A Cultura
Underground é frequentemente associada apenas à música. E entre a música, em
sua grande parte, ao Rock e aos seus subgêneros. Porém, a Cultura Underground é
muito mais do que isso: é um conjunto de idéias, artes, comportamentos,
atitudes políticas, etc., contrárias as idéias vigentes, e entre esta, a mídia,
como se pode ver claramente em suas origens.
Ignorar sua
história, e consequentemente ignorá-lo como um veículo de idéias, é tratá-lo
apenas como movimento musical, é negar sua essência, é cair em ABERRAÇÕES, como
as que frequentemente temos vistos, em que fãs, claramente, descendentes de
negros, ou povos indígenas, ostentando em suas camisas bandas neonazistas, como
o BURZUM.
Isto, não
apenas, é LAMENTÁVEL, quanto CHOCANTE e RIDÍCULO. O que tais pessoas esperariam
de tais bandas, que fossem tidas como parte de seu público, e como tal bem
recebidas?
Tudo menos
isso aconteceria! No mínimo tais artistas lhes cuspiriam no rosto,
inferiorizando-os. Como podemos deduzir pelas próprias palavras de Varg
Vikernes (BURZUM):
“Ao se juntar uma pessoa de olhos azuis com
uma de olhos marrons, freqüentemente a descendência adquire olhos marrons. Isto
provavelmente poderia significar que os olhos marrons são mais fortes e o azul
é mais fraco, mas não é. Olhos azuis têm a cor da eternidade e do céu. O oceano
é azul, várias lindas flores são azuis! Olhos marrons, o que eles são? Estrume
é marrom, nossa merda é marrom! Então por que o marrom anula o azul? É simples.
Se nós misturamos água do oceano (olhos azuis) com água suja (olhos marrons)
então nós adquirimos água mais suja. É mais fácil o sujo sujar o limpo do que o
limpo limpar o sujo. Essa é a razão pela qual as crianças cujos pais tem olhos
azuis e marrons, costumam herdar os olhos marrons.”
“Para melhorar nossa aparência, nós devemos
começar a pensar em higiene racial. É importante que as pessoas de olhos
escuros não procriem entre si, ou então nascerá uma criança igualmente
inferior.”
BURZUM – AS ORIGENS
O BURZUM é
uma espécie de masturbação musical feito por um homem só, Varg Vikernes, nos
idos da década de 90.
Não contente
com o cenário musical do Black Metal norueguês na década de 90, Varg criou uma
banda de um homem só, o que certamente pode ser visto como um reflexo de seu
comportamento, e de características de sua personalidade, que mais tarde
apareceriam com maior intensidade. Tais como o isolamento, o radicalismo de
idéias, a incompatibilidade de personalidade, o orgulho desmedido, a
intolerância cultural, etc.
Sendo réu
confesso pelo assassinato de outro membro Black Metal, líder, por sua vez, de
outra famosa banda norueguesa, Øystein Aarseth (Euronymous), do MAYHEM,
Vikernes teve sua liberdade decretada recentemente, após quase 16 anos de
prisão pelo assassinato.
Assassinato,
que certamente teve como uma de suas origens motivações culturais, e que pode
ser visto culturalmente, como o início da associação de idéias nazistas à
cultura Black Metal norueguesa, e por conseqüência ao Black Metal mundial, trazendo
para a Cultura Underground, o ÓDIO, a DISCRIMINAÇÃO RACIAL, a INTOLERÂNCIA
CULTURAL, O PAN-GERMANISMO, etc., contra os próprios membros Underground.
O CONDE NOITE-CINZENTA E O PRÍNCIPE
DA MORTE
O Black
Metal, como movimento musical, teve início com bandas da década de 80, como
VENOM, BATHORY e HELLHAMMER (atual CELTIC FROST). Teve seu nome inspirado do
nome homônimo de um disco da banda inglesa VENOM.
Porém, como
parece ser o caso da maioria das idéias, ele já existia de forma anônima bem
antes da existência de tais bandas, como se pode ver observando a temática de
algumas bandas pioneiras, como o BLACK SABBATH. Contudo, foi com as bandas
citadas acima, que o estilo ganhou força e se expandiu pelo mundo.
Na Noruega o
estilo ganhou feições próprias, com uma ideologia política, nacionalista,
associada aos temas considerados, até então, meramente teatrais e artísticos.
Saindo, portanto, da temática artística para tomar ares de movimento
terrorista.
Esta mudança
pode ser vista, claramente, com a disputa entre Euronymous (em latim “Príncipe
da Morte”) e Varg Vikernes, que nesta época ostentava o nome artístico Count
Grishnackh, significando, por sua vez, “Conde Noite Cinzenta”.
Euronymous
queria que o Black Metal se torna-se cada vez mais satânico, tanto na temática
quanto no comportamento. Por seu lado, Vikernes afirmava que a idéia de Satã
nascia da deturpação feita pela igreja cristã dos deuses de seus antepassados
pagãos. [Ver o artigo: A Verdadeira
História do Diabo (e do número 666)]. Por isso, por respeito a antiga
cultura de seu povo, jamais poderia se considerar um satanista.
Para
Vikernes, portanto, foi extremamente fácil a transposição do Black Metal, com
suas letras satânicas, para o culto de antigos deuses pagãos noruegueses, como
Odin, como forma de resgatar sua cultura nórdica. Mais tarde chamará este
movimento de “Odalismo”, oriundo do norueguês antigo, significando “terra
natal”.
Logo, estas
idéias se juntariam a sua natural rebeldia juvenil, tendo como conseqüência a
destruição, por meio do fogo, de igrejas cristãs. (Vikernes seria condenado
também pela queima de três igrejas cristãs, na Noruega).
O terreno já
estava, por conseguinte, preparado para que idéias nazistas se instalassem em
sua mente. A rebeldia do Black Metal, e a descoberta de que o satanismo era a
conseqüência da destruição da cultura pagã de seus antepassados, feita pela
igreja, foram, certamente, fortalecidos por seus preconceitos raciais, mais
tarde ajuntados ao preconceito à cultura judaica, oriundo do seu ódio ao
cristianismo. Sendo estas a essência do nazismo.
VARG VIKERNES E SUA CULTURA
Varg Vikernes
cresceu em um ambiente violento. Pois, era comum que, não apenas este, como
seus amigos andassem armados de facas, armas de fogo, ou armas medievais, por
eles fabricados. Algo que se assemelha bastante a muitos países do terceiro
mundo. Contudo, a Noruega estava longe de ser um país com padrão de vida como desses
paises. A qualidade de vida de seus habitantes era, e ainda o é, uma das
melhores do mundo. Portanto, não foi por miséria, ou por falta de educação que
estes elementos se entregavam à violência, mas por pura e simples diversão e
fantasia. Era comum, como bem relembra Vikernes, que se encontrassem nos campos
e bosques da Noruega, para jogarem RPG e ensaiarem lutas com espadas de
madeira.
Certamente,
quando não se tem motivos, como a pobreza para se revoltar, há de encontrarem
outros motivos, e Vikernes não foi exceção à regra, era um apaixonado por jogos
de RPG e pelas histórias de fantasias escritas pelo escritor inglês J. R. R.
Tolkien, bem como pelas lendas heróicas dos deuses de seu país.
Com o tempo
Vikernes percebeu que muito o que Tolkien escrevia era uma deturpação, assim
como já havia feito a igreja católica, dos deuses pagãos de seu país. E logo
passou a interpretar as estórias de Tolkien como uma luta entre o velho mundo
pagão, de seus ancestrais, com a cultura cristã. Assim, Vikernes uniu sua
predisposição para a fantasia, com doses de realidade e de racismo. Motivando, e
dando sentido, ainda mais, a sua rebeldia fantasiosa.
Vikernes era
capaz de olhar para velhas igrejas e cemitérios cristãos e ver,
imaginativamente, entidades e deuses pagãos o chamando para participar desta
luta, deste RAGNAROK, cujos os deuses pagãos seriam os vencedores.
O DEUS BRANCO
As crenças
pagãs de Varg Vikernes são tão irracionais quanto de seus opositores cristãos.
Seus métodos foram os mesmos, baseados na força, com a diferença que o
paganismo tem sido menos hipócrita historicamente, e muito mais preso a uma
identidade cultural. O que, certamente, mais formenta nacionalismos e racismos (podendo
ser perigoso). O que é de esperar em seus escritos e em sua atitude. Podendo
ser visto apenas como uma revolta tardia à invasão de sua cultura. E se não se
pode justificar racionalmente tanto a religião cristã quanto a pagã, também não
se pode sobrepor uma à outra. Pois, como foi dito, estas são tão irracionais
quanto o seu racismo. Não podendo, por sua vez, este ser justificado
racionalmente.
Não se pode
dizer que uma raça é superior à outra, sem uma boa doze de preconceito. Aliás,
o próprio conceito de raça é questionável.
Não há
nenhuma prova científica, ou histórica, que uma raça é superior à outra.
Exemplo: enquanto os brancos e nórdicos, de olhos azuis, e “superiores” ancestrais
de Varg Vikernes, não conheciam a cultura de plantar seu próprio alimento, ou
criar animais, se entregando apenas à primitiva atividade da caça e pesca; os NEGROS
egípcios, por seu lado, no mesmo tempo, tinham criado, não apenas técnicas de
plantar, como a escrita, a matemática, as pirâmides (vista como o fruto máximo
do conhecimento da época), etc.. Visto por essa ótica, fica-se a pensar quem
seria realmente os inferiores! Porém, esta forma de pensar também é errônea, já
que é apenas diferença cultural. O que significa que qualquer outra raça,
estando na mesma época dos antigos egípcios, e sendo ensinados por estes,
aprenderiam os mesmos conhecimentos, pois a inteligências não está presa a
raças, embora, certamente, Vikernes afirmaria que os nórdicos sempre foram os
mais inteligentes. Por isso, o conceito de superioridade de raça é, não apenas
relativo, como falso, já que depende de critérios arbitrários, escolhidos intencionalmente,
por seus defensores, como o de Varg Vikernes.
besteira de fanatismo cristão rotular tudo q é "underground" como maligno, o próprio cristianismo já foi "underground"
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