domingo, 29 de setembro de 2013

O QUE VOCÊ FAZ QUANDO NINGUÉM ESTÁ OLHANDO? - Caso 2: Um Crime Quase Perfeito (de Bosco Silva)



Francisco acordou com uma baita vontade de urinar. Olhou o relógio eram três horas da madrugada. Acendeu a luz e pôde ver que estava em um quarto estranho, trancado à chave e, pior, sem banheiro. Francisco não sabia dizer o porquê nem como havia parado ali. Procurou ao redor algo que pudesse servi-lhe de banheiro, não encontrando. Olhou ao lado, viu que havia uma criança de colo sem fraldas dormindo em seu pequeno berço. Foi quando viu um bilhete sobre a cabeceira da cama. Tomou-lhe em suas mãos e leu-o atentamente. Nele, uma letra de mulher, dizia: “Fui ao supermercado comprar fraldas. Não demoro. Roberta”. Francisco então pôde lembrar-se que havia conhecido Roberta durante a noite que ainda não acabara e que após algumas cervejas ela havia-lhe convidado para ir a sua casa.

Francisco se apertava, tentava não pensar na grande vontade de urinar que havia se instalado em seu corpo. Olhava o relógio insistentemente, os minutos passavam angustiantemente: não via a hora da mãe do bebê voltar. Pensou em urinar na parede como fazia nas ruas, mas morreria de vergonha quando ela voltasse. Foi quando teve uma ideia mirabolante, que julgou ser a ideia mais inteligente que teve na vida: 
Tomou a criança nos braços e deixou-a sobre a cama onde estava. E urinou sobre o pequeno berço vazio. Francisco, enquanto sentia o maravilhoso prazer do alivio, se sentia como o homem mais inteligente do mundo naquele instante, pois quem iria desconfiar que havia sido ele e não o bebê quem havia urinado. Voltou para a cama aliviado, pegou o bebê em seu colo rumo ao berço, foi quando sentiu algo estranho: o bebê havia, na cama, defecado.

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