Benjamin era
um pinto como tantos outros, pequeno e desengonçado, que vivia saltitante pelo
galinheiro, porém apenas uma coisa o diferenciava de outros pintos, e que o deixava
bastante triste, Benjamin havia nascido de chocadeira. E enquanto outros pintos
compartilhavam a companhia de suas mães, Benjamin era solitário e, por isso
mesmo, triste. Ficava a olhar seus companheiros de galinheiro e as mães destes
ciscando todos reunidos. Benjamin, então, tentava lembrar-se da sua, se
concentrando ao máximo, porém tudo que lembrava era de um lugar quadrado, claro
e quente. Os únicos carinhos que recebia era quando dona Josefa se aproximava e
jogava-lhe ração e milho. Benjamin aguardava ansioso, todos os dias, por este
momento; gostava de ver aquela doce mulher de bochechas rosadas, fazendo
trejeitos e gracejos com a boca; ela chegava de vagar arrastando as sandálias,
assoviava e produzia um som engraçado com a boca chamando a todos para a
comida, Benjamin adorava tudo aquilo, e lá ficava ele comendo, saboreando o que
a doce velhinha lhe havia trazido.