quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A VELHA E O MACONHEIRO* (de Paulo Lins)



Bá preparava-se para deitar quando ouviu a voz cuidadosa de Manguinha entrando pela fresta da janela. Falou que já ia, depois de vê-lo no portão pela porta entreaberta. 
- Quantas vai, meu filho? 
- Eu só queria uma trouxa, só, mas aí: tô meio caído, morou? Se a senhora me vender, amanhã, antes do meio-dia, eu trago a grana.
- Fiado eu não vendo, não, mas se você quiser fumar um comigo é só entrar - disse a velha. 
Seu pensamento num segundo tramou sedução. Havia muito tempo só fazia sexo sozinha. Manguinha sentou-se no sofá encardido, observou a sala: são Cosme, Do Um e são Damião iluminados pela lamparina de azeite; uma cristaleira antiga com alguns copos coloridos; um jogo de chá; a mesinha de centro cheia de objetos domésticos; teias balançando ao mínimo vento. Bá preparou com capricho o cigarro de maconha do tamanho de um bonde, mirando endoidá-lo o suficiente para facilitar a sedução. Acenderam o baseado. A velha afirmou que aquele fumo era especial. Ofereceu uma dose de uísque ao viciado, disse-lhe que tinha uma rapinha de brizola para depois de fumarem. Manguinha adorou a idéia. Fumava rápido para poder consumir a cocaína tão cara e rara de ser encontrada.
A velha sugeriu que fossem para o seu quarto, alegou que poderia chegar uma de suas filhas, não queria que elas a vissem cheirando. Desenrolou as cortinas, derramou a droga num prato quente, apanhou uma lâmina de barbear em cima do guarda-roupa para trabalhar a cocaína. Enquanto transformava em pó as pedrinhas da brizola, dizia a Manguinha que não sabia o porquê de ter-lhe tanto afeto, que jamais tinha cheirado com esse ou aquele freguês, ele era o primeiro e único. Sempre que quisesse cheirar ou fumar era só dar um toque nela. 
- Por que tu não tira essa calça molhada? Bota ela atrás da geladeira. Seca rapidinho. 
- Podes crer! - concordou. 
Aproveitou para tirar a camisa. Dava corda ao jogo da velha. A pele branca de Manguinha era iluminada pela luz da lamparina do santo que atravessava a cortina de tecido ralo. Bá apanhou mais maconha. 
- Vamo fumar outro pra quando a gente cheirar ficar ligadão de uma vez? 
A velha pediu que Manguinha apertasse o baseado, fez dez carreiras de coca no prato. Enquanto fumava deixava a mão escorregar na perna do viciado, fez isso várias vezes. A mudez de Manguinha fez com que ela repousasse a mão definitivamente em sua coxa direita.
- Sua perna é cabeluda! - disse com voz macia e alongando o som da penúltima sílaba do predicativo. 
Manguinha manteve-se calado. A velha apertava os dedos, aproximou a mão para perto do pau duro do maconheiro, deixou que ela repousasse ali, o baseado ia pela metade. Num lance lento segurou o pênis por cima da cueca. 
- Hum... o lulu tá durinho! 
Apertava, friccionava para cima e para baixo. Manguinha agia como se tudo estivesse correndo normalmente. A velha sabia que ele tinha energia para arrepiá-la com vontade. "A vida é muito boa", pensou quando fez desabrochar de dentro das garras da cueca o caralho do viciado. Abocanhou-o no primeiro segundo. Manguinha sentiu nojo no começo, mas o apetite da velha o fez gozar em pouco tempo. Ao se recuperar, pediu-lhe que fizesse novamente. Esqueceram a cocaína no prato, o baseado no cinzeiro, a chuva no telhado. Carcou fundo na velha. O maconheiro, não sabia por quê, se lembrava de sua mãe, da namorada, dos amigos... Tentou parar com aquilo, mas não conseguiu, sentia prazer de verdade em encenar aquele ato.
Aos poucos foi ficando ali como se estivesse perdidamente apaixonado. 
Bá se esparramava nos quatro cantos da cama, nem suas filhas, que eram novas, não tinham varizes, peito caído, possuíam dentes, tinham conseguido um jovem tão bonito. Quem sabe um dia poderia sair com ele abraçada pela rua, apresentá-lo às amigas como seu marido, mas não, era sonhar alto. Se continuasse assim estaria bom demais. Atingiu o orgasmo várias vezes. Quando sentia que o viciado ia gozar, mesmo sabendo que ele se recuperava na rapidez dos seus dezoito anos para mandar ver de novo, diminuía os movimentos para que ele ficasse o maior tempo possível em cima dela. Quando Manguinha gozava, Sebastiana abocanhava-lhe o pau com apetite. Era feliz.

*O título não pertence a obra; história extraída do livro "Cidade de Deus". Espero que este trecho estimule a leitura do livro.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

JANELAS DISCRETAS Nº 18 (de Marcos Salvatore)



Michelle Dayane teve um caso com um professor de Física no Ensino Médio. Nunca entendeu da matéria, mas achou que se relacionando com homens mais velhos, que falavam alto (adorava isso) faria uma espécie de intensivo não eliminatório. Bom, casou com um e quando este envelheceu e passou a beber sozinho, na sala, cantando, bêbado, Flash Backs do Kool and The Gang, ela resolveu sair com rapazes mais novos, bons dançarinos de forró; daí para provedora madre dos fulanos foi o destino. Eles tiravam cada centavo dela em noitadas universitárias, assim como ela arrancava a pele do marido. Xodó de cu é foda.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A MENTE ASSASSINA OU REFLEXÕES SOBRE A CRUELDADE HUMANA



ATENÇÃO: este texto é desaconselhável a pessoas sensíveis.


A criatividade humana para a maldade parece mesmo não ter limites: no Paraguai o castigo para delatores ou para quem vende drogas para atravessadores concorrentes, são de várias formas, mas duas são as formas prazerosamente preferidas: “Amarrar o condenado com as mãos numa mula e os pés em outra. Os animais são espantados para correr em direções opostas. Apreciam, também, amarrar o sentenciado pelo pescoço num cabo de náilon na traseira de uma caminhonete e acelerar por cerca de trinta quilômetros, em média. Quando o veículo pára de puxar o esfolado vivo, pouco resta do que foi um ser humano.” E ainda: “Nas rebeliões orquestradas passaram a ser vistas cabeças cortadas exibidas como se fossem troféus. [...]. Cabeças espetadas em pontas de ferro nas lajes de presídio. Corações arrancados do peito, fritos e comidos pelos principais inimigos no interior de São Paulo. Olhos extirpados, forçando-se o novo cego a comê-los para, em seguida, decepar-lhe a cabeça e atravessá-la por uma corda fina, entrando por um ouvido e saindo pelo outro, a fim de exibi-la para presos e reféns apavorados.”1

AS DUAS FORMAS DE ASSASSINOS
Com relação à legalidade, há duas formas de assassinos: uma legalizada pelo estado, pelos governos, ou por instituições, como a religião, em que tais assassinos transferem de si, para uma instituição, a responsabilidade por seus atos. Assim, temos soldados de guerra, policiais, homens-bomba, etc. E outra, uma forma ilegal, não acolhida pelas instituições, aqui referidas, como os soldados do tráfico:

A ESCOLA DA MORTE:
UMA AULA DE VIOLÊNCIA
O jornalista Percival de Souza, ainda nos brinda com uma fria, bizarra e sangrenta descrição de um acerto de contas:2 “...Um homem, com um saco de estopa enterrado na cabeça e que o cobria até a cintura surgiu dos fundos da casa, sendo conduzido aos empurrões até a entrada da propriedade, repleta de árvores, de vários tamanhos. Os convidados foram informados de que poderiam se acomodar porque a surpresa, conforme o prometido, seria muito boa.”
“A surpresa estava ali. Seria um espetáculo.”
“Lentamente, o saco de estopa foi retirado da cabeça do tal homem, revelando – surpresa mesmo! – quem era aquela enigmática pessoa, identidade oculta durante longos sete minutos.”
“Ali estava, manietado no centro de uma platéia, o traidor do carregamento de uma tonelada de drogas que caíra nas mãos da polícia. O anfitrião conduziu um rápido interrogatório, [...].”
“- Merece morrer?”
“- Peço perdão. Uma chance. Não vai acontecer nunca mais.”
“A voz suplicante não sensibilizou o anfitrião, que balançou a cabeça negativamente e consultou a platéia.”
“- Ele merece uma chance?”
“Uma longa vaia marcou a posição dos convidados, que começaram a se aproximar mais, escolhendo uma boa posição para contemplar as cenas seguintes. [...]. A um gesto que o anfitrião fez com a mão direita foi chegando, a passos curtos, compondo uma coreografia aparentemente ensaiada, um homem vestindo avental branco impecavelmente engomado, brandindo nas mãos um punhal reluzente. O homem do pedido negado, que já se sabia ser um condenado, foi colocado de joelhos, enquanto quatro troncos de madeira eram arrastados. O carrasco ficou de pé, do lado esquerdo, aguardando instruções, enquanto o anfitrião mandava servir uma nova porção de carne, que o indiferente churrasqueiro, virando-se rapidamente e por instantes, anunciava estar pronta. A surpresa excitava os convidados, que dispensaram pratos e talheres, apanhando a carne do espeto com as mãos e comendo animalescamente. O condenado foi amarrado com a barriga para cima, sem camisa, sobre os quatro troncos.”
“O anfitrião fez sinal de negativo, com o polegar direito, como se fosse um imperador poderoso no Coliseu do tráfico, o que bastou para o homem de avental branco dar um corte, em diagonal, mas sem profundidade, no peito do condenado.”
“O carrasco era mesmo habilidoso no manejo do punhal cintilante. Seus movimentos eram lentos, espaçados, para dar tempo de cada convidado pegar sem olhar uma nova porção de carne, não perdendo um só momento da execução, que prometia empolgação e detalhes nunca vistos. A punhalada seguinte foi mais forte, na altura do ombro, e a arma foi girando, penetrante, num vaivém circulante - o que provoca dores terríveis -, enquanto o condenado berrava e gemia, contorcendo-se, e o vermelho pingando na terra fazia contraponto ao vermelho do céu. O matador, então, livrou o mal-aventureiro das amarras de couro nas mãos.”
“Um corte no pescoço. Uma punhalada nas pernas. A arma aproximou-se do umbigo e penetrou. Fortemente. Foi deixada ali por alguns minutos, tempo suficiente para cada convidado saborear uma nova dose de uísque e preparar-se para o que haveria de vir, enquanto o anfitrião sussurrava entre os convidados que aquela cerimônia tinha o nome de estripamento, embora o nome correto seja estripação. O condenado se esvaía em sangue, balbuciava por clemência, e sua dor provocava apenas gargalhadas. Nenhuma compaixão. Nada de misericórdia. Os intestinos foram sendo puxados pela ponta da faca, lentamente. O condenado assistia sua própria agonia. O carniceiro-executor, com concentrada expressão glacial no rosto, examinava sem pressa o corpo, escolhendo onde iria desferir, se necessário, o próximo golpe, sendo aplaudido a cada movimento em que seu punhal penetrava um pouco mais, girava e era retirado do corpo do homem soltando pingos vermelhos. A arma era limpa no avental, o executor era impecável e elegante, sem movimentos bruscos e nenhum gesto que pudesse ser interpretado como constrangimento e, menos ainda piedade.”
“Foi aí, então, que o carrasco ensaiou o bote final. Passou a rodear o condenado, e seus passos foram sendo acompanhados por palmas e gritos ferozes (“uh! Vai morrer!, uh! Vai morrer!”). O matador segurou a vítima pelos cabelos, dando a impressão de que pretendia arrancar um escalpo. Segurou firme o punhal, olhou de perto para a barriga do condenado, já com as vísceras totalmente para fora, e nela foi colocando marcações a ponta de faca. Deu seis golpes sucessivos, com toda a força, sendo aplaudido de pé pelo bando ensandecido. Depois, ergueu-se e colocou as mãos para trás, segurando o punhal mais uma vez limpo no avental. [...].”
“Voluntários carregaram o corpo com vísceras expostas para um lago atrás da casa. O anfitrião fez sinal para todos a acompanharem. O corpo foi arremessado no lago, de onde emergiram jacarés até então imperceptíveis. Caudas e mandíbulas agitaram as águas, [...]”

O ALUNO 
Fernandinho Beira-Mar: um Matador à Brasileira

Um dos convidados presente ao sangrento ritual, pôs em prática, tempos depois, a sangrenta lição que teria aprendido. Seu nome: Fernandinho Beira-Mar. “Primeiro, cortaram-lhe lentamente os dedos das mãos, um a um, que foram sendo pendurados num varal. Beira-Mar, acompanhando por telefone tudo o que acontecia dentro do cativeiro da morte, gostou de ouvir a descrição e sorriu satisfeito. Depois, foi a vez dos dedos dos pés. Michel tinha de sofrer com os cortes e a assistir a tudo. A seguir, os próprios pés. Os assassinos, em câmera lenta, obrigaram o infeliz a andar sobre os tocos, dolorosamente, enquanto outras partes do corpo continuavam sendo cortadas. Pelo telefone, Beira-Mar perguntava: ‘Já tiraram os pés? E os dedinhos?’Extirpadas as orelhas, agonia terrível aproximando-se do fim, o traficante ordenou, pelo telefone, que encostassem o aparelho junto ao que restou do ouvido direito e perguntou com sarcasmo: ‘Tudo bem?’Ouviu apenas gemidos. Disse, então: ‘Isso é para você aprender a não sair com mulher de vagabundo”. E “finalmente, os tiros que já não eram mais de misericórdia. O ritual da morte já havia cansado e angustiado os próprios encarregados de matar. Beira-Mar ouviu o barulho dos tiros disparados seguidamente e deu por cumpridas as suas ordens.” 3

GUERRA: A GRANDE
LEGITIMADORA DE ASSASSINATOS
E não é apenas entre  Países pobres, ou entre traficantes, que a crueldade e o desprezo pela vida são praticados, mas também em países cultos e poderosos, como na Alemanha nazista.

Aproximadamente 6 milhões de Judeus foram Mortos na Alemanha Nazista

Doutores nazistas, como Josef Mengele, eram encarregados de pesquisar novos modos de aliviar ou reanimar soldados alemães, que se feriam em batalha, bem como de encontrar evidências da superioridade do povo alemão. Para tanto, usou prisioneiros como cobaias para as suas experiências. Experiências responsáveis por 400 mil mortes em Auschwitz.  Injetou tinta azul nos olhos de crianças, jogou pessoas em caldeirões com água fervente, para testar suas reações, dissecou corpos de prisioneiros ainda vivos, fez centenas de experiências com gêmeos, que logo após eram mortos e dissecados, etc.
Homens como Heinrich Himmler, 2° na escala do poder na Alemanha nazista, considerado como a encarnação do mal, e um dos grandes responsável pelo genocídio judeu, capaz de proferir pérolas como em seu discurso à soldados alemãs: “Se na construção de uma trincheira 10000 mulheres russas morram ou não de exaustão, isso só me interessa na medida que a trincheira fique pronta para a Alemanha.”4 Vinha de uma boa formação, culta e civilizada, não provinha de um sub-mundo pobre e sem estrutura. Educado numa das melhores escolas alemãs, que tinha como base as grandes qualidades do espírito humano, freqüentada por futuras grandes personalidades da poesia e filosofia alemã.
Torna-se difícil sabermos se homens como Josef Mengele e Heinrich Himmler, manteve, ou manteriam, seu sadismo e seus atos cruéis em tempos de paz. Contudo, é certo que são nas guerras que homens comuns, não criminosos, tornam-se assassinos. Porém, são justamente nestas em que o número de assassinatos e atrocidades cresce de modo exponencial, superando, em barbaridade, crimes cometidos por uma pequena minoria tida como genuinamente criminosa, como os psicopatas.
E por que justamente nestas, feitas em sua grande maioria por pessoas comuns, não criminosas, se instalaria os genocídios e as grandes atrocidades?

EVOLUÇÃO, GUERRAS E ASSASSINATOS
Nosso Bifinho de Todos os Dias
Todos temos condições e possibilidades de nos tornarmos assassinos, seja por nos mantermos vivos, ou defendendo o que ou aquém amamos, ou ainda por saciarmos nossos instintos, como predadores. E para aqueles que não acreditam nisso, lembrem-se, que milhares de animais são torturados e mortos todos os dias, pelo o único objetivo de abastecer nossas mesas - o que se evidencia, de modo claro, nossa natureza. Contudo, nem todos nós nos tornaremos assassinos. Não havendo mesmo o chamado instinto assassino, como podemos ver em muitos casos: se compararmos, por exemplo, os casos de alguém que briga instintivamente, com quem aprendeu a brigar, anulando seu instinto, e portanto direcionando melhor seu corpo contra o adversário, notaremos que o primeiro dificilmente machucará o oponente fatalmente, pois este, diferente do segundo, não aprendeu a golpear nos pontos fracos do inimigo. Outro fato sabido é que nas guerras mais de 70% dos soldados, em seu primeiro combate, são incapazes de ferir seus adversários mortalmente. É preciso muito treinamento para que estes possam obedecer as ordens de ataque, mais facilmente.5
E se, portanto, não há o instinto assassino, o que levaria a alguns, mais facilmente a matar, que a outros?
Ao longo dos milhares de anos, a mente humana evoluiu muito pouco, uma grande parte de nós ainda vive mentalmente, como na idade da pedra. Sentimentos como dor, medo, ciúmes, inveja, solidão, ódio, vingança, etc... Se embatem em nós, como há quinhentos mil anos. Nossa evolução material tem se dado à longos passos, em quanto a evolução mental se dá a passos de formiga! Matamos, hoje, por motivos tão primitivos como nos séculos passados, com armas extremamente evoluídas. E em muitos casos a mente não somente não evoluiu, como regrediu. E nos tornamos mais primitivos que o mais primitivo dos animais. Matar é tão primitivo quanto respirar.
Somos ainda, como a milhares de anos atrás, seres sociais, seres que vivem em grupos, e se não há o instinto assassino, há, certamente, os instintos sociais. Um desses instintos é uma predisposição para obedecer a líderes. O que, certamente, foi de extrema importância para nossa sobrevivência, já que menos brigas por status sociais, representava mais corpos saudáveis para a caça ou para a proteção do grupo. “Era especialmente importante que machos solteiros, entre 15 e 25 anos obedecessem ordens até mesmo quando essas ordens envolvessem risco e matança. Estes solteiros eram os caçadores da tribo, guerreiros, exploradores e aqueles que se arriscavam; um bando sobreviveria melhor se eles fossem tanto agressivos para com estranhos de fora quanto amenos ao controle social.” 6 O que tem ainda vigorado nas grandes guerras modernas, pois, o instinto que tem facilitado as grandes atrocidades das guerras, não é (e não foi) tanto o prazer em praticar o mal, mas, a submissão, sem nenhuma crítica, a ordens de seus líderes. O que explica, por sua vez, que homens comuns, sem nenhum instinto assassino, colaborem, em tempos de guerras, com atrocidades, e se tornem assassinos, bastando que um pequeno punhado de líderes os estimule, para tanto. Pois, “seres humanos não são assassinos natos; muito, muito poucos aprendem a desfrutar do assassinato ou tortura. Porém, os seres humanos são suficientemente dóceis para que muitos possam ser eventualmente ensinados a matar, apoiar a matança ou consentir a matar sob o comando de um macho alfa, dissociando-se completamente da responsabilidade pelo ato. Nosso pecado original não é nenhuma vontade de assassinar--- é a obediência.” 7
O que explica, em grande parte, que muitos médicos nazistas encarassem suas pesquisas com naturalidade, como simples cumprimentos de ordens, não relacionada com a responsabilidade pelos seus atos. E, por isso, mesmo, fora de seu trabalho, ser pessoas extremamente éticas, carinhosas e respeitosas. O que, por outro lado, também explica, como um país, com uma imensa tradição cultural humanista, no nível, então, mais alto de civilização, tenha submergido na barbárie nazista, pois, “O homem que vê todos seus vizinhos como assassinos em potencial abdicará de quase qualquer coisa para ser protegido deles. Ele pedirá por uma mão forte de cima; ele se tornará um instrumento disposto na opressão dos seus companheiros. Ele pode até permitir ser transformado ele mesmo em um assassino. A sociedade será atomizada em milhões de fragmentos medrosos, cada um reagindo ao medo de violência individual fantasiada ao patrocinar as condições políticas para uma real violência em grande escala.” 8 Em suma, continuamos agindo como a quinhentos mil anos atrás.

HItler, o Líder Nazista, Responsável por um dos Maiores Genocídios da Humanidade

HIRARQUIA DE VALORES
Deste modo, há um ponto em comum, entre assassinos legais, como assassinos de guerra, e os ilegais, como os assassinos do tráfico de drogas: “no hábito de matar sobre ordens”. O que, de modo geral, contrasta, essencialmente, com outras formas de assassinos. Porém, talvez, excetuando os insanos, todos obedecem a uma hierarquia de valores.
Hierarquizamos nossos valores, priorizamos por importância uns mais que outros. E embora os sentimentos não evoluam, por uma necessidade biológica, ao longo dos anos, sua hierarquia, sim. E, quanto mais priorizamos valores egoístas, mais nos tornamos aptos a crueldade, ou ao assassínio.

FONTES:
1. O Sindicato do crime - PCC e Outros Grupos / Percival de Souza
2. Idem
3. Idem
4. Discurso De Posen de Himmler
5. O Mito do Homem Assassino / Eric Raymond
6. Idem
7. Idem
8. Idem

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

QUANTO MAIS FEIO, MELHOR!!! (Por Bosco Silva)



No inferno do escritor Marquês de Sade não há apenas espaço para belas mulheres, mas também há atração pelo grotesco. Talvez Sade fosse também partidário do “Quanto mais feia a mulher, melhor o sexo com ela”.
O atrativo pelo grotesco é representado pelas criadas nos "120 Dias de Sodoma", que também são objetos de desejos sexuais, onde novamente encontramos o humor extremo e ácido de Sade:
"Thérése tinha sessenta e dois anos. Era alta e esguia, parecendo um esqueleto, sem um único fio de cabelo na cabeça, nem um único dente na boca, abertura de seu corpo que exalava um cheiro capaz de derrubar. Tinha o cu crivado de feridas e as nádegas tão prodigiosamente flácidas que se podia enrolar sua pele em torno de um bastão; pela largura e pelo odor, o buraco desse belo cu parecia a boca de um vulcão, uma verdadeira cloaca; em toda sua vida, dizia ela, nunca o limpara, o que comprovava perfeitamente que ainda havia nele merda de sua infância. Quanto a sua vagina, era o receptáculo de todas as imundícies e de todos os horrores, um verdadeiro sepulcro cuja fetidez provocava desmaios".
Já para Fanchon, "não existia um único crime na terra que não houvesse cometido. Tinha sessenta e nove anos, um nariz chato; era baixa e gorda, vesga, quase sem testa e apenas sobravam em sua fuça fedorenta dois velhos dentes prestes a cair; uma erisipela cobria seu traseiro e hemorróidas do tamanho de um punho pendiam de seu ânus; um cancro horrível devorava sua vagina e uma de suas coxas fora inteiramente queimada... O olho de seu cu, apesar das trouxas de hemorróidas que o guarneciam, era tão naturalmente amplo que ela peidava, com ou sem barulho, e muitas vezes o fazia sem mesmo perceber".


AH, E COMO ERAM GOSTOSAS!!!

Conheça o blog de fetiche e literatura erótica INFERNO DE SADE, acessando:
http://infernodesade.blogspot.com.br/  

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

AS VÁRIAS FACES DA MALDADE (de Bosco Silva)



Quando se pensa na maldade é natural que venha logo à mente a violência física desferida contra um inocente ou a prepotência de um indivíduo em relação a outro por motivos que o faz sentir-se superior aquele, inferiorizando e subjugando o outro. Mas a maldade tem várias faces, e esquecemos que ela também está presente em atos que para muitos são insignificantes, ou que, escondida em hábitos culturais, passa despercebida.
E penso que a pior forma de maldade é aquela que tem o poder de transvestir-se de bondade, ocultando-se anonimamente, por meio da mentira, omissão e ganância, como a do grande comerciante que usa a frase "Você freguês em primeiro lugar!", como propaganda.
Nos últimos dias tivemos um bom exemplo de quanto esta forma de maldade transvestida de pequenos atos "insignificantes" é capaz de grandes tragédias, chegando a ser comparada, em efeito, as câmaras de gás dos campos de concentração nazista (sendo este, sim, identificado imediatamente como um simbolo de maldade, embora não o outro):


FOTO DA BOATE KISS
O incêndio de uma boate na cidade de Santa Maria (RS) demonstrou, de um lado, a falta de vontade em proteger vidas humanas por meio de um governo corrupto e incompetente, composto por pessoas que só pensam em si próprio ou no lucro da próxima eleição, deixando de lado sua função e só voltando a ela após o pior ter acontecido; tomando ares de solidariedade com as vítimas mas evitando reconhecer que o melhor remédio é a prevenção; e estimulando uma onda de preocupação das prefeituras brasileiras apenas com a catástrofe da vez, esquecendo que também mortes podem vir de muitas outras fontes, como prédios sucateados, deslizamento de morros, enchentes, verbas públicas desviadas, etc.


  
Do outro, a ganância de muitos empresários, que por meio do chamado “jeitinho brasileiro” criam meios de lucrarem sempre mais ao trocarem equipamentos com maior poder de proteger seus usuários por equipamentos de qualidade inferior e, por isso mesmo, mais baratos. E para completar, uma imprensa sedenta por sangue; que explora as catástrofes à exaustão; explorando o ocorrido na cidade de Santa Maria diariamente, mesmo que suas matérias, não trouxesse nada de novo ou relevante; que invadem, em nome de audiência cada vez maior, a intimidade das famílias das vítimas com perguntas idiotas e irrelevantes como “O que você está sentindo agora ao enterrar seus filhos?” Mas se há uma impressa sensacionalista é por que também há um público sádico louco por ter seu sadismo satisfeito todos os dias.
E como se tudo isso não fosse suficiente, há ainda aqueles que em nome de crenças religiosas irracionais chegam a culpar as próprias vítimas pela tragédia, pois, como dizem, em vez de estarem cultuando deus se entregavam a atividades erradas.
Bem, este é o Brasil; e o que esperar de um país em que assuntos de futebol são mais importantes e obtém mais espaço de ser discutido que assuntos ligados a saúde pública e a educação? 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

LIÇÕES DE UM PSICOPATA

LIÇÕES DE UM PSICOPATA
EM MEIO AO SOM ENERVANTE, que preenchia todo o ambiente, dois amigos discutem sobre um assunto instigante, ocorrido a alguns dias atrás: sobre o possível estupro de uma de suas amigas, feito por um deles.
— Então, você a comeu? — disse Francisco.
— Sim, levei-a para casa, bêbada. Ela ao mandar os braços sobre os meus ombros, quando a pus na cama, parecia que queria! Então tirei-lhe as roupas e a penetrei — respondeu Alexandre.

Na mesa, bem ao fundo da boate, podia-se ver a figura tímida de Alexandre, jovem estudante de passado irrepreensível, com uma personalidade e afinco aos estudos de fazer inveja a qualquer mãe, tendo à sua frente a figura pomposa, e com não menos afinco aos estudos, porém com um passado e personalidade não tão irrepreensível assim de Francisco. Dir-se-ia mesmo, os mais íntimos, que Francisco possuía uma personalidade estranha, que parecia saber, e antecipar, os pensamentos de todos aqueles que contornavam sua vida. Ele estava sempre a observar suas fraquezas, suas indecisões e falhas.

— E ela, ao acordar, percebeu?
— Sim, claro, pois percebeu que estava sem roupa ao meu lado.
— Ela então reclamou?
— Sim, chamou-me de estuprador, um dia, quando estava bêbada comigo na rua.
— Um dia quando estava bêbada na rua!? — repetiu Francisco, admirado.
— Sim.
— Tudo bem, tudo bem. Por que então não botaste as roupas de volta no lugar, no corpo dela?
— Não sei. Parece-me que no fundo eu queria que ela soubesse disso.
— Cara, que mancada! Você tinha pelo menos posto as roupas de volta, vestido-a. Ou tinha dito a ela que ela tinha se oferecido... Caramba, então você comeu a Cris! Ela sempre foi bastante desejada!
— É. E o estranho é que após a primeira vez, houve outras.
— Pera lá... Quer dizer que após tu comer ela pela primeira vez, sem ela permitir, houve outras vezes ainda?
— Sim, continuamos a sair juntos. E todas as vezes que ela ia pra casa, bêbada, eu a comia.
— E ela sempre sabia disso?
— Sim, pois sempre acordava nua.
— Que doidera, cara!
— E então, foi estupro?
— Não, isso não pode ser considerado estupro, Alexandre. Parece que havia entre vocês um acordo, já que ela estava sempre de volta, mesmo sabendo o que havia ocorrido antes, e podendo prever o que aconteceria depois. Ela trocava segurança e conforto com você, por sexo inconsciente no final da noite.
Nesse momento, Francisco se aproxima, e lhe diz:
— Todos nós temos um ponto fraco, Alexandre. E tudo aquilo em que demonstramos excessivo interesse, torna-se um ponto fraco. Um modo em que podemos ser dominados. Assim, basta apenas descobrir a grande vontade de alguém para dominá-lo; e a Cris sabia de seu ponto fraco: que você a desejava... Queres um exemplo? Tá vendo aquelas duas garotas alí, afrente?
— Sim.
— Que tal você chegar com elas, e convidá-las para dançar.
— Não, isso não dará certo — disse Alexandre timidamente —, elas me mandarão embora.
— Vá, pelo menos tente, vamos!
Alexandre se aproxima das moças; troca algumas palavras e volta imediatamente.
— Eu não disse? Sabia que não iria dar certo.
— Calma, você não tentou todos os trunfos ainda — disse Francisco; em seguida, indo em direção à elas.
Francisco fica a conversar por alguns minutos com elas; voltando, em seguida, para o lado do amigo.
— E aí? — perguntou Alexandre.
— Verás...
Minutos depois, as duas moças se aproximam de Alexandre, perguntando por seu nome:
— Você que é o Alexandre?
— Sim.
— Gostaríamos muito de lhe conhecer.
Após vários minutos de conversa e alguns beijos, Alexandre pergunta ao amigo:
— Cara, como conseguiste?!
— Lembre-se — disse Francisco —, todos nós temos um ponto fraco! E tudo aquilo em que demonstramos excessivo interesse, torna-se um ponto fraco. Um modo em que podemos ser dominados. Então, disse a elas apenas o que elas queriam ouvir: que são lindas e que você é um fotógrafo em busca de novas modelos.


FRANCISCO DE ASSIS PEREIRA, o "Maníaco do Parque", torturou, estuprou, matou, várias mulheres.  “Após ser capturado pela polícia, o que mais impressionou as autoridades foi como alguém feio, pobre, sem muita instrução, não portando revólver ou faca, conseguiu convencer nove mulheres, algumas até de classe média-alta e nível universitário, a subir na garupa de uma moto e ir para o meio do mato com um homem que tinham acabado de conhecer. O criminoso explicou: Bastava falar aquilo que elas queriam ouvir”.

“Francisco cobria todas de elogios, se identificava como um fotógrafo de moda de uma revista importante procurando novos talentos, oferecia um bom cachê e convidava as moças para uma sessão de fotos em um ambiente ecológico. Dizia que era uma oportunidade única, assim, as conquistava.” Após ser preso, Francisco recebeu inúmeros convites de casamento.