Resolvi assistir o filme Nada a Perder, que conta a história do Bispo Edir Macedo, um dos pastores mais ricos do mundo, dono da TV Record e da Igreja Universal do Reino de Deus, a igreja que mais cresce e enriquece do Brasil.
O filme não é de todo ruim, graças a sua boa fotografia e uma ótima trilha sonora, mas perde em qualidade por sua história ser exagerada e por servir de propaganda descarada da igreja do referido pastor, atacando de forma direta sua arqui inimiga, a Igreja Católica, e pastores de igrejas adversárias, como o pastor milionário, R. R. Soares, o que dá pouca veracidade ao filme.
No filme, R. R. Soares lhe atrapalha de ter uma igreja, e lhe apronta algumas humilhações; e, para quem não sabe, ele é cunhado de Edir Macedo. É, meu amigo, parece que a coisa é do tipo: “Amigos, amigos; dinheiro à parte”.
Uma das cenas mais exagerada do filme acontece próximo do final quando Edir Macedo, já um homem rico, após comprar a TV Record, é preso pela polícia, enquanto dirigia seu carro com a família, devido a tentativa de autoridades católicas de querer limitar seu poder religioso, é levado para uma cela comum com presos comuns. O quê? Um bilionário preso e trancafiado em uma cela comum, com presos comuns em pleno Brasil? Repetindo, mais uma vez: O quê? Um bilionário preso em cela comum com presos comuns em pleno Brasil? Ah, não mesmo, nem à pau acredito nessa Juvenal! E o mais engraçado é que ao entrar na cela, todos os presos o cumprimentam com reverência, e, voluntariamente, liberam espaço do chão para ele sentar, como se estivessem em presença de um homem santo.
O filme percorre rapidamente a fase de criança do pastor, e se demora mais na fase de adolescência, em que Edir ao ver a irmã sofrer com asma, põe em dúvida a crença em Deus, de um Deus que fica apenas preso em uma cruz -- perceberam a alfinetada direta à Igreja Católica? Sua irmã, Elcy, lhe diz que ao ouvir um programa de rádio de certo pastor sua asma passa. Ela leva Edir para o evangelismo. Aqui, mais uma vez, o filme não perde a oportunidade de atacar a Igreja Católica, com a sutil cena do crucifixo sendo retirado da parede pela irmã de Edir Macedo.
É durante sua adolescência que acontece uma cena engraçada. Sua namorada, Tábita, chama ele e reclama que por ele se dedicar tanto à igreja, já não faz nem mais sexo. O jovem Edir Macedo a convida então para fazer parte da igreja que ele frequenta, mas ela se recusa, pois não quer se submeter a regras, e termina o namoro. Tábita parece querer ser uma mulher independente, coisa que, por uma afirmação atual dele, de que mulheres não devem fazer faculdades, não daria certo mesmo. Mas Edir encontra a mulher que seria sua esposa na igreja, e com ela parece ter voltado o fogo do sexo, pois ele tem logo vários filhos com ela --- parece que o velho conselho “crescei-vos e multiplicai-vos” é um ótimo afrodisíaco!
No filme, antes de Edir Macedo se casar ele já dá ideia de ser um homem controlador, reclamando pelo telefone que a namorada continua dormindo ainda em plena 8 horas da manhã em um dia de folga da moça --- mas ulha só! O que leva a futura esposa, a repensar se vale a pena se casar com ele --- olha só Tábita do que você se livrou.
Edir Macedo então amadurece com a enorme vontade de espalhar a mensagem de Deus aos quatro ventos, e de trazer novas almas para Jesus Cristo --- O problema aqui é que na vontade de resgatar novas almas para Deus, ninguém pergunta se essas almas querem ser resgatadas; nenhum evangélico pergunta: “Com licença, você quer ter a alma salva?”. Não, eles simplesmente se sentem no direito de invadir as praças, entrar nos bares, nos ônibus, e gritar a plenos pulmões as palavras de Deus, sem pedir licença aos seus delicados ouvidos de ouvinte forçado. Conclusão: Edir Macedo, acompanhado de uma caixa amplificada, resolve ir para a praça resgatar as almas que estão longe de Deus, à todo volume de sua caixa amplificada.
Nessa altura, um pensamento provocador me possuiu a mente: “Será que haverá alguma cena daquele famoso encontro de pastores da Universal, em que Edir Macedo ensina aos seus pastores de como convencer os devotos a dar boas ofertas em dinheiros, e elogiando os pastores que conseguiam tal feito?” Usando a retórica do “Ou dá ou desce”. Não, é claro que não, né, afinal o filme foi feito com dinheiro dele e para seu elogio.
Eu estava curioso para saber como o filme iria explicar a criação de sua primeira Igreja Universal do Reino de Deus. Pois, chegando nesse ponto, o filme, por um instante, ganha ares de filme O Exorcista.
Durante seu culto na praça, um homem lhe pede para visitar sua esposa que está possuída por espíritos impuros. Edir Macedo, sem estar munido de água benta, posto que não é católico, aceita encarar o coisa-ruim tete à tete, e consegue expulsar o coisa-ruim em questão de minutos apenas, demonstrando ser mais eficaz que os padres do filme O Exorcista. O engraçado aqui é que, cenas atrás, durante o entupimento do ralo do banheiro, Edir Macedo, em pé na latrina, berra de medo, pedindo que a esposa mate uma barata que havia escapado do ralo e lhe ameaçava, e só se acalma quando a dita cuja é esmagada pelo pé de sua corajosa esposa. Ou seja: Edir Macedo teme baratas mas não teme o demônio. Isso que é fé!
É interessante notar que o demônio se comporte como uma entidade da Umbanda, como a Pomba-Gira, com as tradicionais mãos unidas para trás das costas. Ué, se o demônio é tão antigo como afirmam porque têm que se comportar como uma entidade pertencente a uma religião recentemente conhecida; por que ele não se comporta como uma entidade da babilônia, ou da Suméria? Bem, nesse sentido fico com a performance d’O Exorcista, é mais original.
O filme Nada a Perder está atualmente na grade de filmes da Netflix.
O filme não é de todo ruim, graças a sua boa fotografia e uma ótima trilha sonora, mas perde em qualidade por sua história ser exagerada e por servir de propaganda descarada da igreja do referido pastor, atacando de forma direta sua arqui inimiga, a Igreja Católica, e pastores de igrejas adversárias, como o pastor milionário, R. R. Soares, o que dá pouca veracidade ao filme.
Uma das cenas mais exagerada do filme acontece próximo do final quando Edir Macedo, já um homem rico, após comprar a TV Record, é preso pela polícia, enquanto dirigia seu carro com a família, devido a tentativa de autoridades católicas de querer limitar seu poder religioso, é levado para uma cela comum com presos comuns. O quê? Um bilionário preso e trancafiado em uma cela comum, com presos comuns em pleno Brasil? Repetindo, mais uma vez: O quê? Um bilionário preso em cela comum com presos comuns em pleno Brasil? Ah, não mesmo, nem à pau acredito nessa Juvenal! E o mais engraçado é que ao entrar na cela, todos os presos o cumprimentam com reverência, e, voluntariamente, liberam espaço do chão para ele sentar, como se estivessem em presença de um homem santo.
No filme, antes de Edir Macedo se casar ele já dá ideia de ser um homem controlador, reclamando pelo telefone que a namorada continua dormindo ainda em plena 8 horas da manhã em um dia de folga da moça --- mas ulha só! O que leva a futura esposa, a repensar se vale a pena se casar com ele --- olha só Tábita do que você se livrou.
Nessa altura, um pensamento provocador me possuiu a mente: “Será que haverá alguma cena daquele famoso encontro de pastores da Universal, em que Edir Macedo ensina aos seus pastores de como convencer os devotos a dar boas ofertas em dinheiros, e elogiando os pastores que conseguiam tal feito?” Usando a retórica do “Ou dá ou desce”. Não, é claro que não, né, afinal o filme foi feito com dinheiro dele e para seu elogio.
Durante seu culto na praça, um homem lhe pede para visitar sua esposa que está possuída por espíritos impuros. Edir Macedo, sem estar munido de água benta, posto que não é católico, aceita encarar o coisa-ruim tete à tete, e consegue expulsar o coisa-ruim em questão de minutos apenas, demonstrando ser mais eficaz que os padres do filme O Exorcista. O engraçado aqui é que, cenas atrás, durante o entupimento do ralo do banheiro, Edir Macedo, em pé na latrina, berra de medo, pedindo que a esposa mate uma barata que havia escapado do ralo e lhe ameaçava, e só se acalma quando a dita cuja é esmagada pelo pé de sua corajosa esposa. Ou seja: Edir Macedo teme baratas mas não teme o demônio. Isso que é fé!
O filme Nada a Perder está atualmente na grade de filmes da Netflix.
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