sábado, 30 de setembro de 2023

A TRÁGICA HISTÓRIA DA MAIS FAMOSA MARCHA NUPCIAL INGLESA E O ROMANCE “APÓS A CHUVA DA TARDE”

A TRÁGICA HISTÓRIA DA MAIS FAMOSA MARCHA NUPCIAL INGLESA E O ROMANCE “APÓS A CHUVA DA TARDE”


Em 1707, um talentoso músico inglês, chamado Jeremiah Clarke (1674 - 1707), após ter seu amor rejeitado por uma linda dama da nobreza, e indeciso entre afogar-se ou enforcar-se, decidiu como tirar a própria vida jogando uma moeda para o alto. A moeda, incrivelmente, caiu em pé, de borda presa na areia. E não ligando para isso, à noite, Clarke tiraria a própria vida dando um tiro em sua cabeça, no Cemitério de Saint Paul, em Londres.


Jeremiah Clarke

Contrariando, as normas da época que proibia que suicidas fossem enterrados em locais santos, no dia 2 de dezembro de 1707, Jeremiah Clarke foi enterrado na cripta da Catedral de Saint Paul, onde trabalhava como organista. 


E por ironia do destino, a música pela qual Jeremiah Clarke ainda é lembrado hoje, “The Prince of Denmark’s March”, é usada em cerimônias de casamento, principalmente, pela nobreza inglesa, que sela o amor entre casais mas que foi incapaz de realizar o seu próprio.


Catedral de Saint Paul, Londres

Mas como pôde o corpo de um pobre músico suicida do séc. XVII quebrar as duras normas da época contra sepultamentos de suicidas e ter sido sepultado na mais famosa igreja da Inglaterra?




Talvez o segredo esteja com a formosa dama que o rejeitou. Talvez ela o tenha rejeitado não por ter sido um plebeu, sem títulos de nobreza e riqueza, mas porque, devido a um terrível segredo de família, a união entre os dois seria insustentável, e que ela só revelou sua condição à ele quando Clarke precisou vencer a morte, porém, saindo da cripta com irresistível desejo por sangue. 




Esta foi a solução que o autor do romance “Após a Chuva da Tarde” deu para a trágica história de amor do infortunado compositor inglês, fazendo com que não apenas o amor dele fosse correspondido, mas que transcendesse o tempo, a distância e a morte.


O romance dá continuidade a história de amor de Jeremiah Clarke, não mais nas frias e sombrias paisagens europeias, mas na ensolarada Belém das mangueiras e da chuva da tarde, de 1896, quando a cidade enriquecia com a exportação da borracha, proporcionando a vinda de grandes artistas da Europa, tudo isso sem perder as características fundamentais dos romances góticos vampiresco, misturando personagens reais e fictícios com vampiros e entidades das lendas urbanas e folclóricas da Amazônia, sem esquecer uma boa dose de realismo mágico.




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sábado, 9 de setembro de 2023

PASTOR, EX-METALEIRO, METE MEDO COM O INFERNO EM FÃS DO SLAYER




PASTOR, EX-METALEIRO, METE MEDO COM O INFERNO EM FÃS DO SLAYER


A série de vídeos "O Satanismo na Música”, do pastor Márcio Teixeira, não chamaria minha atenção se o autor não se auto denominasse como um ex-roqueiro. Então parei para assistir um dos episódios dedicado a banda de Thrash Metal Slayer.


Marcio Teixeira começa seu vídeo sendo bastante simpático com os fãs da banda Slayer, elogiando a capacidade musical dos músicos e relembrando seu tempo de roqueiro durante os shows da banda, chegando até a condenar as críticas duras de outros pastores ao gênero musical em questão.

 



Mas logo surgem as primeiras críticas à letra da música Angel of Death, que retrata os horrores das experiências do médico nazista Joseph Mengele em prisioneiros judeus na 2ª Guerra Mundial, diz ele: “Embora a banda possa até defender o fato de que eles devessem ter o direito de cantar o que eles cantam, a escolha dessa temática reflete o que existe no coração do artista, que aliás, eles confessaram, que têm interesse no tema”. Ou seja, para o pastor a escolha deste tema histórico reflete a brutalidade que se encontra no coração daqueles que compuseram a música. O pastor não leva em conta que o interesse que alguém possa ter por determinado assunto, digamos crimes, guerras, ou terríveis fatos históricos, não o faz necessariamente um criminoso, ou sádico, assim como ter interesse por Harry Potter não faz de ninguém, necessariamente, um mago. Mais adiante ele afirma:  “Mas o fato e a realidade, é que quem é fã dessa banda (Slayer) trafega em águas profundas e muito, mais muito, perigosas de um universo espiritual complexo e sem volta”. Nesse ponto, toda a simpatia inicial demonstrada aos fãs da banda Slayer parece ter ido por água abaixo.


Marcio Teixeira usa a morte de Jeff Hanneman, um dos guitarristas da banda, que teve morte provocada por “bactéria que comeu ele vivo”, como exemplo para mostrar que dor, morte e sofrimento, temas comuns usados pela Slayer, não merecem serem cantadas pois são tão horríveis e inaceitáveis quanto a própria circunstância que se deu a morte de Jeff Hanneman. O mesmo faz com a ideia de inferno, outro tema comum nas letras do Slayer, como em Hell Awaits (O Inferno Espera), com o pastor citando sua tradução, e passando a mostrar ao seu público o que seria realmente o inferno; para tanto ele usa imagens do incêndio acontecido na ilha de Maui, no arquipélago do Hawai, com seus habitantes em desespero, cercados pelas labaredas. Então ele diz: “Agora imagina, a imensidão de um lugar sem fim, queimando dessa forma eternamente, e lotado de gente. Isso é apenas uma amostra da realidade do que seja a letra do Slayer, que diz pra você que o inferno te espera”. “Sabe de uma coisa, o Slayer está certo em algo nessa letra (Hell Awaits): o inferno é um lugar real”. E após citar a frase “Não há preço a pagar, apenas siga-me”, da música Hell Awaits, conclui com “Segue o Slayer pra você ir pro inferno”.



Vemos aqui que o pastor Márcio Teixeira usa um velho recurso cristão --- usado por séculos e séculos --- para conversão de novos fiéis: o medo do inferno. Recorrendo às imagens de um incêndio em uma das ilhas paradisíacas do Hawai para dar uma ideia aproximada a seus seguidores do que seria o “inferno real”, para onde os fãs do Slayer devem ir, segundo ele. 


É claro que todos concordarão que um incêndio jamais será um bom lugar para se estar. Porém nem todos concordarão com o mesmo significado de “inferno” dado pelo pastor, já que poderão dar os mais diversos significados à palavra “inferno”, incluindo um significado meramente simbólico, sem nenhum sentido religioso. E mesmo que os membros da banda Slayer fossem “Satanistas” --- embora não seja verdadeiro, já que o vocalista Tom Araya é declaradamente um cristão católico, que parece separar bem as histórias “satânicas” cantadas pela banda do seu dia a dia ---, sua crença deveria ser respeitado como qualquer outra forma de religiosidade, coisa que Márcio Teixeira não faz, chegando a associar em um de seus vídeos a flauta e tambores e demais instrumentos de percussão ao diabo, o que pode ser visto como um ataque direto às religiões de origem africana.

 

Aliás, é curioso o porquê de atores ou diretores de cinema que produzem filmes de terror satânico, não serem considerados satânicos, embora o mesmo não aconteça com bandas que contam histórias satânicas em suas músicas.




Mas, como todo cristão fundamentalista, Márcio Teixeira desferi sua metralhadora giratória a tudo o que é diferente de suas crenças, considerando satanista, não apenas roqueiros famosos (o que já seria de esperar), mas artistas como Michael Jackson, ídolos da música sertaneja, e até sobrou para o inocente personagem Peter Pan. 

quarta-feira, 6 de setembro de 2023

AS ORIGENS VAMPIRESCAS DA LENDA DE JOSEPHINA CONTE, A MOÇA DO TÁXI



AS ORIGENS VAMPIRESCAS DA LENDA DE JOSEPHINA CONTE, A  MOÇA DO TÁXI


Quem não conhece a lenda da Moça do Táxi, que em seu aniversário seu pai lhe dava de presente uma corrida de táxi pelas ruas de Belém, costume que, segundo a lenda popular, continuou mesmo após sua morte, com o espírito da defunta a sair do cemitério e pegar um táxi em dia de seu aniversário. 


A lenda de Josephina Conte é bastante conhecida na cidade de Belém, mas o que poucos sabem é que a lenda possui origens vampirescas, com estranhos acontecimentos que ocorreram durante sua morte e enterro; e, certamente, foram os verdadeiros motivadores para que a lenda surgisse.


A Defunta



Josephina Conte, nascida em 1915, era a quinta filha de uma rica família descendente de italianos, cujo pai era um grande empresário do ramo do calçado, proprietário dos Calçados Boa Fama; era uma jovem vivaz, de rosto angelical, que gostava de apreciar o carnaval de rua de Belém, dos anos 20, e,  mesmo com todo os cuidados de médicos vindos da Europa, faleceu de misteriosa doença, em 1931.


Alguns relatos afirmam que a moça teria falecido de tísica, isto é, de tuberculose, com boatos a afirmar que em suas chapas dos pulmões estranhas figuras pontiagudas apareciam.


Tísica



A tuberculose não possuía cura até os anos de 1940, causando magreza e palidez excessiva, tosse com grande quantidade de sangue expelido e morte. E por ser uma doença bastante comum que atacava famílias inteiras, levando-as à morte, a doença, no passado, era vista como uma maldição que atacava aos poucos um a um os membros da família. O que levava os doentes a serem expulsos de suas famílias, ou de suas comunidades, e visto como portador de uma terrível maldição. 


E devido a magreza e palidez excessivas do enfermo, e o sangue expelido em roupas e cama à noite, pensava-se que a causa deveria ser alguma forma de entidade malévola que se alimentava da energia e do sangue do doente.


Sendo assim, a tuberculose foi uma das grandes motivações para o aparecimento da lenda dos vampiros nos países europeus. Desferindo no doente uma enorme carga de preconceito e profundos sentimentos supersticiosos: dois fortes fatores para a criação de lendas, que tiveram, sem dúvida, também fortes influências no surgimento da lenda da Moça do Táxi


O Caixão Aberto 



Segundo disse o senhor Jorge Conte, sobrinho de Josephina, para matéria de site, o cortejo fúnebre da famosa defunta, ao contrário do costume da época, saiu do cemitério para a fábrica da família, já que seu pai queria que o cortejo saísse de lá, e durante o percurso do carro fúnebre, seu caixão se abriu, segundo ele, devido aos solavancos provocados pelos buracos de rua no carro fúnebre que tinha a carroceria transparente, sendo visto pelos transeuntes, dando a impressão a estes que Josephina Conte havia retornado à vida.


Aqui vemos outro elemento fundamental para o surgimento da lenda dos vampiros, que também parece ter influenciado o surgimento da lenda da Moça do Táxi, pois é bem provável que os primeiros sinais de decomposição do corpo tenha sido um dos fatores prováveis para que o caixão tenha aberto sua porta durante o cortejo. Pois, como se sabe, com a morte do corpo, gases começam a ser produzidos pelas bactérias do organismo, levando o cadáver a aumentar de volume. 


A falta de compreensão sobre a decomposição do corpo humano, no passado, foi fundamental para o surgimento da lenda dos vampiros, pois não apenas a decomposição produz gases, aumentando o volume do corpo, causando a ruptura do caixão, mas também mudança de posição do corpo --- daí a imagem tão explorada pelo cinema de Drácula abrindo lentamente seu caixão. Fato que muitas vezes, levava os antigos, ao abrir sepulturas e ver o caixão com a porta rompida, acreditava que o morto havia saído de seu túmulo, fazendo com que estacas de ferro fossem atravessadas no peito do cadáver para prendê-lo ao solo e impedi-lo de sair e sugar o sangue dos vivos.


Portanto, a presença dos dois elementos fundamentais da origem dos vampiros, descritos acima, na origem da lenda da Moça do Táxi, autoriza-nos a afirmar que também esta é uma lenda vampírica.



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sexta-feira, 1 de setembro de 2023

"APÓS A CHUVA DA TARDE" E A LENDA DA CANTORA-VAMPIRA

“APÓS A CHUVA DA TARDE” E A LENDA DA CANTORA-VAMPIRA

O romance Após a Chuva da Tarde um Romance Gótico Amazônico, do paraense Bosco Chancen, além de ser um romance histórico com pegada vampírica (algo inédito no gênero), adapta o estilo gótico originalmente associado às frias terras europeias ao calor da região amazônica, misturando a lenda europeia dos vampiros à lendas amazônicas, como a do boto encantado, e focando no processo de como as lendas surgem. 


Diferente do mito, que busca explicar a origem dos deuses, do ser humano e da natureza, (como nos mitos gregos), as lendas são criações anônimas e populares ainda bastante viva em nosso tempo , que, geralmente, se formam a partir de algum acontecimento real que impressionou um pequeno grupo de pessoas, um povoado, ou uma região que, com o tempo, são acrescentadas a elas detalhes maravilhosos e miraculosos feitos por aqueles que passam a narrá-las. 


O romance, baseado em fatos reais, narra os escândalos que uma bela e enigmática cantora lírica francesa, Camille Monfort, provocou, por seu comportamento livre das convenções sociais de sua época, na conservadora sociedade de Belém, de 1896, ao vir para uma série de concertos no Theatro da Paz e ser acusada de vampirismo e de ter trazido um misterioso culto vitoriano à Amazônia.




O livro, por meio de relatos e recortes de jornais da época, conta as impressões que a presença da misteriosa cantora deixou na população local: admiração nos mais cultos, por seu grande talento musical e espírito livre, que inspirou o sentimento de emancipação nas mulheres da região; medo e superstição na maioria, que passaram a ver nela uma ameaça a ordem social, demonizando-a e criando a lenda de uma mulher-vampira.


Sabendo que toda lenda tem um fundo de verdade, um dos personagens busca encontrar as causas que deram origem a lenda da mulher-vampira, descobrindo detalhes sórdidos sobre a estadia da bela cantora na Amazônia, fatos assustadores sobre a vida de importantes cidadãos locais e também histórias nebulosas sobre a cidade de Belém.


Recentemente, parte da história de Camille Marie Monfort viralizou na internet, rompendo as páginas do livro e fronteiras do Brasil, ganhando matérias e vídeos nos mais variados países e línguas estrangeiras inglês, francês, espanhol, alemão, italiano , fazendo conhecida a cidade de Belém à inúmeros estrangeiros que nunca sequer ouviram falar da capital do estado do Pará, e causando curiosidade e interesse em habitantes locais pelos monumentos e história da cidade de Belém; evento nunca antes acontecido com livro de um autor brasileiro.



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