs-se a rir.
- Ainda não cheguei a
tanto.
- Então de quem são?
- São da Têtê.
- Têtê?
- Tereza. É que ela
prefere cuecas, sabe como são as mulheres.
Danilo achou estranho mas
não repreendeu tal gosto; pois lembrou-se que sua mulher sempre reclamava de
suas peças íntimas, dizendo que marcavam e apertavam em demasia. Levantou-se
então e foi em direção de algumas fotos que estavam sobre um móvel.
- Não é ela não.
- Então quem é.
- É uma das namoradas
dela.
- Dela?!
- Bem... - disse Roberto
enxugando as mãos e indo sentar-se ao lado do amigo -, Tereza é lésbica.
- Lésbica! Pera lá deixa
ver se eu entendi bem - exclamou Danilo confuso. - Então você mora com uma
mulher que gosta de mulheres?
- Sim, não pude evitar, temos
os mesmos gostos: torcemos pelo mesmo time, gostamos do mesmo tipo de mulher e da
mesma cerveja, e até calçamos o mesmo número de sapato!
- E o fio-terra, hein? -
disse Danilo com risadas.
- Estas são sempre
opiniões de quem nunca comeu uma lésbica...
- E como é o sexo entre
vocês?
- Como qualquer sexo
entre homem e mulher.
- Mas como pode uma
lésbica se relacionar com um homem, Roberto?
- Bem, como qualquer
mulher. E assim como nem todas dão por puro prazer, Tereza também; há outros
interesses...
- Outros interesses!, sei
- repetiu Danilo balançando os bolsos. - Bem, mas seja como for, me parece ser
problema seu. - Mas conte-me o que o levou a se relacionar com uma lésbica?
- Quando Joana me deixou
descobri que o ciúme fora o grande motivo, pois ela sempre atraia olhares com
sua beleza; o que me aborrecia. Desejava que ela fosse bela sem atrair tantos
olhares masculinos. O que me parecia impossível.
- Sei.
- Mas quando vi Tereza
descobri que, sim, que isto era possível já que ela atraia apenas olhares femininos.
- E como a conheceste?
- Cantamos a mesma mulher
juntos um dia durante uma partida de futebol. Não pude, ao vê-la assobiar por
aquela mulher, recriminá-la por ter bom gosto. E quando a vi com a mesma camisa
do meu time preferido, me apaixonei por ela no mesmo instante. Convidei-a então
pra sair.
- Sei... sei...
- Sabe, cantar uma
lésbica não é apenas cantar um mulher, é sedução à segunda potência; é um duplo
desafio, e tu sabes que eu sempre gostei de desafios. Além disso, há outras
vantagens...
- Que vantagens, Roberto?
Nesse instante Tereza
chega com uma bela mulher.
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