O MEDO E A LITERATURA DE
TERROR
O
famoso escritor americano de terror H. P. Lovecraft já nos advertia: "A
emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e
mais antiga de medo é o medo do desconhecido. Poucos psicólogos contestarão
esses fatos e a sua verdade admitida deve firmar para sempre a autenticidade e
dignidade das narrações fantásticas de horror como forma literária".
Taí
alguém que sabia muito bem do que dizia, pois sua obra está há décadas
conquistando cada vez mais novos leitores com seu terror baseado no primitivo
medo do desconhecido; um terror psicológico estendido para todo o universo, que
até mesmo tem originado novas religiões.
H. P. Lovecraft e uma de Suas Criaturas |
O
medo, este sentimento tão primitivo do ser humano, não é em si um mal, ele é um
artifício dado pela natureza como uma forma de nos proteger do perigo, criando
reações biológicas, capazes de nos levar a reações rápidas de defesa, que
certamente foi tão importante aos nossos primitivos ancestrais. Contudo, quando
esta mesma reação é levada para a arte, como forma de diversão, uma importante pergunta
surge:
Como
é possível sentirmos prazer com algo que em princípio é descrito como
desagradável, o MEDO? E como seria isto possível?, já não bastaria estarmos
rodeados do perigo das simples atividade do dia a dia: na possibilidade de um
assaltante ao dobrar a esquina, ou durante a simples ida a um banco?
O Escritor Edgar Allan Poe demonstrou por Meio de sua Obra
que a Razão e a Loucura são Separadas por uma Tênue Linha Demarcatória
|
Simples:
o medo tem o grande poder de quebrar a banalidade e a monotonia de nossas
vidas, trazendo sentimentos fortes a ela; e o leitor de histórias de terror é
alguém que, antes de tudo, busca na literatura algo que chacoalhe seus
sentimentos, que lhe faça sair imaginativamente de sua zona de conforto; como
alguém que embarca em uma montanha-russa em busca de emoções fortes, sabendo
que irá senti-las mas na total segurança de sua poltrona; ou aquele que assisti
a um filme de terror em meio à segurança de uma sala de cinema.
Stephen King Explora o Medo Infantil, que Continuaria na Fase Adulta, em suas Obras |
E neste processo de se relacionar, não apenas
com o medo primitivo de que nos fala Lovecraft, mas também com o medo moderno
de nosso dia a dia, a literatura de terror, como bem viu Braulio Tavares, funcionaria
como uma espécie de vacina contra o próprio sentimento de medo, pois ela nos faria
lidar melhor com os nossos medos particulares, nos ensinando a identificar as
ameaças verdadeiras, “a controlar as descargas químicas que ela produz em nosso
organismo. É um processo educativo como qualquer outro, uma experiência virtual
que nos prepara para encarar com segurança as experiências reais que um dia
virão”.
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