terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

A LENDA DE CAMILLE MONFORT: Um Romance Gótico Vampiresco e Amazônico




A LENDA DE CAMILLE MONFORT: Um Romance Gótico Vampiresco e Amazônico

Embora a cidade de Belém houvesse se tornando uma das cidades mais prósperas e modernas do Brasil durante o ciclo da borracha (1870 a 1920), quanto aos direitos das mulheres, continuava tão atrasada quanto qualquer outra cidade brasileira da época. Mulheres eram criadas, antes de tudo, para serem boas esposas e mães; estudar, adquirir conhecimento e ter uma profissão, era tão impensado a elas quanto não casar ou ser mãe solteira.



Por isso, em 1896,  a vinda da cantora lírica francesa Camille Monfort (1869 - 1896) para a cidade de Belém, para concertos no Theatro da Paz, causaria um imenso alvoroço. 

Camille não possuía o comportamento de uma mulher de sua época: era instruída, extrovertida, uma sufragista que defendia o direito ao voto feminino e, sobretudo, era uma mulher de espírito livre que adorava se refrescar seminua sob a chuva da tarde, levando esposas a tapar os olhos de seus maridos quando a viam; os mesmos que, à noite, após seus concertos no Theatro da Paz, lhes enviavam buquês de flores com perfumados bilhetinhos.



Chamou também a atenção os seus passeios noturnos, com seu longo vestido negro à beira do Rio Guajará em noites de lua cheia. 

Para aonde ia, sempre fora um grande mistério, nunca revelado mesmo por aqueles que a seguiam, pois ela parecia desaparecer dentro da noite feito um animal noturno.

As mocinhas queriam vestir-se como ela, abusavam de vestidos negros, deixando de lado o modo francês de se vestir, com suas cores vivas e alegres, e abraçaram o modo vitoriano. 

Logo Camille Monfort tornou-se a sensação da cidade, com pessoas que vinham de todos os cantos e aguardavam a chuva cair apenas para vê-la dançar e cantar durante seus banhos de chuva. 



Porém, logo ela passou a incomodar as conservadoras senhoras, que viravam o rosto ou cuspiam no chão ao vê-la passar, pois viam nela uma má influência, argumentando que suas filhas já não queriam casar e constituir família, preferindo trabalhar e a se dedicar às artes e ofícios.

E assim vieram os rumores venenosos: dizia-se que ela tinha o poder de hipnotizar o público com sua linda voz; de fazer homens escravos de sua vontade, de fazê-los jogar-se aos seus pés após os concertos e de lhe dar banho com caríssimas champanhes; de arruinar casamentos por puro prazer e, devido sua palidez e uma suposta doença adquirida em Londres, de fazer jovens mocinhas desmaiar em seus concertos para lhes roubar o sangue que, supostamente, a mantinha jovem para sempre. O que, curiosamente, coincidiu com desmaios ocorridos no Teatro da Paz em outubro de 1896.



O que teria levado o bispo de Belém a exigir que mudassem o nome original do Theatro da Paz outrora Theatro de Nossa Senhora da Paz , por julgar que seus espetáculos não condiziam com os nobres valores familiares.

E seu desejo de levar arte ao povo, reservando os 30 primeiros ingressos de seus concertos aos que não podiam pagar, desagradou aqueles que não queriam ter seus gostos artísticos compartilhados com seus empregados ou terem que dividir os teatros com os filhos destes.

Foi quando as portas passaram a se fechar para ela. Então veio a cólera que dizimou um terço da população de Belém , fazendo-lhe uma de suas vítimas.

Mas nem mesmo após a morte lhes deram sossego, pois ainda hoje, há os que dizem que seu túmulo está vazio, que sua morte não passara de encenação para acobertar seus casos de vampirismo; e que hoje ela vive na Europa aos 155 anos de vida.



Camille Marie Monfort (1869 - 1896) cuja vida logo fora tomada pelas brumas do tempo, foi uma dessas enigmáticas criaturas que deixou de ser história para se tornar lenda.

Sua história é contada por meio de matérias de jornais e relatos dos que a conheceram em “Após a Chuva da Tarde, um Romance Gótico Paraense”.

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