by Nobuyochi Araki |
A flor que tu me destes não se perdeu
seguiu o caminho próprio
de uma flor: coube dentro de um vaso,
pra além do jardim, como disse o Sampaio.
rompeu a senda do arco-íris.
cruzou a umidade de nosso
chão, refletiu apenas no cristalino
tom de limo e água.
compreendendo a dor
de te ouvir falar de um retorno.
a flor lá continua...
murchando...
mas por que deveras murchar?
com os dentes renitentes
lhe tomo de assalto,
arranco-lhe o instante que teve
e por que viveria além
se não a suporto pelo que já me oferece:
nutrição de um amor
ainda que murchando
ainda que nunca o tenha
se aproximando, nem
o fim, nem o começo.
a flor ali continua
impressa em livro
murcha e mais viva
mais bela pelo que guarda
sem mais, apenas bela.
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