O
caso Mônica Granuzzo ficou bastante conhecido em nosso país durante o período
de seu acontecimento (junho de 1985), por meio de notícias de telejornais. Este
caso ilustra bem o quanto opiniões machistas podem denegrir a imagem de uma mulher vítima de estupro.
Mônica
Granuzzo, de apenas 14 anos, morreu ao cair de um prédio na cidade do Rio de
Janeiro, após ter sido levada para o mesmo por um rapaz que havia conhecido no dia anterior, pulou de sua varanda como forma de fugir de uma tentativa de estupro
causado pelo mesmo rapaz que a havia levado para seu apartamento.
A opinião pública
da época passou a julgar Mônica por ter aceitado o convite do rapaz para ir ao
seu apartamento antes mesmo de saber que o rapaz havia mentido a ela dizendo que
morava com os pais e que iria lá apenas para apanhar um casaco.
A opinião machista
do público e o terrível julgamento sobre a moça levou a cantora Ângela Rô Rô na época a
compor a música “Mônica”, como uma forma de defender a memória da jovem Mônica
Granuzzo, que além de morta, foi julgada pela sociedade como a verdadeira culpada pela tentativa de estupro, ou no dizer da cantora, interpretando a opinião pública, "Morreu violentada por que quis".
CASO
MÔNICA GRANUZZO
O
ano é 1985. A ditadura militar acabava. O Rock in Rio, grandioso festival
internacional de música – o primeiro no gênero no País – acabara de acontecer.
Mas este período, de grandes transformações e conquistas, foi pano de fundo de
uma tragédia que chocou a sociedade carioca: no dia 16 de junho, a estudante
Mônica Granuzzo Lopes Pereira, 14 anos, despencou de um apartamento no sétimo
andar de um edifício de classe média no bairro da Lagoa, zona sul do Rio de
Janeiro, e morreu.
Mônica Granuzzo |
As circunstâncias da morte de Mônica até hoje são obscuras.
O que realmente aconteceu naquela noite? Mônica caiu ou foi jogada do
apartamento enquanto fugia de uma tentativa de estupro? A história dela foi a
repetição de outro caso rumoroso ocorrido no final da década de 50 no Rio de
Janeiro: o caso da estudante Aída Cury, violentada por três rapazes e atirada
de um prédio em Copacabana.
Ricardo Peixoto Sampaio |
Renato Orlando Costa |
Alfredo Patti do Amaral |
No Caso Mônica, os envolvidos também foram três: o
modelo fotográfico e lutador de Jiu-jitsu Ricardo Peixoto Sampaio, 22 anos;
Alfredo Patti do Amaral e Renato Orlando Costa, ambos com 19 anos. Os três eram
jovens de classe média e freqüentavam as principais danceterias da cidade e a
praia de Ipanema. Nenhum deles tinha passagem pela polícia. No dia anterior,
Mônica conheceu Renato na saída da danceteria “Mamão com Açúcar” e ficou
encantada por ele. Os dois moravam próximos e combinaram de sair no mesmo dia
para comer uma pizza. Ricardo morava sozinho em um apartamento que pertencia a
um tio e levou Mônica até ao local com a desculpa de que iria pegar um casaco.
Para atrair a jovem sem muita resistência, Ricardo mentiu, dizendo que morava
com os pais. Mônica não voltou mais para casa e o corpo dela foi encontrado no
dia seguinte enrolado em um cobertor e jogado em uma ribanceira. A polícia
encontrou marcas de sangue no apartamento de Ricardo e no playground do prédio.
Acusados do Caso Mônica Granuzzo |
Neste ponto começou um mistério que continua até hoje: o que realmente
aconteceu dentro do apartamento? Ricardo contou que Mônica correu para a
varanda do apartamento e se atirou. Mas a versão dele foi desmascarada por um
laudo da perícia que informava que Mônica tinha sido espancada antes de morrer.
A versão do Ministério Público era de que Mônica foi espancada e depois atirada
da varanda por Ricardo, Alfredo e Renato. Mas uma terceira versão foi a que
prevaleceu: Ricardo tentou agarrar Mônica, mas ela resistiu. A jovem então foi
espancada. Desesperada, Mônica tentou pular para a varanda do apartamento
vizinho, mas não conseguiu e caiu no playground. Sem saber o que fazer, Ricardo
pediu ajuda para os amigos Alfredo e Renato, que estavam em uma festa junina.
Ricardo foi julgado pelo assassinato de Mônica e condenado a 20 anos de prisão.
Alfredo e Renato foram condenados a um ano e cinco meses de prisão por
ocultação de cadáver, mas como eram réus primários, cumpriram a pena em
liberdade. Em 16 de maio de 1992, Alfredo sofreu uma parada cardíaca e morreu
aos 26 anos. Renato se tornou executivo de uma multinacional. Ricardo cumpriu
um terço da pena – oito anos e três meses – e depois ganhou o direito de ficar
em liberdade condicional. Hoje, ele dá aulas de educação física e continua a
freqüentar a praia de Ipanema. O que aconteceu naquela noite entre Ricardo e
Mônica permanece um mistério.
FONTE: Programa Linha Direta / Rede Globo
FONTE: Programa Linha Direta / Rede Globo
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