terça-feira, 28 de julho de 2020

CONHEÇA OS DETESTÁVEIS FILMES PORNÔS JAPONESES QUE SIMULAM SEXO COM CRIANÇAS


CONHEÇA OS DETESTÁVEIS FILMES PORNÔS JAPONESES QUE SIMULAM SEXO COM CRIANÇAS
No mundo de hoje, a pedofilia arregimenta grupos de criminosos que lucram com a venda de fotos de crianças nuas e até com filmes de estupros de menores, em sites na internet. O que tem acarretado traumas graves à muitas crianças abusadas, e, cada vez mais, tenta-se, alertar os pais sobre tais perigos.

Mangás com Personagens Infantis Erotizados



Contrário, a esta cultura de não tolerar qualquer incentivo à pedofilia, alguns países orientais, como o Japão, possui hábitos que pode ser visto como um incentivo à pedofilia, devido a uma forte tendência de tolerar comportamentos que, em outros países, seriam vistos como incentivo claros à pedofilia.

Boneca com Forma de Menina
Este comportamento se baseia na noção de que só pode ser considerado crime de pedofilia se o ato em si for praticado, não sendo, por conseguinte, crime quando não se refere a crianças verdadeiras. Portanto, não são visto como sendo incentivo a pedofilia a venda de bonecas eróticas com características de criança, nem a erotização de personagens de meninas presente em animes (desenhos animados japoneses) e mangás (histórias em quadrinhos japoneses).

Isto, Incrivelmente, Trata-se de um Filme Pornô
Porém, por mais polêmicos que sejam os mangás e animes com personagens infantis erotizados, não é o mais terrível que pode ser encontrado nessa área, pois, muito mais do que eles, são os filmes pornôs em que atrizes adultas, porém nanicas, vestidas com roupas infantis e com aparência de criança, fazem sexo simulando serem crianças. Para tanto, além de se comportarem como tal, móveis e outros objetos, pertencentes a ambientes infantis, possuem tamanho bem maior do que o normal para dar às atrizes o tamanho de criança. Não é preciso muito esforço para demonstrar que esta categoria de filmes pornô, é bastante popular entre pedófilos japoneses.

Embora a cultura japonesa seja bastante conhecida por sua educação, gentileza, pontualidade e respeito, há um lado extremamente machista, misógino e demasiadamente doentio, de mal gosto, escondido nela.

BONECAS COM FORMA DE CRIANÇAS SÃO VENDIDAS PARA PEDÓFILOS


BONECAS COM FORMA DE CRIANÇAS SÃO VENDIDAS PARA PEDÓFILOS
Bonecas com semelhanças infantis, com alto grau de realismo, fabricadas e comercializadas pela empresa japonesa Trottla, vem causando muita polêmica, com o público argumentando que tais produtos têm como alvo homens com forte atração sexual por crianças.


Perguntado se a fabricação de bonecas com forma de meninas seria um ato imoral, Shin Takagi, fundador da empresa, argumentou que as bonecas não são fabricadas com a intenção de serem bonecas sexuais, e que cada comprador faz com elas o que bem entender:
“Há pessoas com a sua opinião, mas a boneca não é um ser humano. Não há direitos humanos nas bonecas, logo não há vítimas. Estas pessoas atacam a minha companhia, mas não preciso de me justificar. Aliás, penso que estes seres humanos devem ter problemas mentais. Se acham que as nossas bonecas são imorais, será que também deviam retirar do mundo todas as esculturas nudistas do mundo, como a estátua de David?”
Contudo, é inegável a erotização de tais bonecas que se pode ver por meio de suas vestimentas, e pelos pequenos seios e pela descrição anatômica de uma vagina.


Perguntado pelo fato da empresa fabricar apenas bonecas de meninas, Shin Takagi, respondeu que é devido ao fato de seus compradores serem em sua grande maioria homens com preferência por bonecas femininas.

Apesar de, segundo Takagi, seus produtos não terem como alvo pedófilos, ele tem comentado sobre os bons efeitos que seus produtos tem tido sobre seus compradores pedófilos:
 “Muitas vezes recebo cartas dos compradores. As cartas dizem: ‘Graças a suas bonecas, posso evitar de cometer um crime.”

O próprio Shin Takagi argumentou em entrevista que luta contra a atração sexual que ele mesmo sente por crianças e também tem plena consciência de que elas devem ser protegidas. Por isso, ele fundou a Trottla, uma empresa que há 10 anos vem fabricando tais bonecas.

Filme Pornô Japonês com Temática Infantil
Para os que condenam tal prática, argumentando que a venda das bonecas acaba por estimular um ato criminoso, devemos lembrar que as leis do Japão condenam atos de pedofilia sobre crianças mas não em bonecas, ou mesmo sobre adultos que se trajam de forma infantil, como o que acontece com filmes pornôs japoneses com atores adultos que se vestem de formas infantis, em meio a móveis com o tamanho maior que o normal, fantasiando serem crianças. Embora tais filmes possam parecer ofensivos a maioria, são totalmente permitidos pelas leis japonesas.

Fontes: Vice / E-Farsas

terça-feira, 16 de junho de 2020

"PRA QUEM ACREDITA EM FANTASMAS": ENTREVISTA COM O ESCRITOR DINO MENEZES


"PRA QUEM ACREDITA EM FANTASMAS": ENTREVISTA COM O ESCRITOR DINO MENEZES

A literatura de terror é, sem dúvida, uma das mais difíceis formas de escrita, já que o autor, contando apenas com palavras e a imaginação do leitor (diferente do cinema cheio de recursos de sons e imagens), busca prender o leitor em uma atmosfera de suspense e mistério, transformando o medo em diversão. Por outro lado, há  também autores que veem nas histórias de terror algo mais do que apenas diversão, e sim um meio disfarçado de mostrar aos leitores suas crenças religiosas e esotéricas, sobre um mundo obscuro que se esconde por trás do véu da realidade. Tal qual o escritor Arthur Machen, com seu famoso O Grande Deus Pã, que levou para sua literatura de terror conhecimento ocultista, aprendido e praticado em sociedades secretas ocultistas, como a ordem hermética vitoriana da GOLDEN DAWN.

Talvez seja nesse contexto que se insere Dino Menezes, com seu livro que traz o sugestivo título Pra Quem Acredita em Fantasma.

O livro traz uma seleção de lendas, casos e relatos fantasmagóricos colhidos de diversas regiões de nosso país, e apesar de seu título, pode ser de leitura interessante mesmo para aqueles que não acreditam em fantasmas.



Casos:

O Macabro Crime da Mala e o Fantasma da Mulher Grávida do Porto
Conta a história do mais famoso crime ocorrido no Brasil, acontecido na década de 1920. Em que um corpo desmembrado de mulher, com seu feto exposto, fora encontrado em um baú em um barco que iria para a Itália. O crime, que se tornou o mais popular homicídio em nosso país antes do aparecimento de crimes feitos por serial killers brasileiros, teria sido cometido pelo marido. Segundo relatos, o fantasma da mulher ainda assombra o porto de Santos.

O Local Amaldiçoado: Crime do Poço e o Incêndio do Edifício Joelma
O incêndio do Edifício Joelma, ocorrido em 1974, foi um dos piores incêndios acontecido em local público do Brasil. A TV acompanhou todo o drama, com pessoas se jogando de sua altura, ou desesperadas na cobertura do prédio, correndo das chamas e fumaça, sendo queimadas vivas. O curioso é que alguns anos antes da construção do prédio, um acontecimento terrível havia acontecido no mesmo local; o caso do filho que havia matado a mãe e as irmãs, e jogado seus corpos em um poço preparado para o crime. Um bombeiro também morreu, contaminado pelos cadáveres em decomposição durante o resgate dos mesmos. Passado vários anos depois das tragédias, no novo edifício feito no local ainda dá origem a relatos de fantasmas e fatos assombrosos.

Espírito de Jack, O  Estripador, se Comunica com uma Médium no Brasil
Este título relata um fato curioso. Após cessar as mortes de prostitutas cometidos em 1888, em Londres, e atribuídas ao mais famoso serial killer, Jack, o Estripador, assassinatos semelhantes ocorreram na Vila de Paranapiacaba, interior de São Paulo. Teria Jack vindo para o Brasil, já que nesse período a vila teria sido construída por operários ingleses da firma inglesa contratada para a construção da ferrovia que ligaria o porto de Santos com demais localidades? A curiosidade aumenta ainda mais quando um médium recebe o espírito do médico inglês que havia morado na região, e que assumiu os crimes e contou detalhes sobre os mesmo.

Estes são alguns títulos de um total de 21 casos contado no livro Pra Quem Acredita em Fantasmas.

Abaixo, uma pequena entrevista que o blog BORNAL fez com seu autor, Dino Menezes.



BORNAL: O título de seu livro, Pra Quem Acredita em Fantasma, dá a ideia de que seu livro tem como público-alvo pessoas que acreditam no sobrenatural. Para você é importante que seus leitores acreditem em fatos paranormais para ler o livro?
DINO MENEZES: Não, de forma alguma. Os leitores podem ler como uma boa ficção; a intenção do título do livro é exatamente gerar curiosidade até para os que não acreditam. Tanto é, que recebi o retorno de pessoas de várias idades, dos 12 aos 85 anos, e de diversas crenças também. No próprio livro, inseri esse feedback das pessoas que vieram a interagir com uma parte das histórias quando divulguei pela internet. Ali, é possível perceber a variedade do público e dos que inicialmente não acreditam e começam a se questionar quanto ao assunto.

BORNAL: Qual o critério que você usou para selecionar as histórias para o livro?
DINO MENEZES: Depois de uma viagem para Paranapiacaba, comecei a pesquisar as lendas de terror e usei o caminho da antiga São Paulo Highway, que vai da cidade de Santos até Campinas, ligando as crônicas, que são baseadas em fatos reais, pelos trilhos da antiga ferrovia. 
           
BORNAL: Você acredita que há uma conexão entre escritores de histórias de terror e a crença no sobrenatural?
DINO MENEZES: Pode haver ou não, dependendo de cada escritor. Mas a curiosidade e a inquietação sobre o tema tem que haver. A curiosidade, a imaginação, o medo... principalmente o medo nos faz viajar. Atualmente, tenho lido livros espíritas para entender melhor o assunto, que é tão complexo quanto desconhecido para alguns.

BORNAL: De todos os relatos e lendas que você catalogou, qual a que lhe impressionou mais e qual o motivo?
DINO MENEZES: O incêndio no edifício Joelma, pois quando eu era criança, assisti aquele terror todo ao vivo pela televisão. A história e as imagens ficaram marcadas em mim. E durante as pesquisas e ao escrever o livro, revivi toda a tragédia que marcou a minha infância.

BORNAL: Você passou por alguma experiência que você classificaria como sobrenatural?
DINO MENEZES: Algumas coincidências aconteceram enquanto eu escrevia o livro. Acho que cada pessoa reage de uma forma diferente ao sobrenatural, dependendo de suas capacidades para sentir. Alguns veem, outros sonham, mas ocorre para quem tem sensibilidade. No meu caso, acho que consigo sentir as histórias e transportá-las em sua maioria para o papel, respeitando os espíritos e também entregando um pouco da minha sensibilidade ao escrever sobre esses seres quando consigo manter uma ligação aos personagens sem o preconceito às suas atitudes.

BORNAL: Seu interesse por lendas e relatos sobrenaturais é motivado por alguma crença religiosa?
DINO MENEZES: Não sou religioso, fui muito pouco a igreja, venho do teatro e trabalho com cinema.  Então a minha ligação com as histórias é uma forma artística de me expressar. E, contar histórias é a minha paixão não importando o meio.
Nasci em Belém do Pará, morei no Edifício Manoel Pinto, que tem diversas histórias assombradas. Depois fui morar em frente ao Cemitério da Soledad, onde meus irmãos me contavam histórias de terror. E ainda nesta época, no caminho da escola, passava em frente ao Palacete Bolonha, que é tema de uma das histórias do meu próximo livro que fiz em parceria com Bosco Silva, o qual me entrevista, rs. Enfim, essas experiências na infância me fizeram ter interesse e escrever sobre Terror.

BORNAL: O que você pensa sobre toda essa onda de conservadorismo, estimulada por políticos evangélicos, que tendem a censurar e desestimular filmes, livros, com temáticas de sobrenatural, terror?
DINO MENEZES: Cada um que tenha seu ponto de vista, goste ou não de algo, temos que respeitar isso, ter o livre arbítrio para escolher o que fazer (Ler). O fundamental é liberdade de expressão, e a liberdade de expressão é inalienável. Tem que ter filme de Prostituta, como também tem que ter filme de Igreja. Tem que se produzir todos os gêneros, e consome quem quiser. Dou esse exemplo, mas serve para todas as categorias artísticas. O perigo oculto do conservadorismo, é que começam censurando a arte, depois queimam livros, daqui a pouco estarão matando gente. Já vimos isso acontecer antes e temos que aprender com a história. Temos que ficar atentos !!

BORNAL: Você tem se sentido prejudicado com a política conservadora do novo governo?
DINO MENEZES: Muito prejudicado. A agência reguladora do cinema, ANCINE, a área que atuo, está sendo sucateada e está parada. Mais de 400 produções estão burocraticamente paralisadas atualmente no Brasil. Desde o ano passado, tento registrar um documentário e não consigo, não tenho resposta. A atuação desse governo é um desastre, um grande retrocesso a cultura e a arte brasileira. Mas vamos continuar a luta pela arte e pela liberdade de expressão!

Dino Menezes



Produtor Audiovisual e diretor, Dino Menezes trabalha com o Cinema, a literatura e o Teatro, montando Peças Teatrais, Curtas-metragens, Documentários e Performances. Ganhador de inúmeros prêmios na Baixada Santista e no Estado de São Paulo, participou de Festivais de Cinema no Brasil e no Exterior. Artista multimídia, Dino Menezes transita entre o cinema, a fotografia, a literatura e o Teatro, desenvolvendo a sua arte livre, com mais de 30 prêmios nesses segmentos. Produz a Mostra Cine Debate e a Mostra Marginal de Cinema Santista.

Para Comprar o Livro Pra Quem Acredita em Fantasmas: Produto/Mercado Livre 

Blog de Dino Menezes: https://medium.com/@dinomenezesii

terça-feira, 9 de junho de 2020

MISS MALÁSIA: FRASES RACISTAS DE MISS, CHOCA O MUNDO


MISS MALÁSIA: FRASES RACISTAS DE MISS, CHOCA O MUNDO
A Miss Malásia, Samantha Katie James, causou fúria recentemente ao postar mensagens no instagram contra as manifestações provocadas pela morte do segurança negro George Floyd pela polícia dos Estados Unidos. A miss chamou os manifestantes de “pessoas tolas”, escreveu ela:
Eu não moro nos Estados Unidos, isso não tem nada a ver comigo. Mas, para mim, parece que os 'brancos' venceram. Aos negros, relaxem, aceitem isso como um desafio, que isso os tornem mais forte.
Samantha justificou suas palavras:
Você escolheu nascer como uma pessoa de 'cor' nos Estados Unidos por algum motivo, para aprender uma certa lição. Aceite, a fome e a pobreza existem. É isso aí. O melhor que você pode fazer é manter a calma... Essa é sua responsabilidade.
Ela também comentou ter sido alvo de racismo por ser branca:
Fui insultada a vida toda por ser uma garota branca na escola. Falo por experiência própria, não pelo que li on-line.
Ao ser perguntada por uma seguidora sobre que quis dizer com “escolheu nascer 'de cor', a Miss respondeu: "Como nossas almas. Escolhi esta vida, este país, esta raça, esta forma humana. Sempre me pergunto por que nasci na Malásia como uma menina branca, com mãe chinesa, avós indianos e pai brasileiro. Mas eu escolhi tudo isso por uma razão".

É isso mesmo, Samantha é filha de pai brasileiro, e embora seja o fruto de várias misturas de raças, o que teria levado a moça a escrever frases com tons tão racistas?

Simples: o que para a maioria é apenas manifestação de racismo, para a Miss Malásia, é parte de sua concepção religiosa da vida. 

Sua religião  se baseia na crença de que a alma humana antes  de nascer, escolhe o local, os pais, a raça e o momento onde irá nascer, de forma que suas escolhas acarrete experiências que sua alma precisa para aprender e evoluir. Esta forma  de crença  está presente em religiões que acreditam em alguma forma de reencarnação. Na Índia esta forma de crença serve para explicar por que há pobres e ricos. Ricos são pessoas espiritualmente merecedoras de sua riqueza, enquanto pobres são pobres porque estão pagando dívidas passadas, de outras reencarnações.
 

Como podemos deduzir, esta forma de pensar, estimula a submissão e injustiça. Na Índia, onde a crença na reencarnação faz parte de suas religiões, pessoas que nascem nas classes mais baixas, mais miseráveis, não podem lutar por condições de vida melhores, já que sua pobreza tem como causa, não injustiças sociais, mas o destino escolhido para elas para que possam evoluir. Sendo assim, qualquer pessoa ou forma de melhorar suas vidas, será visto como formas de atrapalhar seu aprendizado, seu evoluir (conhecido pelo nome de Karma).
 
Dessa forma, podemos concluir que muito das religiões contribui para a manutenção das injustiças sociais, do racismo, mesmo que seus seguidores não vejam suas opiniões como manifestação de racismo ou de injustiça social.
Seja como for, até o momento mais de 105 mil pessoas já assinaram um abaixo assinado para que Samantha perca seu título de Miss Malásia.  

sexta-feira, 5 de junho de 2020

CHICO PICADINHO E O FANTASMA DA BAILARINA ESQUARTEJADA EM SÃO PAULO


CHICO PICADINHO E O FANTASMA DA BAILARINA ESQUARTEJADA EM SÃO PAULO
Algumas histórias macabras se originam de algum acontecimento trágico. A história que vamos contar possui esse elemento e aconteceu nos anos 1960, com uma jovem bailarina austríaca que morreu e foi esquartejada em São Paulo. O mais curioso e perverso é que ela foi cortada em pedacinhos e teve sua carne distribuída em baldes e malas.

O crime lembra o famoso  Jack, o Estripador, assassino que nunca foi realmente identificado. Mas esse psicopata é brasileiro, e bem conhecido. Tem um nome e uma senha recebida depois do primeiro assassinato: Chico Picadinho.

Francisco da Costa Rocha nasceu em Vila Velha, no Espírito Santo, em 1942. Filho de uma prostituta, não teve uma vida fácil. Nasceu em um bordel, sofreu abusos sexuais e assistiu, lamentavelmente, aos maus tratos sofridos por sua mãe. Era comum ela sofrer agressões verbais e até, por outra vez, apanhar clientes. Na infância, Chico matava gatos para alimentação, mas com um certo prazer sádico e requerimentos de crueldades, cortava ou bichanos em pedacinhos.

Expulso de casa, depois de brigas com sua mãe, o menino Francisco cresceu em um ambiente hostil, comprando malandragem e inteligência para lidar e convencer pessoas, o que é muito comum na maioria das psicopatas. Na adolescência, Francisco disse ter sofrido com a mãe e com os abusos que sofria na infância, e começou a sentir coisas estranhas e graves. O que era considerado como “apenas um menino de fantasia que lia muito”, já que aos 13 anos já havia lido todos os livros do escritor russo Dostoiévski. Seu preferido era Crime e Castigo, que contêm um histórico de assassinatos em busca de redução e ressurreição espiritual.

Chico viveu uma juventude promíscua, tinha claramente compulsão sexual e, como era persuasivo, relacionava-se intimamente com muitas prostitutas, mas também com ditos “homens de bem”. Teve muitos parceiros, em noites regadas a bebidas e drogas. E tudo acontece em um pequeno apartamento na rua Aurora, na Boca do Lixo da boemia paulistana. Ele divide o local com um médico, que também usa o imóvel para encontros furtivos.


Até que, em 1966, Chico, com 24 anos, conheceu uma bailarina austríaca Margareth Suída, que vive no Brasil há pouco tempo ... e é o personagem fantasmagórico de nossa história. Encontro que despertou uma fúria macabra de Francisco e culminou numa explosão de ódio e loucura.

Um jovem bailarina e Francisco se conhecem em um dos bares da rua Aurora, em uma noite de garoa, típica da cidade de São Paulo. O rapaz charmoso e sedutor fez de tudo para conquistar uma moça que se mostrou tão envolvente, talvez pressionando algo. A jovem bebe como se fosse o último dia de sua vida, e era…

Por volta das três da manhã, o casal deixou a barra na direção do prédio e o futuro assassino de morava. Eles estavam totalmente embriagados. Riam e falavam alto, chamando a atenção das pessoas que restabelecem a rua que precisam de hora de madrugada. Dentro de um apartamento, que era para ser uma noite de amor, terminou em tragédia: Francisco, bastante entorpecido pela bebida, não conseguiu manter relações com a bailarina que, mais bêbada ainda, inicia um zombar dele, levantando dúvidas sobre a masculinidade do parceiro sexual . Naquele momento veio para a cabeça transtornada de Chico, como um pesadelo, tudo o que ocorreu com sua mãe, e os abusos sexuais foram cometidos quando era criança. Em um momento de fúria, ele é sufocado com as mãos, terminando de aplicar o cinto.


Ele diria depois de ter perdido a consciência durante o momento do assassinato. Depois, para se livrar do corpo, ocorreu o ato de mais bárbaro. Ele cortou uma mulher minuciosamente em picadinho e distribuiu os pedaços em baldes e malas, para se livrar do corpo. Demore 3 a 4 horas até lembrar a vítima e colocá-la dentro de uma sacola, pois sabia quem era o amigo com quem dividia o apartamento que estava para chegar.

O disfarce não foi suficiente e, denunciado pelo médico, teve que fugir. Com repercussão do caso nos jornais da época, Chico Picadinho é o logotipo encontrado na casa de outro conhecido, vai preso, e é condenado a 18 anos de prisão.

Mesmo preso, se casa com uma amiga, tem uma filha e depois de 10 anos sai da prisão, liberado por bom comportamento. Então, troca de parceria, outro filho, e leva uma vida normal, trabalhando para sustentar a família. No entanto, pouco tempo após o segundo casamento, ele deseja a vida pacata e volta para a Boca do Lixo.


Agora a prostituta  Ângela Silva, conhecida como “moça da peruca”, que seria sua segunda vítima. Como as coisas acontecem exatamente como no primeiro assassinato, então, dessa vez, ele esquarteja a vítima com um cuidado muito maior e tenta jogar alguns pedaços no vaso sanitário. Em nova fuga, para o Rio de Janeiro, fica presa em uma praça enquanto lia um jornal que traz a manchete de seus crimes.


Em 1976, o Conselho de Sentença condenou Francisco a 30 anos de prisão por homicídio qualificado, principalmente devido a grande repercussão do caso na imprensa e na opinião pública, que ficou horrorizado com fotos de mulheres esquartejadas nos jornais.

Lá vai mais de 50 anos e a história trágica não é esquecida, principalmente porque diz que, nas noites de garoa, há quem vê o fantasma de Margareth Suída descendo a rua Aurora, andando levemente como se caminhasse em nuvens, com passos de bailarina . Aliás, muitas são as histórias que envolvem uma garota jovem, com forte sotaque, que conhece meninos, seduzem e levam até seu apartamento. Mas não os deixa subir.

Alegando motivos diversos, sempre pede que espere na frente do prédio enquanto ela se prepara. E, quando vai ver, uma mulher não volta, e nunca existe. Assim, o porteiro já está cansado de orientar esses homens: mostra o jornal que relata uma tragédia e a foto da morte, que é sempre a mesma que diz ter terminado de conhecer.

O zelador Roberval dos Santos, de 74 anos, relata: “Perdi a conta de quantos homens já passaram a noite na frente do prédio esperando pela mulher, e com quantas vezes as mesmas consideram sobre o caso macabro. Alguns não acreditam e vão embora me xingando.

Ali, vi tudo aqui, até o mar desmaiar na calçada. Eu já trabalhei no prédio quando aconteceu uma história do Chico Picadinho. Foi um caso muito barra pesada e os jornalistas vinham aqui ou depois de tirar fotos do prédio.

Teve muito mais morador que até mudar. Dizem que moça assassina ainda não está local em que morreu, mas eu nunca vi nada. O apartamento está fechado desde os anos 1980. Tentou alugar, mas ninguém fica, não. E dizem que muitas coisas estranhas acontecem lá dentro.

São ouvidos, choros, gemidos e, para alguns, uma moça morta aparece pelada no chão da sala, todos em picadinhos, pedindo ajuda… ninguém fica, não. Aí, com o tempo, paramos de alugar o imóvel e ele fica fechado. Trouxeram até padre, médiuns, pai de santo, e ninguém deu jeito. Falam que a mulher, no espírito, ainda procura ajuda, por isso traz os rapazes até a porta. ”


Chico Picadinho, hoje com 75 anos, ainda cumpre pena em um manicômio judiciário, na Casa de Custódia de Taubaté. Essa decisão foi tomada após o exame médico em que foi apontada como uma pessoa de personalidade sádica e psicopática. Na cadeia, mostra-se lúcido e passa os dias praticando pintura.

Ele diz não ter sentido culpa em algum momento, porque, como as mulheres que matam e retiram ou recuperam a memória da mãe, quem não perdoa por ter sido submetido, enquanto criança inocente, várias barbaridades. Fala ainda que não acredita nas aparições e listas que envolvem seus crimes e que, ao cometer-los, causam uma influência do romance Crime e Castigo, de Dostoiévski, quem chama Deus.


Publicado em 1866, pelo escritor e jornalista russo Fiódor Dostoiévski, ou pelo livro narra uma história de um crime cometido pelo estudante Ródion Raskólnikov, e suas conseqüências. Assim, para terminar essa história tenebrosa, vale ressaltar uma curiosidade sinistra: o primeiro crime aconteceu cem anos após Dostoiévski ter escrito o livro…

Texto: Dino Menezes (Todos os direitos reservados).
Para conhecer mais sobre o projeto “Quem Acredita em Fantasias” acesse: http://www.facebook.com/praquemacreditaemfantasmas

sábado, 30 de maio de 2020

RELATO DO LEITOR: A Assombração de Cotijuba (por Marcus Saraiva)

RELATO DO LEITOR: A Assombração de Cotijuba (por Marcus Saraiva)  
O ANO era 1996 ou 97. Era um domingo comum de verão. Fomos eu e um amigo aproveitar o dia na Ilha de Cotijuba. E como o dia estava tão bom, as horas passaram tão rápido que perdemos o último barco pra voltar. Então decidimos dormir pela praia do Farol, mesmo. Quando caminhávamos próximo ao Cotijubar (conhecido bar da época), decidimos descer por uma escada natural até a praia. A mais ou menos uns 100 metros dessa escada avistamos uma pessoa em pé olhando em direção a praia. Era uma pessoa alta, magra, cabelos compridos e nua. Estava já escuro e não dava pra saber se era um homem ou uma mulher. Foi quando nos olhamos, nos perguntando: "você está vendo o que eu estou vendo?". Meu amigo disse que aquela pessoa parecia bastante esquisita. A pessoa pareceu ouvir nossas vozes. Foi quando se moveu numa velocidade impressionante, que parecia voar, pois seus pés pareciam não tocar o chão, e correu para dentro de um pequeno matagal e sumiu. Fomos embora dali e dormimos no trapiche.

De manhã cedo, fomos tomar café com um nativo, e ele nos disse que aquilo que nós vimos já tinha sido visto por muitas outras pessoas, que tinham relatado a mesma experiência.

terça-feira, 26 de maio de 2020

RELATO DO LEITOR: A Promessa Feita para Zezinho e Cícero do Cemitério da Soledade (Por Grazi Andrade)

A PROMESSA FEITA PARA OS ESPÍRITOS DE ZEZINHO E CÍCERO DO CEMITÉRIO DA SOLEDADE
Quando eu era estudante do ensino fundamental, uma das minhas professoras, a professora Cláudia, já casada há alguns anos, não conseguia engravidar, passou então a recorrer a tratamentos para poder realizar seu sonho de ser mãe. Porém, o tratamento não parecia estar dando resultado, Cláudia continuava a não realizar seu sonho materno. Foi então que algumas pessoas lhe contaram dos espíritos milagreiros dos meninos Zezinho e Cícero, que há anos estão sepultados no velho Cemitério da Soledade, em Belém, e que o povo recorre a eles para realizações de suas promessas.

Numa segunda-feira, então, aproveitando que o velho cemitério é aberto para a visitação pública, chamado de Culto das Almas, em que o povo acende velas para os santos populares, Cláudia foi até as sepulturas dos meninos Zezinho e Cícero, e lhes pediu que realizassem seu sonho de ser mãe.

Foi então que no dia do folclore, na escola, Cláudia falou para alguns alunos sobre sua promessa, mas a gente achava que era brincadeira dela... Depois de 4 meses, veio a surpresa. Ela nos anunciou que iria se afastar de nossa turma, pois estava grávida. E a surpresa maior: que estava grávida de gêmeos.

Lembro que chegamos a ver os filhos dela quando nasceram: um tinha o cabelo meio loiro e outro era bem pretinho, ambos tinham a pele branca. Ela colocou o nome dos dois de Zezinho e Cícero.

Teria sido mesmo uma interseção dos dois? E cada um teria nascido com as características físicas de cada um dos espíritos dos meninos milagreiros?

Bem, não tenho certeza, o certo é que depois disso passei a alimentar a curiosidade de saber como eram as características físicas de Zezinho e Cícero quando vivos. Mas, foram crianças que há muito tempo deixaram a vida sem deixarem qualquer registro de suas fisionomias. Alguém aí sabe?

* A Foto, Acima, é apenas Ilustrativa.

Grazi Andrade

domingo, 17 de maio de 2020

DESVENDANDO AS LENDAS DO PALACETE BOLONHA

DESVENDANDO AS LENDAS DO PALACETE BOLONHA
Lendas são histórias criadas anonimamente pelo povo, que sempre acrescentam novos fatos maravilhosos aos já conhecidos, tendo a intenção ou não de aumentar o aspecto fantástico delas. Geralmente começam com as expressões: um amigo do primo de um amigo meu, contou que..., ou conta-se que…, ou a forma mais honesta: Reza a lenda que... Por isso as lendas sempre possuem variantes, devido a interpretações diferentes dadas a elas, ou novos detalhes acrescentados a elas, todas as vezes que são contadas por pessoas diferentes. Em geral, as lendas surgem de mal entendidos, más interpretações de fatos concretos, ou da pura superstição e ignorância do povo.

Palacete Bolonha

Em Belém, o belo Palacete Bolonha é cercado delas. Uma dessas (que até virou título de livro: Palacete Bolonha: uma Promessa de Amor, 2007), diz que o palacete foi construído pelo engenheiro e arquiteto Francisco Bolonha (1873 - 1938) como um presente de amor para a carioca Alice Tem-Brink, para convencer a sua futura esposa a vir morar em Belém após o casamento. Teria ele dito a ela: “Se você se casar e vir morar comigo, eu lhe construo um palacete”. Essa suposta história é sempre contada como sendo uma prova de amor, ou uma manifestação de carinho, mas se pararmos para pensar, veremos que, na verdade, a tal proposta de Francisco Bolonha soa muito mal para o casal, já que mostraria ser Alice uma mulher interesseira que teria se juntado a um homem somente por seu palacete; e também faz de Bolonha um sujeito sem nenhum atrativo, além da riqueza, capaz de fazer Alice casar-se com ele. 

Alice e Francisco Bolonha

Ao verificarmos o ano de casamento do casal, mais o ano de construção do palacete, descobrimos que, na verdade, tal proposta foi criação anônimo e alimentada pelo povo, que achou bom dar ao palacete ares de uma história de amor, pois segundo documentos contidos na tese de mestrado de Adriana Coimbra, "A cidade como narrativa: Francisco Bolonha e o papel da arquitetura e da engenharia no processo de modernização da cidade de Belém - 1897 - 1938" (ver na internet), o palacete não foi construído em 1905, mas, sim, seu terreno que foi adquirido por Bolonha nessa data, ´depois construído a Vila Bolonha, e, por último, em 1915, o palacete. Então, sabendo que Bolonha e Alice se casaram em 1895, vê-se que a construção do palacete está muito longe da data do casamento para ter sido um presente de casamento; se caso fosse, teria sido construído um ou dois anos após o casamento. E, sendo Bolonha nascido em uma tradicional família rica de Belém, falta de dinheiro não teria sido obstáculo para que o palacete fosse construído somente vinte anos depois do casamento; tempo mais do que suficiente para que Alice visse que tinha sido enganada. Nesses vinte anos, Alice morou com o esposo na casa onde Bolonha nasceu --- entre Av. Assis de Vasconcelos e Av. Nazaré. Além disso, há o testemunho da senhora Nahir, que quando criança fora adotada pelo casal Bolonha, que diz nunca ter ficado sabendo que o palacete teria sido um presente de Bolonha a sua mãe adotiva para convencê-la de vir morar em Belém.

Dizem também que o terreno do palacete, antes de sua construção, servia de descarte de cadáveres, disso tiraram a ideia da má influência do palacete, originando a visão de vultos e o suposto fato do piano de Alice tocar sozinho. Isto também não parece ser convincente, já que o terreno tão próximo ao movimentado Largo da Pólvora (hoje Praça da República), centro de Belém, se prestasse a ser o local preferido de desova dos assassinos da época. Embora seja verdadeiro, que o terreno era um alagadiço, como podemos ver na tese de mestrado já referida, por meio de documento de Francisco Bolonha havia escrito, em 1906, para intendência, requerendo luz pública ao local, já drenado por ele. O que pelo menos, retira o tom de exagero de desova dado ao terreno.

Imagem do Cão do Palacete Bolonha

Quanto a imagem do cão da entrada do palacete, feito de ladrilhos, com a expressão em latim “Cave Canem” (cuidado com o cão), que também tem servido para gerar histórias fantasiosas ligando a figura do cão negro do piso a um suposto pacto de Bolonha com forças diabólicas. (Até mesmo eu escrevi um conto de mistério sobre a controversa imagem: A Lenda do Cão Fantasma do Palacete Bolonha). Uma rápida pesquisa sobre o tema, revela que compor a figura de um cão em mosaico (com o palacete tendo vários mosaicos contendo imagens de ninfas e musas greco-romano) e com o alerta em latim, era bastante comum na Roma antiga. Isto é, era usado como aviso, como as placas de hoje, escrita "Cuidado: cão bravo", não contendo nada de sobrenatural, ou misterioso. E  sendo Bolonha um grande amante de ladrilhos e mosaicos e sendo um homem culto, não é de surpreender que ele tenha usado tal forma artística como meio de se referir a um cão de guarda seu.

Abaixo, imagens de mosaicos do império romano, com a frase "Cave Canem".





terça-feira, 21 de abril de 2020

CONFISSÕES DE UMA AGENTE FUNERÁRIA

CONFISSÕES DE UMA AGENTE FUNERÁRIA
Deixar de existir é, sem dúvida alguma, uma das coisas que o ser humano mais teme em toda sua vida, e em todas as épocas. Pois, ao nos acharmos os seres mais “fodões” da criação, passamos a ter dificuldades para aceitar que o mundo possa existir sem nossa magnífica presença, sendo extremamente frustrante para o orgulho humano, saber que, sim, o mundo passará muito bem depois que morrermos, e talvez até melhor. A outra coisa que o ser humano teme muito, é a dor e o sofrimento. Por isso não é se surpreender que a morte seja aquilo que o ser humano mais teme, em todas as época, já que a morte uni, em si, esses dois grandes temores humanos: a dor e a não existência. E quando falamos da morte também está incluído o sofrimento pela perda de pessoa queridas.

Outra característica frustrante da morte para os seres humanos: é saber que ela não depende da nossa vontade. Você pode estar acostumado em mandar no garçom, em seu computador, em seu cachorro, em seu empregado e em seu corpo… Mas com a morte, nanananão… não é assim que as coisas funcionam, queridão. Você pode espernear, chorar, se lamentar, se esconder, que, cedo ou tarde, ela vem, por mais que você não queira; lhe cabendo apenas antecipar ou não sua vinda.

Ironicamente, foi necessário que o nosso cérebro se desenvolvesse por milhares de anos, gerando nossa inteligência, para que o ser humano fosse capaz de perceber que um dia sua vida chegará ao fim. (Né sacanagem?). E ao descobrir isso, o que fez este ser tão inteligente, que se acha o “pica das galáxias”? Respondo: Tenta, por todos os meios, negar que a morte existe, ignorando-a. E todo uma grande rede de indústrias surgiu para dar ao ser humano o suporte para a ilusão de que a morte não existe. Todo ano estas indústrias ganham bilhões de dólares, produzindo livros de autoajuda com os títulos: “Como Ser Jovem para Sempre”, ou profissionais que prometem a seus fregueses a retardar a velhice, por meio de polivitaminas, cirurgias plásticas, alimentação natural, ou ainda a última novidade em produtos de maquiagem.



Contrariando esta tendência de fugir da morte a escritora Caitlin Doughty, autora do livro Confissões do Crematório, nos diz, em seu livro, que a morte sempre lhe causou fascínio desde que, com a idade de 8 anos, viu uma garotinha cair de um andar do shopping onde se encontrava.
Vi com o canto do olho uma garotinha subir para o local onde a escada rolante encontrava a grade do segundo andar. Enquanto eu olhava, ela passou por cima da grade e despencou dez metros, caindo de cara em uma bancada laminada com um baque horrível. “Meu bebê! Não, meu bebê!”, gritava a mãe dela, descendo pela escada rolante, empurrando violentamente as pessoas para o lado enquanto uma multidão se formava. Até hoje, nunca ouvi nada tão de outro mundo quanto os gritos daquela mulher. Meus joelhos falharam, e olhei para onde meu pai estava, mas ele sumiu com a multidão. Onde antes ele estava, só havia o banco vazio agora. Aquele baque, o barulho do corpo da garota batendo no laminado, se repetiria na minha mente sem parar, um baque surdo atrás do outro.
Ela conta que este fato gerou um trauma nela que ela só se livrou dele quando passou a encarar a morte diretamente. Sabe como? Trabalhando em um crematório.

Caitlin passou a preparar cadáveres para funerais, maquiando-os, lavando-os, barbeando-os, guardando-os no refrigerador, transportando-os de seus locais de morte para o necrotério do crematório, e também preparando o forno crematório, cremando os cadáveres, triturando seus ossos queimados e guardando-os juntos com as cinzas em urnas funerárias.



Em seu livro Caitlin relata suas experiências com cadáveres (como a primeira vez que teve que preparar um corpo para o velório, barbeando-o e lavando-o), relata os procedimentos usados durante o embalsamamento, truques que as funerárias usam para manter os cadáveres de boca e olhos fechados, a dificuldade de vestir corpos com princípio de decomposição, e até tenta descrever ao leitor, usando coisas do dia a dia, como é o cheiro do fedor pútrido de um cadáver em decomposição, misturando tudo isso com reflexões sobre a morte, e um pouco de detalhes de como o ser humano vem lidando com a morte desde antes de Cristo até aos nossos dias, nas mais variadas culturas e povos.
Em uma tarde, Chris e eu saímos do crematório na van branca e fomos até Berkeley pegar Therese Vaughn. Therese morreu na cama aos 102 anos. Ela nasceu quando ainda faltavam anos para a Primeira Guerra Mundial — a Primeira Guerra Mundial! Depois de voltar à Westwind e colocar o corpo dela no refrigerador, cremei um bebê recém-nascido que viveu apenas três horas e seis minutos. Depois da cremação, as cinzas de Therese e as cinzas do bebê eram idênticas em aparência, ainda que não em quantidade.
A autora também conta histórias bizarras acontecidas com ela no crematório, como o dia em que foi cremar o corpo de uma mulher obesa, em que a gordura do cadáver transbordou do forno, caindo no chão do crematório, lhe obrigando a apará-la em baldes e baldes, cheios de gordura humana, fazendo sujar sua roupa com o líquido grosso, cadavérico.



Mas a coisa que talvez mais chame atenção em seu livro, seja o seu ideal de lutar contra a indústria da morte, que distancia o ser humano de seu destino fatal, com a promessa de fazer com que cadáveres estejam tão bem preparados e maquiados, que deixam a impressão de que não estão mortos --- o que não é verdade, já que muitas vezes são usados tantos produtos, que o cadáver se tornam com aparência de um manequim.

Para Caitlin Doughty, mais uma vez, esta estratégia pertence a cultura de negar a morte; em alguns casos se tornou até popular o velório sem corpo presente. É que para ela a ideia de que um dia nós iremos morrer, nos orienta a viver melhor, a gastar o tempo que resta de nossas vidas com coisas que são realmente importantes, que valha realmente a pena, e, que ao sabermos que nosso tempo de vida se esgota, também nos leva a realizarmos logo nossos planos de vida, enquanto a cultura da ilusão, nos leva a procurar inutilmente uma juventude que não existe mais, a sermos tapeados, levando as  pessoas a desperdiçar o tempo que lhes resta com coisas fúteis e desnecessárias, levando também ao desgaste psicológico de não aceitar o envelhecimento, ou a própria morte.
Os cadáveres mantêm os vivos presos à realidade. Eu tinha vivido toda a minha existência até começar a trabalhar na Westwind relativamente distante de mortos. Agora, eu tinha acesso a montes deles, empilhados no freezer do crematório. Eles me obrigavam a encarar minha própria morte e a morte dos meus entes queridos. Por mais que a tecnologia possa ter se tornado nossa mestra, precisamos apenas de um cadáver humano para puxar a âncora do barco e nos levar de volta para o conhecimento firme de que somos animais glorificados que comem, cagam e estão fadados a morrer. Não somos nada mais do que futuros cadáveres.


Caitlin Doughty, mesmo sendo ateia e não acreditando em nenhuma possibilidade de vida após a morte, tem como objetivo trazer para o presente costumes funerários do passado, em que familiares teriam maior contato com seus entes queridos falecidos, podendo banhá-los, arrumá-los, demonstrar seu último carinho e respeito a alguém que lhes foi tão importante, em vez de deixarem tudo nas mãos de agentes funerários. Caitlin também enveredou por formas modernas de sepultamento que evitaria o embalsamamento e substâncias químicas que poluem o solo, e que impede que a decomposição seja um processo natural e benévolo para plantas e insetos, gerando outras formas de vida. Segundo ela, um sepultamento natural seria uma forma de devolver à natureza aquilo que tiramos dela durante nossa existência. Estes processos naturais aceleram a absorção do cadáver pela natureza, como a criação de uma espécie de mortalha compostas de fungo que revestiriam o cadáver facilitando que os fungos se alimentassem deste, renovando o solo.

Confissões do Crematório, é um livro de descrições e pensamentos fortes, que pode chocar, mas conta com a boa e bem humorada escrita de sua autora, que suaviza muito o tema da morte. Mas morte é morte, e uma escrita divertida aplicada a tal tema é como adoçar com açúcar um remédio amargo e intragável, que mesmo com toda o açúcar do mundo, sempre deixará um gosto amargo no final.