quarta-feira, 20 de maio de 2015

O MISTÉRIO DA PEQUENA OFÉLIA



APÓS UMA ESTRANHA GRAVIDEZ de apenas cinco meses, nasceu Ofélia, o mais jovem membro de uma nobre família inglesa, que contava entre seus antepassados com antigos cavaleiros, que com intrépida coragem haviam expulso turcos sanguinários dos negros bosques da Transilvânia, por meio dos cortantes fios de espadas.
Quando a pequena Ofélia viu a luz pela primeira vez, sua mãe, por uma estranha coincidência,  fechou os olhos para a vida, após cinco meses de terrível agonia: dores horríveis, alucinações e profundo sonambulismo, que lhe acarretava todas as noites, conduzindo-a para fora de seu castelo, em profundos êxtases, fazendo-a percorrer densos bosques, embrenhar-se por entre gigantescos carvalhos e penetrar em um antigo cemitério e, por fim, ser vista nua, deitada, sobre o túmulo de um ancestral guerreiro celta, ao nascer do dia.



Contam-se que a pequena criança havia nascido estranhamente com os olhos abertos a evitar contato com a luz; e quando luzes de velas eram postas próximas a ela parecia irritar-se, mesmo com a tênue luz da lua, fazendo-a gesticular e soltar gritos terríveis que ecoavam através do espesso véu da noite.
Ofélia foi entregue aos cuidados de dezenas amas e mães de leite que alimentavam seu prodigioso apetite. A menina mamava com voracidade até os seios sangrarem. E enquanto mais saudável Ofélia ficava, magras e doentias, a olhos vistos, sua amas ficavam. E em meio a esta estranha mistura de sangue e leite, Ofélia cresceu com um singular gosto pelo primeiro.


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