sexta-feira, 20 de junho de 2014

BURZUM E AS ORIGENS DO NEONAZISMO NO BLACK METAL


A Cultura Underground é frequentemente associada apenas à música. E entre a música, em sua grande parte, ao Rock e aos seus subgêneros. Porém, a Cultura Underground é muito mais do que isso: é um conjunto de idéias, artes, comportamentos, atitudes políticas, etc., contrárias as idéias vigentes, e entre esta, a mídia, como se pode ver claramente em suas origens.
Ignorar sua história, e consequentemente ignorá-lo como um veículo de idéias, é tratá-lo apenas como movimento musical, é negar sua essência, é cair em ABERRAÇÕES, como as que frequentemente temos vistos, em que fãs, claramente, descendentes de negros, ou povos indígenas, ostentando em suas camisas bandas neonazistas, como o BURZUM.
Isto, não apenas, é LAMENTÁVEL, quanto CHOCANTE e RIDÍCULO. O que tais pessoas esperariam de tais bandas, que fossem tidas como parte de seu público, e como tal bem recebidas?
Tudo menos isso aconteceria! No mínimo tais artistas lhes cuspiriam no rosto, inferiorizando-os. Como podemos deduzir pelas próprias palavras de Varg Vikernes (BURZUM):
Ao se juntar uma pessoa de olhos azuis com uma de olhos marrons, freqüentemente a descendência adquire olhos marrons. Isto provavelmente poderia significar que os olhos marrons são mais fortes e o azul é mais fraco, mas não é. Olhos azuis têm a cor da eternidade e do céu. O oceano é azul, várias lindas flores são azuis! Olhos marrons, o que eles são? Estrume é marrom, nossa merda é marrom! Então por que o marrom anula o azul? É simples. Se nós misturamos água do oceano (olhos azuis) com água suja (olhos marrons) então nós adquirimos água mais suja. É mais fácil o sujo sujar o limpo do que o limpo limpar o sujo. Essa é a razão pela qual as crianças cujos pais tem olhos azuis e marrons, costumam herdar os olhos marrons.
Para melhorar nossa aparência, nós devemos começar a pensar em higiene racial. É importante que as pessoas de olhos escuros não procriem entre si, ou então nascerá uma criança igualmente inferior.
BURZUM – AS ORIGENS
O BURZUM é uma espécie de masturbação musical feito por um homem só, Varg Vikernes, nos idos da década de 90.
Não contente com o cenário musical do Black Metal norueguês na década de 90, Varg criou uma banda de um homem só, o que certamente pode ser visto como um reflexo de seu comportamento, e de características de sua personalidade, que mais tarde apareceriam com maior intensidade. Tais como o isolamento, o radicalismo de idéias, a incompatibilidade de personalidade, o orgulho desmedido, a intolerância cultural, etc.
Sendo réu confesso pelo assassinato de outro membro Black Metal, líder, por sua vez, de outra famosa banda norueguesa, Øystein Aarseth (Euronymous), do MAYHEM, Vikernes teve sua liberdade decretada recentemente, após quase 16 anos de prisão pelo assassinato.
Assassinato, que certamente teve como uma de suas origens motivações culturais, e que pode ser visto culturalmente, como o início da associação de idéias nazistas à cultura Black Metal norueguesa, e por conseqüência ao Black Metal mundial, trazendo para a Cultura Underground, o ÓDIO, a DISCRIMINAÇÃO RACIAL, a INTOLERÂNCIA CULTURAL, O PAN-GERMANISMO, etc., contra os próprios membros Underground.
O CONDE NOITE-CINZENTA E O PRÍNCIPE DA MORTE


O Black Metal, como movimento musical, teve início com bandas da década de 80, como VENOM, BATHORY e HELLHAMMER (atual CELTIC FROST). Teve seu nome inspirado do nome homônimo de um disco da banda inglesa VENOM.
Porém, como parece ser o caso da maioria das idéias, ele já existia de forma anônima bem antes da existência de tais bandas, como se pode ver observando a temática de algumas bandas pioneiras, como o BLACK SABBATH. Contudo, foi com as bandas citadas acima, que o estilo ganhou força e se expandiu pelo mundo.
Na Noruega o estilo ganhou feições próprias, com uma ideologia política, nacionalista, associada aos temas considerados, até então, meramente teatrais e artísticos. Saindo, portanto, da temática artística para tomar ares de movimento terrorista.
Esta mudança pode ser vista, claramente, com a disputa entre Euronymous (em latim “Príncipe da Morte”) e Varg Vikernes, que nesta época ostentava o nome artístico Count Grishnackh, significando, por sua vez, “Conde Noite Cinzenta”.
Euronymous queria que o Black Metal se torna-se cada vez mais satânico, tanto na temática quanto no comportamento. Por seu lado, Vikernes afirmava que a idéia de Satã nascia da deturpação feita pela igreja cristã dos deuses de seus antepassados pagãos. [Ver o artigo: A Verdadeira História do Diabo (e do número 666)]. Por isso, por respeito a antiga cultura de seu povo, jamais poderia se considerar um satanista. 
Para Vikernes, portanto, foi extremamente fácil a transposição do Black Metal, com suas letras satânicas, para o culto de antigos deuses pagãos noruegueses, como Odin, como forma de resgatar sua cultura nórdica. Mais tarde chamará este movimento de “Odalismo”, oriundo do norueguês antigo, significando “terra natal”.
Logo, estas idéias se juntariam a sua natural rebeldia juvenil, tendo como conseqüência a destruição, por meio do fogo, de igrejas cristãs. (Vikernes seria condenado também pela queima de três igrejas cristãs, na Noruega).
O terreno já estava, por conseguinte, preparado para que idéias nazistas se instalassem em sua mente. A rebeldia do Black Metal, e a descoberta de que o satanismo era a conseqüência da destruição da cultura pagã de seus antepassados, feita pela igreja, foram, certamente, fortalecidos por seus preconceitos raciais, mais tarde ajuntados ao preconceito à cultura judaica, oriundo do seu ódio ao cristianismo. Sendo estas a essência do nazismo.         
VARG VIKERNES E SUA CULTURA


Varg Vikernes cresceu em um ambiente violento. Pois, era comum que, não apenas este, como seus amigos andassem armados de facas, armas de fogo, ou armas medievais, por eles fabricados. Algo que se assemelha bastante a muitos países do terceiro mundo. Contudo, a Noruega estava longe de ser um país com padrão de vida como desses paises. A qualidade de vida de seus habitantes era, e ainda o é, uma das melhores do mundo. Portanto, não foi por miséria, ou por falta de educação que estes elementos se entregavam à violência, mas por pura e simples diversão e fantasia. Era comum, como bem relembra Vikernes, que se encontrassem nos campos e bosques da Noruega, para jogarem RPG e ensaiarem lutas com espadas de madeira.
Certamente, quando não se tem motivos, como a pobreza para se revoltar, há de encontrarem outros motivos, e Vikernes não foi exceção à regra, era um apaixonado por jogos de RPG e pelas histórias de fantasias escritas pelo escritor inglês J. R. R. Tolkien, bem como pelas lendas heróicas dos deuses de seu país.
Com o tempo Vikernes percebeu que muito o que Tolkien escrevia era uma deturpação, assim como já havia feito a igreja católica, dos deuses pagãos de seu país. E logo passou a interpretar as estórias de Tolkien como uma luta entre o velho mundo pagão, de seus ancestrais, com a cultura cristã. Assim, Vikernes uniu sua predisposição para a fantasia, com doses de realidade e de racismo. Motivando, e dando sentido, ainda mais, a sua rebeldia fantasiosa.
Vikernes era capaz de olhar para velhas igrejas e cemitérios cristãos e ver, imaginativamente, entidades e deuses pagãos o chamando para participar desta luta, deste RAGNAROK, cujos os deuses pagãos seriam os vencedores.
O DEUS BRANCO
As crenças pagãs de Varg Vikernes são tão irracionais quanto de seus opositores cristãos. Seus métodos foram os mesmos, baseados na força, com a diferença que o paganismo tem sido menos hipócrita historicamente, e muito mais preso a uma identidade cultural. O que, certamente, mais formenta nacionalismos e racismos (podendo ser perigoso). O que é de esperar em seus escritos e em sua atitude. Podendo ser visto apenas como uma revolta tardia à invasão de sua cultura. E se não se pode justificar racionalmente tanto a religião cristã quanto a pagã, também não se pode sobrepor uma à outra. Pois, como foi dito, estas são tão irracionais quanto o seu racismo. Não podendo, por sua vez, este ser justificado racionalmente.
Não se pode dizer que uma raça é superior à outra, sem uma boa doze de preconceito. Aliás, o próprio conceito de raça é questionável.
Não há nenhuma prova científica, ou histórica, que uma raça é superior à outra. Exemplo: enquanto os brancos e nórdicos, de olhos azuis, e “superiores” ancestrais de Varg Vikernes, não conheciam a cultura de plantar seu próprio alimento, ou criar animais, se entregando apenas à primitiva atividade da caça e pesca; os NEGROS egípcios, por seu lado, no mesmo tempo, tinham criado, não apenas técnicas de plantar, como a escrita, a matemática, as pirâmides (vista como o fruto máximo do conhecimento da época), etc.. Visto por essa ótica, fica-se a pensar quem seria realmente os inferiores! Porém, esta forma de pensar também é errônea, já que é apenas diferença cultural. O que significa que qualquer outra raça, estando na mesma época dos antigos egípcios, e sendo ensinados por estes, aprenderiam os mesmos conhecimentos, pois a inteligências não está presa a raças, embora, certamente, Vikernes afirmaria que os nórdicos sempre foram os mais inteligentes. Por isso, o conceito de superioridade de raça é, não apenas relativo, como falso, já que depende de critérios arbitrários, escolhidos intencionalmente, por seus defensores, como o de Varg Vikernes.        

         

Um comentário:

  1. besteira de fanatismo cristão rotular tudo q é "underground" como maligno, o próprio cristianismo já foi "underground"

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