domingo, 17 de novembro de 2019

A PROSTITUTA QUE VIROU SANTA DO CEMITÉRIO DA SAUDADE EM CAMPINAS


A PROSTITUTA QUE VIROU SANTA DO CEMITÉRIO DA SAUDADE EM CAMPINAS
Nasce na cidade de Campinas, em 1911, Maria Jandira dos Santos, moça rica que bastante jovem foi abandonada pela família conservadora. De beleza arrebatadora, usou este dote para sobreviver. Era ainda menor de idade quando, por falta de opção e uma certa vocação, entrou para o meretrício.

Divertia os homens em um casarão localizado à rua Visconde de Rio Branco 631, na pensão da cafetina Laudelina. Não fosse o trágico desfecho de sua vida, sua história seria desconhecida como a de tantas outras garotas que se prostituem.

No entanto, certo dia, Maria Jandira conheceu um rico construtor da cidade, chamado Carlos Pereira, que se apaixonou pela linda jovem. Ele logo propôs casamento à moça, prometendo que a tiraria “daquela vida”. Acreditando nas promessas do amado, Maria Jandira entregou-se loucamente ao amor. Porém, porque há sempre um porém, o rapaz não resistiu às pressões sociais e desfez o noivado, desaparecendo da sua vida.

Decepcionada e sem suportar a dor da rejeição, a jovem trancou-se em seu quarto, arrumou-se com o belo vestido confeccionado para o casamento, e derramou álcool sobre toda a cama e sobre seu corpo, ateando fogo em seguida. Maria Jandira morreu vestida de noiva, com apenas 23 anos.



O acontecimento foi uma verdadeira comoção na cidade de Campinas. Sem parentes, os amigos da moça cuidaram do velório. Só sobrou uma recordação dela, uma fotografia, a única coisa que não queimou e foi salva daquele trágico incêndio que pôs fim à sua existência. É este retrato que fica sobre seu túmulo, o de número 298, localizado na quadra 28 do Cemitério da Saudade.

Com o passar do tempo, a moça, de prostituta passou a santa milagreira: seu túmulo recebe a visita de centenas de pessoas que, na grande maioria, tiveram desilusões amorosas, sofrem por amor e buscam um milagre por seu intermédio.
Sua sepultura está repleta de placas de agradecimento por graças alcançadas. Há ainda uma curiosidade: os devotos depositam em seu túmulo apenas flores, jamais velas, porque, afinal, ela morreu queimada.

Esta história, que teve início em 1934, continua até os dias de hoje. Muitos vão ao túmulo de Maria Jandira, a prostituta que virou santa, para fazer seus pedidos. Mas poucos sabem o que ocorre nas madrugadas sombrias do Cemitério da Saudade.

José Anselmo, segurança de 56 anos que trabalha no local há mais de 20 anos, disse que lá acontecem coisas macabras. Contou que logo que começou a trabalhar no cemitério viu a aparição do fantasma de uma mulher:

“Uma noite, me avisaram que tinha uma pessoa dentro do cemitério, era por volta da meia-noite, fazia muito frio e havia um pouco de névoa, o que impedia que eu enxergasse com clareza.

Vi, com esses olhos que a terra há de comer um dia, uma mulher muito bonita que andava entre os túmulos e chamava o nome de um homem.

No começo achei que era alguém que tivesse marcado um encontro lá, àquela hora. Tem doido pra tudo nessa vida. Vem gente até fazer sexo aqui no cemitério. As pessoas bebem e deixam garrafas, preservativos, fazem de tudo.

Bom, voltando à história, fui atrás da mulher que sumia entre as quadras, até que parei, cansado, e senti algo atrás de mim, um bafo frio na nuca. Foi um dos piores momentos da minha vida, fiquei tão apavorado que achei que também ia bater as botas. Tirei a arma do coldre, virei e lá estava a mulher vestida de noiva, perguntando se eu era o Carlos. Ela falava, mas sua boca não se mexia e a voz parecia que estava dentro do meu cérebro. Sem tempo de responder, num piscar de olhos, ela sumiu no meio da neblina. Corri atrás dela e a vi virar uma labareda na quadra 28, sumindo próximo ao túmulo da conhecida Maria Jandira.



Caminhei até lá e quando vi a foto era a mesma mulher que havia falado comigo. Fiquei uns tempos afastado do trabalho, mas com a ajuda dos psicólogos e de Deus, consegui voltar. Até hoje, às vezes vejo uns vultos. Mas como daquela vez, nunca mais aconteceu. Porém, muita gente fala que vê o espírito da Maria Jandira vagando por aqui, sempre à procura do noivo que a abandonou antes do casamento, motivo da sua morte trágica”, finalizou José Anselmo.

Fontes do texto do historiador e escritor Eduardo Pin
Texto e Fotos: Dino Menezes (Copyright / Todos os Direitos Reservados)

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