O MAL NOSSO DE CADA DIA (RESENHA DO LIVRO)
O título O Mal Nosso de Cada Dia, usado para a tradução brasileira do romance The Devil All The Time, remete, como podemos ver, a uma frase do Pai-Nosso, “O pão nosso de cada dia”, só que no sentido invertido, tendo o mal como objeto. E é isso que o romance de Donald Ray Pollock se propõe: focar nos mais variados males cometidos por seus personagens.
O romance é dividido por capítulos que se dedica a focar diferentes núcleos e personagens, que com o tempo passam a interagir entre si. O romance não se dedica apenas a contar histórias dos personagens principais, mesmo os secundários, que estão ali apenas de passagens, têm suas histórias abordadas.
Por meio de seus personagens, o livro foca em assuntos fundamentais, como a religião, por meio de indivíduos que usam da fé das pessoas para tirar proveito delas, tanto financeiro quanto sexuais, e principalmente o quanto podemos cometer maldades, quando revestidas da capa da religião, sem que saibamos a maldade que estamos fazendo --- caso de dois pastores confusos com sua fé. Por outro lado, há também a maldade consciente --- de outro pastor ---, que usa da religião para tirar proveito sexuais de jovens meninas; há também um casal de serial killers que apimentam seu bizarro fetiche sexual assassinando caronistas.
A grande maioria dos personagens do livro não possuem nenhuma boa qualidade, nem mesmo físicas, com descrições repugnantes de seus corpos e de suas vidas.
Donald Ray Pollock |
A escrita de Donald Ray Pollock é como um soco no estômago: forte, direta, seca e bruta. Fazendo uso de descrições curtas e indo direto ao assunto. Porém, faz uso de descrições de atos chocantes e palavrões, que poderá chocar ou ofender os mais sensíveis, incluindo gatilhos de violência e suicídio --- sendo recomendado com as devidas restrições.
Apesar de sua linguagem dura e violenta, houve duas cenas que me emocionaram bastante, coisa rara ultimamente, pelo menos por meio dos livros.
O romance O Mal Nosso de Cada Dia, é um ótimo livro, com passagens que, com toda certeza, ficará também na memória de quem o ler.
A Netflix produziu uma adaptação para filme do romance de Pollock, bastante fiel ao livro, apesar de ser bastante leve em comparação ao livro, chamado O Diabo de Cada Dia. Vale apena conferir.
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