quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

FILME MOSTRA QUE EDIR MACEDO TEM MEDO DE BARATA MAS ENFRENTA O DEMÔNIO!


FILME MOSTRA QUE EDIR MACEDO TEM MEDO DE BARATA MAS ENFRENTA O DEMÔNIO!
Resolvi assistir o filme Nada a Perder, que conta a história do Bispo Edir Macedo, um dos pastores mais ricos do mundo, dono da TV Record e da Igreja Universal do Reino de Deus, a igreja que mais cresce e enriquece do Brasil.

O filme não é de todo ruim, graças a sua boa fotografia e uma ótima trilha sonora, mas perde em qualidade por sua história ser exagerada e por servir de propaganda descarada da igreja do referido pastor, atacando de forma direta sua arqui inimiga, a Igreja Católica, e pastores de igrejas adversárias, como o pastor milionário, R. R. Soares, o que dá pouca veracidade ao filme.


No filme, R. R. Soares lhe atrapalha de ter uma igreja, e lhe apronta algumas humilhações; e, para quem não sabe, ele é cunhado de Edir Macedo. É, meu amigo, parece que a coisa é do tipo: “Amigos, amigos; dinheiro à parte”. 

Uma das cenas mais exagerada do filme acontece próximo do final quando Edir Macedo, já um homem rico, após comprar a TV Record, é preso pela polícia, enquanto dirigia seu carro com a família, devido a tentativa de autoridades católicas de querer limitar seu poder religioso, é levado para uma cela comum com presos comuns. O quê? Um bilionário preso e trancafiado em uma cela comum, com presos comuns em pleno Brasil? Repetindo, mais uma vez: O quê? Um bilionário preso em cela comum com presos comuns em pleno Brasil? Ah, não mesmo, nem à pau acredito nessa Juvenal! E o mais engraçado é que ao entrar na cela, todos os presos o cumprimentam com reverência, e, voluntariamente, liberam espaço do chão para ele sentar, como se estivessem em presença de um homem santo.



O filme percorre rapidamente a fase de criança do pastor, e se demora mais na fase de adolescência, em que Edir ao ver a irmã sofrer com asma, põe em dúvida a crença em Deus, de um Deus que fica apenas preso em uma cruz --  perceberam a alfinetada direta à Igreja Católica? Sua irmã, Elcy, lhe diz que ao ouvir um programa de rádio de certo pastor sua asma passa. Ela leva Edir para o evangelismo. Aqui, mais uma vez, o filme não perde a oportunidade de atacar a Igreja Católica, com a sutil cena do crucifixo sendo retirado da parede pela irmã de Edir Macedo.



É durante sua adolescência que acontece uma cena engraçada. Sua namorada, Tábita, chama ele e reclama que por ele se dedicar tanto à igreja, já não faz nem mais sexo. O jovem Edir Macedo a convida então para fazer parte da igreja que ele frequenta, mas ela se recusa, pois não quer se submeter a regras, e termina o namoro. Tábita parece querer ser uma mulher independente, coisa que, por uma afirmação atual dele, de que mulheres não devem fazer faculdades, não daria certo mesmo. Mas Edir encontra a mulher que seria sua esposa na igreja, e com ela parece ter voltado o fogo do sexo, pois ele tem logo vários filhos com ela --- parece que o velho conselho “crescei-vos e multiplicai-vos” é um ótimo afrodisíaco! 

No filme, antes de Edir Macedo se casar ele já dá ideia de ser um homem controlador, reclamando pelo telefone que a namorada continua dormindo ainda em plena 8 horas da manhã em um dia de folga da moça --- mas ulha só! O que leva a futura esposa, a repensar se vale a pena se casar com ele --- olha só Tábita do que você se livrou.



Edir Macedo então amadurece com a enorme vontade de espalhar a mensagem de Deus aos quatro ventos, e de trazer novas almas para Jesus Cristo --- O problema aqui é que na vontade de resgatar novas almas para Deus, ninguém pergunta se essas almas querem ser resgatadas; nenhum evangélico pergunta: “Com licença, você quer ter a alma salva?”. Não, eles simplesmente se sentem no direito de invadir as praças, entrar nos bares, nos ônibus, e gritar a plenos pulmões as palavras de Deus, sem pedir licença aos seus delicados ouvidos de ouvinte forçado. Conclusão: Edir Macedo, acompanhado de uma caixa amplificada, resolve ir para a praça resgatar as almas que estão longe de Deus, à todo volume de sua caixa amplificada.

Nessa altura, um pensamento provocador me possuiu a mente: “Será que haverá alguma cena daquele famoso encontro de pastores da Universal, em que Edir Macedo ensina aos seus pastores de como convencer os devotos a dar boas ofertas em dinheiros, e elogiando os pastores que conseguiam tal feito?” Usando a retórica do “Ou dá ou desce”. Não, é claro que não, né, afinal o filme foi feito com dinheiro dele e para seu elogio.



Eu estava curioso para saber como o filme iria explicar a criação de sua primeira Igreja Universal do Reino de Deus. Pois, chegando nesse ponto, o filme, por um instante, ganha ares de filme O Exorcista.

Durante seu culto na praça, um homem lhe pede para visitar sua esposa que está possuída por espíritos impuros. Edir Macedo, sem estar munido de água benta, posto que não é católico, aceita encarar o coisa-ruim tete à tete, e consegue expulsar o coisa-ruim em questão de minutos apenas, demonstrando ser mais eficaz que os padres do filme O Exorcista. O engraçado aqui é que, cenas atrás, durante o entupimento do ralo do banheiro, Edir Macedo, em pé na latrina, berra de medo, pedindo  que a esposa mate uma barata que havia escapado do ralo e lhe ameaçava, e só se acalma quando a dita cuja é esmagada pelo pé de sua corajosa esposa. Ou seja: Edir Macedo teme baratas mas não teme o demônio. Isso que é fé!



É interessante notar que o demônio se comporte como uma entidade da Umbanda, como a Pomba-Gira, com as tradicionais mãos unidas para trás das costas. Ué, se o demônio é tão antigo como afirmam porque têm que se comportar como uma entidade pertencente a uma religião recentemente conhecida; por que ele não se comporta como uma entidade da babilônia, ou da Suméria? Bem, nesse sentido fico com a performance d’O Exorcista, é mais original.

O filme Nada a Perder está atualmente na grade de filmes da Netflix.

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