"Não está morto oque eternamente jaz inanimado, e em realidade estranhas até a morte pode ser vencida".
(H.P. Lovecraft).
PARA ALGUNS ESCRITORES de romances de terror suas histórias cheias de fantasmas, demônios, vampiros,
possessões, casas mal-assombradas, premonições, etc., não seriam mera invenção
da imaginação, mas histórias que contariam sobre uma realidade tão real quanto
a que supostamente vivemos. Alguns destes autores pertenceram mesmo a
sociedades de magia, como a Ordem Hermética da GOLDEN DAWN, uma sociedade
secreta inglesa dedicada a estudos da mais alta magia, tendo sido membro o
famoso bruxo Aleister Crowley, e também os escritores de terror Arthur Machen,
Algenor Blackwood, Lord Dunsany.
Na famosa novela de terror O Grande Deus Pan, do escocês Arthur
Machen (1863 – 1947), um cientista busca demonstrar que há uma realidade independente da que vivemos, e que seria a verdadeira realidade, a que nós pertenceríamos; uma realidade mágica, com criaturas mágicas. E para manter contato com esta realidade paralela, é criado uma passagem de contato entre o nosso mundo e o mundo do "Grande Deus Pan" por meio de uma operação cerebral em uma voluntária.
É impossível não ver na ideia de uma realidade mágica paralela a nossa, composta por seres mágicos, uma realidade bem mais real que a nossa, crenças esotéricas de seu próprio autor, um grande estudioso das chamadas ciências ocultas.
Machen fora responsável
por um fato curioso. Após um mês de uma grande batalha entre as marinhas
inglesa e alemã durante a primeira grande guerra, Machen escreveu um artigo que
dizia que criaturas aladas surgiram do céu e lançaram lanças contra a marinha
alemã. Segundo ele eram os espíritos dos arqueiros dos tempos da batalha de
Agincourt (uma batalha que ocorreu em solo francês em 1415 onde venceram os
ingleses). O artigo fora publicado em um jornal local. E algumas semanas depois
de publicado “Machen começou a receber pedidos de mais detalhes sobre a origem
da história. Respondeu que a única fonte da história foi sua própria imaginação.
Mais tarde, descobriram que um número significativo de pessoas acreditaram que
algo como aquilo que foi dito na história realmente aconteceu: de que os
"anjos" apareceram para lutar do lado britânico em Mons”.
Machen continuou a
afirmar que a única fonte para a história era a sua imaginação, mas muitos não
acreditaram nesta possibilidade, acreditavam que ele havia sido favorecido com uma
visão sobrenatural da batalha. E admiradores de Machen passaram acreditar que
anjos haviam mesmo aparecido. Arthur Machen publicou três livros e uma série de
artigos sobre a polêmica que obtiveram um enorme sucesso.
PESADELOS E ROMANCE GÓTICO
A literatura de terror
desde seu início fora associada a fatos misteriosos, como a que nos conta Horace
Walpole (1717 – 1797), o primeiro escritor a escrever um romance de terror, O
Castelo de Otranto.
Horace nos diz que concebeu
seu romance através de um sonho, ou melhor, de um pesadelo, em que uma
gigantesca mão, revestida por uma armadura, o aguardava sobre a escada de um
velho castelo. À noite, inspirado pelo pesadelo, pôs-se a escrever sem saber
bem o que escreveria; seguia uma leitura automática; suas mãos escrevia
rapidamente como se fosse conduzida por algo desconhecido, algo que não fazia
parte de si, e que era mais forte que ele; passando horas ininterruptas a
escrever, só terminando quando seu corpo exausto era vencido pelo cansaço.
Pesadelos passaram então
a ser a principal fonte de inspiração para tais escritores. Ann Radcliff (1764
– 1830), famosa escritora gótica inglesa, costumava provocá-los por meio de
pesados jantares. Já o famoso escritor americano H. P. Lovecraft (1890 – 1937)
costumava anotá-los imediatamente após acordar. O que explica em grande parte a
atmosfera mórbida e noturna de seus contos de terror; mas certamente não tudo,
pois falta a parte mística que leva muitos de seus fãs a acreditar que seus
textos são muito mais que meras criações artísticas, escondem em si um
conhecimento perdido, sobre as origens do homem.
Seus famosos contos nos falam
dos antigos habitantes da Terra, que teriam vindo de outros planetas, e que
seriam os verdadeiros criadores da espécie humana; espécie criada para lhes
servir durante o período que habitaram a Terra. Nossa verdadeira história teria
sido distorcida pelas antigas religiões, que passaram a interpretar estes
antigos seres como deuses. Tais seres se comunicariam com os homens por meio de
sonhos, ou por meio do antiquíssimo livro Necronomicon,
o livro dos mortos, escrito por um dos últimos conhecedores da verdadeira
história.
Portanto, em alguns casos
a literatura de terror seria visto por seus autores muito mais do que apenas
uma obra de arte criada pela imaginação, mas resquícios de concepções milenares
de magia e religião, capaz de transmitir um conhecimento oculto a não iniciados,
independente do entretenimento por ela provocado
Leia também "O Medo e a Literatura de Terror".
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