sexta-feira, 13 de junho de 2025

A FAMÍLIA QUE ENRIQUECEU VENDENDO CADÁVERES HUMANOS





A FAMÍLIA QUE ENRIQUECEU VENDENDO CADÁVERES HUMANOS


Quando um parente querido morre, queremos que ele seja tratado com todo respeito possível. No entanto, volta e meia, surgem notícias de total desrespeito com cadáveres --- casos de violação sexual de corpos, é um dos exemplos. Mas não é apenas este hediondo crime que pode acontecer com cadáveres entregues aos cuidados funerários. A morte gera bastante dinheiro, despertando a cobiça de pessoas, que tentam extrair o máximo de dinheiro de cadáveres, chegando a cometer crimes repulsivos. E poucas pessoas enriqueceram tanto com cadáveres, quanto a família americana Lamb. Eis sua terrível história.


Tudo começou com Charles Lamb, que fundou sua agência funerária nos anos de 1920, na cidade de Pasadena. Como um negócio de família, a agência passou para o filho Lawrence Lambe. E nos anos de 1980, para a filha deste, Laurieanne Lamb Sconce e o marido, Jerry Sconce. Mas foi sob a direção do filho destes, David Sconce, que a agência funerária Lamb chegou ao seu lucro máximo extraído de cadáveres.




Antes da direção de David Sconce, até 1981, a agência cremava 194 mortos por ano. Mas apartir de sua direção, a quantidade de corpos cremados passaram a ser 1675, apenas um ano depois, aumentando a cada novo ano, vertiginosamente, chegando ao ano de 1986, com a incrível quantidade de 25285 cadáveres cremados só neste ano. O que passou a intrigar algumas pessoas, pois a agência possuía apenas dois fornos crematórios, em que cada cadáver era cremado por cerca de 4 horas. A conta simplesmente não batia.


Mas em 23 de novembro de 1986, o descuido de um funcionários que, após fumar grande quantidade de crack, esqueceu os fornos ligados do crematório, e dormiu, provocando um gigantesco incêndio, seria o início da descoberta da terrível fonte de riqueza dos Lambs, e de como eram capazes de cremarem tantos cadáveres com tão pouco recursos




Em 20 de janeiro de 1987, a densa fumaça e principalmente o forte cheiro vindo das chaminés de uma pequena fábrica de cerâmica, chamaram atenção da vizinhança, principalmente de um ex-soldado que serviu na segunda grande guerra, que afirmou que o cheiro lembrava o cheiro de corpos queimando nos campos de concentração nazista.


Fiscais que adentraram o local verificaram inúmeras próteses guardadas em camburões e uma estranha substância oleosa espalhada pelas paredes e no chão, que grudava nos sapatos e também nas roupas. Ao verificar os fornos, detectaram inúmeros restos de corpos humanos queimando e uma calha que contornava a entrada do forno e dispensava a gordura dos cadáveres cremados para os fundos do prédio, onde uma grande quantidade de gordura humana se acumulava em poças. Ao procurarem o dono da fábrica, descobriram que David Sconce, da agência funerária Lamb, era o proprietário.


Este acontecimento, aos poucos, foi revelando o grande esquema de exploração de cadáveres que envolvia a família Lamb.




Por meio de David Sconce e de seus funcionários, descobriu-se que a funerária cremava de 15 a 20 corpos, de cada vez, sem parar, não respeitando a individualidade de cada corpo, quebrando os ossos dos cadáveres para caber sempre mais e mais corpos nos fornos.


“Jamais conseguirão tirar as cinzas de um forno antes de colocar outro corpo para ser cremado. Os fornos têm um assoalho de tijolo poroso, e ficam cinzas de várias pessoas. Então, pra mim, misturar cinzas não é nada demais”.


“Não existe diferença nas cinzas de alguém cremado. É potássio e cal… aquilo não é mais o seu ente querido. Ame-os ainda vivos”, explicou David Sconce, anos depois de ser preso.


David Sconce


Descobriu-se também que o lucro da Funerária Lamb não vinha apenas dos serviços fúnebres. David Sconce chamava de “minerar” a atividade de extrair jóias e dentes de ouro dos cadáveres, com alicate e chave de fenda.


“Roubávamos túmulos. Nós contávamos partes de corpos para pegarmos joias. Contávamos dedos por anéis. Quando você morre, você incha. Então, colocávamos na maca, levávamos para a mesa, contávamos o dedo fora, jogávamos o dedo lá dentro e queimamos com outros corpos”, relatou um dos funcionários.


“Geralmente, 80% dos corpos estavam vestidos. Tudo o que tinha estava intacto, sem sangue, sujeira. Então, tiramos sapatos, meias, cuecas. E vendíamos tudo”, relatou outro funcionário.  


Mais a parte mais terrível das atividades de David Sconce ainda estava para ser descoberta.


Fotos encontradas na funerária, com David abrindo crânios e abdome, demonstraram que ele também lucrava vendendo partes de cadáveres para vários centros de pesquisa espalhados pelo mundo.




Ele chegou mesmo a fundar uma empresa de banco de olhos e tecidos humanos, chamada Coastal International.


“Para mim, não faz sentido desperdiçar coisas que podem ajudar outros”, disse David Sconce.


A notícia revoltou muito os familiares daqueles que tinham sido tratados pelos serviços funerários da Funerária Lamb, que sabiam que as cinzas que tinham guardados de seus familiares queridos, não eram deles, mais de dezenas de desconhecidos. Mas o mais chocante foi saber que órgãos de seus entes queridos teriam sido retirados e vendidos, sem consentimento e o menor respeito.


Uma dúvida permanecia sem resolução: se os pais de David Sconce sabiam e estavam envolvidos com seus crimes.


Com os depoimentos dos funcionários da funerária, descobriu-se que sua mãe Laurieanne Lamb Sconce e o pai, Jerry Sconce, não apenas sabiam, como participavam.


“Lembro-me de ir a casa de uma família e recolher o avô deles. Estavam todos chorando. E a Laurianne me chama pelo telefone e diz: ‘Querido, se o corpo ainda estiver quente, levante as pálpebras dele, e veja se os olhos estão aquosos, ou se estão secos. E se estiverem secos, tem uma garrafa do porta-luvas. É só pegar e colocar algumas gotas em cada olho. depois me ligue’. depois daquilo, foi todos os dias: ‘O corpo está quente, querido?’, relatou o motorista da funerária.


Na prisão, David Sconce confirmou que a família já lidava com a exploração de cadáver desde seu avô.


David Sconce não era um homem agradável com as pessoas e tudo indica que assassinou algumas pessoas que ameaçavam seu negócio, como Tim Waters, alguém do ramo funerário, que desconfiava de suas atividades ilegais. Após um almoço com David, Tim foi encontrado morto horas depois, indicando ter sido ataque cardíaco. Mas testemunhas indicaram que na prisão David havia assumido o envenenamento de Tim. Para completar, funcionários da funerária disseram que David sempre estava com o livro The Poor Man’s James Bond, de Kurt Saxon, que escrevia manuais de sobrevivência e que incluiu em seu livro informações sobre venenos que matam sem deixar vestígios.


David Sconce foi condenado à prisão. E após vários anos, já idoso, obteve o direito de liberdade condicional. Ele participou do documentário A Funerária: Dinheiro e Cinzas, onde conta sua história e de sua família. O documentário está na Max (HBO). 


sexta-feira, 23 de maio de 2025

INTERNAUTA VIRALIZA AO RELATAR LEMBRANÇA BIZARRA QUE BISAVÔ GUARDOU DE ESPOSA MORTA
















INTERNAUTA VIRALIZA AO RELATAR LEMBRANÇA BIZARRA QUE BISAVÔ GUARDOU DE ESPOSA MORTA


Antes de tudo, essa é uma história de amor (embora para a maioria, ganhe contornos bizarros) de um esposo por sua esposa falecida, que viralizou nos últimos meses na internet brasileira, devido ao bisneto ter revelado um velho segredo de família.


Tudo começou quando o internauta Vitor Gomes, resolveu responder a uma pergunta lançada na rede social X (antigo Twitter) que pedia para que membros de uma comunidade comentassem sobre algum fato chocante vivido por eles. 


Então Vitor Gomes comentou sobre o bizarro ritual de sua família, mantido por seu bisavô, que reunia a família para rezar por sua esposa falecida, segurando o crânio dela, que ele mantinha há anos, e que durante a reza passava de colo em colo durante as orações.




“Meu bisavô guardou o crânio da minha bisavó em casa e a gente sempre rezava o terço com a cabeça dela no colo”.


É claro que com a grande repercussão do caso, Vitor foi levado a dar mais detalhes sobre o caso, através de um vídeo no Instagram.


O bisavô adquiriu os ossos da esposa com a exumação, após cinco anos de seu falecimento, tudo facilitado pelo fato de morar em uma cidadezinha do interior. E após adquiri-los, não quis mais deixar a esposa, guardando seus ossos em uma pequena maleta.


“Tinha uma caixinha de veludo, se eu não me engano, em que ele guardava. ‘Ela’ ficava nessa caixinha e todas as vezes que a gente ia pra lá, a gente tinha esse momento de oração, de pegar ela [o crânio] e fazer todo esse ‘ritualzinho’ que vocês viram no post.”


“Eu tinha esses momentos com o crânio da minha bisavó, que eu via com naturalidade. Mas, hoje, eu olho e penso o quão fantástico e bizarro isso é”, concluiu Vitor Gomes.


O bisavô de Vitor morreu há alguns anos, não sem antes manifestar o desejo de ser enterrado junto com os ossos da esposa.

terça-feira, 22 de abril de 2025

RAUL SEIXAS E A TEORIA DE QUE USAMOS APENAS 10% DE NOSSO CÉREBRO





RAUL SEIXAS E A TEORIA DE QUE USAMOS APENAS 10% DE NOSSO CÉREBRO


EM 1979, RAUL SEIXAS cantava na música Ouro de Tolo:


Saber que é humano, ridículo, limitado

Que só usa 10% de sua cabeça animal


Para compor esses versos ele se baseou em uma teoria bastante popular na época, a teoria de que seres humanos usavam apenas uma pequena parte do cérebro, e a maior parte permanecia sem ser usado.


Tal teoria havia surgido das pesquisas do neurologista John Lorber (1915 - 1996), que ao examinar cérebros de crianças com hidrocefalia --- doença que faz com que o cérebro não se desenvolva e seja tomado por líquido ---, descobriu que em meio a mais de 600 casos, havia casos graves, em que pessoas haviam crescido com parte do cérebro faltando. 


Criança com Hidrocefalia

Muitas dessas pessoas viviam muito bem com cérebros incompletos, e possuíam inteligência normal.


O médico descobriu também casos extremos, como o caso de um jovem estudante que possuía apenas 5% de um cérebro normal (isso é quase ausência de cérebro), mas que levava uma vida normal e até havia se formado, com distinção, em matemática. Isso não apenas contrariava a crença científica de que memória, inteligência, fala, consciência estão relacionados a partes específicas do cérebro, sendo produto dele, mas acreditava-se que, se se pode ter inteligência acima da média com apenas 5% de um cérebro, imagine se todo os 100% do cérebro humano fosse ativado, produziria uma super inteligência.


À Esquerda, Cérebro Afetado Pela Hidrocefalia ao Lado de um Cérebro Normal

Mas descobertas posteriores explicaram que usamos, sim, todo o cérebro, sendo que grande parte dele possui a função de nutri-lo e que o cérebro tem a incrível capacidade de adaptar partes dele a novas funções, quando se perde a parte correspondente, explicando assim a vida normal de adultos que sofreram de hidrocefalia.


Porém, a explicação ainda não explica casos extremos, como a vida normal de alguém com apenas 5% de um cérebro, contrariando a crença científica de que a consciência e todas suas funções são produtos do cérebro. O que tem levado pesquisadores a levantar a hipótese de que a consciência humana não esteja ligada diretamente ao cérebro humano.


Para Saber Mais, Acesse: Pessoas que Conseguem Viver com Apenas 5% de um Cérebro Normal.


sábado, 19 de abril de 2025

JOSEPHINA CONTE, A MOÇA DO TÁXI, COMPLETA 110 ANOS




JOSEPHINA CONTE, A MOÇA DO TÁXI, COMPLETA 110 ANOS

APÓS 110 ANOS de seu nascimento, Josephina Conte continua bela, esbelta e jovial, a verdadeira musa das visagens de Belém. Vantagem de quem morreu aos 16 anos, na flor da idade, no ano 1931. Ao lado de sua colega a Loira do Banheiro, Josefina, a Moça do Táxi, continua sendo uma das mais populares personagens de lendas urbanas do Brasil.




Santa para alguns, alma visagenta, para outros, Josephina nasceu em 19 de abril de 1915, de família rica, morreu, segundo alguns, de tuberculose, segundo outros, de câncer. De espírito alegre, gostava de apreciar o carnaval de rua de Belém. Fico a imaginá-la, doente, ouvindo e observando os foliões pela janela do hospital, enquanto vertia sangue pela boca.




Segundo sua lenda, ela sai de seu túmulo no dia de seu aniversário, para um fantasmagórico passeio de táxi pelas ruas de Belém, presente de aniversário dado pelo pai, no tempo em que carro era coisa rara em nosso país; tal costume teria continuado após a morte. 



A lenda da Moça do Táxi é uma das primeiras lendas urbanas que se tornaram famosas, bem diferente das lendas folclóricas, nascidas da tradição indígena e ocorridas em pequenas cidades do interior, longe das luzes elétricas e do burburinho das grandes cidades, e isso está claro quando é associada a um moderno veículo de transporte, símbolo de modernidade.




A lenda se popularizou após taxistas passarem a jurar ter recebido seu fantasma em seu táxi. Sua lenda foi registrada pela primeira vez pelo pesquisador Walcyr Monteiro, e publicada em jornal de Belém. Depois tornou-se a lenda mais famosa do livro Visagens e Assombrações de Belém, do mesmo autor, uma coletânea de lendas urbanas da cidade de Belém.

sábado, 12 de abril de 2025

ROMANCE PARAENSE UNI MITOLOGIA GREGA AO VAMPIRISMO E À ENCANTARIA MARAJOARA




ROMANCE PARAENSE UNI MITOLOGIA GREGA AO VAMPIRISMO E À ENCANTARIA MARAJOARA


Muito mais que apenas uma história de vampiro, o romance “Após a Chuva da Tarde - A Lenda de Camille Monfort, a Vampira da Amazônia”, do paraense Bosco Chancen, mergulha no fascinante mundo dos mitos da encantaria marajoara, explorando o desejo humano por imortalidade e investigando as incríveis semelhanças entre a mitologia grega, a encantaria paraense e a lenda europeia dos vampiros.


MITO DE ORFEU

A mitologia grega está presente por meio do Mito de Orfeu --- o herói grego que desceu ao reino dos mortos em busca de sua amada morta, Eurídice, para trazê-la à vida. E com a música de sua lira, dada por Apolo, foi capaz de adormecer cérbero, o cão de três cabeças, guardião do portal do inferno, e convencer Hades, o rei dos mortos, a permitir que sua amada volte à vida. Hades permite, mas com uma condição: que Orfeu se mantenha calado e jamais olhe para a amada durante seu retorno. Porém, acreditando que Hades teria lhe pregado uma peça, Orfeu olha para trás e vê Eurídice, quebrando a condição e fazendo-a regressar ao reino dos mortos. Atormentado pela perda da amada (em uma das versões do mito), Orfeu abandona a luz do dia, se junta às solitárias criaturas noturnas, com seu lamento.




Por meio dos elementos simbólicos do Mito de Orfeu, o livro interpreta o mito como uma busca pela eternidade por meio do inconsciente: Cérbero é o consciente que nos impede de adentrarmos o inconsciente; Hades é o inconsciente, o inferno feito de nossos traumas, dores e desejos proibidos; Eurídice é a própria imortalidade, que sempre nos escapa:




(A palavra) Cérbero… se assemelha a “cérebro”. As semelhanças não param por aí. Cérbero vigia um mundo tenebroso, impedindo que estranhos entrem, mas também que saiam; tal qual nosso cérebro, nossa consciência, que vigia o mundo interior do pensamento, impedindo que um mau pensamento saia dele e se torne um mau ato e perturbe nossos dias.


A ida de Orfeu ao submundo é como uma viagem ao inconsciente, aos nossos medos interiores, que guardamos de nós mesmos… sou como Orfeu descendo ao meu próprio inferno, a enfrentar meus medos, em caminhos cada vez mais profundos de meu ser. Mas o que busco encontrar? Que Eurídice ambiciono trazer à vida? (Fala de um dos personagens de “Após a Chuva da Tarde”).




ENCANTARIA MARAJOARA

Ambientado na Amazônia, em Belém do Pará, o romance mergulha nos mitos da Encantaria Marajoara --- mitologia milenar herdada dos indígenas da Amazônia que está em vias de desaparecer ---, cuja crença afirma que indivíduos são capazes de vencer a morte, tornando-se encantado, um habitante do misterioso mundo dos seres encantados da floresta. O romance investiga os “portais mágicos”, que uniriam o nosso mundo ao mundo dos encantados. 




O romance explora as semelhanças entre o Mito de Orfeu e a encantaria marajoara. A entrada do Hades, o reino dos mortos, são os portais mágicos da encantaria, em que, assim como no mito grego, também teria seus guardiões, criaturas míticas da encantaria; tudo mediado pelo uso do chá da ayahuasca, também conhecido por “chá dos mortos”.

  

Pessoas que, por um poder mágico, se transformam em criaturas encantadas, em guardiões da floresta, que passam a pertencer a um mundo paralelo ao nosso. Um lugar mágico cujas criaturas manteriam contato com nosso mundo por meio de portais míticos, por onde filhos de encantados conheceriam sua verdadeira origem ao adentrá-los. (Após a Chuva da Tarde).


MITO DO VAMPIRO

Histórias de vampiro também têm como tema o desejo humano pela imortalidade. E está presente no referido romance por meio da figura enigmática da bela cantora lírica Camille Monfort.


Camille, personagem inspirada na misteriosa dama envolvida em uma controversa história de amor e morte, ocorrida com o infortunado músico inglês Jeremiah Clarke (1674 - 1707) que, ao ter seu amor rejeitado pela nobre dama, teria posto fim a própria vida. 




O sepultamento de Clarke, contrariou a lei que vigorou na Inglaterra até 1820, que proibia enterros de suicidas em locais santos --- e que no Brasil obrigava cemitérios a terem um local reservado a eles ---, teve seu sepultamento ocorrido no cemitério da igreja de Saint Paul, em Londres, no ano de 1707. Nesta época havia o costume de expor corpos de suicidas à humilhação pública, carregados por carroça e tinha uma estaca cravada no peito.  


Camille incorpora os dons da música, que no Mito de Orfeu é um instrumento de magia e poder, ela teria o dom de encantar o público com sua voz e fazê-lo cativo de sua beleza; e por amor, teria feito o amado imortal, trazendo-o das profundezas do reino dos mortos à vida.


“Dizia-se que ela tinha o poder de hipnotizar o público com sua voz, de fazer homens escravos de sua vontade, de fazê-los jogar-se aos seus pés após os concertos, de arruinar casamentos por puro prazer e, devido sua palidez e uma suposta doença adquirida em Londres, de fazer jovens mocinhas desmaiar em seus concertos para lhes roubar o sangue que supostamente a mantinha jovem para sempre.” (Após a Chuva da Tarde).


Como podemos ver, o livro tem um diferencial fundamental às histórias de vampiros, a obra não apenas recorre a fatos históricos e citações de locais reais, mas também recorre a fatos sociais e históricos concretos para abordar o vampirismo, como, em parte, o efeito da demonização de pessoas de grande talento --- fato comum na Europa do século XIX, basta lembrar de Niccolo Paganini (1782 - 1840) e a lenda de que ele teria feito pacto com o diabo para obter seus dons musicais.


Acrescente-se a isso a demonização de mulheres que ousavam fugir dos padrões sociais impostos às mulheres de sua época.


“Lembro da indignação que causou com seus banhos de chuva. As senhoras tampavam os olhos dos maridos quando a viam, seminua, a refrescar-se sob a chuva da tarde. Aquilo não parecia ser mesmo o comportamento de uma dama!” (Após a Chuva da Tarde)


Não se pode também esquecer do início da chegada à Amazônia de práticas espiritualistas, como o fenômeno da materialização de espírito, que se iniciava na cidade de Belém, na segunda metade do século XIX, outra fonte de demonização de pessoas que compartilhavam crenças religiosas diferentes da dominante.


A demonização de mulheres que não se adequam aos padrões sociais impostos pela sociedade, também encontra um correlato nas lendas amazônicas, na figura de uma entidade do folclore local, a matinta perera, cujas histórias contadas têm quase sempre como alvo mulheres solitárias, com crenças religiosas de matriz africana ou indígena, vistas com certa repulsa pela sociedade por não se encaixarem nos padrões sociais conferidos às mulheres. O que leva o romance “Após a Chuva da Tarde” a explorar as semelhanças entre a lenda dos vampiros e a lenda da matinta perera.


“Vampiro é como essa gente estudada fala pra essas coisas, piquena. Mas, pra gente, o nome disso é matinta perera, minha filha.” (Fala de uma das personagens de “Após a Chuva da Tarde”).


O romance “Após a Chuva da Tarde - A Lenda de Camille Monfort, A Vampira da Amazônia” é tudo isso e muito mais: uma boa oportunidade de conhecer um pouco da cultura amazônica e sobretudo o papel das lendas e mitos na evolução humana, tudo com uma boa dose de realismo mágico e de estética gótica.




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sábado, 15 de março de 2025

CASO VITÓRIA E A EXPLORAÇÃO DA MÍDIA




CASO VITÓRIA E A EXPLORAÇÃO DA MÍDIA

A jovem Vitória Regina foi encontrada morta em região de mata na cidade de Cajamar, interior de São Paulo, no dia 5 de março --- uma semana após ter sido dada como desaparecida pela família. Seu corpo estava nu, com um grande corte no pescoço e outros em seu peito. O caso tem despertado grande interesse dos programas jornalísticos da TV aberta, e inúmeros canais do youtube, sendo destaque até em programas de televisão e canais do youtube que não tratam de ocorrências policiais, mostrando o grande fascínio que crimes hediondos causam na imprensa e no público.


O Caso Vitória Foi Levado ao Programa de Variedades Encontro Com Patrícia Poeta. O que Provocou a Indignação do Público Quando a Apresentadora, ao Vivo, Informou ao Pai da Vítima Quem Seria os acusado de Terem Matado sua Filha, o que Causou Perplexidade ao Pai que Não Sabia

A mídia tem se dedicado não apenas a explorar as novidades do caso, mas a dar destaque a teorias sensacionalistas, na maioria das vezes, sem base alguma, tudo em nome de mais audiência e likes. Do outro lado, temos autoridades policiais que, devido à grande insistência da imprensa por novidades, sentem-se obrigadas a relatar qualquer nova hipótese sobre o caso. O que tem levado a exposição de possíveis suspeitos, fazendo-os correr o risco de serem agredidos pela população revoltada ou perderem seus empregos, para logo depois deixarem de ser considerados suspeitos. Como exemplo disso o próprio pai da vítima foi tido como suspeito, pondo-o em situação delicada e perigosa. Para logo depois ser corrigido o erro. 




E nesse festival de teorias e suposições sensacionalistas, é claro que não poderia faltar, como sempre acontece com crimes hediondos, a hipótese do ritual satânico, que levou alguns a afirmar que Vitória Regina teria sido morta em um ritual de bruxaria, devido seus cabelos terem sido cortados, com punhaladas próximas ao coração e um grande corte em seu pescoço --- como se estes fatos não fossem comuns a centenas de assassinatos. A suposição de ritual satânico, sempre se baseia nunca em evidências mas no puro e simples preconceito religioso.




E nada ganha mais atenção da imprensa do que crimes que inicialmente envolvem suposto ritual satânico, assim como foi com inúmeros casos --- Caso Evandro; meninos Emasculados de Altamira. Isso nos leva a delicada questão: O que faz com que um assassinato se torne tão popular, como no caso da menina Vitória, embora tenha existido inúmeros outros casos semelhantes aos dela, que aconteceram próximos da mesma data de sua ocorrência, e não tiveram a mesma difusão?


Embora o senso comum acredite que o que torna um crime tão popular seja o próprio crime, a verdade é que é a imprensa que escolhe dar mais atenção a este crime não aquele, devido ele ter ingredientes que podem ser melhor explorados sensacionalisticamente, mesmo que depois se revele como não verdadeiro. E sem dúvida alguma, o assassinato da jovem Vitória parecia ter elementos polêmicos: o assassinato de uma jovem por ter descoberto a relação homoafetivo de seu namorado com um vizinho, mesmo que isso tenha se revelado como não verdadeiro, mas foi o ponto de partida para a imensa popularidade do caso, pois sexo e crime, sempre foram dois elementos que sempre provocaram curiosidade de muitos.