terça-feira, 28 de maio de 2024

VAMPIRAS, MATINTAS PERERAS E A EMANCIPAÇÃO DA MULHER




VAMPIRAS, MATINTAS PERERAS E A EMANCIPAÇÃO DA MULHER


Apesar de existir uma versão masculina da lenda da matinta perera, a versão mais conhecida é a que tem a mulher como personagem da narrativa. 


Na versão conhecida, a matinta perera é uma idosa que, graças a uma maldição ou poderes adquiridos, é capaz de se transformar em animais --- geralmente porco ou em coruja ---, e que se manifesta com um assobio e causa má sorte aqueles que se recusarem a dar a ela fumo ou cachaça. 




Nessas histórias, mulheres acusadas de ser matintas são sempre sozinhas e possuem crença religiosa diferente da maioria. 


No livro Visagens e Assombrações de Belém, de Walcyr Monteiro, há duas histórias de matinta perera: A Matinta Perera da Pedreira, em que a casa da acusada, “velha Mariana”, é assim descrita:


“Na sala localizava-se o “congá” (espécie de altar) com diversas imagens misturadas com adornos esquisitos, tais como rosário de contas pretas e vermelhas, potes, panelas e alguidares de barro hermeticamente fechados com toalhas coloridas e nem sempre limpas e ossos que nunca se soube se eram humanos ou de animais, além de velas de cores diversas.”


“Velha Mariana morava só e passava os dias trancada em casa, cozinhando sempre alguma coisa que nunca se sabia o que era e acondicionando-a nos recipientes. Quando, indiscretamente, olhavam pelo buraco da fechadura, viam-na dançando e cantando toadas que não eram bem entendidas…”



Além de descrever “Velha Mariana” com a aparência de bruxa clássica, o autor deixa bem claro que ela tinha religiosidade de matriz africana e morava sozinha, fatores que causam aversão na vizinhança.


Já em A Matinta Perera do Acampamento, tudo que o “causo” conta sobre a acusada de ser matinta é: “Ouvida, a mulher disse não ter parentes…”. Ou seja, era uma mulher sem filhos e marido, que contrariava os ideais impostos às mulheres pela sociedade da época.


O termo “matinta perera” tem tanta conotação de desprezo social que ainda hoje é usado para ofender mulheres. Nesse sentido, o termo “matinta perera” é semelhante à “bruxa”, que ainda é usado para ofender e discriminar mulheres que possuíam, crenças religiosas e comportamentos não aceitos pela sociedade da época. 

 


Valendo-se das curiosas semelhanças entre lendas europeias e lendas da Amazônia, o romance “Após a Chuva da Tarde - A Lenda de Camille Monfort, a Vampira da Amazônia” explora curiosas semelhanças entre vampiros e matinta pereras, através de sua personagem Camille Monfort --- uma cantora lírica francesa que em 1896 vem para a cidade de Belém para concertos e causa rebuliço por por seu espírito independente e comportamento considerado não condizente com uma dama europeia, tais como tomar banho na chuva da tarde de Belém ou fazer misteriosos passeios noturnos à beira do rio Guajará, aliado a sua extrema beleza e talento, que causara inveja às senhoras da época, passa a ser chamada de “vampira” por aqueles conhecedores da cultura europeia, e por “matinta perera”, pela a população local que associa tão enigmática dama à famosa lenda amazônica.


E as semelhanças entre vampira e matinta perera não está apenas no poder sobrenatural de se transformar em animais, mas, sobretudo, como forma de qualificar mulheres devido a sua liberdade de espírito e comportamento não condizente para uma mulher de sua época.



A famosa atriz francesa Sarah Bernhardt, foi uma dessas mulheres que, no começo do século XX, por seu um talento excepcional que parecia hipnotizar o público, foi associada ao conceito de “vampira” por seu comportamento excêntrico.




Sarah Bernhardt além da grande preferência por casacos de peles e por colecionar animais selvagens, ela era vista com chapéu que ostentava um morcego empalhado e possuía um caixão usado em suas peças e que era usado por ela também como leito de dormir, que foi usado por ela pela última e definitiva dez, em 1923, pela ocasião de sua morte.

 


Para saber mais, leia o romance “Após a Chuva da Tarde - A Lenda de Camille Monfort, A Vampira da Amazônia”, clicando: AQUI


domingo, 19 de maio de 2024

O TENEBROSO RETRATO DE REI CHARLES




O TENEBROSO RETRATO DE REI CHARLES

Recentemente foi apresentado o primeiro quadro do ex príncipe Charles, agora como rei. O quadro chamou bastante atenção por ter um toque involuntário (será!) de terror, devido a cor vermelha dominar a imagem, dando a impressão de Charles banhado em sangue.



A pintura foi feita pelo pintor Jonathan Yeo que já pintou quadros de famosas personalidades britânicas, e que retratou Charles com o uniforme dos guardas galeses em cor vermelha (Charles é coronel), em um fundo também vermelho, com pinceladas brutas que dá a impressão de sangue espirrado. No quadro, Charles ostenta em seu ombro direito uma borboleta, símbolo de mudança e evolução.




A comparação com o famoso quadro do livro O Retrato de Dorian Gray foi inevitável. Nele o personagem Dorian, em troca de beleza e juventude eterna, faz um pacto misterioso, em que quem envelhece é sua imagem na pintura, não o próprio, e todo ato abominável de Dorian Gray é transmitido também à sua imagem em forma de horríveis deformidades.




Teria sido, de forma inconsciente, o Retrato de Dorian Grey uma inspiração para Jonathan Yeo? E o que o excesso de vermelho simbolizaria?


A verdade é que, apesar de toda as teorias conspiratórias sobre a presença de símbolos ocultos no quadro (que nunca faltam quando se fala da família real inglesa), a pintura segue o estilo do pintor, já aplicado também a outros retratos, em que o pintor usa a mesma cor dominante do retratado para colorir o fundo do quadro; e como o uniforme que Charles usou para posar para o quadro era vermelho, daí o excesso de vermelho no quadro.





segunda-feira, 13 de maio de 2024

AS FRUSTRAÇÕES DOS ESCRITORES NACIONAIS E INDEPENDENTES




AS FRUSTRAÇÕES DOS ESCRITORES NACIONAIS E INDEPENDENTES


Pesquisa afirma que 84% dos brasileiros não compraram um livro sequer em 2023. Do pequeno número de leitores, a maior parte leu autores estrangeiros, apenas um grupo ainda menor leu autores nacionais (Raphael Montes e Itamar Vieira); e apenas uma ínfima quantidade leu autores nacionais independentes.


As editoras de nosso país se dedicam a publicar autores estrangeiros, não investem em autores nacionais, criando a ideia de que “não há bons autores nacionais”. A solução para novos autores é publicar livros nas editoras que vendem livros por encomenda, livros com preço alto, com pequeno lucro para o autor, a menos que comprem uma grande quantidade de exemplares para barateá-los, com a  possibilidade de ter livros encalhados e prejuízo.


Assim, se você deseja publicar, aprenda a lidar com frustrações, pois você terá muitas; e se você deseja lucrar, jogue na loteria, pois, seguramente, você terá mais chances de ganhar na loto do que viver de livros no Brasil.


Um desabafo.


Recentemente, divulguei um resumo da história de uma personagem de um livro meu na internet, o resumo viralizou, compartilhado e curtido milhares e milhares de vezes; com postagens com mais de 500 mil visualizações e 175 mil curtidas no instagram. O resumo ganhou o mundo, com centenas de vídeos feitos nas mais variadas plataformas de vídeo da internet, em inglês, francês, italiano, espanhol, alemão… Eu nunca vi algo semelhante acontecer com a história de um livro durante todos os anos que uso a internet. 


Infelizmente, meu livro não teve a mesma acolhida. Meu romance não despertou o menor interesse das editoras nacionais. Entrei em contato com as editoras; a melhor resposta que recebi foi da Avec, que mandou um: “Gostei do tema. Me interessei. Você pode mandar em word?”... Para nunca mais me responder.


Se com toda a enorme viralização do meu livro, não consegui nada, imagine os autores que não tiveram a mesma sorte!


Então, se você quer escrever, faça porque gosta, não alimente grandes expectativas; evite frustrações. 

sexta-feira, 10 de maio de 2024

VOCÊ É UMA ALMA ANTIGA? DESCUBRA AGORA


VOCÊ É UMA ALMA ANTIGA? DESCUBRA AGORA

Se você tem a estranha sensação de que nasceu na época errada;

Sente-se como se fosse alguém mais velho em um corpo jovem;

Tem certa repulsa pela vida moderna;

Possui estranho fascínio pelo passado; 

Adora roupas, móveis, música e casas antigas. 

Então você pode se considerar uma alma antiga.


O conceito de “alma antiga” pertence à tradição chinesa que classifica as almas entre “almas velhas” e “almas novas”. Para a religião taoísta as almas voltam à terra para ganharem experiências e evoluírem até estarem prontas para o Tao, espécie  de paraíso, onde estão as almas evoluídas. E as almas antigas seriam almas com várias reencarnações.


Mas, independente de qualquer interpretação religiosa, o conceito de “Alma Antiga” é um bom nome para aquela estranha sensação de que algumas pessoas sentem, de não fazer parte da época em que vivem, estranheza que se manifesta pelo interesse por músicas, moda e arquitetura de uma época passada que não foram vividas por elas, mas que elas possuem maior interesse do que pelas coisas do presente, levando alguns indivíduos a  adaptar suas vidas a algum elemento do passado de sua preferência, muitas vezes recorrendo a brechós e antiquários.




É o caso do pequeno pianista russo Elisey Mysin, que com apenas 3 anos teve seu amor pelo piano e pela música clássica despertada. Enquanto a maioria das crianças de sua idade acham a música clássica enfadonha, se sentindo mais atraídas pela música atual, Elisey Mysin, com 13 anos, tornou-se famoso concertista, tocando música que foram feitas três séculos antes dele nascer. 


Mas não é preciso ser um prodígio do piano para se reconhecer uma alma antiga, basta apenas ter um gosto bastante específico e persistente sobre alguma característica diretamente ligada ao passado.




É o caso da jovem cearense Isabelle Abreu que, por adorar se vestir com roupas antigas, recorre sempre aos brechós ou criando sua própria roupa. Isabelle possui um gosto que foca as décadas de 1930, 1940 e 1950. 




Já a curitibana Júlia, que foi flagrada recentemente por um professor de história em um ônibus urbano trajando roupas do século XIX.


Júlia não era parte do elenco de nenhuma peça teatral de época ou estava indo para uma festa à fantasia, mas estava apenas indo assistir um filme no cinema. E a roupa era apenas mais uma de suas roupas do dia a dia.




Seu gosto por roupas do século XIX foi despertado por meio de livros e filmes de época.


E você, tem alguma época que você se identifique?