Nas misteriosas terras da Transilvânia, onde
hoje é a Hungria, entre montanhas geladas e bosques sombrios com imensos
carvalhos e pequenos riachos de águas límpidas e brilhantes, vivia um nobre
cavaleiro, cujo temor de sua espada espalhava-se pelos quatro cantos da terra. Seu
nome inspirava tanto temor que em cada riacho de seu reino um cálice de ouro
cravejado com diamantes era depositado para ser usado para matar a sede de viajantes
que cruzavam a região. E durante seu reinado nenhum cálice fora jamais roubado.
Pois todos sabiam que o rei Vlad Tepes detestava, acima de tudo, o roubo.
Um dia, um viajante reclamou-lhe que havia
sido roubado em meio às terras de seu reino. Vlad disse-lhe que pagaria sua
hospedagem e que no dia seguinte voltasse para pegar seu dinheiro roubado. E
assim fez o peregrino. Ao chegar ao castelo, viu ao lado de uma cabeça humana
decepada sobre a mesa um saco com dinheiro. Vlad disse-lhe então que contasse o
dinheiro. E após o peregrino contar minunciosamente as moedas de
ouro, perguntou-lhe, o rei:
— É a quantia roubada?
— Não, meu senhor.
— Diga-me quanto falta e lhe darei o dobro.
— Não falta nada, senhor, ao contrário, sobra
uma moeda de ouro.
Disse então o rei ao
viajante:
— Vejo que és um homem honesto. Reclamaste que
sobra uma moeda de ouro, a qual eu mesmo pus como teste. E caso não fosses
honesto, haveria sobre a mesa duas cabeças decepadas, pois tu seria tão
desonesto quanto o ladrão que lhe roubou as moedas.
Ao entrarem em seu castelo, todos lhe
reverenciavam com respeito, com o modo educado dos cavalheiros: tiravam o
chapéu em sua reverencia. Porém um dia, três monges adentraram em seu castelo. E
ao observar que estes não tiravam seus chapéus em sua presença, Vlad Tepes
pôs-se a repreendê-los. Perguntou-lhes por que não haviam tirado seus chapéus
em sua presença. Disse um dos monges: “Senhor, apenas em reverencia a Deus
tiramos os chapéus”. “Pois faço votos que continuem com tal hábito”, disse Vlad
a estes.
E para garantir que tal costume não fosse
quebrado enquanto os monges permanecessem em seu reino, mandou que seus servos
fixassem os chapéus em suas cabeças com pregos.
Assim era Vlad Tepes: um homem justo ao seu
próprio modo.
Vlad havia herdado de seu pai o título de
Cavaleiro de Dracul, significando Cavaleiro do Dragão, ordem da qual pertencera
seu pai. E durante a guerra contra os turcos, Vlad Tepes, adotou o nome Dracul;
e empunhando sua bandeira com um imenso dragão mostrou-se ser um rei impiedoso
ao defender seu reino da invasão turca.
Contudo, algo o havia feito enlouquecer
naqueles dias, despertando nele um desejo incontrolável por sangue. Passou a demonstrar
grande predileção pelas torturas que exercia em seus inimigos. E entre elas o empalamento
demonstrou-se ser sua preferida; esta consistia em suspender a vítima por meio
de uma fina tora de madeira fixada ao chão. A vítima era espetada de uma
extremidade a outra do corpo. A morte era lenta e extremamente
dolorosa.
Conta-se que Vlad gostava de almoçar enquanto ouvia
o gemer de corpos, que se esvaiam em grandes poças de sangue. O que lhe valeu a
alcunha de DRACUL, O EMPALADOR.
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