quinta-feira, 18 de abril de 2019

A MOÇA DO UBER


A MOÇA DO UBER
Primeiro: A Lenda da Moça do Táxi
A famosa lenda paraense conta que durante seu aniversário, Josephina recebia do pai, como presente, uma corrida de táxi pela cidade de Belém, por seus pontos turísticos. Este costume perdurou mesmo após sua morte, com seu espírito vagando em assombrosas corridas de táxis por Belém, e assustando taxistas que juram a terem visto.

Tudo começou quando um taxista avistou uma moça bela, morena, vestida de branco, em frente ao cemitério acenando para o táxi. Parou o carro e a passageira embarcou. Após rodar pelas ruas da cidade a moça pediu para que a deixasse em sua casa. Ao descer do carro, a moça gentilmente pediu para o taxista pegar o pagamento outro dia.


No dia seguinte, o motorista foi à casa  da moça; ao chegar, uma velha senhora lhe atendeu; ele lhe disse que estava ali para receber por uma corrida que uma moça tinha lhe pedido para buscar outro dia. A senhora lhe respondeu que a única mulher que morava na casa era ela. Eis que o vento abre a porta de um cômodo que dava para a sala, expondo um retrato na parede. O motorista imediatamente observou: “Veja, foi aquela moça”. A senhora, espantada, lhe respondeu: “Mas esta é minha filha já morta alguns anos”.


Josephina Conte por Tainá Maneschy
O CONTO:
Eram três horas da madrugada. Raimundo, cansado por ter trabalhado o dia todo, já pensava encerrar as corridas de uber e ir para casa, quando foi chamado para uma nova corrida na Avenida José Bonifácio. Raimundo decidiu então terminar a noite com esta última corrida.



A moça, vestida de branco, aguardava em frente do Cemitério de Santa Isabel. Ela entrou no carro dizendo o endereço para onde queria ir. O motorista, ao olhá-la pelo retrovisor, ficou a pensar o que aquela mulher estava fazendo naquela hora na rua sozinha; numa hora tão perigosa e imprópria para uma moça de família. Por sua tranquilidade, o motorista sabia que não foi uma saída de emergência. Raimundo tentou puxar conversa, mas a bela morena se mantinha calada. Um suave perfume de flores preencheu o carro de uma forma inebriante. Não era um perfume comum, nada vulgar; ele nunca tinha sentido perfume igual. Raimundo olhava a bela morena pelo retrovisor. Talvez fosse uma daquelas prostitutas estrangeiras, que vinham para Belém para servirem a ricos fazendeiros. Até que seria bom, convidá-la para tomar umas cervejas no botequim do Amaral, e até poderia acontecer algo a mais.

A corrida chegava aos poucos ao seu fim, e por mais que Raimundo tentasse iniciar uma conversa, a morena  permanecia estranhamente calada.

Ao chegar ao endereço pretendido, a moça pediu para que Raimundo a esperasse que ela ia buscar o dinheiro, e entrou na casa.

O tempo passava: 10… 20… 30 minutos, com Raimundo impaciente. Até que ele decidiu não bater na porta, pois já era tarde, muito tarde, e ele pensou que aquilo seria uma boa desculpa para ver a bela morena mais uma vez, e convidá-la para sair; talvez marcar um programa. Resolveu então voltar no dia seguinte.

Quando chegou na casa, disse ao rapaz que lhe atendeu que uma moça estava devendo o dinheiro de uma corrida de uber. A resposta foi que ali não morava nenhuma mulher. Mas Raimundo insistiu, ele queria o dinheiro dele, foi quando o vento bateu e abriu a janela e ele pôde ver uma foto em uma estante, e falou: “olha aí a mulher que está me devendo”. O rapaz disse que ia pagar a corrida, mas antes queria que o motorista o levasse a um local. Raimundo estacionou seu carro em frente ao cemitério de Santa Isabel. O rapaz o pediu para que ele o acompanhasse. Caminharam pelo cemitério até uma sepultura, foi quando o rapaz disse: “Foi essa moça?” Raimundo, mudo e espantado, confirmou apenas com um balançar de cabeça. O rapaz então disse a uma vendedora de flores: “Já é a terceira vez, só essa semana, que você engana com essa história de moça do táxi. Não dá mais, Josefa. Eu juro que não dá mais. Eu não pago mais nenhuma corrida sua!”.

*Conto Escrito para a Comemoração do Aniversário de Josephina Conte, a Moça do Táxi, Nascida em 19 de Abril de 1915. (Bosco Silva - Blog BORNAL)



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