sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

TERIAM SIDO OS GRANDES FUNDADORES DE RELIGIÕES ESQUIZOFRÊNICOS?



TERIAM SIDO OS GRANDES FUNDADORES DE RELIGIÕES ESQUIZOFRÊNICOS?


Febrônio (nome completo: Febrônio Índio do Brasil) nasceu em 1895 e morreu em 1984. Foi um assassino brasileiro pedófilo e que abusou e matou crianças e adolescentes do sexo masculino, no final da década de 1920. Febrônio tinha a frase “Eis o Filho da Luz” tatuada no peito e também tatuava suas vítimas com a inscrição DCVXVI - que também tinha sido tatuada em sua barriga, e que, segundo ele, significava Deus, Caridade, Santidade, Vida, e Imã da Vida - antes de estuprá-las ou matá-las. Febrônio era esquizofrênico e mentiroso compulsivo, ouvia vozes que o levava a matar suas vítimas.



Em 1919, Febrônio foi preso pela primeira vez por roubo, fraude, furto (ele ainda não havia começado a matar) no presídio da Ilha Grande no Rio de janeiro. Durante sua estadia na prisão Febrônio relatou ter tido a visão de uma senhora de cabelos longos e loiros que o havia escolhido como “o filho da luz”, e dado a ele a missão de “declarar a todos que Deus não havia morrido”. Foi a senhora de cabelos longos e loiros que também o mandou tatuar em si próprio, e em meninos, a inscrição DCVXVI; foi também ela que o ensinou seu significado.


Após um longo caminho feito de crimes, que iam ficado cada vez mais graves, Febrônio foi preso pelo assassinato de dois adolescentes que ele os havia estuprados antes, e que Febrônio explicou que haviam sido assassinados “em holocausto ao deus-vivo, símbolo de sua religião”.


Mas o que faz um assassino em um texto sobre fundadores de religiões? É que no auge de sua loucura, Febrônio criou uma espécie de religião, e escreveu um livro que representava sua nova religião, uma espécie de evangelho escrito em como invocações, em que ele próprio se apresentava ao mundo como “o filho da luz”, o livro  intitulado “As Revelações do Príncipe do Fogo”, que havia sido escrito durante sua estadia no presídio de Ilha Grande; livro que  o próprio autor passou a vender pelas ruas do Rio de Janeiro quando foi solto, e que, após seus assassinatos, a polícia destruiu todos seus exemplares.


É dessa forma que em seu livro Febrônio descreve a revelação de sua missão:


“... o bramido poderoso de uma voz vivente, o Santo Tabernaculo-vivo Oriente reconheceu entre as muralhas de uma ilha encarcerado [presídio de Ilha Grande], o menino-vivo Oriente, o herdeiro de umas harpas-vivas que cantam sem descanso noite e dia dizendo que é voltado o anjo-vivo do monte-santo…”


E mais: “... eis a maior prova de uma gratidão imensa, o Santo Tabernaculo-Vivo Oriente, buscou entre os homens mais infelizes, o menino insignificante de valor tão precioso…”


O que chama atenção no livro criado por Febrônio é que ele foi, admirado por importantes intelectuais brasileiros como o crítico literário Sérgio Buarque de Holanda, e por escritores importantes como Mário de Andrade, que em uma cópia sua do livro, guardada em sua biblioteca, escreveu elogios em suas páginas, denominando-o de “admirável” e “erudição deliciosa”!


ESQUIZOFRENIA E ARTE


"O Grito", de Advard Munch
O caso de Febrônio é um caso exemplar da associação de formas de distúrbios mentais - no caso a esquizofrenia - com a religiosidade; e não apenas isso, as alucinações e delírios causados pela esquizofrenia em portadores deste distúrbio mental tem também profunda afinidade com a arte; como não lembrar das belas imagens distorcidas dos quadros em que Van Gogh deixou registros dos sintomas desta doença; ou do quadro “O Grito”, do pintor esquizofrênico Advard Munch, que retrata toda a angústia e desespero sentido, sem dúvida, pelo próprio pintor; sem esquecermos do pintor inglês Louis Wain, que passou seus últimos 15 anos internado em instituições psiquiátricas, e cujos quadros foram inspirados em suas alucinações, se dedicando a desenhar gatos com trejeitos humanos e com olhos alucinados de psicóticos.

Quadro de Louis Wain
Podemos até dizer que muito da criatividade e novidade de suas pinturas se deve a esquizofrenia.


Auto Retrato de Van Gogh

E assim como Van Gogh e demais pintores esquizofrênicos, foi este lado criativo da esquizofrenia que fascinou intelectuais brasileiros na obra de Febrônio.


ESQUIZOFRENIA E RELIGIÃO


Os principais sintomas da esquizofrenia são : alucinações visuais e auditivas; comportamento sociais estranhos; perda de poder de definir o que é real do que é irreal.


Todos esses sintomas estão presentes no caso de Febrônio:


Alucinações Visuais: a visão descrita por ele da mulher de cabelos longos loiros na prisão;
Alucinações Auditivas: a ordem recebida por ele de tatuar em si próprio, e em meninos, a mensagem DCVXVI, e de ter a missão de mostrar a todos que Deus não havia morrido;
Comportamentos Sociais Estranhos: comportamento originado da perda de seu poder de discriminar o que é real das alucinações provocadas pela esquizofrenia.


Há muitas semelhanças entre a visão concebida por Febrônio na prisão e as visões religiosas descritas por famosos fundadores de religiões, assim como sua missão religiosa, como a famosa conversão de Paulo de Tarso (o mais importante apóstolo do Cristianismo, sem o qual o Cristianismo não seria o que é hoje), que à caminho de Damasco, cai ao chão, é ofuscado por uma luz intensa, ouvi a voz de Cristo lhe dizer “Saulo (nome seu antes de sua conversão) por que me persegues”, não enxerga por três dias, não come nem bebe durante esse tempo. Mas tarde sua visão é restabelecida pela visita de Ananias, um cristão que Paulo acredita ter sido enviado por Deus. Após isso, Paulo se dedica a propagar a crença em Cristo.


É certo que doenças mentais são tão antigas quanto os seres humanos, porém nem sempre tiveram a mesma explicação com que as explicamos hoje, em termos de mal funcionamento do cérebro, e a ideia de curá-la com remédio é algo muito recente. Em geral, as doenças mentais eram vistas como perturbações espirituais, possessões espirituais, e assim como o sonho, alucinações provocadas por esquizofrenia poderiam ser vistas como mensagens de deuses; basta dizer que a epilepsia, em tempos anteriores de Cristo, já foi chamada de “doença divina”.


Os sintomas descritos na conversão de Paulo já foram descritos como sintomas clássicos de histeria. No caso da histeria os dramas psicológicos do indivíduo tornam-se tão intensos que se manifestam fisicamente através da paralisia de algum membro do corpo, cegueira e surdez momentâneas etc. E não é incomum que  outros distúrbios psicológicos venha acompanhado de esquizofrenia, o que poderia explicar suas alucinações.


Ao Centro, o Pastor Jim Jones

Fatos que também poderiam explicar alucinações descritas por Moisés, Maomé, fundadores de grandes religiões, e até acontecimentos trágicos de líderes modernos de seitas, como a loucura que parece ter se instalado no pastor Jim Jones que em um surto de loucura levou toda sua comunidade de 918 seguidores a se suicidar junto com ele tomando veneno em sua comunidade na Guiana, em 1978.


Corpos das Dezenas de Seguidores de Jim Jones Mortos por Envenenamento

A religião por si só já possui elementos naturais, como a crença em seres invisíveis e fantásticos, a fé cega sem critérios de realidade, a crença no maravilhoso, etc., elementos que por sua natureza fantástica e semelhança com alucinações, possui uma maior afinidade com alucinações provocadas por perturbações mentais; não que todo religioso seja um louco, mas, por tal semelhança, explica-se a grande quantidade de perturbações mentais associadas ao imaginário religioso. E assim, como Febrônio, que com seus escritos, em pleno séc. XX, chamou a atenção de pessoas cultas de seu tempo, grandes religiões de hoje poderia ter surgido das alucinações de líderes religiosos carismáticos que acabou encontrando em devotos sãos apoios para suas loucuras.


O que torna inevitável a pergunta:


TERIAM SIDO OS GRANDES FUNDADORES DE RELIGIÕES PESSOAS ESQUIZOFRÊNICAS?

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