POR QUE HISTÓRIAS NARRADAS EM LIVROS SÃO MELHORES
QUE QUANDO NARRADAS EM FILMES?
É
fato comum, entre leitores, a constatação de que histórias bem desenvolvidas em
livros tendem a não ter o mesmo bom desenvolvimento em filmes. Isso se deve, em
grande parte, ao fato de que livros trazem mais detalhes de uma história, e que
os filmes tendem a comprimi-la em aproximadamente uma hora e meia de exibição,
obedecendo sempre o ritmo comum de desenvolvimentos de filmes comerciais,
levando os diretores a contornar o pouco tempo, criando versões diferentes das
literária. Mas há também outra explicação, muito mais importante, que faz toda
a diferença entre livros e filmes, e fazem os livros serem sempre mais
duradouros e atuais do que suas versões em filmes.
Filmes
são obras independente da mente de quem o assiste; livros necessitam da
imaginação do leitor para criar suas imagens mentais
O
filme está todo lá, acabado, completo na tela da TV ou do cinema; a imaginação
do telespectador não participa da obra, fica totalmente passiva, cabendo ao
espectador apenas registrar tudo o que acontece na tela. Já no livro, uma
história nunca está completa, acabada em suas páginas, pois ela precisa que o
leitor imagine a cena que as palavras descrevem; é preciso que o leitor a
construa por meio de sua imaginação; é como se a história, ao contrário do
filme, acontecesse não na tela de uma TV ou cinema, mas fosse projetada para
dentro da mente do leitor, e lá rodasse.
As
histórias contadas por meio de livros não se reduzem apenas a palavras, ao
contrário do cinema, que reduz suas histórias à cenas; as histórias contadas em
livros não são feitas de palavras, mas da imaginação do leitor; as palavras
seriam apenas comandos para que o leitor os seguisse, e, por meio deles,
pudessem imaginar a cena que lhe propõe o autor do livro, segundo, porém,
gostos pessoais do leitor, diferente do cinema, que se reduz apenas aos gostos
daqueles que fizeram o filme. Assim, quando um livro afirma: “E ela entrou
elegante, com um belo vestido no salão”, o leitor irá imaginar - segundo seus
gostos pessoais -, uma mulher elegante para ele, vestida com um belo vestido,
segundo o que o leitor concebe ser um belo vestido; já em um filme, o espectador
não participa da criação da imagem, ele não imagina a cena segundo seus gostos,
ele apenas vê o que o diretor e a produção do filme considera ser “uma mulher
elegante com um belo vestido”. É isso que faz com que uma história contada em
livro se torne mais atual do que sua versão em filme, pois enquanto nossa
imaginação pode sempre imaginar uma mulher elegante segundo os dias atuais, um
filme filmado, por exemplo, na década de 1970, sempre mostrará uma mulher
elegante segundo os padrões dos anos de 1970.
O
livro, ao contrário do filme, convida o leitor para criar junto com seu autor,
sua história, é um exercício artístico e mental: ler é criar. Por isso, procure
sempre dar ao livro uma prioridade maior.
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