quinta-feira, 26 de setembro de 2024

(RESENHA): “CASA DE CABA”, de Edyr Augusto




(RESENHA): “CASA DE CABA”, de Edyr Augusto

CASA DE CABA traz a vingança de Isabela Pastri, que, quando criança, assistiu a mãe ser estuprada e o pai espancado pelo traficante Wlamir Turvel, que se torna governador do Pará. Isabela busca vingança. O que leva o criminoso a mandar assassinar seus pais e irmãs, no apartamento da família em pleno dia de fogos no Largo de Nazaré, na tentativa de liquidá-la.


A obra, que ainda conta com a vinda a Belém de uma estrela internacional do rock que ajuda na divulgação dos crimes de Turvel, segue o estilo de Edyr: narração enxuta, com o mínimo de descrição, com parágrafos curtíssimos em um mínimo possível de páginas. 


A trama de vingança possui clichês usados à exaustão em filmes, como o tradicional diálogo de acerto de contas entre heroína e vilão, em que todas as questões pendentes são postas antes da ação e do jorro de sangue.


Casa de Caba é mais uma obra de Edyr que tem inacreditáveis coincidências --- o que é uma forma bastante simples e cômoda de resolver problemas de enredo: do nada, o protagonista encontra alguém que o ajuda. No Pssica, é o motorista brasileiro que, em pleno Suriname, atropela, sem querer, a protagonista que foge de seus algozes, pedindo ajuda em português, e é salva por ele após se revelar que trabalha na embaixada do Brasil. Já em Casa de Caba a protagonista dorme na Praça da Trindade, e após pedir para usar o telefone para um morador, descobre que o morador achou, casualmente, os documentos dela com as provas contra o assassino de sua família. 


A falta de verossimilhança também foi um dos motivos que atrapalharam minha imersão na trama. Pois, como suspender a descrença com uma personagem que chega a idade adulta virgem, e que para desenvolver seu plano, torna-se garota de programa, perde a virgindade com o primeiro cliente e, da noite para o dia, adquire a desenvoltura da mais experiente atriz pornô, capaz de fazer de tudo na cama, sem a menor dificuldade ou constrangimento?


Edyr Augusto

Casa de Caba, por suas inconsistências, foi um banho de água fria após a leitura do ótimo Pssica.


Leia a Resenha de Pssica, Clicando Aqui.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

POR QUE ADORAMOS VILÕES EM FILMES E NA VIDA REAL?




POR QUE ADORAMOS VILÕES EM FILMES E NA VIDA REAL? 


O meme informa: Elize Matsunaga matou o marido e ganhou um documentário na Netflix; Suzane Von Richhofen matou os pais e se tornou a estrela de dois filmes. Mas a professora Heley de Abreu Silva, que salvou 28 crianças e morreu no incêndio na escola onde trabalhava, não teve nenhuma obra que lembrasse seu heroísmo. 


O Jornalista Ulisses Campbell tem se tornado um dos autores de livros mais vendidos do Brasil escrevendo sobre as assassinas mais famosas de nosso país, com milhares de livros vendidos, onde se destaca curiosidades sobre a vida pessoal de tais assassinas.


Ulisses Campbell

Curiosamente, também adoramos vilões nas histórias de ficção. O Coringa tem merecido tanto destaque quanto o super herói Batman. 



O filme do Coringa mergulha nos traumas e dramas deste vilão, o humaniza e o torna tão próximo dos traumas e dramas de uma real que chega a ganhar a simpatia de muitos. No final percebemos que os anti heróis, com seus defeitos e imperfeições, estão mais próximos humanamente de nós do que os super heróis. 


Na mitologia grega, os heróis, por seu heroísmo, pertenciam ao reino dos deuses, não dos humanos.


E é aqui que surge, talvez, uma explicação para a pergunta “Por que adoramos vilões?”. Os heróis para que seu ato de heroísmo não seja eclipsado por algum defeito de caráter, é necessário que sua história foque apenas em seu ato heroico, amenizando ou apagando por completo qualquer defeito de personalidade que o aproxime de nós.


É o que vemos no filme “Voo”, com o ator Denzel Washington, em que um piloto de avião é saudado como um grande herói após salvar os passageiros da morte com uma manobra extremamente ousada. Porém, a fascinação por seu ato de heroísmo termina quando descobre que ele, por ser alcoólatra, pilotava o avião bêbado, sendo este a causa de seu quase acidente fatal.


E é por deixar os sentimentos mais humanos --- cobiça, inveja, falsidade, ambição, etc. --- à mostra, sem filtro, através de seus atos hediondos, que os vilões acabam por ganhar simpatia do público e, por isso, também a atenção de autores de livros e diretores de filmes.


Heley de Abreu Silva


Fica aqui uma singela homenagem à professora Heley de Abreu Silva, que morreu salvando crianças no incêndio da creche Gente Inocente, provocado pelo vigia do estabelecimento, em 2017, em Janaúba (MG).