sábado, 13 de abril de 2019

A VERDADE SOBRE ELIZABETH BATHORY: A CONDESSA SANGRENTA

A VERDADE SOBRE ELIZABETH BATHORY: A CONDESSA SANGRENTA
Se a Hungria tem Vlad Tepes, o sangrento herói húngaro que inspirou a criação de Drácula, e um dos motivos do turismo no país, a Eslováquia possui a Condessa Drácula. E motivados pela lenda de seus banhos com sangue de jovens mulheres, turistas visitam a Eslováquia com o propósito de conhecer as ruínas de seu castelo e as histórias sobre uma das mulheres mais sangrentas que já existiu, cujas macabras histórias fazem hoje parte das lendas do lugar. Estamos falando da Condessa Elizabeth Bathory de Ecsed, cuja vaidade a levou a cometer os mais terríveis assassinatos.


Mapa de Como Chegar as Ruínas do Castelo de Elizabeth Bathory

Erzsébet Bathory, em húngaro, nasceu em 07 de agosto de 1560 na família ilustre de Bathory, da nobreza do Reino da Hungria. Foi criada na propriedade de Ecsed na Transilvânia, e quando criança, a menina era sujeita a doenças repentinas e a surtos de comportamento rancoroso e incontrolável. Aos 14 anos engravidou após um breve caso com um jovem camponês. A gestação e o parto foram escondidos, porque ela estava noiva do Conde Feranc Nadasdy, com quem se casou um ano depois. Quanto ao filho, não sobreviveram relatos sobre sua vida. Apesar disso, Elizabeth gerou três filhos com seu marido, havendo relatos que teria sido uma boa mãe.


O Começo de Seus Crimes
Como seu marido era militar e ficava longos períodos longe de casa; envolvido em batalhas, Elizabeth, supostamente, teria dado evasão as suas fantasias lésbicas, vendo em jovens camponesas o objeto de seus desejos sexuais e também de suas maldades. Na ausência do marido assumiu os deveres e o controle do Castelo Sarvar, de propriedade da família Nadasdy. A Condessa se mostrava uma ama cruel e sanguinária, punindo muito além das  rudes leis de sua época, e torturando seus servos pelo menor deslize, e muitas vezes executando-os com requintes sádicos. Depois da morte de seu marido, Conde Nadasdy (em 1604), Elizabeth encontrou em quatro empregados os colaboradores perfeitos para práticas de suas crueldades e crimes, e junto com estes foi acusada ​​de torturar e matar centenas de jovens mulheres entre 1585 e 1610.


Vista Aérea das Ruínas do Castelo de Elizabeth Bathory

Conta-se que entre os vários castigos, a condessa gostava de espetar agulhas nas partes sensíveis dos corpos de suas vítimas, como sob as unhas; também apreciava despir suas vítimas em meio a neve e jogar água gelada sobre seus corpos, matando-as por congelamento, ou cobrindo seus corpos com mel e deixando-as expostas às  picadas de insetos. Certa vez, abriu tanto a boca de uma jovem mulher até que os cantos de sua boca rasgassem.



Um dia, enquanto penteava seus cabelos, uma criada lhe puxou os cabelos lhe causando dor, o que levou Elizabeth a espancar-lhe, e ter parte do braço banhado pelo sangue da criada. Nos dias seguintes, teve a impressão que seu braço havia rejuvenescido com o sangue, o que a levou a uma macabra ideia: banhar-se com o sangue de camponesas. Passou então a recrutar jovens camponesas como serviçais, com o único objetivo de banhar-se no sangue destas.


A Ruína
Sua maldade não conhecia limites, passando não apenas a matar suas subalternas, mas a torturar jovens da nobreza, encobrindo os assassinatos como sendo suicídios ou acidentes. Com o tempo os boatos de seus crimes extrapolaram os limites de seu castelo, e como seu marido havia deixado várias dívidas com a Coroa Real, uma investigação teve início com o objetivo de puni-la e confiscar suas terras. Seguiram-se dois julgamentos, onde seus assassinatos em série e brutalidade foram verificados pelo testemunho de mais de 300 testemunhas e sobreviventes, bem como evidências físicas e a presença de mortos horrivelmente mutilados, moribundos e meninas aprisionadas, encontrados no momento da sua detenção. Um dessas testemunhas foi seu próprio genro, que ao visitar seu castelo com seus cães de caça, estes desenterraram partes de corpos enterrados no terreno.

Apesar das evidências contra Elizabeth, a influência de sua família impediu a sua execução. Seus cúmplices foram mortos e ela foi presa dentro do Castelo de Csejte (Cachtice), em Upper, Hungria, que hoje é Eslováquia. Elizabeth permaneceu emparedada em um conjunto de salas, com apenas uma abertura para a passagem de ar e de alimentos, até sua morte, em 21 agosto de 1614, quase quatro anos mais tarde.


Elizabeth Bathory, a Lenda
Elizabeth Bathory foi acusada de cerca de 650 assassinatos. Após sua morte suas histórias se misturaram com lendas, sendo atribuídas a ela tendências vampirescas e até mesmo acusações de ser uma lobisomem! A história de seus banhos com sangue de virgens mulheres para manter-se jovem, foi-lhe atribuída anos depois de sua morte e não contam em seu processo condenatório. Sua história tornou-se rapidamente parte do folclore de seu país, e o rei húngaro Matias II proibiu que se mencionasse seu nome em círculos sociais.

O padre jesuíta Laszlo Turoczy recolheu documentos sobre seu julgamento e testemunho de moradores da região sobre o possível vampirismo da Condessa Elizabeth, escrevendo um livro em 1720, sobre o tema, fortalecendo ainda mais as lendas que se criaram ao seu redor. Segundo essas lendas, no calabouço de seu castelo existia gaiolas de ferro presas ao teto, onde jovens mulheres eram espetadas por lanças, e seu sangue eram recolhidos em recipientes para os banhos de Elizabeth Bathory.




Elizabeth Bathory: Lenda ou Realidade

O pesquisador Tony Thorne, após ter acesso a documentos do julgamento de Elizabeth Bathory, publicou o livro Countess Dracula: Life and Times (Condessa Drácula: Sua Vida e Seu Tempo), onde nos ajuda a separar a realidade das lendas sobre Elizabeth Bathory. Tony nos conta que há centenas de depoimentos de testemunhas de como “ela torturava adolescentes com pinças de ferro, jogava as garotas em banheiras com água fervendo, as enrolava em urtiga, acendia pedaços de papel embaixo de suas unhas”, e que “duas pessoas disseram que ela fez linguiça com a carne das vítimas - e comeu”.

Tony Thorne
Tony Thorne também chama atenção para o fato de que as principais testemunhas contra Elizabeth eram servos e a família de seu falecido marido, e que essas pessoas estariam no poder se ela não tivesse herdado o império do marido, deixando em aberto a possibilidade de que seu julgamento tenha sido o efeito de um plano de conspiração para lhe tirar o poder e riqueza, afirmando: “Muita gente tinha motivos para armar algo assim contra ela. É bem possível que ela fosse cruel e severa, mas essencialmente inocente das acusações”. Tony também argumenta: “Ela provavelmente não foi emparedada em sua torre, como algumas pessoas dizem, mas ficou presa em seu castelo pelos últimos anos de sua vida. Ela morreu pouco tempo depois, aos 54 anos”.

Questionado se para ele a Condessa Elizabeth Bathory fora culpada dos crimes que lhe são conferido. Tony afirma que: 
O mais frustrante é que não há provas de que ela realmente cometeu esses crimes. A acusação de que ela tomava banho no sangue das virgens apareceu nos registros apenas 100 anos depois de sua morte, e veio de um padre católico que reviveu a história dela para desacreditá-la”. E: “Quanto mais investigo, mais incerta a história parece”.
Quanto a crueldade de seus castigos em seus servos, Tony Thorne chama atenção para o fato de que a época em que Elizabeth viveu era por si só uma época  de castigos violentos: 
A ideia de assassinato e crueldade era cotidiano para eles. As pessoas matavam e morriam em tavernas com espadas, havia soldados mutilados vagando por todo o país. Era um show de horrores, mas acusar uma mulher de assassinatos tão sádicos era bastante incomum”.


Bebida da Eslováquia com Nome de Bathory

A Condessa Sangrenta no Cinema
A condessa, junto com o sanguinário herói húngaro Vlad Tepes, foi uma das inspirações para o escritor Bram Stoker criar seu Conde Drácula, mas diferente deste, a personagem demorou para chegar nas telas. Porém, como este, o aspecto sedutor e sexual de sua personalidade, como seu lesbianismo, teve grande relevo, fazendo com que o cinema aproveitasse a relação existente entre violência e sexo, sangue e fetiches sexuais.

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