segunda-feira, 21 de agosto de 2017

RESENHA DO LIVRO E DO FILME “O PERFUME, HISTÓRIA DE UM ASSASSINO”



RESENHA DO LIVRO E DO FILME “O PERFUME, HISTÓRIA DE UM ASSASSINO”

“No século XVIII viveu na França um homem que pertenceu a galeria das mais geniais e detestáveis figuras daquele século nada pobre em figuras geniais e detestáveis. A sua história é contada aqui”.


Assim começa um dos melhores romances escritos nos últimos 30 anos, “O Perfume, História de um Assassino”, de Patrick Süskind.


O livro conta a história de Jean-Baptiste Grenouille, quinto filho rejeitado por sua mãe que, como os anteriores, nasceu em meio a tripas de peixe, de baixo da barraquinha de cortar peixe, trabalho de sua mãe. Porém, diferentes dos outros, Grenouille nasceu vivo. E com seu primeiro grito pela vida, levou sua mãe a morte por infanticídio.



Assim, no mais fedorento lugar de Paris, no maior mercado desta, em meio a tripas e restos de peixes, próximo ao maior cemitério da França, a exalar cheiro de corpos pútridos, nasceu Jean-Baptiste Grenouille com um talento que o fará ser um gênio da perfumaria: um super olfato, capaz de diferenciar objetos a uma grande distância, e mais do que isso, ser capaz de captar a alma e a essência humana, apesar de ter nascido sem cheiro, o que o leva ao angustiante sentimento de ser capaz de conhecer a alma humana de todos menos a sua.



Seu talento o levará a criar os mais magníficos perfumes, capazes não apenas de perfumar, mas de seduzir, e a desejar criar o melhor de todos os perfumes, jamais feito, com o poder de fazer todos o amar como a um deus, extraído de belas mocinhas, da essência da própria beleza.


O que chama atenção no livro “O Perfume”, além de sua ótima história, claro, são as descrições de cheiros usadas pelo escritor, que não se prende apenas a cheiros agradáveis, como os perfumes de flores e doces eravas, mas também a cheiros repulsivos; suas descrições são tão vivas que já li o testemunho de leitores, com alergia a perfumes,  terem que abandonar sua leitura por esta provocar sintomas de alergia nestes; sua descrição da Paris do século XVIII, é fantástica:





“Na época de que falamos, reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós hoje. As ruas fediam a merda, os pátios fediam a mijo, as escadas fediam a madeira podre e bosta de rato; as cozinhas, a couve estragada e gordura de ovelha; sem ventilação, salas fediam a poeira, morfo; os quartos, a lenções sebosos, a úmidos colchões de pena, impregnados do odor azedo dos penicos. Das chaminés fediam a enxofre; dos cortumes, as lixívias corrosivas; dos matadores fediam o sangue coagulado. Os homens fediam a suor e a roupas não lavadas; da boca eles fediam a dentes estragados, dos estômagos fediam a cebola e, nos corpos, quando já não eram mais bem novos, a queijo velho, a leite azedo e a doenças infecciosas. Fediam os rios, fediam as praças, fediam as igrejas, fediam sob as pontes e dentro dos palácios. Fediam o camponês e o padre, o aprendiz e a mulher do mestre, fedia a nobreza toda, até o rei fedia como um animal de rapina, e a rainha como uma cabra velha, tanto no verão quanto no inverno. Pois a ação desagregadora das bactérias, no século XVIII, não havia sido ainda colocado nenhum limite e, assim, não havia atividade humana, construtiva ou destrutiva,, manifestação alguma de vida, a vicejar ou a fenecer, que não fosse acompanhada de fedor”.




O mundo, pois, que se prende o livro, diferente de todos os outros que se prendem ao usado de nossos sentidos, a visão, é visto pelo sentido que poucos dão atenção: o fugaz mundo do olfato.





O filme aproveita muito bem a história do livro, sendo bastante fiel a este, embora, como sempre acontece, não traga todas as informações daquele, porém, é um excelente filme.

Assista agora ao Filme:



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