sábado, 3 de novembro de 2018

DESVENDANDO A LENDA DO BODE PRETO DA MAÇONARIA

DESVENDANDO A LENDA DO BODE PRETO DA MAÇONARIA
Muitos já devem ter ouvido falar do suposto juramento ao Diabo feito pelos novos integrantes à maçonaria, em que o Diabo apareceria em forma de um bode preto aos novatos durante um ritual secreto de iniciação, e obrigaria que estes jurassem lealdade a sua pessoa.

Mas seria isso mesmo verdade? E como surgiu tal crença? 

Antes de descobrirmos a Verdade, devemos primeiro responder a pergunta: o que os bodes têm haver com o Diabo?
O bode, por seu vigor sexual, em várias culturas sempre representou a fertilidade. O que levou povos, como o da antiga Grécia e da Roma antiga, a conceber deuses metade homem metade bode.

Deus Pã

Então para representar a figura do Diabo, já que não havia nenhuma descrição clara de seu aspecto nos escritos bíblicos, as autoridades cristãs viram nos deuses gregos e romanos, um bom modo de atingir dois objetivos de uma só vez: ao mesmo tempo usariam as aparências de deuses pagãos para representar o Diabo, e passariam com isso a demonstrar que as religiões pagãs seriam obras do Demônio, pregando assim sua destruição.  Daí a profunda semelhança do antigo deus grego dos bosques, metade homem metade bode, e possuidor de chifres, Pã, com o Diabo.



Por ser um símbolo de fertilidade, bodes também acabaram sendo associados ao sexo, e como o sexo era, por sua vez, visto como origem de pecado e de tentação pela religião cristã, fortaleceu ainda mais a associação da imagem dos bodes negros ao Diabo, que era visto como inspirador do pecado da luxúria. Assim, no imaginário popular medieval, mulheres que haviam entregado suas almas ao Demônio se reuniam, à noite, nas florestas, nos chamados "Sabás", reunião de bruxas, para cultuar o Diabo que apareceria na forma de um grande bode preto, e que exigiria, como símbolo de fidelidade, que estas beijassem seu traseiro. 

Os Templários


A Ordem dos Templários foi criada na idade média (1118 – 1312). Tinha o objetivo de proteger os cristãos que faziam peregrinação à cidade santa de Jerusalém. Com o passar do tempo esta ordem religiosa acumulou bastante riquezas, que passou a despertar a cobiça de muitos reis europeus. Um desses se tornou crucial para que esta ordem terminasse: rei Felipe, o Belo, da França.

Felipe, devido a guerras, tinha adquirido muitas dívidas, o que o levou a ver nas riquezas dos Templários uma forma de se libertar de tais dívidas, para tanto acusou os Templários de homossexualidade e heresia ao papa, como uma forma de condenar seus líderes e ficar com suas riquezas.

Anel com o Símbolo da Ordem dos Templários

O rei francês, viu no símbolo da ordem – dois cavaleiros montados no mesmo cavalo –, um sinal de homossexualismo, e no boato de que eles cultuavam uma estranha “cabeça barbuda” – que possivelmente seria a cabeça de algum santo –, sinal de que cultuavam o demônio.

Sob tortura, vários cavaleiros templários foram forçados a confessar que cultuavam tal estranha entidade. Muitos foram condenados a morrer na fogueira pelo tribunal da Santa Inquisição.

A criação do Baphomet



Outro fato importante para se compreender a lenda do bode negro da maçonaria, são as circunstâncias que deram origens a uma figura erroneamente associada ao satanismo: o Baphomet.

Com o fim da Ordem dos Templários, a ideia de que estes cultuavam uma estranha criatura diabólica se cristalizou, o que levou muitos autores posteriormente a conceber o que seria tal ser. Assim várias ilustrações e interpretações para o que seria este ser foram criadas. E em meio a várias ilustrações de como ele seria, uma se destacou, e que foi chamada de Baphomet, por seu criador, o Éliphas Lévy.

O francês Éliphas Lévy, cujo nome verdadeiro era Alphonse Louis Constant (1810 – 1875), era um místico que em seu livro Dogma e Ritual da Alta Magia, de 1854, ilustrou uma de suas páginas com seu desenho do que seria a tal figura cultuada pelos Templários, um ser que possuía cabeça de bode, asas, seios e corpo de homem.


Desenho Feito por Éliphas Lévy 

O Baphomet, de Éliphas, Lévy trazia em sua figura alguns símbolos da alquimia. Trazia, por exemplo, os quatros elementos que compõe o mundo, segundo a alquimia: A chama em sua cabeça representava o elemento fogo; as escamas em seu abdome representava a água; as asas, o ar; e os pés de bode, a terra. Trazia também os dois princípios fundamentais, o feminino e o masculino, ambos representados respectivamente, pelos seios e por seu falo, simbolizado pelo caduceu, com duas serpentes, do deus grego Hermes. Seus braços, com o direito apontando para cima, enquanto o outro aponta para baixo, significa a união entre o Plano Astral (braço para acima) e o Plano Físico (braço para baixo). E o pentagrama em sua testa, ao contrário do pentagrama invertido, significa “O Homem Perfeito”.

Outro Francês importante para criação da lenda do bode preto da Maçonaria foi Léo Taxil
O fato da Maçonaria ser uma ordem cujos rituais são guardados em segredo, aguçou a curiosidade de muitos, e por ser uma irmandade secreta, logo compararam ela a Ordem dos Templários, associando a ela, por comparação, o culto do misterioso ser cultuado pelos Templários. Só que dessa vez associaram um elemento novo, a ilustração criada por Éliphas Lévy.

O responsável pela associação entre Maçonaria e o Baphomet foi o francês Léo Taxil.


O escritor e jornalista Léo Taxil (1854 – 1907), cujo nome verdadeiro era Marie Joseph Gabriel Antoine Jogand Pagès, fora um novato maçom que começou escrevendo livros polêmicos contra as autoridades católicas. Porém, logo desistiu desta, tornando-se católico, e escrevendo livros contra a Maçonaria, levando-o a ficar bem quisto com autoridades católicas, principalmente quando este escreveu um livro em que acusou a Maçonaria de ser satânica e adorar um ídolo com a cabeça de bode. O qual seria o Baphomet.

Neste livro Léo Taxil “publicou a confissão de uma certa Diana Vaughan sobre suas experiências em uma seita da maçonaria, o livro que teve algum sucesso em vendas; causou grande polêmica entre o clero católico, tanto que em 1887 Taxil foi recebido em audiência pelo Papa Leão XIII, que acreditou nele, e não no bispo de Charleston, que havia denunciado como falsas as confissões de Taxil”.

“Diana Vaughan, entretanto nunca apareceu em público e Taxil acabou confessando em 1897 a sua fraude, o que resultou em um escândalo”.

Mesmo com a confissão de Léo Taxil de que tudo não passou de uma grande fraude, a lenda do bode preto da Maçonaria já tinha se popularizado muito.

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