quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Romântica??!! - (ReNê Romana)


Minhas palavras  e meus sentidos perdem o sentido, 
cruel paixão ou será minha falta de noção??
Quando vc diz que não me quer o que me resta é recorrer aos poetas...
Quintaneando por ti, padre M.Sávio L.!


DO AMOROSO ESQUECIMENTO

Eu, agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?

(Mario Quintana)

A MÁQUINA (de Paulo Emmanuel)

 
 
 
 

JANELAS DISCRETAS Nº 14 (de Marcos Salvatore)




Tenho tentado te denominar

Para melhor te conhecer

Melhor te controlar

terça-feira, 30 de outubro de 2012

JANELAS DISCRETAS Nº 13 (de Marcos Salvatore)


Renê enterrava bonecas,

tinha um cemitério e tudo pra elas,

matava e as enterrava depois

 

Marcos caçava vagalumes

Tinha uma rua inteira sem luz, pra isso

Caçava e os guardava depois, pra servir de lamparina orgânica

 

Celi procurava alguém mais cedo, que achasse Drummond quente

Tinha uma oportunidade inteira sacada pra isso

Procurava, mas não encontrou ninguém, bem que eu gostaria

 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

(quando eu fui a menina dos teus olhos) (extraído do diário de ReNê Romana)



(apenas um texto,ou uma pretensa poesia encontrado na gaveta dos poeminhas esquecidos)


Gosto das palavras ditas e benditas por tua boca;
gosto do som da tua voz confundindo o meu gemido;
gosto de minha voz rouca no teu ouvido;
gosto de ter você entre quatro paredes;
gosto de estar entre  tuas mãos,
           entre teus dedos,
                        entre tua boca;
Te gosto entre minhas pernas.
Gosto quando exalamos paixão.
Gosto quando juntos emitimos 
               gemidos e sussurros;
Gosto de tua boca na minha.
Gosto do teu sussurro que me leva ao gozo...

             ((gosto de dizer que te gosto!))





Anseios (Extraído do diário secreto de ReNê Romana)

by Chrissie White

Seu nome virou poesia no meu papel;
Seu nome virou palavras rabiscadas nas linhas de minhas mãos;
Te fiz versos, me transformei na poetisa dos muros da cidade, 
só pra tentar dizer o porque desse meu querer, desse meu desejo.
Quis ser teu alfabeto, desejei ser letras pra você desenhar de "A a Z " seu tesão pelo meu corpo, em palavras promiscuas, em sensações insanas.
Quis ser agarrada pela sua força de expressão,
Quis matar sua sede e quis ser objeto de suas mãos curiosas a tatear meu corpo.
Desejei mais que tudo que tu chegasses e não falasses nem uma palavra sequer...
Assim... te imagino, e tu virás silencioso e te aconchegarás entre minhas pernas, 
serás o meu par nessa dança dos corpos sedentos, 
minhas ancas vibram nesse vai e vem, minha boca a te devorar, 
todos meus poros a espera dessa invasão, 
seremos fulminados numa explosão de gozos.





Amanhã, quem sabe?( Extraído do diário de ReNê Romana)



Hoje não quero poesia. 
Hoje eu acordei desejando verdades lascivas, fábulas corrosivas, realidade crua e mal temperada.

Hoje, não quero músicas que me façam lembrar você,  nem vem, que hoje não vou cantarolar. 
Soneto eu não quero.
Escolho os olhos de ressaca, oblíquos e dissimulados das mocinhas de romances açucarados, aos ímpetos dramáticos dessas Julietas... Tão apaixonadas. Tão desesperadas. Tão óbvias.
Ando impaciente com a carência alheia. (e com a minha propriamente dita.)
Hoje eu quero ligar minha "radiola" e ouvir em alto e bom som as músicas de Wander Wildner, ou qualquer uma de Lou Reed, Joy Division, Mutantes e mais nada... Apenas eu e aquela garrafa de vinho que comprei pra te esperar.
Não quero nada que me faça "viajar" até você.
Hoje eu não quero te amar... 
Solta minha mão e nem adianta me olhar com esses olhos de quem quer me comer.
Hoje eu não quero te dar, passa amanhã!!!





sexta-feira, 26 de outubro de 2012

FRESTAS INDISCRETAS Nº 3 (de Haroldo Brandão)

by Grzegorz kmin

Noite do cão
Pela terceira vez
O Homem vai ao banheiro
Recompor o seu nariz com superbond

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

CLUBE PRA QUEM QUER FICAR SOZINHO (de Paulo Emmanuel)

by Paulo Emmanuel



Ontem eu abri o jornal e Li: Clube pra quem quer ficar sozinho. Fiquei curioso. Interessante!
Acho que estou precisando ficar sozinho. Vou ligar pra lá , pra saber como é. Pensei!
_ Alô? É do Clube pra quem quer ficar sozinho?
-E sim, senhor.
Quero saber mais sobre o clube. Pode me informar, por favor?
Claro! É muito simples. O Sr. se inscreve, paga uma taxa e vem pro clube e fica absolutamente sozinho. Temos folders, banners e outdoors com imagens sobre o clube. Acesse a página www.queroficarso.com.br lá o sr. Terá mais informações.
Ok. Obrigado. Fui na internet digitei a URL e lá estava:
Fotos do clube :
Uma linda praia paradisíaca e uma pessoa sentada na areia...sozinha.
Uma grande piscina com trampolim de três andares e uma pessoa dentro...sozinha.
Um lindo restaurante muito luxuoso e uma pessoa sentada à mesa...sozinha.
Um lindo bosque com muitas árvores e outra pessoa apreciando a natureza...sozinha.
Peguei o carro e fui para lá.
A inscrição nada de contato humano, tudo online. Pagando com cartão de crédito e tudo mais.
Rigoroso o clube do sozinho. Depois que você se inscreve, vc não pode mais falar, ficar ou estar perto de alguém. Eles são muito rigorosos com as regras.
Quando cheguei, um portão eletrônico me indicou um local com uns 20 chalés. Cada um afastado do outro.  Entrei e esperei.
A regra er a a seguinte: Eu era o 20º cliente que queria ficar sozinho e só podia entrar um por vez no clube e eu teria que esperar a minha vez. Aí,  entendi do por quê das fotos só com uma pessoa no clube.
Todos os outros clientes esperavam na fila dentro dos chalés

....sozinhos, óbvio.


terça-feira, 23 de outubro de 2012

LITERATURA E PINTURA (de Bosco Silva)



Uma das supremas qualidades da literatura para mim é, sem dúvida, o poder de criar situações ou personagens que nunca existiram, mas que pelo fato de obedecer a leis físicas pode existir no presente, no passado ou no futuro; e mesmo que ela não obedeça a tais leis, poderá ser interpretada de forma simbólica, metafórica, podendo novamente se adequar a realidade. Por isso podemos ver em muitos escritores, antecipadores de realidades futuras. Esta característica é também compartilhada com a arte da pintura: o artista põe na tela impressões que em seu conjunto não existem, mas que passa a existir como possibilidade; sua arte lhe torna um criador, como um deus que passa dar existência a algo que então não existia. E podemos ver esta ideia estampada nas obras de artistas maravilhosos, em que a ideia se confunde com o real, tanto que se torna, à primeira vista, extremamente difícil de diferenciá-las.
Abaixo, alguns bons exemplos disso.
O forte de Steve Hanks é a representação da luz em suas telas, muitas vezes presente através do reflexo da água.



É maravilhoso imaginar uma paisagem que alguém jamais havia visto, e torná-la visível para outros!




Já Robin Eley explora o contraste com a luz por meio da representação de plásticos em suas pinturas extremamente realistas.




Nossa, como essas pinturas são reais! São tão realistas quanto fotos!





Robin Eley (acima) deve se sentir como um deus após o sétimo dia de criação, contemplando sua obra.
Outro artista maravilhosos é Lee Price, que possui um tema incomum, gosta de retratar pessoas vistas de um ângulo acima delas, dedicando-se a prazerosos momentos da gula.






SAFÁRI URBANO (de Bosco Silva)



Já havia alguns anos que o turismo nas favelas do Rio de Janeiro era, não apenas real, como um negócio extremamente rentável. Milhares de turistas, com suas câmeras à tira-colo, vinham ver como um povo sobrevive apesar de toda miséria.

A idéia era extremamente boa, e decidido a adaptá-la com alguns retoques em nossa cidade, criamos o que chamamos de safári urbano. A idéia era simples, proporcionar aos clientes diversão e adrenalina, e ao mesmo tempo limpar as ruas de indivíduos nocivos à sociedade.

Os clientes chegavam aos montes, loucos para sentirem a força e o poder de seus corpos, bem como seus instintos, que a sociedade lhes tolhia em nome de uma paz covarde e limitada. Queriam soltar o tigre que existiam em cada um, amordaçado e preso em uma jaula denominada de “bons costumes”.

Todos aguardavam ansiosos pela primeira noite, afinal seriam posto em prática tudo que tinham aprendido durante os dois meses que antecederam esta noite.

Ao chegarem os instrutores, partimos para a primeira caçada. As armas eram as melhores: calibres pesados em uma estrutura tão leve quanto o alumínio e forte como o aço.

Equipamentos verificados, coletes aprova de balas vestidos, chegamos ao lugar escolhido.

O lugar é um bairro afastado do centro da cidade, um bairro extremamente violento que ostentava a cada noite o recorde de estupros e homicídios. A marginália espreitava em cada poste, em cada entrada de beco, em cada luminária intencionalmente apagada. E para atraí-los, nada como uma bela mulher, com uma bela bunda, tendo em suas mãos um reluzente celular. Assim, poderíamos atrair tanto estupradores quanto ladrões.

A isca ia à frente, a uns cem metros de distância, monitorada por meio de rádios e linguagem em código. O plano era deixar o primeiro ladrão ou o primeiro estuprador atacá-la, morder a isca, para em seguida intercedermos, fazer a justiça com as próprias mãos, ou melhor, com uma automática 765, que lhe explodiria os miolos.

A isca avisa:

- Alguém está se aproximando, parece ser um homem, à minha esquerda... é um homem.

O sujeito aproxima-se, chama-a de gostosa, aperta sua bunda com a mão e encosta uma faca em seu pescoço.

- Passa a grana, vamos, não tenho tempo... nesse bolso... neste outro... vamos, vamos, se não quer levar uma furada na cara. Vamos, porra!, caralho!, já disse não tenho tempo, se não lhe fodaria aqui mesmo, sua filha-da-puta! Saberia o que é uma verdadeira pica nessa bunda!

O sujeito corre levando a bolsa e o celular nas mãos.

A rapidez era necessária, pois um rato como aquele conhece todos os esconderijos possíveis. Porém, tínhamos para ele uma adorável surpresa: o celular explode com uma simples chamada, levando junto sua mão com todos os dedos. O sangue e o cheiro de carne queimada são suficientes para denunciar seu paradeiro. Paradeiro imediatamente encontrado, o ladrão se esvaía em sangue. Sangue ainda suficiente para provocar os primeiros tiros da noite. A caçada estava apenas começando!...

JANELAS DISCRETAS Nº 12 (de Marcos Salvatore)


A cidade ontem esteve desbotada e mega-exposta às mesmas impressões.

Tiros, fogos de artifício, barras de ferro, bombas caseiras. Quem apostou em pelo menos uma morte ganhou.

A pregação vazia e interesseira rondou bairros em busca de sexo e gado, eleitores inscritos.

Voltei pra casa com um puta sono, prévia da insônia, depois, sonhei com luzes de da Vinci, um baita som de fudê das frenéticas no rádio, e cheiro de alguém ao lado.

Agora, bom dia... eu acho.

FRESTAS INDISCRETAS Nº 2 (de Haroldo Brandão)




Uma nódoa de esperma

                  Na batina do Padre

domingo, 21 de outubro de 2012

VOCÊ PINTA COM MEU PINTO??? (de Bosco Silva)



IMAGINE A CENA:
A modelo entra na pequena sala de pintura para servir com seu belo corpo nu de inspiração ao artista. Ela tira o roupão que a cobre e expõe seu corpo aos olhos atentos do homem enfrente da tela, que passa a examiná-la e indicar-lhe as melhores poses. Com o passar do tempo, ela nota algo estranho em seus movimentos frenéticos e ofegantes: o homem parece não usar as mãos como os artistas comuns. Isso não lhe perturba tanto pois sendo uma modelo experiente sabe que pintores são artistas excêntricos prontos a criarem novas técnicas. Mas ao vê-lo agachar a procura de um ângulo melhor nota que seu pênis está fora das calças, sujo de tinta. Ela finalmente descobre, com horror, que o que então o homem usava como pincel era o próprio pênis.

AGORA A REALIDADE:


Tim Patch é o nome de um pintor, que usa um método diferente de pintar seus quadros. “Pricasso”, como também é conhecido, usa o pênis como pincel. Ele é atração da mais esperada feira erótica da Alemanha, que vai até o próximo dia 21 de outubro.
Segundo “Pricasso”, ele recebe US$ 25 (R$ 50,8)  por quadro, durante as feiras, fora o cachê da organização.
Seu sucesso surgiu a partir do momento que descobriu seu talento para pintar usando seu amiguinho debaixo: 
"Eu pensei que não seria levado a sério e que rapidamente seria esquecido, mas seis anos depois ainda estou no mundo dos negócios", disse ele, em 2011.
Ele também conta que já vivenciou situações constrangedoras durante feiras, como o caso da fã, que depois de beber demais, pegou em seu pênis e tentou pintar com o “pincel” dele.
Portanto, leitoras, da próxima vez não estranhem se algum artista excêntrico lhe perguntar:
VOCÊ PINTA COM MEU PINTO???

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Janelas Discretas Nº 11 (de Marcos Salvatore)

Encontros e desencontros nas esquinas escorregadias de Belém, segundas intenções, lembranças da Radio Cidade e da perda de identidade. Combinação perigosa sujeita a tempestades dialéticas de quinta.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O TRIUNFO DO TEMPO E DO DESENGANO (de Bosco Silva)



O TRIUNFO DO TEMPO E DO DESENGANO é o nome de uma ópera de Handel, é também um dos títulos mais belos que conheço de uma obra de arte. Seus personagens são a Beleza, o Prazer, o Desengano e o Tempo, quatro elementos importantes ao homem, que na ópera argumentam entre si para saber quais os que têm maior poder sobre os homens. No fim o tempo e o desengano triunfam sobre os demais.
Abaixo, uma tradução disto em imagens:

7 anos de uso de drogas
7 anos de uso de drogas 
11 anos de uso de drogas
3 anos de uso
6 anos de uso de drogas
8 meses depois
2,5 anos depois
1 ano depois
4 anos depois
1 ano e meio depois

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

A VIDA E AS AVENTURAS DA LENDÁRIA MARILENE, QUE UM DIA FOI CONHECIDA COMO A MÁQUINA DE FAZER SEXO



Este é o relato sucinto da vida da famosa Marilene; daquela que ganhou a alcunha de a “Máquina de fazer sexo”, que foi puta por vinte anos, e que na maturidade transformou-se em uma santa mulher, contada por meio do resumo dos capítulos de sua biografia não-autorizada "MARILENE: De Puta à Santa".


(Conto Escrito ao Modo do Escritor Braulio Tavares)

Cap. 1 – Capítulo I: De como Marilene adorava ser puta desde menina.
Cap. 2 – Capítulo II: De como se descobriu como puta de vocação, não por necessidade.
Cap. 3 - Capítulo III: De como nossa heroína, bem antes das mulheres-frutas de hoje, ganhou o apelido de mulher-miojo, pois bastava apenas esquentá-la um pouco para logo ser comida.
Cap. 4 – Capítulo IV: De como Marilene jamais fora do tipo de mulher-pipoca, daquelas que quando as coisas esquentam pula logo fora.
Cap. 5 – Capítulo V: De como entrou para o ramo da prostituição, faturando alto com a invenção do chamado vale-boquete.

Um dos talentos de Marilene, a propaganda

Cap. 6 – Capítulo VI: De como também era uma mulher piedosa, seguindo a risca o sábio provérbio popular: “Quem dá aos pobres empresta a Deus”.

Acima, Marilene após servir aos pobres

Cap.7 – Capítulo VII: De como Marilene e sua mãe haviam ido juntas ao banco para fazer um empréstimo.
Cap. 8 – Capítulo VIII: De como nossa personagem, ao contrário da mãe, que havia feito o empréstimo para reforma da casa, afim de arrumar novos clientes para o aluguel da mesma, Marilene havia investido em duas novas próteses de silicone, para agradar seus clientes com os seios bem maiores do que os da concorrência.

Marilene demonstrando mais um talento útil a sua profissão, o contorcionismo

Cap. 9 – Capítulo IX: De como pretendeu quebrar o recorde mundial transando com o maior número de homens.
Cap. 10 – Capítulo X: De como, após fazer sexo oral em 500 homens, deslocou a mandíbula e teve uma grave reação alérgica a tanto esperma.
Cap. 11 – Capítulo XI: De como, após ver em tal acidente um chamado de Deus, desistiu de ser puta.
Cap. 12 – Capítulo XII: E finalmente, de como reconstruiu novamente o cabaço, tornando-se uma piedosa freira carmelita.



Conheça o blog de fetiche e contos eróticos “INFERNO DE SADE”: http://infernodesade.blogspot.com.br/
  

FRESTAS INDISCRETAS Nº 1 (de Haroldo Brandão)

by Henry Cartier Bresson


Marx não consegue dormir


Os furúnculos


E as dívidas


Não deixam


JANELAS DISCRETAS Nº 10 (de Marcos Salvatore)



Com tanto circo, nem da tempo de querer o pão. Culpa da fome.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

JANELAS DISCRETAS Nº 9 (de Marcos Salvatore)




Amanheceu em segredo. Lá fora, uma terça de vontade algo débil, quer perder-se no mistério e no ridículo da florada pai d'égua.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

JANELAS DISCRETAS Nº 8 (de Marcos Salvatore)


Existe algo de menstrual numa segunda-feira pós Eleições, pré Cirial. Difícil absorver um corrimento tão contraceptivo. Portanto, sangue frio e sandálias para mais um dia útil.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

FODA-SE (de Millôr Fernandes)




                                                     
O nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de FODA-SE que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito de FODA-SE!?  O “foda-se” aumenta minha auto-estima e me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas, me liberta. Não quer sair comigo? Então FODA-SE!  Vai querer decidir esta merda sozinho mesmo? Então FODA-SE! O direito ao FODA-SE deveria estar assegurado na Constituição Federal.

Os palavrões não nascem por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua línguaComo o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia.

PRA CARALHO” por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de quantidade do quePRA CARALHO”?, tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o Universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende? No gênero do “Pra Caralho", mas no caso, expressando a mais absoluta negação, esta o famosoNEM FODENDO”.

O “Não, nãonão!” e tampouco o nada eficaz e sem nenhuma credibilidadeNão, absolutamente não!” substituem o “NEM FODENDO” é  irretorquível, e liquida o assunto. Te liberta, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro para ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte logo o definitivo  “Filhinho, presta atenção,  “NEM FODENDO' .

O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o “PORRA NENHUMA” atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possam viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a bravata daquele chefe idiota senão com um “É PHD  PORRA NENHUMA”, ou ele redigiu aquele relatório sozinho PORRA NENHUMA!. O “PORRA NENHUMA” como vocês podem ver nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha. São dessa mesma gênese os clássicos “Aspone, Chepone, Repone”, e mais recentemente o “Prepone”, presidente de PORRA NENHUMA.

outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um “PUTA-QUE-PARIU”, falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba... Diante de uma  notícia irritante qualquer um “PUTA-QUE-O-PARIU!”, dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.

E o que dizer de nosso famoso “VAI TOMAR NO CU!”? E sua maravilhosa e reforçada derivação “VAI TOMAR NO OLHO DO SEU CU” ? Você imaginou o bem  que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta : Chega ! “VAI TOMAR NO OLHO DO SEU CU”.  Pronto, você retomou as rédeas de sua vida e sua auto-estima. Desabotoe a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios. Arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando-o parar: O que você fala?
FODEU DE VEZ!

Liberdade, igualdade, fraternidade e  FODA-SE.