Teresa possuía um corpo
magnífico e um belo rosto, porém o que lhe sobrava de beleza transbordava de timidez.
Desgostava-lhe ser cobiçada por tantos homens, com seus olhares indiscretos e vulgares. Era
tão envergonhada que somente se sentia à vontade quando estava só. E quando
sozinha em seu quarto, em suas horas vagas, enfrente ao espelho, a fazer poses,
imaginava-se como modelo de pintores famosos que, inspirados em sua beleza,
pintariam os mais belos quadros. Quadros cuja vergonha impedia que existissem. E assim era Teresa um misto de beleza e horror a olhares vulgares. Por isso adorava seu trabalho em que sua beleza não possuía nenhum valor vulgar; e
embora nunca estivesse sozinha a trabalhar, sempre lhe dava a impressão de
estar só. Teresa trabalhava em meio a dezenas de cegos.
Todos os dias, ao chegar
ao trabalho, seguia seu ritual matinal: respirava fundo, e como por mágica, desfazia-se
instantaneamente de sua timidez, passava a se sentir a mulher mais devassa do
mundo enquanto tirava as roupas devagar do corpo, cantarolando alguma melodia
sensual, um strip-tease improvisado em meio a sua pequena plateia de cegos que
ignoravam por completo o que fazia; e assim, nua, passava a cuidar das dezenas
de ceguinhos em suas tarefas diárias.
E quando levava-os para
tomar banho, enfileirados, imaginava estar em uma praia de nudismo, contornada
por dezenas de garanhões, encarando-a com naturalidade; e ela fingia não ligar
para aquelas dezenas de pênis flácidos, como devia se comportar alguém que
estivesse acostumado com tal ambiente.
Na hora do almoço,
enquanto servia os cegos, aproximava a vagina próximo de suas bocas enquanto
estes mastigavam; divertia-se ao se ver quase tocada por suas línguas naquela
região tão sensível de seu corpo. E os que tinham grandes bigodes lhes fazia gargalhar
de cócegas.
Porém um dia algo
estranho aconteceu. Em meio a mais um banho comunitário, entre tantos membros
flácidos, Teresa notou que um pênis havia se levantado. Foi então que descobriu
que em terra de cego que tem um olho é rei.
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