HÁ QUEM DIGA QUE UM BOM
CAMINHO para se chegar a deus é contemplar a grande harmonia do mundo; já para
outros a profunda beleza que se vê em algo aparentemente tão singelo quanto as asas
de uma borboleta nos conduz a conceber um criador; mas para Toni Bentley o
caminho para deus é literalmente mais embaixo. Toni é uma ex-bailarina atéia
que descobriu deus por meio do mais vigoroso sexo anal. Isso mesmo que você
leu: SEXO ANAL. E para quem não acredita em minhas palavras, crendo-me um mal
interprete, exagerado e grosseiro, que tal as palavras da própria autora? Então
prepare-se:
“Dar o cu me enche de esperança.
O desespero não tem nenhuma chance quando o pau dele está no meu cu, abrindo
espaço para Deus. Ele abriu minha bunda e com aquela primeira estocada partiu
minha negação a Deus”.
Toni Bentley |
Sei que para muitos a
mensagem é chocante, inconcebível, e para quem acha que Bentley não está falando
sério, ela tem uma boa resposta — mais chocante ainda que a anterior:
“Sou ateísta por herança.
Conheci a experiência divina dando o cu — muitas e muitas e muitas vezes. Sou
uma aprendiz lenta — e hedonista gulosa. Estou falando sério. Muito sério. E
fiquei ainda mais surpresa do que você agora com esse despertar tão
curiosamente grosseiro para um estado místico. Ali estava: a grande surpresa de
Deus, Seu humor e Sua presença potente
manifestados no meu cu”.
Edição em inglês de A Entrega - Memórias Eróticas |
Há anos (sem trocadilhos)
que tenho o desejo de escrever sobre Toni Bentley, afinal sempre gostei de
pessoas e personagens que por serem tão livres chegam a incomodar. E Toni incomodou
bastante os mais recatados com o lançamento de seu livro A entrega - Memórias eróticas — lançado em 2004 —, em que descreve,
de forma minuciosa, como encontrou sua verdadeira sexualidade, o amor e deus,
por meio do sexo anal. Para tanto, Toni Bentley começa descrevendo sua profunda
busca, desde a infância, por deus, passando pela descoberta de seu talento para
o balé, a descoberta da sexualidade, as aventuras e desventuras no amor e, por
fim, sua polêmica descoberta espiritual, em que Bentley recorre a uma espécie
de diário sexual em que todas suas 298 relações anais, praticadas com o Homem-A,
seu amante, foram anotadas em detalhes.
E para quem acha que se trata apenas de
pornografia saiba que o livro possui surpreendentes análises psicológicas, escrito
em linguagem que mescla frases poéticas com a linguagem mais vulgar possível,
como quando ela chama suas práticas de sexo anal de ter a “janta socada”. Mas
isto não deve obliterar suas análises psicológicas: Toni Bentley é uma mulher
que se conhece profundamente. E a linguagem usada torna o livro delicioso,
divertido e também hilário; um misto de biografia, autoajuda e de dicas
sexuais, como nas passagens em que a autora analisa os tipos de roupas íntimas
e dá dicas sobre a compra de lubrificantes.
Toni Bentley quando bailarina |
“Conselho para quem dá o
cu: use óculos escuros para comprar KY e não se vire na fila do caixa: estão
todos olhando para sua bunda, sem acreditar”.
A autora também discorre
sobre leis de estados americanos que proibiam e que ainda proíbem a prática do
sexo anal. O que faz de A Entrega uma apologia a liberdade sexual e ao sexo
anal, descrito pela autora com tal intensidade e poesia que supera tudo que já
foi escrito na literatura a respeito.
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